Volume 2 – Arco 7
Capítulo 70: Recomeço
Quando a noite caiu, o grupo foi forçado a parar para acampar.
Fox e Nolan até cogitaram seguir viagem sem descanso, rumo direto a Cenara, mas ambos sabiam que seria imprudente. Não temiam salteadores ou animais selvagens — perigos comuns das estradas —, e sim Varelith. Aquela Sombra era um risco grande demais para permitir uma investida durante a noite.
Naturalmente, todos imaginaram que Kaji se encarregaria da montagem do acampamento, como fazia em noites anteriores.
— Kaji, você fica de guarda a noite toda — ordenou Fox, saltando da carruagem com firmeza. — Acorde-nos ao menor sinal suspeito. Takashi e Sebastian, tratem de caçar algo para comermos. Os demais, montem o acampamento.
Xin ergueu a mão, pronta para protestar. Mas, ao notar Erina sair da carruagem carregando tecidos para erguer as tendas, engoliu as palavras e preferiu o silêncio.
Antes de partirem, Takashi e Sebastian lançaram um olhar para Kenshiro, como se aguardassem sua aprovação. O espadachim, contudo, apenas desviou o rosto e voltou-se para o acampamento.
Um gesto simples e claro: sua palavra já não tinha peso algum.
Ainda assim, os dois caçadores partiram, sem certeza da quantidade de carne necessária para a noite.
Enquanto os outros trabalhavam nas estacas e lonas, Nolan retirou da mochila um pergaminho.
Puf!
Em questão de instantes, uma tenda sólida ergueu-se diante dele, como se sempre tivesse estado ali.
Soren e Vaelis, em contraste, preferiram montar seus abrigos à moda tradicional. A maga de gelo fez questão de posicionar sua tenda ao lado da de Erina — fosse por lealdade, necessidade de proximidade ou simples capricho.
Zhen, por sua vez, observou discretamente os movimentos de Xin e escolheu fincar sua tenda o mais afastado possível, para que sua presença não a incomodasse. Ela ainda o encarava com mágoa, embora percebesse que ele não insistia em permanecer perto dela. Por isso, decidiu não se queixar.
Kenshiro e Erina dividiram tarefas: ele ergueu a tenda de Takashi, enquanto ela cuidou da de Sebastian.
Nesse intervalo, Gurok aproximou-se dela, removendo parte de sua armadura com movimentos pesados.
— Perdão por não dizer isso antes — murmurou, com voz baixa, disfarçando sua fala em meio ao trabalho —, mas ainda a vejo como minha verdadeira líder… apesar dos pesares.
— Gurok, não… — Erina tentou interromper.
— Não diga nada. Apenas quis reforçar minha lealdade.
E afastou-se, deixando-a sozinha com o peso daquelas palavras.
Erina respirou fundo.
Qual era, afinal, o seu lugar naquele grupo?
Era líder, segunda em comando, substituta temporária ou apenas uma cavaleira entre tantos? Sem uma definição clara, os demais poderiam se confundir, agir por conta própria e, no calor da batalha, a desordem se voltaria contra eles. Contra Varelith, tal caos significaria apenas uma coisa: morte.
Determinada a não permitir que isso acontecesse, Erina ergueu-se. Decidiu que faria um pronunciamento.
Esperou o momento em que todos pareciam concluindo suas tarefas, respirou fundo e abriu a boca para falar.
— Não faça isso — disse uma voz atrás dela.
Fox.
Ela sequer percebera sua aproximação.
— Não elimine as dúvidas que eles têm sobre mim — continuou ele, firme —, nem tampouco a lealdade que ainda sentem por você.
— Se eu não fizer isso, corremos o risco de morrer em um conflito futuro — rebateu ela.
— Não acredita na força de seus subordinados?
— Acredito. Mas para certos combates, não há espaço para dúvidas nem para independência. Se quisermos sobreviver, precisamos estar em perfeita sintonia.
Fox a fitou por um instante silencioso e então se afastou.
