Volume 2 – Arco 13

Capítulo 139: Elementos Opostos

Fogo e gelo eram elementos naturalmente opostos. Dois extremos de uma mesma força primordial, eternamente em conflito. 

Por isso, seus magos eram quase sempre rivais — ou inimigos mortais. 

E, no entanto, jamais houve uma resposta definitiva à antiga pergunta: qual deles era o mais poderoso? 

Mesmo quando o fogo triunfava, mais cedo ou mais tarde o frio retornava para reclamar o trono perdido. Quando o gelo vencia, o fogo sempre ressurgia das cinzas, reascendo o conflito interminável. 

A rivalidade entre essas forças, portanto, nunca encontrou solução. 

E assim deveria permanecer — um equilíbrio de destruição e permanência, de mudança e resistência. 

Diferente de Soren, Vaelis compreendia a essência profunda dessa dualidade. Conhecia cada propriedade e cada limite de seu elemento. 

Sabia o que o fogo representava: transformação, instinto, impulso, a chama que tudo consome para recriar. 

E sabia também o que era o gelo: memória, constância, preservação. 

Era o oposto perfeito — o espelho frio da fúria ardente. 

Sem intenção de trocar palavras com aquele ser detestável, Vaelis cerrou os punhos, o olhar fixo em Sorun. Seu coração batia calmo, mas sua mana fervia em silêncio. Ela lutaria com tudo. Não por glória, mas para proteger o que ainda restava de vida naquele campo arruinado. 

E então, recitou: 

O kor gelidum kuod in pektore méo quiéskit, frígus ánimae méae et kústos sénsuum me óruim, tu kuí serváre pérgas et mutatsiónem odísti, benedík míhi ók in moménto tota tuá konstántia. Konsedê míhi frígus túum, ardórem frígidum túum, vím tuám immutábilem. Sít uolúntas túa et méa úna esséntia. Íta ego kústodiam et protégam ómina quáe míhi kára súnt, amitsítsias et passiónes, ut tándem uolúntas túa immutáta permáneat. 

As palavras ecoaram como um cântico antigo, pesado e puro. 

E, assim que o último som escapou de seus lábios, o ar — antes impregnado de fumaça, cinzas e calor sufocante — mudou instantaneamente. 

O vento parou. As brasas morreram. O mundo pareceu prender a respiração. 

Então, o frio nasceu. 

Começou como um sopro leve, quase um aviso, e em poucos segundos tornou-se uma rajada gélida capaz de cortar a pele. 

Sorun estremeceu. 

Pela primeira vez, sentiu desconforto genuíno. O frio se infiltrava em sua carne, queimando-o por dentro — uma queimadura inversa, sem luz, sem fogo, apenas dor silenciosa. 

As partes mais sensíveis de seu corpo formigavam, rachando como vidro. 

A sensação o enfureceu. Não era o calor da batalha que tanto amava. 

Antes que pudesse reagir, Vaelis moveu-se. 

Rápida, precisa, letal. 

De seus braços brotaram garras translúcidas de gelo, afiadas como diamante, cintilando na penumbra do fogo morto. Ela avançou, silenciosa como uma sombra azul. 

Sorun tentou recuar, mas Vaelis já estava sobre ele. 

O primeiro golpe rasgou-lhe o rosto, arrancando-lhe o olho esquerdo e abrindo-lhe a boca até o maxilar. 

Sorun gritou, não de dor, mas de fúria. Sua regeneração entrou em ação de imediato, priorizando o olho, selando a ferida com um brilho vermelho pulsante. 

Mas Vaelis não lhe deu tempo. 

Avançou outra vez, o segundo golpe cruzando o ar com um estalo de gelo quebrando o som. A garra acertou o outro lado de seu rosto. O sangue jorrou, quente contra o frio do ar.  

Sorun cambaleou, cego. 

Desorientado, caiu de joelhos, as mãos cobrindo os olhos em frágil defesa. Mas o frio não o deixava pensar. O ar ao seu redor se cristalizava. 

Vaelis o cercou como uma tempestade viva. 

Suas garras cortavam em sequência — ombros, braços, costas. Cada movimento era limpo, calculado, sem hesitação. O sangue espirrava em padrões vermelhos sobre o branco das estacas que nasciam debaixo de seus pés, pintando uma cena quase ritualística. 

