O Mundo de Sombras e Ratos Brasileira

Autor(a): E. H. Antunes


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 10.3: Aeterna*

LEIA COM ATENÇÃO:

Caro leitor,

Este é um capítulo especial e opcional. Não é necessário lê-lo para seguir a história principal. Esses capítulos extras têm como objetivo aprofundar determinados temas como personagens, grupos ou eventos, e em alguns casos, exploram histórias que não são cruciais para a trama central.

Neste capítulo (Capítulo 10*), você acompanhará a trajetória que levou Erina a conhecer e se afiliar a família Torison.

  • 1 - Família Waltz
  • 2 - Pai
  • 3 - Aeterna
  • 4 - Remorso
  • 5 - “Família”

3 - Aeterna

Após a confirmação de que Noah, seu amigo de infância, o encontraria em Aeterna, Henri e sua família se prepararam para a viagem.

Caterina ensinou sua filha a realizar os cumprimentos formais, um gesto de reverência digno da realeza.

Marco ordenou que duas dezenas de seus homens escoltassem a família Waltz até Aeterna, enquanto ele e o restante dos guardas protegiam a torre da família.

No caminho, Erina observava os campos e vilarejos pela janela, ansiosa para conhecer novas pessoas. Seu único contato frequente era com o pai. Sua mãe passava pouco tempo com ela, por ordem de Henri, mas esses momentos juntos eram de pura paz para ambas.

Marco e seus homens não tinham autorização para falar com Erina. No entanto, Marco frequentemente a encarava com um olhar que, para uma criança, era assustador e desconfortante.

— O que vamos ver em Aeterna? — perguntou Erina.

— É só um passeio — disse Caterina, acariciando a cabeça da filha —, não é, querido?

— Sim, sim. Talvez lá você consiga despertar seus poderes... — respondeu Henri, sem muito interesse na conversa.

— Perdão? — indagou Caterina, percebendo que o “passeio” possuía um propósito maior.

— Esqueça, mulher.

***

Ao chegarem em Aeterna, os soldados imperiais formaram fileiras para impedir que qualquer outra carruagem, carroça ou pessoa passasse enquanto a carruagem da família Waltz estivesse estacionada.

Ao abrir a porta e descer da carruagem, Henri surpreendeu-se com o quanto a cidade havia se deteriorado desde a última vez que a visitara. Até o cheiro lhe parecia insuportável.

Para recebê-los, lá estava Noah.

Noah havia crescido, tornando-se um homem de aparência robusta e nobre. Enquanto isso, Henri, obcecado em destacar seu grande bigode atraente, descuidou-se do restante, deixando seu cabelo rarear e sua aparência física deteriorar-se.

Henri estendeu a mão para cumprimentar Noah, acreditando que deveria ser cordial, mas foi surpreendido quando Noah o abraçou repentinamente, erguendo-o do chão.

— Faz tantos anos desde a última vez que te vi, seu desgraçado! — disse Noah, agora com uma voz mais imponente do que quando eram crianças.

— Eu também senti sua falta... — disse Henri, lutando para recuperar o fôlego.

— E por que você nunca lê minhas cartas?

— Você escreveu alguma?

Timidamente, Caterina saiu da carruagem.

Todos os presentes prenderam a respiração ao ver sua beleza e feridas. O próprio Noah, ao abaixar seu amigo para cumprimentá-la, ficou visivelmente perturbado ao notar os hematomas em seu rosto, envergonhado pelas atitudes de Henri.

— Minha senhora... — disse Noah, fazendo uma reverência cordial.

Percebendo que Noah era um homem melhor que seu marido, Caterina sentiu um alívio ao apresentá-lo à filha.

— Venha, filha, não seja tímida — disse Caterina, ajoelhando-se à porta da carruagem e estendendo a mão para o interior.

Uma pequena mão surgiu, precisando da ajuda da mãe para descer.

— E quem seria essa doce criança? — perguntou Noah, encantado pela beleza da menina.

