Volume 2 – Arco 11
Capítulo 114: Recreação
Este capítulo contém insinuações e cenas de natureza sexual. Ou seja, é inadequado para menores de 18 anos
Se for do interesse do leitor, poderá pular este capítulo, pois ele não afetará a história.
Reforçando: Se por algum caso, você for menor de idade e estiver lendo, você sabe que essa história não é para você.
O treinamento do dia seguinte seria feito em um lugar bastante diferente — e inesperado.
O grupo foi conduzido até uma região vulcânica. Ao redor, gêiseres explodiam de tempos em tempos, e dezenas de fontes termais borbulhavam em meio à neblina quente.
Por um breve momento, todos imaginaram que finalmente teriam um dia de folga. E, para surpresa geral, era exatamente isso que parecia estar acontecendo.
Assim que chegaram, os Cavaleiros começaram a tirar suas armaduras sem cerimônia, ficando apenas com roupas leves e mergulhando nas águas quentes com gritos de satisfação. O grupo de Erina, por outro lado, ficou completamente paralisado, o rosto tomado por uma mistura de espanto e desconfiança.
Antes que pudessem reagir, Arturo deu um grito de guerra, correu em direção a uma das fontes e mergulhou com um salto no estilo “bala de canhão”. A explosão de água formou uma onda que quase engoliu os demais soldados.
— Isso sim é um treinamento de resistência! — gritou, triunfante, enquanto todos tossiam e tentavam recuperar o fôlego.
Lance, metade submerso em uma das piscinas, observava tudo com seu olhar tranquilo e distante.
— Vocês não vêm? — perguntou, como se não tivesse acabado de tomar um banho de respingos.
— Não sejam tímidos — disse Aline, caminhando em direção à piscina de Lance. — A água está uma maravilha!
Por passar tão próxima do grupo, todos desviaram o olhar de forma sincronizada, como se ensaiado.
“Ela realmente não sente vergonha de nada”, pensou Kenshiro, tentando se concentrar em uma rocha particularmente interessante.
Gwen, já relaxada dentro da água, riu alto:
— Vocês precisam relaxar! Ninguém vai julgar ninguém aqui... a menos que o mergulho seja feio!
Fox, indiferente à algazarra, afastou-se até não conseguir escutar mais o grupo. Escolheu uma rocha próxima, aquecida ao seu agrado, sentou-se e começou a meditar — o que, considerando o barulho ao redor, era praticamente um milagre.
Vaelis observava tudo com um misto de curiosidade e hesitação. Parecia querer participar, mas ao mesmo tempo temia parecer fora de lugar. Foi quando viu Morgan, recostada à beira da fonte, soltando um leve suspiro de satisfação.
Com um gesto, retirou suas vestes e mergulhou de forma graciosa, criando pequenas ondas cintilantes.
— Que bom que veio! — disse Morgan, sorrindo. — Estava começando a achar que ia ter que conversar com Arturo.
Erina, rindo, balançou a cabeça:
— Vaelis é corajosa... ou inconsequente. Ainda estou decidindo.
Kenshiro suspirou, cruzando os braços e tentando parecer sereno.
— Eu só espero que o próximo “treinamento” envolva menos vapor e mais roupa.
— Ah, mas aí não teria graça nenhuma! — disse Aline, gargalhando em seguida.
E entre risadas, mergulhos desastrados e discussões sobre quem fez o pior “salto de entrada”, o dia de descanso dos Cavaleiros finalmente começou — do jeito mais barulhento e caótico possível.
— Não se preocupem — disse Lance, cruzando os braços e mantendo o tom impassível. — Pedi para que todos “acalmassem os nervos”. Ninguém aqui vai ter que participar de uma... vocês sabem.
— O QUÊÊÊÊ??!!!
— Se quiserem ficar de fora, fiquem — completou, com naturalidade.
Logo depois, um espasmo percorreu lhe o corpo. Lance cerrou os punhos e cerrou os dentes,
Em seguida, Aline emergiu das águas bem à frente dele, fazendo todos darem um salto para trás.
— Mas aí — disse ela, recuperando o fôlego — não teremos razão alguma para nos conter, não é?
O grupo trocou olhares nervosos. A julgar pelas risadas dos Cavaleiros ao redor, havia riscos reais de... constrangimento.
Mas também sabiam que, se ficassem de fora, seriam alvo de piadas pelo resto do período que ficassem do lado deles.
Erina suspirou fundo.
— Vamos logo com isso, então.
Sem esperar resposta, começou a tirar despir-se de sua armadura, revelando as roupas casuais que usava por baixo.