Ele sabia que ela não chamaria a atenção dos demais nem ousaria desafiar sua decisão ali. Mas agora estava ciente de um problema latente — e tinha a intenção de resolvê-lo ainda naquela noite.
— Uma última coisa, Erina — acrescentou, antes de sair de vez. — Lembre-se: minha liderança não é definitiva. Você voltará a liderá-los. Esse fardo é seu. Sempre foi.
Erina permaneceu sozinha, absorvendo aquelas palavras.
Quando todos dormissem, contaria a Kenshiro. Ele era o único que ainda podia ouvi-la sem reservas.
(...)
Tudo parecia estar nos conformes naquela noite. A caçada havia sido bem-sucedida: dois grandes cervos assados lentamente pelo fogo de Kaji agora exalavam um aroma intenso que se espalhava pelo acampamento. O cheiro de carne tostada, misturado ao leve perfume da resina das toras queimando, aquecia o ar frio da noite. As tendas estavam montadas, os mantos estendidos e todos reunidos ao redor das chamas, tentando esquecer — ou ao menos silenciar — os fantasmas de Shenxi.
Mas, apesar da fartura, apenas um deles parecia de fato ter apetite. Fox se servia sem reservas, mastigando com vigor, como se não houvesse amanhã. O restante do grupo, porém, comia em silêncio, degustando cada pedaço lentamente, não por gula, mas por hábito, como se estivessem em um jantar cerimonial ao invés de um banquete após a batalha. Nenhum riso, nenhuma história, nenhuma disputa ruidosa por mais carne. Apenas mastigadas contidas e olhares baixos.
Vaelis e Soren não tinham coragem de iniciar qualquer conversa com aquele clima.
E Nolan não estranhou tal comportamento. De certo modo, achou respeitoso.
A ausência de alegria, era visível nos rostos de cada um dos membros originais.
— Como vocês são sem graça — reclamou Fox, a voz abafada pela boca cheia, enquanto engolia mais um pedaço suculento. — Não conseguem aproveitar um banquete desses quando ele está diante de vocês?
O silêncio se manteve por alguns segundos, até que Gurok ergueu os olhos e respondeu, com um tom grave e respeitoso:
— Talvez ainda estejamos... digerindo os últimos acontecimentos.
Fox bufou, limpando a boca com as costas da mão.
— Besteira! Pensei que já tinham superado isso quando se despediram em Shenxi. Ao menos aquelas pessoas tiveram a honra de serem enterrados. A maioria das pessoas não teria essa sorte.
Xin, que até então se mantinha quieta, ergueu a cabeça, os olhos faiscando.
— “Sorte”? — repetiu, como se a palavra tivesse sido uma flechada. — Desde quando morrer é um sinal de sorte, senhor?
— Não confunda minhas palavras...
A jovem se levantou de repente, o prato escorregando de suas mãos e caindo no chão, espalhando carne e ossos sobre a terra.
— Não, por favor, explique para nós! — Sua voz carregada de amargura. — Como tudo o que aconteceu em Shenxi pode, de alguma forma, ter sido sorte?!
O acampamento mergulhou em silêncio absoluto. Até o fogo pareceu diminuir por um instante.
Fox demorou a responder. Engoliu em seco o grande pedaço que ainda tinha na boca, tomou um gole prolongado de suco e, lentamente, levantou-se. Seus olhos se fixaram nos de Xin, e mesmo sem elevar a voz, sua autoridade se fez presente.
— Sente-se, Xin.
Ela o obedeceu, não por temor. Foi uma escolha consciente: não queria manchar ainda mais aquele momento de tensão. Mesmo calada, a indignação ainda ardia em seu peito.
Fox, em silêncio, percorreu o círculo com o olhar. Um a um, encarou seus subordinados. Leu em seus olhos a hesitação, a desconfiança, a fragilidade do vínculo que os unia. Pela primeira vez desde que assumira o comando, percebeu claramente: estavam perigosamente próximos de uma rebeldia. E o mais alarmante de tudo era que os verdadeiros líderes do grupo — Kenshiro e Erina — não parecia disposto a participar.
Era hora de agir.
— Kaji, diminua um pouco o fogo — ordenou calmamente.
