Volume 2 – Arco 7
Capítulo 69: Mais uma vez
O casal finalmente alcançou os companheiros, que ainda discutiam sobre a melhor forma de se acomodar na carruagem. Os assentos eram limitados, e os novos membros do grupo complicavam ainda mais a organização. O clima estava pesado, meio caótico.
— Não se preocupem conosco! — disse Vaelis, afastando-se.
Ela e Soren se moveram alguns passos, criando um espaço próprio. Sem perder tempo, ajoelharam-se sobre o chão de terra batida e desenrolaram dois pergaminhos em branco. Cada um segurava um pedaço de giz, que riscou a superfície com calma quase ritualística.
Cada linha precisava ser perfeita. Um traço fora do lugar, e teriam de refazer.
Kenshiro observava em silêncio. Havia algo de solene naquele processo, como se a magia fosse tanto disciplina quanto arte.
Logo, dois cavalos tomaram forma no papel. Não eram simples rabiscos: cada detalhe era esculpido com uma harmonia que transmitia vida.
O corcel de Vaelis parecia envolto em névoa. As patas terminavam em garras de gelo, e cada exalação do focinho liberava uma fumaça fria que trazia à pele a sensação cortante do inverno.
O de Soren, em contraste, ardia. Era uma cópia de Kaji — um corpo de fogo e músculos em brasas, lembrando o corcel flamejante, sem a imponência do original.
Já acostumados a verem Kaji naquela forma, não se impressionaram.
Com os desenhos prontos, iniciou-se a invocação.
Os dois magos pressionaram as mãos sobre os pergaminhos, fecharam os olhos e começaram a entoar palavras antigas, carregadas de peso e solenidade. Para quem ouvia, soavam como ecos indecifráveis de uma língua morta.
“O córkel poténs, fêra domábilis, cuí fás ést nós in dórso férre per vías iménsas, eksáudi uokatsiónem méam. Concedê míhi per tuám uirtútem ak firmi-tátem transmeáre spátia lón-ga. Sít méa mána vínculum nóstrum aetérnum. Et, cum mors méa aduéniat aut destinórum meórum fínis occúrrat, solvá-tur rók in sêkulo nódus nóster.”
O silêncio que se seguiu foi breve, absoluto.
Então, um duplo relinchar ecoou pelos pergaminhos.
Os traços de giz se soltaram do papel como se tivessem vida, subindo em fios cintilantes, contorcendo-se no ar. O grupo assistia, atônito, enquanto os cavalos se moldavam em figuras tridimensionais, ainda frágeis, quase etéreas.
— Krrrssh!
— Fwoooom!
Vaelis ergueu as mãos e lançou uma nevasca, cobrindo sua criação em camadas cristalinas de gelo. O ar ficou gelado, e a respiração do grupo se transformou em pequenas nuvens de vapor.
Soren, por sua vez, deixou que as chamas irrompessem por suas luvas. O calor era intenso o bastante para que os mais próximos dessem um passo para trás. As linhas de giz queimaram até desaparecer, deixando em seu lugar um corpo incandescente.
Quando a fumaça se dissipou, dois corcéis elementais se erguiam diante deles — imponentes, belos e silenciosos.
Os animais inclinaram as cabeças em respeito aos seus conjuradores. Não possuíam voz ou vontade própria; eram apenas meios de transporte, exalavam uma aura de poder que não podia ser ignorada.
A maior parte do grupo reagiu com surpresa ou admiração. Mas Nolan caminhou até a dupla de magos com passos firmes, cobrindo parte do rosto com a mão e balançando a cabeça em reprovação.
— É isso que a Academia produz agora? — disse, com um tom ácido. — O nível da AMA decaiu tanto? Se estivessem em uma batalha real, jamais conseguiriam invocar a tempo. Acha que os inimigos terão a gentileza de esperar vocês desenharem cavalinhos no chão?