— Esta é Erina Waltz — respondeu Caterina, permitindo que o herói visse a criança com mais clareza.

— Não só demorou para engravidar — disse Henri, grosseiramente —, como quase a perdemos no parto. Se não fosse pela minha magia, eu seria o último da minha linhagem. Consegue imaginar?!

Henri tirou a filha dos braços da mãe, colocando-a no chão para que andasse sozinha.

Caterina, triste e envergonhada, cruzou os braços e seguiu o marido, com a cabeça baixa.

— Vamos, deixe-me mostrar a academia — disse Noah, desconfortável.

Noah começou a explicar como funcionava a academia.

Os cidadãos do Império eram obrigados a alistar suas crianças para um treinamento básico. Assim, em momentos de crise, todos seriam capazes de empunhar uma arma para se defender.

Como o exército imperial estava lotado, apenas alguns poucos destaques eram chamados para servir após completarem quinze anos. A grande maioria era dispensada e retornava às suas famílias, sendo considerados reservistas, chamados apenas em caso de crise. No entanto, não havia nenhuma guerra ou conflito capaz de gerar tal crise.

Apesar da palestra didática e até interessante de Noah, Henri não estava ali para ouvir sobre a academia, nem para ver seu antigo amigo.

Henri começou a cochichar no ouvido de Erina, tentando incutir nela a visão distorcida que tinha do mundo.

— Veja, filha. Todas essas crianças estão treinando para matar. Sabe o que é a morte?

— Não, papai...

— A morte é o simples e eterno vazio. Uma escuridão sem fim, da qual não se pode escapar. Todos querem tirar a vida das pessoas, fazendo da morte tudo o que elas têm!

— Isso... é horrível, papai...

— E isso não é nem o pior... Sabe o que é um estupro, filha?

— O QUE PENSA QUE ESTÁ FAZENDO?! — gritou Caterina, afastando Erina de Henri.

Percebendo a confusão, Noah e seus guardas pararam para observar.

Henri não se importou se os outros estavam olhando.

— O que foi? Está questionando meus métodos? Foi você que não conseguiu me dar uma filha saudável e forte.

— Filha, volte para a carruagem. A mamãe e o papai precisam conversar sério agora... — disse Caterina, com lágrimas nos olhos.

Preocupada e assustada, Erina obedeceu, correndo para longe.

Irritado, Henri ergueu a mão para socar o rosto da esposa. Caterina, no entanto, segurou seu punho. Assustado com a resistência dela, Henri não conseguiu insultá-la, pois seu punho se partiu quando Caterina começou a apertá-lo.

— Você pode me bater à vontade — disse Caterina, chorando de raiva —, mas nunca mais ouse... INSULTAR MINHA FILHA!

Caterina torceu o braço de Henri, quebrando-o e deixando o osso exposto.

Agoniado, Henri usou sua magia curativa em si mesmo e voltou a encarar a esposa.

— E o que você vai fazer? — provocou Henri, ainda confiante — Vai matar o pai de sua filha? Você não tem coragem... Se acha que vai ser assim, vou começar a descontar todo o seu fracasso na própria Erina.

Temendo pela saúde da filha, Caterina abaixou a cabeça.

— Agora — ordenou Henri, furioso —, de joelhos.

Caterina ajoelhou-se e fechou os olhos. O soco que recebeu de Henri a derrubou no chão, onde ele começou a chutá-la e insultá-la.

***

Enquanto isso, Erina assustou-se ao perceber que a carruagem não estava mais no lugar onde havia sido estacionada. Nem mesmo os soldados, designados exclusivamente para vigiá-la, estavam por perto.

Apenas dois homens permaneciam ali, e ao notarem Erina, começaram a conversar com ela.

— O que foi, garotinha? Está perdida?

— Tinha... uma carruagem aqui... — respondeu Erina, desconfortável.

— “Carruagem”? “Aqui”? Acho que você entrou na rua errada...

