Volume 1 – Arco 5
Capítulo 46: Veneno Adocicado
Estavam de volta à praça.
O grande Herói Budai — agora não passava de um idoso desgrenhado e maltratado pelo tempo — permanecia sentado em um dos bancos de pedra, tão antigo quanto ele próprio, encarando a grande árvore mágica com olhos marejados, quase esquecendo-se da própria existência.
Perto dali, Xin jazia imóvel, deitada no colo de Erina, com Takashi ao lado, ambos atentos e preocupados com seu estado de coma.
Kenshiro e Sebastian estavam alguns passos à frente, reunidos com Zhen, o único ali que parecia ter respostas.
— O que aconteceu com ele? — perguntou Kenshiro, cruzando os braços.
Zhen respirou fundo, desviando brevemente o olhar para seu pai. Seus olhos carregavam uma mistura de pena e impotência.
— Meu pai viveu centenas de anos... mas nem mesmo a energia da Essência foi capaz de salvá-lo da demência — respondeu, em tom pesaroso.
— Essência...? — repetiu Sebastian, mais como confirmação do que dúvida.
— Como isso pôde acontecer? — insistiu Kenshiro, olhando para Budai.
— Da maneira mais... comum, eu suponho — respondeu Zhen, dando de ombros, resignado.
Kenshiro apertou os olhos, lançando um olhar rápido a Takashi, pensos nos membros que não conheciam todo o contexto. Havia um pensamento oculto, uma hipótese que parecia temer.
— Acha que o fato de os Heróis viverem tanto tempo possa ter feitos eles...
— Não — respondeu Zhen, rápido e firme, antes mesmo que Kenshiro terminasse. — Os Heróis vivem, em média, duzentos anos... mas meu pai chegou aos quinhentos. Talvez... as práticas de um monge tenham estendido sua vida além do natural.
Kenshiro não parecia convencido.
— Tem... certeza disso?
Zhen fechou os olhos, respirando fundo.
— Infelizmente... tenho.
O silêncio que se seguiu foi pesado. Uma esperança silenciosa parecia ter sido esmagada.
— O que faremos agora? — perguntou Sebastian, olhando para Budai que seguia alheio, como se vivesse em outro mundo.
— Eu... não sei — respondeu Kenshiro, desviando o olhar. — Ele é... o último “Sol”... mas não brilha mais como antes.
Zhen sorriu de canto. Seu tom soou mais leve, quase despreocupado.
— Não se preocupem — disse, agachando-se.
Com as palmas no chão, como se buscasse algo escondido sob as pedras, ele puxou um objeto que parecia surgir do próprio templo — um grande pergaminho, adornado com fios dourados e inscrições antigas que pareciam pulsar como veias vivas.
O templo inteiro era como a carruagem de Kaji, uma estrutura maior por dentro do que por fora, repleta de portas ocultas, acessíveis apenas àqueles que conheciam seus segredos.
— Isso é... uma Crônica? — perguntou Sebastian, arregalando os olhos.
— Sim — confirmou Zhen, desenrolando cuidadosamente o pergaminho sobre o chão. — Uma previsão... feita por meu pai, há muitos anos. Acredito que vocês... devem vê-la.
(...)
Um silêncio reverente se formou. A mera presença de uma Crônica impunha respeito. Artefatos assim não eram meros registros; eram memórias do tempo, gravadas na própria formação do mundo.
Sem questionar, os presentes se sentaram ao redor, mantendo a distância que Zhen indicara.
Ao abrir, perceberam algo estranho.
Estava em branco.
— É isso? — perguntou Takashi, coçando a testa, decepcionado.
— Tenha paciência — interveio Sebastian, mantendo os olhos fixos no pergaminho.
E então... o mundo desapareceu.
Tudo sumiu. Céu, chão, árvore, templo, tudo. Restou apenas um vazio negro, infinito, cortado apenas pelo brilho tênue do espaço onde estavam sentados.
Budai também estava ali, imóvel, sentado no mesmo banco, uma presença que parecia não pertencer mais nem ao mundo dos vivos, nem ao dos mortos.
— O que... é isso...? — perguntou Takashi, a voz trêmula, olhando ao redor.
— Encare como... uma peça de teatro — respondeu Sebastian, os olhos atentos. — De que outra forma chamaria sua atenção?
— Shhh... — Pediram Erina e Kenshiro, quase em uníssono.
O pergaminho, antes vazio, começou a emitir linhas douradas. Fios de luz surgiam como se uma mão invisível desenhasse sobre o tecido, deixando rastros que cintilavam.
As linhas começaram a se elevar, desprendendo-se do pergaminho, ganhando volume, forma e profundidade.
Era hora de assistir e entender.
Primeiro, formou-se uma montanha, imponente, com um templo no topo. Acima dela, um grande sol brilhava intensamente, cercado por um círculo dourado que pulsava, vivo, como uma barreira.