Vaelis desviou o olhar, mordendo o lábio em silêncio. Soren baixou a cabeça, um aluno repreendido.
— Não acha que está sendo duro demais? — perguntou Erina, em tom contido.
Nolan voltou-se para ela, erguendo as sobrancelhas.
— Duro? Não, minha cara. Estou disciplinando. Eles tiveram mais de duzentos anos de conforto na Academia. Esse era o tempo de falhar. Agora, não há mais espaço para moleza sob minha supervisão.
— Mas você não seguirá conosco depois de Cenara... — comentou Kenshiro, com a voz firme, mas sem agressividade.
— Independente disso! — retrucou Nolan, batendo o cajado no chão. — Sou professor. E como tal, vou criticar e apontar cada erro de meus alunos.
A breve lição terminou ali. O grupo voltou a se organizar.
Kenshiro e Erina estavam prestes a tomar seus lugares no assento do condutor quando foram impedidos por Fox.
— Na, na, na! — disse ele, abanando o dedo com desdém. — O lugar do motorista é meu. E de quem eu permitir. Nesse caso... do professor Nolan.
Os subordinados trocaram olhares desconfortáveis. O rebaixamento do casal era visível demais para passar despercebido.
Erina respirou fundo, escondendo a contrariedade.
— Está certo — respondeu, recuando um passo. — E onde nós vamos?
Fox ergueu o queixo, com um sorriso fino.
— Nolan, poderia?
O governador retirou dois pergaminhos da bolsa e os atirou ao chão. Eles se abriram sozinhos, revelando o vazio de suas superfícies. Em seguida, tinta negra brotou do nada, formando desenhos rápidos e precisos.
Num piscar de olhos, dois cavalos comuns apareceram.
Não tinham nada da imponência dos corcéis elementais. Menores, de porte medíocre, mais próximos de animais de carga do que de guerra.
— Tomem cuidado — advertiu Nolan. — Qualquer dano e eles desaparecerão.
Kenshiro montou sem hesitar. Uma dúvida o incomodou.
— Eles... são reais? Vivos?
— Claro que não — respondeu Nolan, ríspido. — São cópias mágicas. Apenas imitações temporárias, criadas para usufruirmos das qualidades de um ser ou objeto original.
Erina subiu no seu, notando que a armadura não pesava como deveria. Surpresa, comentou: — Impressionante... Poderia nos explicar melhor como funcionam?
Nolan deu de ombros.
— Soren e Vaelis explicarão. Talvez, assim, revisem conceitos básicos que já deveriam dominar.
— Então está tudo certo! — interrompeu Fox, subindo à carruagem. — Rumo a Cenara! Iha!
As rédeas estalaram, estimulando Kaji a avançar.
Os lugares foram ocupados rapidamente: Xin sentou-se no colo de Gurok, como se fosse natural, e Zhen acomodou-se no assento oposto a Takashi, do outro lado da carruagem.
Nolan não precisou perguntar por que ninguém se acomodou dentro da carruagem. Sabia bem. Era uma Passagem — um portal criado pelo Servo para acessar armazéns e casas de seus mestres.
Enquanto a carruagem partia, o casal e a dupla de magos seguiram logo atrás, montados em seus cavalos.
(...)
Apesar do entusiasmo inicial, Fox logo foi obrigado a diminuir a velocidade. Os solavancos constantes e o balanço irregular da carruagem começavam a cobrar o preço de si e de seus subordinados. O vento frio, carregando poeira e insetos, causavam desconforto para os que precisavam estar atentos aos arredores.
Entendeu, a velocidade máxima de Kaji só deveria ser utilizada em situações de urgência.
Enquanto a carruagem rangia sob o peso do percurso, Sebastian e Kaji se encarregavam de atualizar Fox. Relatavam-lhe os acontecimentos recentes, narrando em detalhes cada passo da jornada que haviam enfrentado. O tom era informativo e carregado de uma gravidade inevitável; não podiam maquiar a verdade para o Herói do Povo.
