Volume 2 – Arco 9
Capítulo 94: Conflagração
Enquanto a batalha de Fox avançava no campo, um outro despertar acontecia.
Erina abriu os olhos de súbito, como se fosse puxada de volta à realidade por mãos invisíveis.
— O-o que...? — murmurou, confusa, sem entender como havia perdido a noção do tempo.
— Erina. A porta. Agora — disse Kenshiro, a voz carregada de urgência.
Num rápido relance, a cavaleira percebeu a ausência de Fox e de Zhen. O som metálico de armas, entrecortado pelo rugido das chamas, indicava que alguém lutava do lado de fora. Ela não precisou de muito para concluir: Fox havia seguido adiante. Quanto a Zhen, não se recordava de vê-lo passando pela porta como os demais.
Um arrepio percorreu sua espinha.
Não sabia quanto tempo ficara inconsciente — e isso a aterrorizava.
Erina ergueu-se em um salto, quase em desespero, e abriu a porta de uma só vez. Estava prestes a mergulhar novamente naquela água escura quando sentiu a mão delicada de Xin segurar-lhe a armadura.
A jovem a fitava com a mesma determinação silenciosa de sempre. Disse sem sequer encará-la:
— Eu vou. Você precisa guardar suas forças.
Não esperou qualquer resposta, e antes que Erina pudesse contestar, Xin já mergulhava, desaparecendo sob as águas.
Sem bolha mágica, sem encantamento de respiração — apenas coragem e pulmões firmes —, deixando para trás o brilho vacilante na porta.
A cada braçada, o frio a envolvia. Logo, o sal metálico do sangue queimava seus olhos e garganta. O escuro era quase absoluto, mas Xin forçava os olhos a se manterem abertos, ignorando a ardência. Sabia que, se os fechasse, poderia nunca mais encontrar Zhen com vida.
Foi então que distinguiu duas silhuetas pouco mais à frente, retorcidas como sombras em meio à penumbra rubra. O coração de Xin disparou.
“Zhen”.
Com um esforço desesperado, nadou até os corpos. Um deles era de fato o monge; o outro, apenas um homem comum, agora inerte. Agarrando Zhen pelos ombros, Xin puxou-o com toda a força que tinha até a porta, sentindo os pulmões clamarem por ar.
— Ahhh! Ele está vivo? — gritou assim que retornara, arrastando-o para fora.
— Está sim — respondeu Erina, já ajoelhada ao lado deles, os dedos pressionando o corpo do monge. — Mas engoliu muita água.
Sem perder tempo, a cavaleira alternou entre magia de cura e manobras de ressuscitação. Seus olhos, no entanto, não conseguiam evitar os ferimentos de Zhen. A cada arranhão, cada corte, o coração de Erina apertava. Atribuiu cada um deles à própria fraqueza, ao momento em que sucumbira e desmaiara.
—
Zhen cuspiu a água num jorro doloroso, arfando como Gluurrghhh–Aaahhh! se o próprio ar fosse um presente divino. Seus pulmões ardiam, logo a luz da magia de Erina suavizou a dor.
— Zhen... o que aconteceu lá dentro? — perguntou ela, ansiosa, quase sem dar espaço para que ele respirasse.
— Tinha outro homem lá — disse Xin, apenas reforçando a razão de perguntarem.
Zhen balançou a cabeça, a expressão endurecida.
— Aquilo... não era um homem — murmurou, cada palavra carregada de temor.
As perguntas se amontoariam, foram tragadas pela súbita luz que se ergueu do campo. O clarão intenso dos golpes de Fox rasgou a noite, pintando-a em vermelho e ouro.
As chamas dançaram diante de seus olhos, revelando o espadachim em pleno movimento.
— Quatro Caudas — disse Fox, sereno, nomeando sua técnica como quem sela um destino.
Erina e os outros ergueram-se, fascinados e alarmados, para testemunhar. Fox estava ali, parecia algo além de humano. Seus olhos, agora abertos, refletiam um brilho dourado — intenso, quase sobrenatural, como ouro líquido correndo pelas íris.
— A Essência... — murmurou Zhen, incapaz de conter-se.
— O quê? — questionaram os que ouviram, confusos.
Uma explicação jamais veio.