Subitamente, o círculo apagou-se.
Do vazio, uma mão surgiu, humana, mas sem detalhes, sem rosto, sem identidade. A mão agarrou o sol e o arrancou da montanha.
O ser levou o sol até o próprio peito. A luz dourada se apagou, substituída por um tom esverdeado, doente, quase fúnebre.
O brilho tentou resistir. Pequenos feixes dourados pulsavam, tentando sobressair ao verde que os sufocava; parecia inútil.
O ser olhou para o sol, como quem analisa algo defeituoso. Desgostoso, removeu-o do peito e o ergueu nas mãos.
Foi quando o sol explodiu em luz.
Tão intenso que o vazio negro ao redor deles foi rasgado. Por um instante, parecia que a própria realidade seria consumida.
Mas o ser não desapareceu. Permaneceu lá, contorcendo-se, deformando-se.
Até mudar de forma.
Deixou de ser bípede. Seu corpo se curvou, se esticou, os membros desapareceram, a cabeça se alongou. Tornou-se um rato. Um rato grotesco, desproporcional, que avançou ferozmente contra o sol, agora livre, flutuando.
Quando se chocou contra ele, outra explosão de luz. Branca. Pura. Devastadora.
O vazio sumiu. A escuridão se dissolveu. O mundo voltou.
Zhen estava ali, diante deles, segurando a Crônica já enrolada, com uma expressão grave.
— O que... foi isso? — perguntou Takashi, ainda atônito.
— Isso... foi a Crônica — respondeu Sebastian, coçando os olhos. — Antes mesmo de criarmos uma linguagem falada, nossa necessidade de contar histórias nos fazia comunicar por meio de símbolos, desenhos e formas abstratas. As Crônicas... mantiveram essa tradição.
— Não são muito fáceis de entender, não — resmungou Takashi.
— É por isso que eu estou aqui. — respondeu Zhen, com serenidade. — O que vocês viram... foi simples. O Sol é, muitas vezes, o símbolo da humanidade e, neste caso específico, a representação de um Herói. Os ratos são os inimigos dos Heróis e, por extensão, da própria humanidade — sua voz soava pesada. — O que vimos... foi o início do conflito entre eles.
— Mas não vimos como termina — observou Erina, cruzando os braços, desconfiada.
Zhen desenrolou novamente a Crônica. Na ponta do pergaminho, uma rasura irregular: estava rasgado.
— Lamento desapontá-los... — disse, com um meio sorriso triste. — Meu pai me proibiu de ver o final. E fez questão de que ninguém mais o visse também.
— Por quê? — perguntou Kenshiro, apertando os olhos.
Zhen apenas deu de ombros, como quem sabe, mas se recusa a dizer.
Kenshiro percebera algo, sendo o primeiro a ficar de pé.
— Espere! A Crônica mostrou claramente a barreira se desfazendo — Sua voz se endureceu. — Como isso pode acontecer?!
Uma nova voz respondeu.
— Desta forma... — disse Budai.
Estava em pé, jovem, forte, e completamente são, surgido ao lado de Kenshiro, como se a decadência anterior nunca tivesse existido.
O Herói estendeu a mão, apontando.
Xin estava com seu chicote enrolado em torno da árvore mágica — estrangulando-a.
Ninguém percebeu seu despertar. E, como Kenshiro bem sabia, as habilidades furtivas dela eram acima do comum.
— Xin, pare! — gritou Erina, erguendo a mão.
Com um puxão seco, o chicote se tensionou, vibrando com tanta velocidade que virou uma lâmina.
CRAAAACK! O tronco se partiu.
A luz da árvore piscou. Uma, duas, três vezes... até se apagar.
O templo inteiro gemeu. Pedras começaram a rachar, tomadas por musgos. Raízes brotavam descontroladas, rasgando o chão, destruindo paredes. As flores murcharam em segundos. Animais tombaram: pássaros caíram mortos no ar, e peixes boiaram, sufocados pela lama que tomava os lagos.
A barreira estava quebrada.
Kenshiro, com um salto, avançou, sua lâmina já erguida.
— Eu vou... eliminar... todos os traidores... e inimigos — rosnou, mais para si do que para os outros.
Sua espada desceu em direção ao pescoço de Xin.
Não chegou a tempo.
Um dedo. Apenas um dedo. Budai interceptou o golpe, pressionando o ombro de Kenshiro com força tão absurda que o braço do espadachim simplesmente travou.
A lâmina escapou de seus dedos, sendo aparada no ar pelo próprio Herói.
Imobilizado, Kenshiro rangeu os dentes, encarando Budai com uma fúria silenciosa, prestes a explodir.
— Olhe, jovem — Budai segurou o queixo de Xin, virando seu rosto. — Veja.