O vampiro, por sua vez, sentia a contradição latente dentro de si. Havia em seu íntimo o desejo de ver Fox abdicar do posto de liderança, de provar que ele não estava pronto para carregar tal fardo. Porém esse desejo era uma chama pequena diante da obrigação maior que o consumia: o de agir como Confidente. Era seu dever manter Fox informado, e negar-lhe a verdade seria o mesmo que condenar todo o grupo.
Kaji, por outro lado, parecia ter se adaptado às mudanças sem levantar resistência. Desde que deixara a AMA, não trocara sequer um olhar com Kenshiro ou Erina. Era como se tivesse decidido trancar todas as suas fraquezas num cofre sem chave, levando sozinho o peso das próprias inseguranças. Sua figura silenciosa transmitia aceitação, mas também isolamento.
(...)
Takashi continuava em silêncio, pendurado no estribo da carruagem. O arco sempre em mãos, seus olhos atentos ao horizonte. Uma vez ou outra, seus olhos desviavam de sua função para encarar o casal. O arrependimento ainda pesava em sua consciência: lembrava-se de sua rebeldia, de ter duvidado da confiança deles, e agora compreendia que havia interpretado mal suas atitudes.
Não era falta de confiança, mas proteção.
Ao menos, o esclarecimento trazia alívio.
O tempo parecia acelerar propositalmente.
Quatro anos — talvez menos — era tudo o que restava antes do fim dos tempos. Encontrar seu sucessor para herdar o título de Flecha Fantasma era uma tarefa impossível. E mesmo que conseguisse, jamais teria o tempo para transmitir toda sabedoria acumulada dos anos de experiência.
Com isso, suas ambições pessoais se diluíam. Pela primeira vez, Takashi compreendia que precisava abrir mão da glória individual para se concentrar em um propósito maior.
Foi então que uma lembrança surgiu como uma epifania: Kuroda.
“No fim... estou fazendo exatamente o que você dizia para mim, não é? Pegando mais leve...”
Um sorriso amargo surgiu em seus lábios. Riu sozinho da ironia que o destino lhe impusera.
(...)
Enquanto isso, Xin permanecia quieta, aninhada no colo de Gurok. Seu corpo estava ali, a mente vagava em uma sucessão de lembranças desordenadas, como uma peça teatral cujo enredo ela já leu. Cada cena retornava com a nitidez de um sonho recorrente, familiar demais para lhe causar espanto, e ainda assim capaz de feri-la como se fosse a primeira vez.
Preocupado, o grande orc elevou o joelho de súbito, o movimento fazendo-a despertar de seus pensamentos.
A menina ergueu o rosto, confusa, os olhos ainda pesados.
— Você está bem, minha pequena? — perguntou Gurok, retirando o elmo. Sua voz grave carregava uma ternura que poucos acreditariam vir de um guerreiro de sua estatura.
Xin hesitou.
— Eu... não sei. — Apertou os dedos contra a manta que a cobria. — Aconteceu tanta coisa em tão pouco tempo. Acho que não sei mais o que eu deveria sentir.
O orc coçou o queixo, buscando palavras.
— Bem, essa viagem não está sendo exatamente um passeio pelo parque, não é?
A menina arqueou a sobrancelha, e sua voz saiu num misto de sarcasmo e desespero contido: — Talvez esteja... se o parque fosse trocado por um pântano de lava, onde as árvores fossem pessoas e a grama... pirulitos.
Gurok piscou, desnorteado.
— Eh... é assim que você se sente? — coçou a cabeça, desconfortável. — Não sou um estudioso da mente humana ou dos sentimentos, mas... o que você acha que os “pirulitos” representam?
Xin virou-se lentamente, fitando-o com indignação.
— Sério? Eu acabei de falar de árvores feitas de pessoas e de um pântano com lava, e você está preocupado com os pirulitos?!
O orc deu de ombros.
— Você não está?