Kenshiro lançou um olhar rápido a todos os seus subordinados — e foi recompensado com dezenas de cabeças viradas em direções aleatórias.
Encolhida de vergonha, Erina caminhou até a beira da fonte e entrou devagar, deixando escapar um suspiro de puro alívio.
— Kenshiro, você vem? — perguntou, com os olhos fechados.
— Mas, amor...
— Vai mesmo me deixar aqui sozinha? — O tom dela era doce, mas tinha a autoridade de um general.
Resignado, o espadachim se desfez de suas vestes, entrou na água, torcendo para que o vapor o tornasse invisível.
Sentou-se ao lado da esposa, tenso como uma estátua, até que ela lhe deu um beijo rápido na bochecha.
O rubor que subiu até as orelhas dele foi imediato.
— Viu? — sussurrou Erina. — Não foi tão difícil.
— Não tenho certeza para onde devo olhar...
Erina segurou o rosto do marido e o virou para ela.
— A mim. Olhe para mim.
Os demais se entreolharam, tentando entender se aquilo era uma ordem, um conselho, ou uma maldição.
— Vocês também, entrem logo! — disse Erina, com um tom que soou mais como ameaça do que convite.
Um a um, os companheiros foram se rendendo, até que Xin foi o último a mergulhar.
Assim que o fez, um coro ecoou pelas fontes:
— Ah éeeee! — gritaram os soldados, levantando os punhos e provocando uma chuva de respingos.
O grupo de Erina congelou por um instante, imaginando o pior.
Mas, para o alívio geral, o caos que se seguiu foi outro tipo de espetáculo: guerreiros adultos se comportando como crianças em um dia de verão.
Uns disputavam quem fazia o maior “mergulho de canhão”, outros mediam quem conseguia suportar mais tempo debaixo d’água. A cada nova onda, risadas ecoavam e mais alguém era arrastado para dentro da diversão.
Morgan, que até então aproveitava a tranquilidade ao lado de Vaelis, olhou em volta e suspirou.
— Parece que o spa virou parque aquático — disse, rindo. — Desculpa, meu doce, mas acho que não tem clima pra contemplação hoje.
Vaelis deu de ombros, ainda sorrindo.
— Tudo bem. Um pouco de caos é bom para a circulação.
Quando voltou para junto do grupo, seu semblante era o mesmo de sempre — sereno, elegante e, talvez, um pouco mais... rejuvenescido.
(...)
Aos poucos, a vergonha começou a se dissolver como o vapor sobre a superfície da água.
As mãos que antes cobriam os rostos e os corpos tensos relaxaram, e Erina, após uma longa hesitação, permitiu-se afundar um pouco mais na fonte.
Por um instante, esperou sentir o peso de dezenas de olhares sobre si, mas o mundo não parou.
Os risos, os salpicos e as conversas continuavam. Havia um ou outro olhar curioso, é claro, mas logo desviavam, atraídos não pela forma, e sim pela expressão confusa e quase divertida da jovem.
Pela primeira vez, Erina respirou fundo e relaxou.
Nem todos, porém, compartilhavam da mesma leveza.
Xin, encolhida na beira da fonte, parecia uma criança perdida em meio a adultos. O vapor subia em redemoinhos ao seu redor, como se tentasse escondê-la. Ela abraçava os próprios joelhos, o rosto vermelho — um misto de vergonha e irritação.
Zhen, flutuando preguiçosamente pela água, a notou.
Mergulhou até a cintura e aproximou-se com cuidado.
— Ei... está tudo bem? — perguntou, em voz calma.
— SAI PRA LÁ! NÃO ENCOSTA EM MIM! — ela gritou, tentando cobrir-se o máximo que podia com as próprias mãos.
Zhen ergueu as mãos, recuando um passo.
— Eu não ia encostar! Só queria saber se aconteceu alguma coisa...
— Droga — Bufou ela, com os olhos marejados de raiva e embaraço. — Eu estou com tanta vergonha...
— Todos nós estamos — disse ele, rindo baixinho. — Mas a água está tão boa, e o clima é tão...
— Não é isso! — cortou ela. — É... ISSO! — Apontou para si mesma. — Eu não tenho vergonha de me verem! Tenho vergonha do que estão vendo! Meu corpo... ele não devia ser assim! Eu pareço uma... uma criança!
Zhen piscou, surpreso.
— Isso não é verdade!
— Tá, talvez não uma criança, mas com certeza não é o corpo que eu deveria ter! — rebateu, furiosa. — Se não fosse por aqueles anos sendo escrava... eu... eu...