O elemental atendeu sem questionar, e as chamas baixaram, lançando sombras mais suaves sobre os rostos tensos ao redor. Fox caminhou alguns passos para fora do círculo imediato, posicionando-se de forma que todos pudessem vê-lo. Quando falou, sua voz era firme, mas sem agressividade.
— Devo me desculpar. — Ele respirou fundo. — Imaginei que, como ainda eram em grande parte estranhos uns para os outros, não se importariam em ter um líder semelhante. Mas vejo agora que os conflitos que enfrentaram substituíram anos de convivência. Vocês formaram um laço que não percebi de imediato.
Fox fez uma pausa, olhando nos olhos de cada um deles antes de prosseguir.
— Por isso, creio que chegou o momento de me apresentar adequadamente.
Puxou a katana e, sem pressa, desembainhou-a diante do grupo. A lâmina curvada refletiu a luz da fogueira, revelando seus padrões peculiares: um cinza metálico que se tornava branco ao contato com a chama, com delicados traços vermelhos próximos ao fio, lembrando brasas vivas dançando ao vento.
Com serenidade, estendeu a espada para Xin. Ela a segurou, relutante, e pôde sentir o calor leve que emanava da lâmina. Enquanto ela examinava a arma, Fox começou a vestir sua armadura peça por peça, até que sua figura fosse envolta pelo metal escuro e brilhante.
Quando tomou a espada de volta, executou uma breve sequência de golpes.
Fwoosh! Clang! Fwooosh!
A cada movimento, pequenas ondas de fogo percorriam o ar, como se a lâmina riscase a própria noite. Aos poucos, o brilho cinzento transformou-se em branco incandescente, e o vermelho pulsava como labaredas vivas. Sua armadura acompanhava aquele espetáculo, refletindo as cores com majestosidade.
E, quando o golpe final cessou, Fox embainhou a katana com a destreza de um guerreiro veterano. O brilho se extinguiu imediatamente, como se nunca tivesse existido.
O silêncio que seguiu foi quebrado apenas por Kenshiro.
— “Raposa Flamejante”... — murmurou. — Um título apropriado.
O breve espetáculo havia feito seu trabalho. As expressões carregadas de desconfiança agora estavam suspensas pela admiração, e Fox sabia que era o momento certo para usar aquilo a seu favor.
— Sei o que pensam de mim — disse, a voz calma, carregada de convicção. — Minha aparência pode enganar... não pareço tão velho quanto Kenshiro, mas tenho 37 anos. Carrego experiência de guerra, e fui aluno de Reiji Torison, o mesmo mestre de Kenshiro Torison e Erina Waltz.
Fez uma breve pausa.
— Graças a Kaji e Sebastian, estou atualizado sobre tudo que passaram até aqui. E devo dizer... cada um de vocês tem potencial para sobreviver a esta jornada. Mas só se aceitarem uma verdade simples: não haverá vitória se não estivermos unidos.
As palavras fizeram efeito. Olhares caíram para o chão, pesados, cheios de vergonha.
Zhen foi o primeiro a falar: — O senhor ao menos tem sua vida garantida. A Crônica diz que será o grande guerreiro do Sol...
Fox balançou a cabeça.
— Não contem com isso. Em poucos meses, perderei meu título de Herói do Povo.
O impacto da revelação foi imediato.
— O quê?! — vários exclamaram ao mesmo tempo.
Fox suspirou.
— O Império convocou uma reunião recentemente. Queriam encerrar a Grande Campanha e lançar um ataque direto contra os Remanescentes. Me bajularam durante meses, esperando que eu votasse a favor. Mas, assim como meu mestre, votei contra.
Um silêncio carregado tomou conta.
— Não compreendi o motivo na hora... — continuou, olhando para a fogueira. — Só entendi quando conheci vocês. Talvez exista mesmo algo como destino, empurrando-nos por caminhos que não entendemos. Mas acredito que ele só guia para o melhor. As desgraças... essas, são sempre escolhas humanas.
Kenshiro o encarou.
— Quem mais votou contra, além de você?