Sorun urrava, mas sua voz se perdia no ar congelado. 

Cada golpe que recebia era mais profundo, mais preciso, mais cruel. 

Vaelis estava completamente tomada pela fúria silenciosa — não gritava, não sorria, apenas atacava, um espírito de gelo que executava uma sentença. 

E enquanto o corpo de Sorun era dilacerado, o fogo ao redor deles se apagava, consumido pela presença absoluta do frio. 

Pela primeira vez, o fogo estava sendo verdadeiramente sufocado. 

Quando os olhos estavam, enfim, de volta, Sorun já não demonstrava paciência alguma. 

O fogo pulsava sob sua pele como um coração prestes a explodir. 

— Basta de você! — rugiu. 

Uma explosão curta, mas brutal, ecoou ao redor dele, varrendo o ar em todas as direções. O solo rachou, as folhas voaram como cinzas e Vaelis foi obrigada a recuar, instintivamente erguendo um muro de gelo entre si e aquele calor infernal. Mesmo assim, o calor vazava pelas frestas, lambendo o ar, ardendo em sua pele. 

Sorun ergueu-se lentamente. O corpo ainda tremia, parte queimado, parte regenerado — mas o movimento era proposital, teatral. Queria parecer uma força que jamais cessaria, um deus do fogo que se recusava a cair. 

O joelho direito mal sustentava o peso do corpo; mesmo assim, ele se forçava a ficar de pé. 

Foi nesse exato instante que algo rasgou o céu com um silvo cortante. 

Um clarão azulado desceu em linha reta, e um estrondo mágico reverberou quando uma enorme seta de gelo — mais próxima de um arpão — atravessou seu joelho, prendendo-o violentamente ao chão. 

Sorun rugiu, o som ecoando grave, abafado pela fumaça e pelas fagulhas que brotavam ao redor de si. 

O gelo chiava contra o calor de sua carne, evaporando-se em névoa branca enquanto se regenerava. 

Por um instante, a dor foi tão intensa que ele quase se desequilibrou. 

Levantando o olhar, viu o impossível: o céu estava coberto de espelhos de gelo. 

Dezenas — quase uma centena — pairavam acima da floresta como fragmentos de um firmamento congelado. 

Brilhavam, refletindo a própria imagem de Sorun e multiplicando seu corpo ferido em infinitas cópias distorcidas. 

Enquanto ele ainda tentava compreender o que via, outro espelho brilhou. 

Dessa vez, a seta se formou bem diante de seus olhos, sólida e afiada, e partiu com velocidade absurda, mirando sua cabeça. 

Sorun jogou o pescoço completamente para trás, o corpo curvando-se até encostar no solo. A seta passou rente ao seu rosto, cortando alguns fios de cabelo e se cravando no chão logo atrás. 

Ele mal percebeu, mas aquele movimento o colocara exatamente na posição que Vaelis desejava. 

O som de sua voz veio como um decreto final: 

— Sepultura de Fimbulvetr! 

Num instante, todos os espelhos brilharam ao mesmo tempo. 

Uma tempestade de lanças gélidas desceu dos céus. 

Os projéteis atravessaram o ar com um ruído ensurdecedor, perfurando o chão e o corpo de Sorun. 

Cada impacto o empurrava mais fundo, pregando-o à terra, empalando-o dezenas de vezes até que o fogo em sua pele começou a apagar, sufocado pelo frio absoluto. 

O calor que emanava dele cessou por completo — e, no lugar, o silêncio do gelo. 

Vaelis, exausta, mal conseguia se manter de pé. 

Seu peito arfava, o vapor de sua respiração formando pequenas nuvens brancas no ar imóvel. A mana escoava como sangue invisível, drenando o pouco que ainda restava em suas veias. 

Mesmo assim, ela caminhou. 

Passo a passo, aproximou-se do corpo cravado no chão — uma figura antes imponente, agora imóvel, reduzida a uma estátua de gelo manchada de vermelho. 

O olhar de Vaelis, frio e decidido, não vacilou. 

Por um instante, voltou-se a Soren, ainda desmaiado entre os destroços e o vapor. 

Seus olhos suavizaram-se. 