— Não! Tenho certeza de que havia uma aqui!

— Calma, não se preocupe. Nós levaremos você até sua carruagem...

Erina foi pega de surpresa quando um dos homens a agarrou, colocando uma corda em sua boca para impedir que gritasse e amarrando seus braços. Rapidamente, a colocaram dentro de um barril, onde ela só conseguia enxergar um pouco por uma das frestas.

Ela foi levada para uma carroça.

— Esse foi o sequestro mais fácil de nossas carreiras!

— Uma pequena fortuna por uma única criança... Finalmente nossa sorte está mudando!

Apavorada, Erina tentava entender qual seria seu destino. Será que seu fim seria a morte, como seu pai lhe contara? Um vazio eterno e sem escapatória...

Temendo por sua vida, Erina chorou e implorou por um salvador.

Repentinamente, a carroça parou bruscamente, fazendo o barril onde ela estava cair.

— O que diabos aconteceu?!

— O que importa? Temos que sair daqui o quanto antes!

Confusa, Erina espiou pela pequena fresta, vendo seus sequestradores tentando localizar seu barril entre os demais. Porém, ao longe, ela vislumbrou algo que reacendeu sua esperança.

— Parados aí, bandidos!

— Vocês estão presos!

Seus salvadores haviam chegado.

Embora fossem apenas duas crianças, cadetes da academia, a confiança que exalavam fez Erina acreditar que estava salva.

O combate começou, mas Erina não conseguia ver claramente o desenrolar da luta. No entanto, ela tinha certeza de que seus salvadores iriam vencer. Para sua infelicidade, porém, viu as duas crianças caírem ao chão, derrotadas, enquanto seus sequestradores saíam vitoriosos, aparentemente sem grandes dificuldades.

— Desgraçados! Vão se arrepender de terem mexido com adultos! — gritou um dos sequestradores, pronto para cravar a adaga no abdômen de uma das crianças.

Erina fechou os olhos, desejando que tudo aquilo terminasse.

Após ouvir um som estranho, semelhante a um tecido sendo arrastado no chão, ou como se o próprio vento estivesse soprando contra a terra, seguido por dois gritos horripilantes que foram rapidamente interrompidos, Erina abriu os olhos novamente, vendo Noah diante dela.

O herói imperial a retirou do barril e a colocou no chão com a maior delicadeza possível.

— Obrigada... — disse Erina, ainda assustada. Percebendo a ausência dos cadetes, ela ainda perguntou: — Desculpe, onde estão aqueles cadetes?

— Eles foram levados para a enfermaria. Não se preocupe, seus ferimentos não foram graves.

— Eu preciso vê-los...

Noah ajoelhou-se para conversar com Erina no mesmo nível.

— Seu pai quer voltar para casa. Não sei se atrasá-lo seria uma boa ideia para você ou sua mãe...

— A mamãe... já passou por coisas piores... — determinada, Erina encarou Noah, agora sendo mais direta. — Você pode me levar para ver os cadetes?

***

Na enfermaria, Erina encontrou os dois cadetes ao lado de uma terceira pessoa, uma menina de olhos e cabelos azuis.

— SEUS IDIOTAS! — gritou a menina, beliscando as bochechas dos dois. — Que ideia de jerico foi aquela?! Se tivessem avisado meu pai na mesma velocidade com que tentaram se matar, nada disso teria acontecido!

— Se demorássemos mais um pouco, a carroça teria passado pelo portão — resmungou um dos cadetes, ainda tonto.

— Sim, isso mesmo... você está pegando muito pesado, Anna — disse o outro cadete, tentando amenizar a situação.

— E vocês acham que meu pai não encontraria a carroça mesmo depois de ter partido?!

Erina aproximou-se lentamente, mas Anna ainda assim a percebeu, assustando-se ao notá-la.

— Senhorita! — exclamou Anna, fazendo uma reverência cordial.