Ele abriu a boca, mas fechou de novo. Procurava algo para dizer. Acabou sorrindo, sem querer.
— O que foi agora?! — gritou Xin, cerrando os punhos.
— Desculpa, desculpa — disse Zhen, tentando conter o riso. — É que... acabei de perceber a ironia.
— Que ironia?!
Ele respirou fundo, tentando explicar:
— A maioria das mulheres do continente dariam tudo para parecer mais jovens. Gastam fortunas com poções, rituais e feitiços ilusórios... e nenhuma fica satisfeita.
Ela o encarou, desconfiada.
— Está querendo dizer que eu devia aproveitar essa “fase”?
— Estou dizendo que talvez... não precise se odiar por quem é agora — Sorriu, de um jeito sincero e meio desajeitado.
Xin ficou alguns segundos em silêncio, o rosto contorcido entre raiva e confusão.
Depois, bufou e gritou:
— Pode deixar que, quando eu for velha, eu me arrependo de não ter aproveitado! Mas agora... AGORA EU VOU É TE BATER!
Antes que ele reagisse, ela se levantou num salto, levantando ondas d’água para todos os lados.
Zhen gargalhou e começou a recuar, nadando de costas enquanto ela o perseguia, cada vez mais irritada — ou fingindo estar.
— Ei! Eu tô tentando te consolar! — gritou, entre risos.
Xin não respondeu. Corria atrás dele com tamanha determinação que todos os outros ao redor começaram a rir.
Mesmo que nunca admitisse, nem para Zhen, nem para si mesma, Xin estava se divertindo.
(...)
Enquanto o vapor dançava sobre as águas quentes, o desconforto inicial logo deu lugar à descontração.
A vergonha cedeu espaço a risadas. O calor das fontes parecia dissolver não apenas a tensão dos corpos, mas também o peso das últimas batalhas.
Os homens, como sempre, transformaram o momento em uma competição.
Sebastian, o mais entusiasmado de todos, propôs um desafio de fôlego. Um a um mergulhavam, tentando permanecer o máximo possível sob a água.
Takashi quase venceu, mas emergiu arfando. Gurok resistiu um pouco mais, até que o tempo de Sebastian se mostrou... sobrenatural.
Quando voltou à tona, sorrindo e triunfante, os outros o cercaram, impressionados.
— Como é possível ficar tanto tempo lá embaixo?! — gritou Gurok, incrédulo.
Sebastian apenas deu de ombros, com um sorriso travesso.
— Ah... eu meio que não preciso respirar.
O coro de protestos foi imediato.
— Isso é trapaça! — gritaram.
— Desqualificado! — decretou Gwen, erguendo uma concha como se fosse um martelo de juiz.
Logo em seguida, Arturo sugeriu uma nova disputa: quem faria o maior redemoinho entre as piscinas.
Entre risos e empurrões, o chão tremeu sob o poder da força bruta. No final, o resultado foi previsível: Arturo venceu.
As mulheres, em contraste, preferiram o sossego.
Erina, Morgan, Aline, Gwen e Vaelis se agruparam em uma das piscinas menores, onde o vapor era mais suave e o riso mais frequente.
Conversavam em voz baixa, trançando cabelos, trocando piadas e confidências.
O assunto, inevitavelmente, acabou nos interesses amorosos.
— Eu ainda acho que o Lance tem um sorriso bonito — comentou Aline, distraída, arrancando risadas das outras.
— Sorriso? — zombou Morgan. — Lance não sorri. A única vez que eu o vi sorrir, achei que ele fosse matar o inimigo... e a gente junto.
— Por mim, tanto faz — disse Gwen, piscando. — Só não fiquem de olho no meu Arturo.
Vaelis apenas sorriu, mergulhada até o pescoço, deixando o comentário passar como o vapor sobre a água.
Logo, o clima se misturou entre brincadeiras e tranquilidade. Alguns soldados mais tímidos se juntaram às guerreiras, enquanto outras preferiram disputar jogos com os homens.
Quando a tarde começou a cair, o vapor das fontes ganhou um brilho dourado sob a luz do pôr do sol.
Um a um, os soldados foram saindo das águas, rindo, bocejando e recolhendo suas roupas.
Pouco depois, o acampamento voltou a se encher de sons familiares: panelas, vozes, gargalhadas.
O grupo de Erina já se preparava para se retirar quando os Cavaleiros os cercaram.
As expressões descontraídas haviam desaparecido; agora, havia propósito nos olhares.
Arturo cruzou os braços, a voz grave e firme:
— A recreação acabou. Agora começa o treino.
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