Sei que essa luta deveria ser sua. Sei que o direito é teu. Mas não posso correr riscos...”, pensou, o coração pesando. 

Ela ergueu o pé direito. 

Então, desceu com força. 

CRRRAAACK—TCHLIIIM! 

O gelo partiu-se. 

A cabeça de Sorun explodiu em fragmentos translúcidos, estilhaçando-se como vidro antigo. O resto do corpo acompanhou — quebrando-se em pedaços que caíam como sinos de cristal, ecoando por todo o campo. 

Por alguns segundos, flocos vermelhos — cristais de sangue congelado — flutuaram no ar antes de cair sobre o chão, cintilando como rubis. 

Vaelis ficou ali, imóvel, apenas observando o fim da criatura que aterrorizara tantos. O som distante das chamas morrendo foi o único testemunho da vitória. 

Por fim, exausta, ela sentou-se sobre a neve recém-formada. 

Suas mãos tremiam, o corpo pesado, a mente entorpecida pelo gasto de mana. 

Mas um pequeno sorriso brotou em seus lábios. 

O frio ainda dominava o ar, parecia acolhedor. 

Ela havia vencido. 

— O seu tipo é mesmo muito irritante... — murmurou Sorun, a voz rouca e carregada de desprezo. 

Vaelis, ainda ajoelhada e ofegante, ergueu lentamente o olhar. Quando seus olhos encontraram os dele, um calafrio percorreu-lhe a espinha — não um feitiço de seu elemento, apenas medo puro, primitivo, arrebatador. 

O rosto de Sorun emergia das sombras, meio derretido, meio regenerado, e ainda fumegante. O brilho infernal de suas chamas refletia nas pupilas douradas como um lampejo de loucura. 

Antes que pudesse formular um pensamento, um feitiço ou sequer um gesto de defesa, ele avançou. 

O punho direito — envolto em fogo líquido, uma chama tão intensa que fazia o ar vibrar — atingiu em cheio seu rosto. 

O impacto foi seco, cortante, acompanhado do cheiro nauseante de carne queimada. Vaelis sentiu metade do rosto arder, fios de cabelo incandescerem e sua cabeça girar violentamente antes de despencar contra o chão. 

Embora não pudesse ver, sabia que havia ganhado uma cicatriz horrenda, cobrindo seu olho esquerdo e parte de sua bochecha. 

O mundo girava. O gosto de sangue misturava-se com o gosto metálico do próprio medo. 

Tonta, sem fôlego, ela ainda pôde vê-lo: uma silhueta colossal obscurecendo o céu, o fogo tremeluzindo em torno do corpo. 

Sem forças, não conseguia sair do chão. Não conseguia levantar-se. 

Sorun inclinou o rosto, cuspindo pequenos fragmentos congelados — restos do gelo que ainda resistia dentro dele. 

— Magos de gelo... — disse, com desdém, enquanto cuspia no chão. — Sempre escondidos atrás de artimanhas, de truques baratos, de planos. Nunca têm coragem de confiar no poder cru de seus elementos. 

Ele se abaixou, os joelhos firmando-se sobre o corpo da maga, esmagando-lhe o abdômen. O peso era insuportável; Vaelis arfava, o ar lhe faltando. 

Sorun não buscava apenas tortura. Buscava domínio. 

Sua mão grande e coberta de fogo desceu sobre o pescoço dela, os dedos grossos fechando-se em torno da garganta com uma força animalesca. 

O toque queimava, mas uma fina camada de gelo formou-se de imediato — um colar translúcido, frágil, que estalava e se regenerava enquanto ele pressionava. 

— Mas no fundo, nós dois sabemos o porquê disso, não é? — sussurrou Sorun, o rosto tão próximo que Vaelis pôde sentir o calor de sua respiração e o cheiro de cinza que exalava. 

Seus olhos ardiam — um brilho vermelho e dourado, um reflexo de insanidade e prazer. 

— Porque o gelo jamais venceria o fogo em uma disputa direta. 

Ele sorriu, mostrando os dentes manchados de sangue e fumaça. 

— Vamos à prova definitiva? 

Conforme os dedos dele se apertavam, o calor aumentava. 