Fox cambaleou. O herói que parecia inquebrável simplesmente tombou ao chão, sem feridas visíveis, sem nenhum sinal de exaustão prévia. Apenas caiu, como se a chama dentro dele tivesse se apagado de súbito.
O silêncio durou apenas um instante.
Ajax de pé, se preparou para próxima etapa.
— AVANCEM! — bradou, sua voz cortando o campo como um trovão.
— Kenshiro! — chamou Erina, a voz carregada de urgência.
O marido não precisou responder. Apenas fechou os olhos e, num único instante, Surtr, Skadi e Fox desapareceram do campo de batalha, reaparecendo diante deles, arrastados por ele em sua alta velocidade.
O impacto foi tão abrupto que todos desviaram o olhar quando Kenshiro tossiu uma nuvem de sangue avermelhada. Não era apenas um fio: era como se a própria vida fosse expelida em fragmentos rubros. Ainda assim, ele manteve-se firme, os pés plantados no chão, a mão no cabo da espada.
Erina percebeu. Suas curas estavam ficando mais poderosas. Os poderes de Kenshiro, mais precisos. Talvez fossem ambos evoluindo lado a lado, ou talvez o peso da batalha os forçasse a se superarem.
Sem tempo para questionar, a cavaleira girou o corpo e desferiu dois socos certeiros nos gêmeos, garantindo que caíssem inconscientes. Logo depois, usou sua magia de cura para estancar o sangramento e impedir que morressem ali mesmo. Já com Fox, nada podia fazer além de encarar o corpo imóvel e tensão invadir seu peito.
— Não se preocupe — disse Zhen, a respiração ainda entrecortada, o tom sereno. — Ele não sabe controlar a Essência ainda. Seu corpo entrou em colapso para protegê-lo. Acredite... isso é uma coisa boa.
— E quando vai acordar? — Erina pressionou, sem esconder a ansiedade.
— Horas... talvez mais. —
O silêncio que se seguiu foi sufocado pelo avanço dos soldados imperiais. Eram muitos, e nenhum deles parecia sentir o mínimo medo, nem mesmo diante das chamas ou do aço que já havia ceifado dezenas.
Erina respirou fundo.
Teriam de lutar sem Fox.
Colocando-se à frente de todos, ergueu o gigantesco escudo com um estrondo metálico, marcando a linha que não pretendia deixar ser ultrapassada.
— Vaelis! Soren! Não deixem que nos cerquem!
As ordens foram claras, rápidas. A prefeitura às costas os protegia de um lado, mas as demais três direções estavam abertas para o inimigo.
Vaelis ergueu um muro de gelo com um gesto brusco, lâminas cristalinas surgindo como dentes de uma fera colossal, prontas para empalar quem ousasse se aproximar. Do outro lado, Soren chamou o fogo, e logo uma muralha de chamas dançava, incinerando o ar com um calor que ondulava como miragem.
Mas os soldados não hesitaram. Avançaram mesmo assim, corpos lançados contra a morte, como se fossem apenas peças descartáveis. O choque dos primeiros homens contra o gelo ecoou em estalos, e o cheiro de carne queimada espalhou-se quando outros atravessaram as chamas de Soren.
— Gurok! — gritou Erina. — Vá até o meio deles! Faça confusão! Não deixe que se organizem!
O orc virou-se e apenas assentiu. Nenhum discurso, nenhuma palavra. Ele confiava nela — e ela nele.
Lançou-se para frente como um touro em investida, a cada passo fazendo tremer o chão. De sua bolsa, retirou duas foices enormes que cintilaram sob o luar. Assim armado, abriu caminho em meio às fileiras inimigas, cortando e rasgando tudo ao alcance.
Os soldados, obstinados em sua insensatez, atiraram-se contra ele. Tentavam agarrá-lo, derrubá-lo, perfurá-lo — mas apenas alimentavam a carnificina. Um após o outro, tombavam como se o orc fosse uma tempestade de lâminas.
E, ainda assim, Gurok não sorria. Não havia prazer em seus olhos. Apenas a dúvida amarga: “por que homens e mulheres entregavam-se tão cegamente à morte?”