— Senhorita! — disseram os dois cadetes, tentando, mas falhando, em fazer a reverência.

— Cadetes? — disse Erina, retribuindo a reverência ensinada por sua mãe.

Erina estava envergonhada; era a primeira vez que conversava abertamente com outras crianças da sua idade, e ainda eram as responsáveis por salvá-la.

“Como eu deveria agradecer? Devo perguntar seus nomes? Estarei sendo rude?”, seus pensamentos, embora simples, a paralisavam, causando um silêncio constrangedor.

— Está tudo bem, senhorita? — perguntou Anna, preocupada.

Decidida a ser ela mesma, mesmo sem saber exatamente quem era, Erina respondeu:

— Eu gostaria de agradecer — disse Erina, mexendo nervosamente os dedos —, e me desculpar pelo ocorrido. Se não fosse por mim, vocês não teriam sofrido por isso.

— Bem... você poderia nos curar? — perguntou um dos cadetes, de maneira fria e desrespeitosa.

— OLIVER! — gritou Anna, repreendendo-o.

Um medo profundo tomou conta de Erina, lembrando-a dos traumas passados. Ela teve que conter o choro para responder.

— Eu não posso...

Os cadetes olharam para ela, confusos. O medo de Erina de estar sendo mal interpretada intensificou sua ansiedade. Ela precisava falar ou fazer algo, mas cada ação parecia um risco maior.

Foi quando o outro cadete, um menino de aparência simplória, mas simpática, demonstrou seu pensamento puro e inocente.

— Você deve estar apenas atendendo ao pedido de seu pai... — disse o cadete. — Vocês não podem curar nenhum soldado, não é? Mas não se preocupe! Foram só alguns arra...

Percebendo que toda a confusão era apenas em sua própria cabeça, Erina entendeu que não havia motivos para mentir ou temer julgamentos.

— Não. Eu não posso mesmo... — disse Erina.

Aliviada em admitir sua própria falha, Erina permitiu que pequenas lágrimas escorressem enquanto explicava:

— Eu nunca consegui curar um único arranhão na vida. Meu pai acha que minha mãe o traiu ou que foi um fracasso ao me conceber...

Os cadetes, agora preocupados e lamentando, tentaram confortá-la.

— Não, não. Você é só uma criança. Não seja tão dura consigo mesma! — disse Anna. — Veja, por exemplo, eu sou a melhor cadete desta escola, mas nenhum homem se interessa por mim por causa do meu jeito de ser! Espero ao menos ter um pretendente no futuro!

— É... — disse o cadete simpático, tentando contribuir. — Eu sou um dos piores espadachins desta academia! Estou sempre na enfermaria, precisando ser enfaixado! É um milagre eu ainda não ter sido dispensado...

Os dois olharam para Oliver, o terceiro cadete, que, após um longo suspiro, resolveu falar:

— Sou um prodígio e quase um gênio entre os demais, mas ninguém me leva a sério por causa da minha idade.

Decepcionados, os dois cadetes continuaram encarando-o com olhares de desaprovação.

— O que foi? — perguntou Oliver.

— É sério? — questionou Anna. — Não vai falar sobre sua baixa capacidade física?

— Ou seus sonos frequentes? — acrescentou o cadete.

— Ou sua falta de interesse em ler, mesmo sendo um "gênio"?

— Tá bom, tá bom! Chega! — reclamou Oliver.

A amizade peculiar do trio fez Erina soltar uma pequena risada.

Vendo que eram pessoas como ela, com falhas como ela, mas que admitiam suas imperfeições e tentavam superá-las, Erina sentiu uma nova determinação florescer dentro de si.

— Eu... gostaria de tentar mais uma vez — disse Erina, com a voz trêmula.

Ela se posicionou entre Kenshiro e Oliver, segurando as mãos de ambos. Fechou os olhos, respirou fundo e começou a murmurar algumas palavras antigas e esquecidas que seu pai havia lhe ensinado.