O silêncio que se seguiu foi breve, mas denso. Xin o encarava como alguém que descreve seu pesadelo, esperando ser compreendida. Gurok, porém, reagia como quem escutara a história de um mundo dominado por vacas falantes.
Até que o absurdo da situação os atingiu ao mesmo tempo.
— Hahahaha!
— HA! HA! HA!
As risadas ecoaram na carroça, quebrando por alguns instantes a tensão da viagem.
Não era a solução para as angústias de Xin, mas Gurok conseguira algo melhor: provar-lhe que ela não estava sozinha.
Zhen, apoiado em seu estribo, ouviu o riso da jovem e respirou aliviado. Aquele som, ainda que breve, era prova de que Xin estava um pouco mais calma.
(...)
Os quatro cavalos seguiam logo atrás, alinhados em perfeita formação, o som ritmado de seus cascos ecoando na estrada.
— Então... poderiam me explicar? — perguntou Erina, lançando um olhar curioso para a dupla de magos. — Como exatamente funcionam essas invocações?
— Soren... — cantarolou Vaelis, num tom provocativo. — Quer responder?
— Eu... não vou... conseguir explicar... tão bem quanto você... — murmurou o rapaz, hesitante.
— Ah, vamos lá! Eu corrijo qualquer coisa se precisar.
Soren lançou-lhe um olhar de dúvida. Vaelis sorria de orelha a orelha, escancarando todos os dentes. Depois, voltou-se para Erina. O olhar da guerreira era paciente, respeitoso e cheio de genuína curiosidade.
— Está... bem...
Respirou fundo, pousando a mão no peito que subia e descia lentamente.
— Toda magia, no fim, é uma forma de invocação ou conjuração. Se seguimos a ideia de que nada se cria nem se destrói, apenas se transforma... então não criamos fogo ou gelo, apenas transformamos nossa própria energia em agentes naturais, ou elementais. Chamamos isso de Conjuração Elementar. No caso dos cavalos... não utilizamos somente nossa mana, mas objetos que precisam absorver tal energia para serem transformados. Chamamos de Invocação de Entidade.
Ele fez uma breve pausa, organizando as palavras.
— Como não temos poder de criar vida do nada, não podemos simplesmente produzir um cavalo de verdade. E aprisionar um ser vivo para qualquer propósito é proibido. O que fazemos, então, é copiar: reunimos as características essenciais — força, resistência, obediência — e as elevamos além dos limites naturais. Assim eles se tornam montarias incansáveis, capazes de levar a carga que for, até onde for.
— Isso explica porque o meu cavalo não se incomoda com a minha armadura pesada... — refletiu Erina. — Mas por que o de vocês é diferente do meu e do Kenshiro? E por que demoraram tanto para invocá-los?
Vaelis ergueu o dedo, rindo.
— Ah, isso é culpa nossa. Queríamos... digamos... impressionar.
— Por isso o Nolan brigou com vocês? — perguntou Kenshiro, desconfiado.
— Mais ou menos... — respondeu Vaelis. — Optamos por invocar cavalos elementais em vez dos comuns. O problema é que, em vez de atribuir a eles habilidades correspondentes, focamos só no visual.
— Além de termos demorado para fazê-los... — completou Soren, cabisbaixo.
— Exato. — Vaelis inclinou-se, deitando em seu cavalo, despreocupada. — E o Nolan não perdoa. Ele é especialista em invocações. Seguiu um caminho diferente da maioria dos magos da AMA, que preferem se dedicar ao controle de elementos. É exigente demais, sempre cobra perfeição.
Essa foi a razão da partida dele, aliás. Nenhum aluno gostava de treinar sob sua tutela. Preferiam trabalhar em seus próprios elementos, ao invés de se sujeitar às aulas rígidas de invocação pura.
Vaelis respirou fundo antes de concluir:
— Na minha opinião, nenhum dos lados está completamente certo. Invocações são extremamente úteis, podem ver isso agora. Mas, em situações de crise ou em combate direto, são as conjurações que salvam sua pele.