Erina, por sua vez, manteve a linha defensiva. Mesmo com as barreiras de Vaelis e Soren, a frente inimiga ainda era vasta demais para ela sustentar sozinha.
— Os demais, preparem-se! Eles estão vindo!
O grupo se alinhou ao seu lado, formando uma muralha de corpos e armas, prontos para receber a onda de inimigos.
Apenas Takashi manteve-se mais afastado, posicionando-se nos degraus da prefeitura. De lá, erguia o arco, cada flecha sendo disparada com precisão mortal, ganhando altura e velocidade pela posição elevada. Seus olhos seguiam frios, calculando alvos com frieza letal.
A batalha havia apenas começado.
Quando finalmente se aproximaram o bastante para o choque inevitável, os soldados imperiais ergueram suas espadas, cada um atacando de uma direção diferente, como uma enxurrada de aço prestes a desabar sobre o grupo.
Erina deu um passo firme à frente, fincando os pés no chão, e ergueu o escudo. O impacto metálico ecoou como um trovão. As lâminas que ousaram se chocar contra sua defesa quebraram-se como vidro contra pedra. Num único movimento, ergueu o escudo e lançou meia dúzia de soldados para o ar, como bonecos de palha. Eles mal tiveram tempo de gritar antes que Takashi, de sua posição elevada, os atravessasse com flechas rápidas e letais.
Kenshiro, por sua vez, movia-se com calma perturbadora. Aos olhos de seus inimigos, ele parecia desaparecer e reaparecer entre as brechas. Cada golpe desferido contra ele parecia lento demais, previsível demais. Bastava-lhe inclinar o corpo, mover um passo de lado, e as espadas imperiais cortavam apenas o vento. As aberturas deixadas eram tantas que Kenshiro mal precisava se esforçar para decidir qual delas punir com cortes precisos.
Sebastian deixou que suas garras se estendessem, longas e ameaçadoras. Cada investida sua era um espetáculo de brutalidade. As armaduras dos soldados eram rasgadas como pergaminho, revelando carne e ossos dilacerados. Os gritos que se seguiam lembravam histórias antigas, contos de terror sussurrados sobre vampiros que banhavam seus campos de batalha em sangue.
Xin, apesar de não perfurar carne com seu chicote, encontrava sua utilidade no caos. Com movimentos ágeis, derrubava inimigos em série, enrolando o chicote em pernas e braços, torcendo articulações até ouvi-las estalarem. Por vezes, puxava soldados pelo pescoço e os arremessava ao chão com violência, sufocando-os antes que se levantassem. Era uma dança fluida, letal, onde cada movimento reduzia a ameaça sem desperdiçar forças.
Zhen, ainda se recuperando, encontrou forças em algo mais profundo. Ao ver Erina e Kenshiro assumindo novamente o papel de líderes — mesmo sem que percebessem — e ao lembrar que Xin arriscara-se para salvá-lo, seu espírito elevou-se. Não havia espaço para fraqueza. Seus punhos, endurecidos pela disciplina, agora quebravam não apenas ossos, mas as próprias armaduras imperiais em cada impacto. E sua pele, reforçada pela energia vital que dominava, resistia ao aço como se fosse pedra. Espadas se partiam contra ele, deixando apenas fagulhas.
***
Enquanto isso, no coração do exército inimigo, Gurok era um furacão de aço e fúria. Suas foices em arcos largos, cada balanço derrubando fileiras inteiras. Corpos caíam uns sobre os outros, e o chão já estava encharcado de sangue. Os soldados continuavam a avançar, apenas para engrossar a pilha de cadáveres ao redor do orc.
Até que, por fim, pararam.
O silêncio súbito pesou. O som do combate em volta parecia distante, abafado. Uma presença se ergueu entre os soldados, e Gurok ergueu o olhar.
— Impressionante! — disse uma voz grossa, carregada de experiência e autoridade. — És de fato alguém digno... digno para o meu aquecimento.
Quando girou o corpo, Gurok viu Ajax aproximando-se.
O veterano trazia às mãos um enorme martelo de guerra, cuja cabeça era tão larga quanto um tronco de árvore. Mesmo à distância, era possível ver as manchas escuras que o cobriam: sangue seco, memória das incontáveis vítimas que haviam sucumbido sob aquele peso.