A camada de gelo começava a crepitar — TRIK! TRIK! — pequenas fissuras se espalhando como veias no cristal. 

O suor escorria pela testa de Vaelis. 

A maga usava o restante da mana para reforçar a pequena barreira, sentindo o corpo fraquejar. 

Sorun riu, a gargalhada ecoando como o estalar de lenha em brasa. 

— HAHAHAHA! Essa coleira... você deve ser mesmo uma cadela, não é? —  Ele inclinou o rosto, quase roçando o nariz no dela. — Me diga... está gostando disso? Responda-me! 

Vaelis tentou reagir, mas a voz não saía. 

A garganta apertada, o ar rarefeito — o mundo girava e escurecia. 

TRIK! 

O gelo estourou em um ponto, e uma labareda atravessou a brecha, queimando sua pele. 

Ela levou as mãos até o rosto de Sorun, tentando arranhá-lo, mas ele mal se moveu. Suas unhas rasgavam a carne, mas o fogo regenerava no mesmo instante. Nem mesmo quando tentou atingir o olho dele, houve reação. 

Sorun apenas sorriu, saboreando cada espasmo dela. 

Vaelis, desesperada, mudou a estratégia. 

Agarrou os punhos dele com as próprias mãos, tentando congelá-los. 

Mas o esforço era demais. A energia se dividia — manter o gelo no pescoço, conjurar nas mãos, e ainda respirar. 

Era impossível sustentar tudo. 

TRIK! 

TCHLIIIM! 

O som final. O gelo cedeu. 

— AGH! — o grito dela foi breve, abafado pela pressão. 

Sorun curvou os lábios em um sorriso de triunfo. 

— O que foi? Está quente demais pra você? 

Os dedos dele apertaram com força brutal. O ar escapou de seus pulmões. 

O fogo se intensificou, tingindo o rosto de Vaelis com reflexos alaranjados. 

Ela sentia o calor e a dor se fundirem em uma mesma agonia — não podia respirar, não podia pensar. 

A ardência das queimaduras impedia que desmaiasse; estava condenada a permanecer consciente, prisioneira do próprio sofrimento até o fim. 

Sorun arregalou os olhos, respirando fundo, saboreando o momento como um sacerdote diante do sacrifício. 

O sangue fervia, as chamas sibilavam. 

— AAAAAAHHHHHHHHHHHH!!! — gritou, exalando sua vitória. 

O urro ressoou pela floresta, distorcendo o ar, e o fogo tomou o corpo de Vaelis em um clarão ofuscante. 

Aquele seria o último som, a última visão, a última lembrança da maga de gelo. 

E quando os olhos de Vaelis estavam prestes a se fechar, aceitando o fim que se aproximava, algo rompeu o silêncio. 

Um som surdo, profundo, vindo das entranhas da terra. 

O chão começou a tremer sob ela — primeiro um leve pulsar, depois um abalo crescente, como se um gigante estivesse correndo em sua direção, pisando com fúria a cada passo. 

As folhas estremeceram, os galhos oscilaram, e até o fogo ao redor vacilou. 

BAM! 

O impacto foi devastador. 

— Ahhhhhh!! 

Estava livre, podia respirar. 

Sorun foi arremessado para longe, o corpo atravessando o ar como um projétil e chocando-se violentamente contra uma árvore distante, partindo-a em duas. As chamas que o envolviam se dispersaram com o choque, deixando uma trilha de brasas suspensas no ar. 

Vaelis caiu de lado, tossindo, o ar voltando aos poucos para seus pulmões. 

Inspirava desesperadamente, o peito subindo e descendo num ritmo irregular, o som entrecortado de quem esteve prestes a morrer. 

Levou a mão ao próprio pescoço — a pele ainda ardia, a carne marcada pelas queimaduras — e, instintivamente, concentrou o pouco de mana que restava. Uma fina camada de gelo se formou ali, cristalina e azulada, selando parcialmente as feridas e aliviando a dor com um frio que lhe trouxe lágrimas aos olhos. 

Ainda tentando recuperar o fôlego, ergueu o olhar. 

Não era um gigante. 

Mas o homem que surgia diante dela se assemelhava a um. 

— Obrigada, Kaji... — tossiu, a voz falhando. — Cof... Cof... 