O assunto parecia se encerrar ali, mas Erina ainda tinha uma dúvida.
— Eu percebi que os pergaminhos do Nolan desapareceram quando os corcéis surgiram.
— Vocês estão sentados neles... — explicou Soren. — Quando a invocação acabar, os cavalos se dissolvem, e os pergaminhos retornam.
— O que permite que ele os reutilize em outra invocação... — concluiu Kenshiro, impressionado. — De fato, ele parece ser o mestre nesse assunto.
(...)
A conversa relaxou um pouco o clima. Soren, encorajado pela atenção respeitosa de Erina, arriscou falar mais. Não tinha a mesma facilidade de Vaelis, mas conseguia manter um diálogo simples. Ela percebeu que as luvas dele estavam chamuscadas — queimadas por um feitiço recente — e precisara trocá-las.
Soren explicou que ainda se via como um mago iniciante, “engatinhando”, enquanto Vaelis já corria despreocupada.
Kenshiro ouvia parte da conversa, até ser surpreendido por um chamado sussurrado.
— Psiu! — Vaelis o cutucou, quase conspiratória. — Podemos conversar um pouquinho?
Ele a olhou de lado, desconfiado.
— Sim...?
— É sobre sua esposa. — O sorriso travesso já denunciava a provocação. — Essa armadura não valoriza em nada o corpo dela...
— O que?! — Kenshiro quase engasgou. — É uma armadura, não um vestido!
— Eu sei, eu sei. Mas existem aquelas feitas sob medida, não? Que realçam o busto, a cintura fina... Confesso que esperava algo assim.
— E por que você está falando isso do nada?!
— Porque duvido que alguém aqui ousasse comentar sobre corpo dela desse jeito. Além de você, claro.
— O que exatamente você está insinuando?
— Ora, você é o marido dela! Deve saber muito bem do que aquele corpo é capaz. — O olhar malicioso dela não deixava margem para mal-entendidos. — Então, diga: qual de vocês é quem manda na cama?
— Eu não vou falar sobre isso! — Kenshiro já estava vermelho até as orelhas.
Vaelis riu, mordendo o lábio.
— Ah, que pena... Acho que vou ter que descobrir sozinha, então.
— Descobrir... o quê?!
— Diga-me: você ainda consideraria traição se fosse com outra mulher?
Kenshiro ficou atônito. Jamais imaginara que alguém tentaria roubar sua esposa — ainda mais outra mulher. O conflito entre ciúme e o desejo de manter a compostura quase o paralisava.
— Se incomodar, a gente resolve de outro jeito. — Vaelis inclinou-se, como se revelasse um segredo. — Podemos fazer a três. É claro que sua esposa teria toda a minha atenção... mas eu deixaria você ter um gostinho também.
— PARE de falar essas coisas! — Kenshiro levou a mão à cabeça, sem saber onde enfiar a própria honra.
O que ele não percebia era que, os sussurros haviam acabado. Todos tinham escutado.
Soren tentava se enfiar dentro do próprio manto de tanta vergonha. Erina, por outro lado, escondia um sorriso.
Ela nunca teria coragem — ou desejo — de trair Kenshiro. E o simples pensamento de dividi-lo com outra pessoa despertava nela um instinto quase assassino. Mas, ao ver o marido envergonhado e ciumento, sentiu uma ponta de satisfação.
Era a prova de que, mesmo depois de tudo, ele ainda a desejava.
Apoie a Novel Mania
Chega de anúncios irritantes, agora a Novel Mania será mantida exclusivamente pelos leitores, ou seja, sem anúncios ou assinaturas pagas. Para continuarmos online e sem interrupções, precisamos do seu apoio! Sua contribuição nos ajuda a manter a qualidade e incentivar a equipe a continuar trazendos mais conteúdos.
Novas traduções
Novels originais
Experiência sem anúncios