Fox fitou o vazio por um instante, antes de responder:
— Ninguém.
O silêncio pesou ainda mais.
— Então, isso significa... — Kenshiro começou.
— Daqui a seis meses — disse Fox, interrompendo-o —, é quase certo que o Império mobilizará seus exércitos. Vocês entendem o que isso significa, não?
Estradas fechadas, cidades vigiadas, qualquer viajante tratado como simpatizante dos Remanescentes.
— Entre nós — disse Kenshiro, com um meio sorriso amargo —, eu sou o único criminoso de fato.
— Não importa. — Erina ergueu a voz. — Se quisermos terminar essa jornada, não podemos esperar pelo fim do conflito. Teremos de continuar... mesmo como foragidos.
Sebastian acrescentou, sombrio: — E isso significa ser caçado, dia e noite, por generais e seus exércitos inteiros.
Fox então deu um passo à frente, retomando a palavra.
— É exatamente por isso que estou aqui. Sei o caminho que devem percorrer, conheço o destino de vocês. Mesmo que perca meu título, continuarei sendo um herói imperial. Com minha influência, poderei desviar batedores, dispersar tropas... abrir caminho para que vocês avancem.
— Não ficará conosco? — perguntou Xin, hesitante.
Fox a encarou com seriedade.
— Minha liderança é temporária. Duvido que permaneça com vocês por muito tempo. As feridas que carregam ainda são profundas, mas não fatais. Quando cicatrizarem, deixarei o grupo. Mas ainda estarei cuidando de vocês, de longe.
Xin baixou os olhos, tomada por um peso de culpa.
— É por isso que estamos tendo esta conversa. — Concluiu Fox, sua voz firme. — Eu não sou seu inimigo. Preciso da confiança de vocês, para que possam se recuperar... e para que eu possa protegê-los, mesmo depois da minha partida. Se mudarem a rota, só estarão se condenando.
Um novo silêncio caiu.
Nenhum deles teve coragem de falar. Alguns queriam pedir perdão, outros engoliam o orgulho, incapazes de admitir o erro. Mas todos sabiam, em silêncio, que haviam quase sabotado não apenas Fox... mas a si mesmos.
Fox, acomodado perto do fogo, ergueu a voz com um tom que soava tanto como ordem quanto como convite:
— Agora, por favor, comam, e aproveitem desta noite como se fosse a última.
Um conselho do qual o casal sempre repetia para seus subordinados nas noites ao redor da fogueira. Ensinados pelo próprio Reiji Torison.
No início, o grupo ainda estava contido, tímido, como se houvesse uma barreira invisível impedindo-os de se entregar àquele momento. O silêncio entre uma mordida e outra falava mais alto que qualquer gargalhada contida.
Então, de repente, Erina e Kenshiro quebraram a tensão. Cada um arrancou uma perna de cervo e a ergueu triunfalmente, como se estivessem em uma competição silenciosa.
— KAJI! — gritaram em uníssono, com um entusiasmo quase infantil. — ONDE ESTÁ O ÁLCOOL?!
O elemental trocou um olhar rápido com Fox, recebendo um aceno sutil de aprovação. Sem demora, abriu as portas da carruagem, trazendo caixotes cheios de garrafas. O tilintar do vidro foi recebido como o soar de sinos de libertação: vinho, hidromel e cerveja foram distribuídos entre todos.
O peso que sufocava o grupo começou a se dissipar. O riso voltou a ser ouvido, primeiro tímido, depois alto e despreocupado. O entusiasmo do casal, justamente os mais feridos, acabou contagiando a todos.
(...)
Garrafas começaram a ser abertas e largadas pelo chão, sem cerimônia. A carne sumia tão rápido quanto o vapor que escapava das brasas.
Gurok, como sempre, parecia devorar por dois — talvez três — homens. Seu tamanho exigia. Erina, surpreendendo, competia de perto, engolindo grandes pedaços como se sua armadura consumisse tanta energia quanto o corpo de um orc.
