O Mundo de Sombras e Ratos Brasileira

Autor(a): E. H. Antunes


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 10.1: Família Waltz*

LEIA COM ATENÇÃO:

Caro leitor,

Este é um capítulo especial e opcional. Não é necessário lê-lo para seguir a história principal. Esses capítulos extras têm como objetivo aprofundar determinados temas como personagens, grupos ou eventos, e em alguns casos, exploram histórias que não são cruciais para a trama central.

Neste capítulo (Capítulo 10*), você acompanhará a trajetória que levou Erina a conhecer e se afiliar a família Torison.

  • 1 - Família Waltz
  • 2 - Pai
  • 3 - Aeterna
  • 4 - Remorso
  • 5 - “Família”

1 - Família Waltz

Os Waltz eram conhecidos mundialmente por inúmeras razões, não apenas por serem os mais habilidosos magos de cura de todos os tempos, mas também por preservarem o último conhecimento profundo e verdadeiro dessa arte arcana. Em uma era em que a magia curativa havia se tornado um mistério quase perdido, os Waltz destacavam-se como os guardiões dessa sabedoria, tornando-se uma lenda viva.

Com o passar dos séculos, a família tomou uma decisão que chocou o mundo mágico: retiraram-se completamente da “Academia Arcana de Arboris”, a prestigiada instituição que outrora moldara os maiores magos do continente. Não apenas partiram, mas apagaram qualquer vestígio de sua linhagem nos registros da academia, como se nunca tivessem existido. Para muitos, essa escolha se revelou profética, pois a “AAA” desapareceu repentinamente, deixando em seu lugar uma imensa cratera onde nada mais crescia. O segredo do que realmente aconteceu naquele dia se perdeu para sempre, mas para os Waltz, a decisão de se afastar fora uma questão de sobrevivência.

Tão raros quanto poderosos, os Waltz prosperaram, usando sua magia curativa como um bem precioso. Com o tempo, acumularam riquezas incalculáveis, rivalizando com os reinos do continente. Entretanto, sua linhagem era frágil. Somente uma criança nascia por geração, um legado singular que mantinha a pureza de seu sangue, mas também limitava seu crescimento. Agora, restava apenas um único casal e sua filha para carregar o nome da família.

Henri Waltz, o patriarca, era um homem obstinado. Ele buscava reacender o brilho ancestral dos Waltz, restaurar o legado de sua família à glória de outrora. Para isso, era cauteloso e implacável. Recusava qualquer envolvimento com o Império, preferindo pagar exorbitantes somas em ouro para mercenários que lhe garantissem proteção, ao invés de confiar na força imperial. Quando o Império pediu sua ajuda na guerra contra os Remanescentes, Henri negou-se a treinar magos curadores ou a curar soldados imperiais feridos, mantendo o poder da família Waltz distante dos conflitos que assolavam o mundo.

Caterina Waltz, sua esposa, havia se casado com Henri por ordem de sua própria família, uma casa outrora tão poderosa quanto os próprios Waltz, mas que agora caíra em desgraça e esquecimento. Para seus pais, a união com os Waltz era a última esperança de sobrevivência, um casamento que, embora sem amor, poderia trazer de volta a relevância de seu nome. Caterina trazia em seu sangue habilidades que poucos conheciam, um legado de sua linhagem que havia sido apagada dos registros, mas que vivia dentro dela e que, inevitavelmente, foi passado para sua filha.

Erina Waltz era uma criança envolta em mistérios, protegida do mundo por um pai que via nela a última esperança de ascensão. Henri a mantinha isolada na torre da família, longe dos olhos curiosos e das ameaças que podiam vir de qualquer canto. Caterina, que muitas vezes discordava dos métodos brutais do marido, aprendia a fazer silêncio, forçada pela violência que Henri não hesitava em usar. Mesmo jovem, Erina compreendia o peso das expectativas que recaíam sobre ela e obedecia ao pai, não por temor próprio, mas para proteger sua mãe das consequências de qualquer insubordinação.

A família Waltz vivia em uma torre isolada, distante de todo o mundo. Embora sua localização não fosse um segredo, ninguém ousava se aproximar, pois mercenários fortemente armados, liderados pelo implacável Marco, guardavam a fortaleza. Marco era um homem de poucas palavras, pragmático e feroz, que dizia que a honra era a única coisa que realmente importava. Sob seu comando, os mercenários que protegiam os Waltz eram tão temidos quanto leais, formando um escudo impenetrável ao redor da última linhagem de magos curadores.



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