BUUUMMM!
O chão tremeu quando Ajax repousou a arma ao lado. O general rolou os ombros, alongando-os, e ergueu suas manoplas, em guarda. Sua postura não era de desprezo, mas de respeito. Ele esperava o primeiro movimento, oferecendo ao orc uma dignidade rara em um campo de batalha.
Gurok sentiu o impacto desse gesto. A honra era seu norte, e reconhecia quando a mesma era oferecida. Isso, para ele, era tanto bênção quanto maldição. Uma qualidade que o enobrecia em vitórias, mas que podia destruí-lo em derrotas.
Com a mente tranquila, tomou sua decisão. Guardou as foices em sua bolsa mágica, esvaziando as mãos. Enfrentaria Ajax no mesmo nível, punho contra punho.
Ambos escondiam o rosto sob seus elmos, suas expressões ocultas. Mas o peso daquele momento estava claro.
“Ele me trata com tanto respeito... será que não percebe que sou um orc?”, pensou Gurok, sentindo o coração acelerar pela expectativa de um combate honrado.
***
A dupla de magos já não tinha reservas sobrando; suas feições denunciavam o custo daquilo tudo.
Vaelis e Soren haviam gastado quase tudo para erguer muralhas de gelo e cortinas de fogo que, ironicamente, só retardaram o exército imperial por pouco tempo. Não esperavam que os soldados avançassem indiferentes às próprias chamas e à geada cortante que rasgavam suas peles.
No setor de Vaelis, os muros de gelo tremiam sob o empurrar contínuo de centenas de corpos. Soldados literalmente se abraçavam aos blocos translúcidos, enterravam ombros e lançavam pesos humanos contra as arestas. Em resposta, Vaelis fazia brotar lanças finas e longas ao longo das muralhas — fileiras de lanças cristalinas que atravessavam aqueles que tentavam escalar.
O processo exigia dela um esforço impossível de manter: cada lança mais cumprida exigia um fio a mais de mana, cada fio desgastava sua energia até o osso. Os primeiros cadáveres mal tinham tempo de ficar de pé; caíam, estatelados, e logo outro grupo vinha empurrar o muro, como se fossem ondas sucessivas. Vaelis puxava de si mais força do que achava possível — e ainda assim, o gelo consumia-a.
Do lado de Soren, o espetáculo era de tormento sob calor. A cortina de fogo não era apenas uma barreira: era um forno que chamuscava carne e metal. Os soldados, com um fanatismo que assustava, passavam por ela como se houvesse algo depois do incenso: não pretendiam ser consumidos, apenas não recuavam. Alguns viam-se com pele escorrendo, braços queimados, e ainda assim continuavam impulsionados por ordens e treinamento.
Soren precisou conjurar bolas de fogo massivas, concentrando o calor em bolhas explosivas, para fazer brechas temporárias onde os inimigos caíssem numa pilha de fumaça e carne carbonizada.
Quando a última onda de soldados foi vencida, o efeito foi quase surreal: o campo que havia sido uma planície de aço e gritaria transformou-se numa cena de silêncio e destroços. Os corpos cobriam o chão; o cheiro de ferro e carne queimada dominava o ar. O céu, ainda a meia-noite, começava a clarear com as primeiras migalhas de aurora, e aquela luz pálida revelou em detalhes a extensão da chacina.
— Isso... isso está certo? — murmurou Xin, a voz fina e incrédula, olhando os montes de corpos que se acumulavam nas linhas de batalha.
— Não é como se eu quisesse repetir Shenxi — respondeu Takashi com amargura —, mas esperava algo mais do batalhão de um general. Havia de se esperar melhor disciplina, estratégia... não apenas carne sendo jogada contra a gente.
Erina sentiu o estômago apertar.
— Não está certo. — murmurou ela mesma. — Algo foi manipulando isso. Não parece normal.
Vaelis, exausta, apoiava as mãos nos joelhos; Soren só respirava, os olhos fundos.
— Vocês gastaram muita mana — disse Erina, voltando-se para elas. — Descansem. Recolham o que for preciso; cuidem-se.
Os magos, sem alternativas, dobraram-se para recuperar fôlego e mana onde podiam. O grupo, em formação instável, avançou em direção ao centro da confusão: Gurok e Ajax.