Vaelis, por sua vez, tinha outros planos. Sentou-se perto de Erina e, com um sorriso astuto, tentou enchê-la de bebidas, esperando que a noite e o álcool a deixassem vulnerável às suas investidas. Kenshiro, dividido entre não perder a disputa de copos contra Fox e proteger sua esposa da ousadia da maga de gelo, se viu em uma batalha de duas frentes.
Soren, mais tranquilo, encontrou em Kaji uma afinidade inesperada. Conversavam animadamente sobre a chama, sua natureza e sua dualidade — destrutiva e protetora. Cada fagulha da fogueira parecia se intrometer no diálogo, como se aprovasse.
Takashi e Gurok, incapazes de se manterem quietos, iniciaram uma disputa sem pé nem cabeça sobre qual raça era superior. Argumentavam com fervor, só para serem superados no desafio seguinte — fosse em força, velocidade, resistência ou resistência à bebida. O ciclo parecia interminável, e Kenshiro, entrando na brincadeira, não só participava como vencia ambos com uma facilidade que só aumentava o riso geral.
Ironicamente, em nenhum momento a raça humana era sequer considerada no debate.
Enquanto a festa crescia em calor e barulho, um pequeno drama se desenrolava à parte. Zhen e Xin, sem querer, se esbarraram novamente. O contato breve trouxe de volta a tensão mal resolvida.
Dessa vez, porém, Xin respirou fundo, como se reunisse toda a coragem que lhe restava, e pediu que o monge a seguisse para uma conversa mais reservada.
Zhen a acompanhou em silêncio, sem expectativa, apenas preparado para suportar uma bronca. Mas o que ouviu o surpreendeu.
— Eu... gostaria de me desculpar — disse Xin, com a voz embargada, firme. — Por causa da minha dor... e da minha raiva... acabei esquecendo que você também deve estar sofrendo.
Zhen tentou responder, mas foi interrompido por um grito.
— CALA A BOCA! — A raiva ainda latejava dentro dela. — Foi errado da minha parte jogar todas as mortes de Shenxi nas suas costas. Errado dizer que salvar alguém, mesmo contra a vontade, foi um erro.
Ele insistiu em falar algo, mas novamente ela não deixou.
— CALA A BOCA! — repetiu, a voz falhando no final. — O que eu quero dizer é...
As palavras morreram em sua garganta. A jovem apertou os punhos, tremendo, mas não conseguiu continuar.
Zhen entendeu o silêncio. E, em vez de insistir, começou a se afastar devagar. “Talvez não seja o momento”, pensou. Mas ainda assim, a tentativa já significava muito.
Foi então que a voz dela, frágil, mas sincera, o fez parar.
— Eu não consigo perdoar você. — Zhen virou-se para encará-la. — Mas eu quero. Eu quero de verdade. Você e eu somos os únicos que restaram de Shenxi. Não é certo que estejamos brigados.
O monge voltou, aproximou-se dela e, sem dizer nada, apenas sinalizou em Signês que ela poderia usar aquela forma de comunicação se achasse mais fácil.
Xin balançou a cabeça.
— Não. Nunca mais. Quero que minha voz amadureça. Quero que ela deixe de soar como a de uma criança. — Hesitou, corando, antes de completar: — E... — fez um sinal rápido, imperfeito, dizendo que o perdoava. — Não me soa verdadeiro; deste modo.
O sorriso que Zhen abriu foi puro, quase infantil.
— Fico feliz que tenha me perdoado.
A sinceridade estampada em seu rosto deixou Xin envergonhada, sem reação. Era como reviver um momento distante da infância, uma lembrança que a fez estremecer.
Quando Zhen se virou para voltar à fogueira, ela gritou: — Espera! Eu não disse para valer!
— É claro que disse — retrucou ele, sem olhar para trás. — Mesmo que não consiga agora, você tem a intenção de me perdoar. Quer voltar a ser minha amiga. Isso já é suficiente para mim. A questão é... é suficiente para você?
Xin não sabia se deveria se irritar ou se envergonhar por ter sido desarmada tão facilmente. No fim, decidiu não pensar demais. Correu de volta à festa, temendo perder o desfecho da celebração.
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