Sinopse
Marte, 700 anos depois do colapso ambiental total da terra: uma cidade brilha ao redor de florestas impressas e cidades iluminadas em castigo, na joia vermelha que os ídolos de metal e polímero dançam, vestidos das víscera e escalpo do homem comum. A chamada Distritos Humanos Unificados, eterna para todo cidadão psicotizado, pra cada prostituta e seu cafetão de aço, para as viúvas amparadas por afentamina, dermas e desespero, e jovens sem rumo que encontram na vida a eternidade breve da loucura. Dois Meia, nosso protagonista, por exemplo, nem sabia para onde ia, até que um dia, debaixo de uma chuva eterna, ele encontra um velho agonizado, percebendo que a eternidade é a coisa mais frágil de tudo que é humano e que nada criado por eles poderia antagonizar seu espírito: fosse os traficantes e seus membros biônicos, os tanques de organização social, a política que rege tudo isso, ou a mentira e a guerra que é contada vez por vez. Ele não se dobraria a nada, ele viveria para si mesmo e lutaria por cada migalha, mesmo que dançasse a música de outros, mesmo que estivesse na falange de tantos e que fosse, ao final, um atlas ornado de sílica, beijando bocas rotas de plástico.
Notas
Carta informativa:
A novel tem passagens pesadas. Desde o bullyng que o personagem sofre (xingamentos homofóbicos, pensamentos misóginos, essa coisa que vai se tornando misantropa, talvez meio edgy), até essa visão absurdista que ele tem da vida (vezes suicida, vezes, como já dito, misantropo) e do qual sempre fico meio preocupado de escrever. Pode ser difícil e eu entendo. E aliás, não tenho intensão de me isentar de qualquer coisa dita pelos personagens, nem maquiar dizendo que é uma obra fictícia. No fim das contas, por mais que haja um contexto e que os personagens não sejam extensões minhas ou dos meus pensamentos, eu ainda sou aquele que expõe, que cria. Por tal, me senti responsável de fazer essa nota informativa e me desculpar por qualquer coisa desde então.
Com todo carinho, SaberHero.
Segunda carta informativa:
Com seus 7 anos de vida, a obra continua sendo meu fascínio e um dos poucos objetivos que tenho de legado ou continuidade. Fico feliz com todos que leram, fico feliz pela jornada que é imaginar um mundo e tantos personagens. Essa não é uma carta de despedida, pelo contrário: é apenas uma declaração de que não serei covarde de deixá-la sem um final.
E apesar da obra estar a anos com postagens irregulares, de ter sido refeita com novas ideias e outra abordagem, há algo maior que tudo isso e sendo eu o receptáculo da grandiosidade de algo não escrito, digo que serei mais responsável com a obra.
Sinto que sou uma pessoa melhor também.
Sinto que posso tudo.
Com todo carinho, SaberHero.