Seus olhos estavam vazios. Opacos. Parados. Ela ainda estava dormindo.
Não houve tempo para reações.
FWOOSH. O céu ficou vermelho.
Bolas de fogo começaram a despencar dos céus.
Erina puxou seu escudo, erguendo-o com ambas as mãos, o mais alto que pôde.
— Todo mundo, AQUI EMBAIXO! — ordenou, com a voz de uma leoa protegendo seus filhotes.
Todos, menos Budai e Zhen, se agruparam sob o escudo.
— Devia se esconder com eles, filho — disse Budai, sereno.
— Sei que estou seguro ao seu lado — respondeu Zhen, cruzando os braços, tão calmo quanto o pai.
O mundo parecia tremer.
Uma bola de fogo caiu diretamente sobre o escudo de Erina.
BOOOOOOM!
O impacto quase a fez ajoelhar. Seus braços tremeram, não cedeu.
— Está tudo bem?! — perguntou Kenshiro, olhando por cima do ombro.
— Sim... só... só era mais pesado do que eu esperava — respondeu, rangendo os dentes.
(...)
Quando a tempestade cessou, ergueram a cabeça.
O templo estava em chamas.
O matagal que havia engolido as pedras foi reduzido a cinzas, mas as labaredas consumiam tudo: móveis, pergaminhos, relíquias. Séculos de sabedoria, queimando como palha.
O chão começou a tremer, ritmicamente.
— O que é isso... agora?! — Takashi se encolheu, olhando em volta. — Um terremoto?!
— Não — respondeu Kenshiro, franzindo a testa, atento ao ritmo dos tremores. — Isso... isso é um exército.
E eles surgiram.
Das cortinas de fumaça, despontaram estandartes. Pontas de lanças brilhando entre o fogo. Silhuetas emergindo, alinhadas, coordenadas, marchando com precisão.
Cada escudo, cada bandeira, carregava o mesmo símbolo: uma cruz dourada.
— Soldados de Jonas... — rosnou Sebastian, cerrando os punhos.
Nenhum som de tambores. Nenhuma trombeta. Nenhum grito de guerra.
Clap. Clap. Clap.
Apenas o som seco de palmas.
O som reverberava, cruel, no meio das chamas.
E lá estava ele. Aplaudindo.
— Parece que tudo ocorreu exatamente como eu previ... — disse Zudao, surgindo detrás de seus homens, apoiado em seu cajado, sorrindo com superioridade.
— Traidor... — rosnou Kenshiro.
Não pensou duas vezes. Seu corpo sumiu em um lampejo. Com as duas espadas empunhadas, usando o Impulso, apareceu nas costas do idoso.
O som das lâminas cortando o ar veio antes do sangue. Um corte duplo, em forma de cruz, abriu-se no peito do velho, manchando seu tecido nobre de vermelho.
Kenshiro respirou fundo, aliviado. Limpou as lâminas com um único movimento elegante antes de embainhá-las.
Então vieram as risadas.
— O que...?! — Seus olhos se arregalaram.
Os soldados de Zudao gargalhavam. Não riam por nervosismo. Não riam por deboche. Riam como quem assiste a uma piada bem contada.
— Kenshiro, cuidado!! — gritou Erina.
O espadachim se virou, alerta.
Zudao se levantava.
A visão do impossível fez Kenshiro congelar. E, nesse instante de choque, uma raiz brotou do chão, enrolando-se em seu tornozelo e puxando-o com força.
— Tsc! Desgraçado! — praguejou Kenshiro, lutando, mas sendo arrastado.
Raízes emergiram por toda parte. Como serpentes famintas, prenderam Erina, Takashi, Sebastian e até Xin.
— Você... me matou... — Zudao tossiu, segurando o peito onde o corte cicatrizava — duas vezes!
Diante de todos, os ferimentos se fecharam. Carne, pele e tecido voltaram ao normal, sem aura mágica, sem brilho, sem encantamentos visíveis.
Zudao ergueu o cajado. As raízes se uniram, puxando todos para o centro da praça, apertando-os em uma única amarra grotesca.
— E vocês... — virou-se, olhando para Budai e Zhen — não pensem que vão escapar. — Bateu o cajado no chão.
CRAACK! Raízes explodiram do solo, tentando agarrá-los.
Zhen se esquivou, rolando para o lado. Budai, porém, nem se moveu, nenhuma raiz sequer ousou tocá-lo.
Zudao bateu o cajado de novo. E outra vez. E outra. Na quarta tentativa, Zhen foi pego.
Mas Budai havia sumido. Desapareceu como névoa soprada pelo vento.
O idoso congelou, olhos arregalados. Olhou para todos os lados, até sentir um leve toque atrás de sua nuca. Ao se virar, Budai estava ali. Perto demais.
SMASH!