Kaji virou o rosto levemente em sua direção, o olhar firme e ao mesmo tempo sereno. 

— Por favor, descanse — respondeu, em tom calmo, quase paternal. — Eu cuido desse aí. 

— Tenha... Ahh... cuidado. — murmurou ela, ainda sem ar. — Ele é mais forte do que aparenta, ele... 

— Eu sei — interrompeu Kaji, com tranquilidade. — E tenho exatamente o que ele precisa. 

Ele deu um pequeno sorriso, quase imperceptível, voltando o olhar para o horizonte incendiado. 

— Fique junto de Soren. Proteja-o. 

Vaelis assentiu com a cabeça, a expressão cansada, mas aliviada. Sua voz já não tinha força, e o esforço de falar a fazia sentir o gosto metálico do sangue na garganta. 

Quando começou a se afastar, Kaji a chamou novamente. 

— Vaelis! 

Ela parou, voltando-se com dificuldade. 

— Quero que saiba... vocês são dignos de pertencer a este grupo. — disse ele, firme. — Nenhuma punição os aguarda. 

As palavras a atingiram como um bálsamo. Por um instante, o medo, a dor e a exaustão desapareceram. 

Um brilho de emoção cruzou seu olhar — finalmente, ela e Soren estavam aceitos. 

Ela apenas acenou com a cabeça, um gesto curto, respeitoso, e partiu. 

Kaji permaneceu parado, observando o horizonte silencioso, sentindo o vento quente trazendo o cheiro de fuligem e sangue. O fogo ao redor ainda ardia, mas agora parecia contido, como se a própria chama hesitasse diante dele. 

Esperou pacientemente. 

Sabia que Sorun voltaria. 

Enquanto isso, observou o cenário da destruição. 

Contou, em silêncio, as árvores queimadas, os troncos retorcidos, as folhas carbonizadas. 

Seiscentas e oitenta e três...”, pensou, com pesar. 

A natureza pagava o preço da insanidade humana — ou talvez de algo ainda mais profundo. 

Um ruído distante o alertou. 

Sorun surgia entre as sombras e o vapor quente, caminhando lentamente, uma das mãos sobre o queixo deslocado. O impacto de Kaji claramente o afetara — a pele chamuscada, o corpo trêmulo, e ainda assim um sorriso resplandecendo entre dentes quebrados. 

— Finalmente o peixe grande apareceu! — zombou, cuspindo sangue e rindo baixo. — Hehehe... 

Kaji não respondeu. 

Seus olhos, dourados e calmos, permaneciam fixos no inimigo. 

— Qualé? Nenhuma palavra? Nenhuma ameaça? — insistiu Sorun, aproximando-se, o corpo envolto em pequenas chamas. 

 A respiração de Kaji era controlada, ritmada. 

— Nesse caso... — disse Sorun, abrindo um sorriso distorcido. — Lá vou eu! 

BAAANNNGGG!!! 

O chão explodiu sob os pés de Sorun. O salto foi tão rápido que o ar pareceu se romper. 

Uma explosão colossal seguiu-se, as labaredas iluminando o campo devastado como se o próprio sol tivesse colidido com a terra. 

Vaelis, ainda carregando Soren nos braços, sentiu o impacto da onda de choque. Seu corpo vacilou, mas ela firmou o passo. Precisava sair dali, precisava manter-se viva, por ele. 

A carruagem estava próxima, quase escondida sob o entulho das árvores. 

Ela deitou Soren com cuidado, ajeitando a cabeça dele em seu colo, olhando para o céu que agora ardia em tons de laranja e cinza. 

Estamos contando com você, Kaji...”, pensou, fechando os olhos por um instante. 

E ao longe, o rugido de duas forças colidindo fez o ar tremer novamente. 

A verdadeira batalha havia apenas começado. 

Apoie a Novel Mania

Chega de anúncios irritantes, agora a Novel Mania será mantida exclusivamente pelos leitores, ou seja, sem anúncios ou assinaturas pagas. Para continuarmos online e sem interrupções, precisamos do seu apoio! Sua contribuição nos ajuda a manter a qualidade e incentivar a equipe a continuar trazendos mais conteúdos.

Novas traduções

Novels originais

Experiência sem anúncios

Doar agora