Erina sentiu algo novo dentro de si, algo que nunca havia experimentado antes. Era como se sua própria vida estivesse se manifestando para ela. Sentiu sua força aumentando, assim como seus sentidos e compreensão.

Seja o que fosse, aquilo dentro de si estava crescendo, prestes a explodir para fora de seu corpo.

Foi então que a porta da enfermaria se abriu com força, e seu pai entrou bruscamente.

— Chega dessa academia inútil! Vamos para casa! — declarou Henri.

Ao perceber o que sua filha estava tentando fazer, ele parou e a encarou com um olhar de desaprovação. Erina sentiu uma enorme pressão a esmagá-la, forçando-a a soltar as mãos dos cadetes.

— O. Que. Você. Pensa. Que. Está. Fazendo?

A voz de seu pai, fria e pausada, penetrava profundamente em Erina.

Lembrando-se das brigas e surras que sua mãe levara por sua causa, Erina temia que agora começaria a receber em seu lugar. Ou, pior, que sua mãe enfrentaria castigos ainda mais severos.

A crise de pânico começou a dominá-la, atrapalhando sua respiração e pensamentos. Impaciente e irritado, Henri ignorou os cadetes e agarrou sua filha pelo braço, forçando-a a acompanhá-lo.

Erina sabia o destino que a aguardava, mas ainda tinha esperança de fazer algo a respeito.

— Por favor — pediu ela, com a voz ainda fraca —, não bata mais na mamãe...

Henri se virou abruptamente e desferiu um tapa no rosto de Erina, forte o suficiente para derrubá-la.

— Sua mãe? Aquela mulher me deu uma filha imprestável... Vou puni-la severamente quando voltarmos para casa — declarou seu pai, olhando-a com desdém. — E você, menina, não vai escapar. Irei discipliná-la até que consiga curar alguém...

Erina levantou-se e encarou seu pai com lágrimas de raiva. Sentindo um fogo intenso queimar dentro de si, ela o empurrou, fazendo-o cair. Henri se assustou. Embora tivesse esperando por aquilo, foi surpreendido pela força dela.

Após tantos anos vendo sua mãe e a si mesma sofrerem nas mãos dele, Erina estava farta. Sua mãe não havia falhado com seu nascimento; ela não era uma imprestável, e agora ele saberia disso.

Erina caminhou com confiança até os cadetes, e com os olhos fixos em seu pai, decidiu liberar seu poder oculto à força. Uma gigantesca explosão aconteceu dentro de si. A barreira que a impedia de utilizar seus poderes foi destruída. Erina estava livre.

Uma aura esverdeada envolveu Erina e os cadetes, cercando-os por completo.

Percebendo que a magia de sua filha finalmente funcionava, Henri tentou intervir, mas Anna se colocou à frente dele, de braços abertos.

— Uma vez iniciado um procedimento na enfermaria, é proibido interrompê-lo! — declarou Anna com firmeza.

Henri ergueu a mão, pronto para bater naquela criança.

— Preciso lembrá-lo de quem é o meu pai, Henri?

Henri assustou-se. “Noah tem uma filha? Meu melhor amigo tem uma filha e eu não sabia? Por que ele não me contou?! Ou será que contou? Ele havia dito que enviava cartas... Mas... as cartas eram apenas de pessoas pedindo por meus tratamentos... Não eram?”, os pensamentos de Henri o impediram de agir.

Mas já não importava mais. A aura esverdeada da magia de cura de sua filha se dissipou.

Erina saiu da enfermaria sem se despedir ou olhar para trás; estava confiante em seu resultado.

Os cadetes, percebendo que estavam curados, comemoraram.

Irritado, Henri partiu batendo o pé, já imaginando maneiras severas de punir sua esposa e filha, até ver Noah parado na porta, bloqueando seu caminho.

— Crianças, por favor, deixem-nos a sós. Eu e o senhor Henri temos alguns assuntos a tratar — disse Noah, respeitoso, mas com firmeza.



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