A cena que encontraram fez o sangue de Erina gelar.
Ajax estava sentado em cima do orc, um peso bruto sobre o peito do paladino.
Gurok jazia sem elmo, o rosto inchado, com roxos por todo o corpo; sua respiração era um sopro rasgado, cada inspiração um trabalho doloroso. Várias costelas pareciam colapsadas — protuberâncias e depressões denunciavam ossos partidos e perfurações internas. Hematomas negros atravessavam sua carne; membros, que ainda se mexiam com dificuldade, tremiam por dor.
— A armadura dele... não segurou — disse Erina, num fio de voz. Podia perceber todos os ferimentos pela sua magia curativa. — Pensei que fosse à prova de tudo.
O choque atravessou a linha do grupo. Mesmo sobrevivendo, Gurok estava estilhaçado por dentro. A constatação deixou um silêncio pesado.
Ajax ergueu-se com teatralidade, limpando o martelo ao lado do corpo do orc como um general que desfaz um troféu. Seus olhos, por trás do elmo, pareciam frios como pedra.
O homem começou a falar com desprezo calculado, a voz ecoando entre os cadáveres:
— Que vergonha a minha — disse, com uma entonação que misturava escárnio e orgulho — fui respeitoso com um orc. Uma raça desprezível, que deveria ter sido extinta por nossos ancestrais. Mas permitirei a ele uma última visão de seus companheiros, antes de ceifá-lo.
A mão de Ajax pousou sobre o martelo.
Ele ergueu a arma num movimento lento, como se desenrolasse a sentença.
— NÃÃÃÃÃÃO! — O grito coletivo irrompeu.
Erina, como flecha, correu e lançou-se sobre as costas de Ajax. A cavaleira puxou o corpo do general, usando todo o impulso para derrubá-lo — um impacto seco, um estrondo que ecoou entre os cadáveres.
BUUUUUMMM!
O martelo caiu com força brutal, cravando-se ao lado da cabeça de Gurok. Por um segundo, a visão do orc, então sem forças, foi de alívio — e veio o desmaio.
Erina tentou aproveitar o movimento para imobilizar Ajax, girando o corpo sobre ele, apertando-o contra o chão com força tática. Queria mantê-lo, precisava dar tempo para que os outros o finalizassem ou o prendessem.
Mas Ajax não era um homem comum. Como se algo interior o impulsionasse, ergueu-se com uma rapidez que ninguém esperava — violenta, quase sobrenatural. Levantou-se, sacudiu-se, e encarou Erina com olhos que queimavam.
— Entendi — disse ele, num tom glacial. — Querem morrer juntos, não é?
Com uma velocidade curta e precisa, Ajax desferiu um golpe avassalador. A lateral do punho — o dorso — acertou o rosto de Erina com um impacto seco.
O elmo dela, como se fosse uma peça viva, desceu e ajustou-se automaticamente, tentando proteger o rosto. Mesmo assim, a força foi tal que ela foi projetada para trás, caindo ao lado dos seus companheiros.
O elmo se retraiu e o rosto dela ficou exposto: nariz quebrado, sangue escorrendo por entre os lábios, olhos marejados de dor.
— Você está bem? — perguntou Kenshiro, aflito.
— Ele é muito rápido — disse Erina, limpando o sangue com as costas da manopla, a voz um fio.
E então, como se fosse um fantasma que se desmaterializa, Ajax desapareceu do campo de visão por um instante. O grupo teve apenas alguns segundos para se recompor antes de ouvir o som metálico do martelo sendo erguido de novo. Ele estava de pé, ao lado de sua arma, o movimento rápido, a mão segura, o olhar fixo.
— Então eu irei derrotá-los — declarou Ajax, a voz gelada subindo por entre os mortos. — E, em seguida, eu os executarei.
A declaração soou como uma sentença: não era apenas mais um combate. Era um desafio direto, um confronto que exigiria força, habilidade e, acima de tudo, união. O ar do campo parecia pesar ainda mais. Todos sentiram a escassez — não apenas de mana e energia, mas da própria esperança.
Cada músculo se preparou para o que prometia ser a luta mais dura até então.
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