Antes que Zudao pudesse reagir, o Herói desferiu um chute lateral brutal.
O velho voou como uma boneca de pano, atravessando uma parede. O som das pedras quebrando reverberou por toda a praça. Os escombros despencaram sobre ele, soterrando-o.
Os soldados de Jonas recuaram instintivamente. Mesmo protegidos, se encolheram atrás dos escudos. Jonas, que até então mantinha-se altivo, deu dois passos discretos para trás.
Zudao emergiu dos destroços, tossindo sangue. As raízes brotaram, ajudando-o a se levantar.
“Sete vezes?!”, questionou a si mesmo.“Como é possível matar alguém sete vezes com um único chute?!”
— "Sete vezes", hein? — respondeu Budai, surgindo à sua frente num piscar de olhos. — Parece que... estou enferrujado.
Um soco afundou no estômago de Zudao, que se curvou, cuspindo sangue.
— Treze, agora.
E então. Começou.
Uma sequência absurda de socos, cotoveladas, joelhadas e chutes. A cada golpe, Budai contava: Vinte e seis; cinquenta e quatro; oitenta e nove; cento e quarenta e dois.
Os ossos de Zudao quebravam e regeneravam no mesmo instante. Sangue, dentes e carne voavam, apenas para voltar ao lugar, e ser esmagado novamente.
— Cento e oitenta e sete! Parece que cheguei ao limite — disse Budai, segurando-o pelos cabelos. Seu olhar estava frio, impiedoso. — E então... Rato... o que acha disso?
Zudao, com o rosto destruído, o nariz torto e dentes faltando, riu.
— Eu acho... patético. — Antes que Budai reagisse, cuspiu sangue no rosto do Herói. — Por que não... dá uma olhada... nos seus amigos?
O Herói se virou por instinto.
As raízes estavam apertando cada vez mais.
Erina tremia, rangendo os dentes, empurrando com todas as forças, inútil.
Kenshiro também lutava, desesperado. Suas lâminas que antes cortaram pedra, metal e carne, não faziam sequer um arranhão.
Não importava o esforço, força ou determinação, nada físico poderia destruir ou enfraquecer qualquer material mágico.
O olhar de Budai ficou sério.
— Você... tem certeza... — Zudao falava, deixando o sangue escorrer de sua boca — que pode me matar... a tempo de salvá-los? Quantas vidas... você acha... que eu ainda tenho?
O punho de Budai estalou. Ele olhou para o idoso. Olhou para seu filho, lutando contra as raízes. Olhou para Erina. Para Xin. Para todos. Então o soltou.
O velho escorregou no próprio sangue, mas logo se recompôs, gargalhando.
— Se algum deles morrer — rosnou Budai, com a voz carregada de ameaça —, você será o próximo.
— Oh, sim. Não se preocupe. — Zudao bateu seu cajado no chão. As raízes se soltaram, caindo como serpentes mortas. — Eu sou um homem de palavra.
Kenshiro mal foi solto e já avançou, espadas em punhos, mirando a garganta do velho.
Nem chegou perto.
Budai o interceptou. Com um simples movimento, torceu ambos os braços do espadachim, jogando-o no chão.
— O que está fazendo?! — gritou Kenshiro, lutando para se levantar.
— Se tentar algo assim de novo — A voz de Budai ficou tão fria quanto uma lâmina nua —, eu mesmo matarei você, Kenshiro Torison.
Kenshiro ofegou, paralisado. Entendeu, ali, seu lugar.
O exército começou a se retirar, deixando para trás o templo destruído, queimando, carbonizado.
Budai caminhava, livre, sem correntes. Mas era, indiscutivelmente, um prisioneiro.
Antes de partir, Budai lançou um último olhar para seu filho. Ambos sabiam o que precisavam fazer.
Zudao, então, se virou para o grupo. Seu olhar era uma mistura de escárnio e provocação cruel.
— Xin... — Ergueu o cajado —, você está livre do seu voto de servidão.
O corpo da jovem começou a convulsionar. Erina correu para ajudá-la, pronta para tentar curá-la, mas Xin estava perfeitamente saudável. Da sua boca, lentamente, uma criatura nojenta, parecida com uma minhoca negra, se arrastou, debatendo-se.
Ninguém teve tempo de analisar, estudar, entender o que era.
Assim que tocou o chão se desfez em cinzas, levadas pelo vento.
— Pronto. Agora vocês estão livres. Podem seguir com sua jornada — Zudao sorriu —, exatamente como queriam.
Antes de partir, lançou seu aviso final, sem sequer olhar para trás.
— Se tentarem qualquer coisa... Budai morre. Entenderam?
Ninguém respondeu. Ninguém ousou.
Apenas o som das chamas, crescendo, consumindo tudo. Enquanto o gosto amargo da impotência se espalhava pela boca de cada um deles.
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