Bom Demônio Brasileira

Autor(a): Trajano


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 27: Magias básicas

Capítulo 27: magias básicas

—Ugyah!

—Sem tempo a perder. Por onde começo?

Um Sea revigorado e completamente diferente do de ontem. Aquela figura desprezível não se mostrava mais presente, havia renascido, ou melhor, voltado ao normal.

 —P-p-pera aí! Começar o quê?

—O senhor Ase. Vou me desculpar pela noite anterior.

—...!?

Por mais que tivesse pedido auxílio sobre “por onde começar”, ele tomou a dianteira e partiu em frente, sem esperar por Bianca.

—!

Não querendo complicar as coisas, ela o segurou pela borda do casaco com ambas mãos, ainda foi arrastada um pouco pela animação dele, mas quando Sea notou seu gesto, empacou.

A Vassala fez uma cara duvidosa, um dos olhos foi ao chão enquanto o outro se elevou, com as sobrancelhas acompanhando.  Recuperou o fôlego e estendeu o indicador direito na direção do garoto, questionando:
—Você... já vai se desculpar? Conseguiu entender o que tinha feito de errado?

—Sim, bem... é meio óbvio...—Ele passou a mão pela nuca, querendo prolongar a fala. Só de lembrar o assunto havia perdido uma boa parte da animação.—Eu esqueci de Safira...

—Por quê?

—Ainda não sei... mas tenho certeza que vou saber quando a encontrar!

A reação imediata foi uma cara neutra, tentando absorver a informação, em seguida, os olhos caindo, junto do suspiro de decepção. Por mais que inconscientemente, havia posto expectativa de que ele tivesse resolvido o problema, mas não foi bem o caso...

Ela virou a cabeça e soltou outro suspiro.

—Primeiramente,—Ergueu um dedo.—o problema não é exatamente ter esquecido, mas tem bastante relação,  então bola fora. Não devia ter colocado expectativa... Segundamente,—Ela ergueu outro dedo, mas parou no meio da fala.—... essa... essa palavra não existe... Ah, enfim! Se você for se desculpar, ao menos saiba explicar. Antes não se desculpar a fazer uma desculpa vazia!

Ela começou calma e coerente, mas no meio, com sua confusão, irritou-se e esbravejou o resto, rápida e irritadamente. Ao fim, Bianca relaxou os músculos da face e cruzou os braços, dizendo algo tipo “Não que alguma dessas opções seja boa, de qualquer forma.”

Sea ficou paralizado, não esperava essa mensagem. De início ficou confuso, mas depois de pensar um pouco, entendeu o que ela quis dizer. Sua suposição inicial estava errada, não seria algo tão simples quanto pedir desculpas sem refletir o suficiente.  Quanto ao segundo ponto, realmente, se ele fosse se desculpar apenas por ser uma obrigação, perderia o sentido do ato...

Mesmo com essa reviravolta no seu plano, ele deu de braços e sorriu, por mais que não tão enérgico quanto antes.

—Ah... Bem, faz sentido. Se fosse algo simples ao ponto de eu descobrir em um dia, pareceria que o senhor Ase só teria ficado com raiva por birra.

—...—Ela fez um sorrisinho besta, afinal, de certa forma, birra era um dos fatores...—Bom, você pensa nisso depois. Tem de resgatar a filhinha, certo? Já perdeu muito tempo enrolando, tem de treinar logo.

—A-ah, claro.

Ele quase havia esquecido que para salvar Safira teria de vencer Elias num duelo. Sim, um amador contra um caçador. Isso já quase lhe tirava a animação.

Voltando ao seu lado radiante natural, Bianca tomou as rédeas e disparou, pedindo com as mãos para que o invocado lhe seguisse.

Bem em breve eles chegaram na porta, Sea não sabia ler, mas a moça fez questão de apontar para a placa e falar “Sala... de... aula...!” como se o estivesse tentando ensinar.

Com um olhar confiante, sua mão foi de encontro com a maçaneta, mas antes que pudesse virá-la, Sea soltou um aviso “Espera...!”

—Hum? Que foi?

—Bom... o senhor Ase tá aí, né? Ele não vai ficar irritado de novo...?

—Nah, relaxa. Eu falei com ele ontem, vamos te instruir a salvar a garota. Até lá, é bom que você possa se desculpar com sinceridade e explicar tudinho, ouviu!? Posso ser boazinha, mas também sei ser dura! Sem falar que não vou te colocar acima do bem-estar do meu marido.

Sea assentiu em resposta. Agora, só teria de adentrar a sala e seguir pelos próximos dois meses treinando.  Ainda assim, não podia esconder a admiração pela forma que Bianca se esforçava.

—Ei, você deve gostar muito dele, né?

—Sim. Mais que tudo. Eu faria o impossível por ele.

Uma resposta séria, fora do seu normal, não sabia dizer se fora um momento inconveniente para tal, também.

—...

Contudo, como se um raio passasse por sua cabeça, notou algo naquelas palavras...

—Vamos!

Mas seu pensamento foi interrompido pelo girar da maçaneta e abrir da porta.

 

 

 

 

 

 

...

—Quanta coisa supérflua deve ter nesse castelo...

—Como assim?

Assim que entrou, Sea notou estar em uma perfeita sala de aula, carteiras, cadeiras, quadro, escrivaninha do professor... Mas porque tem uma sala de aula num castelo?

—Deixa, mas outra pergunta, quão grande é esse castelo? Digo, eu não conseguia ver o fim do corredor, e se cada porta tem uma sala dessas...

—...—Tanto Ase quanto Bianca ficaram quietos. Pareciam relutantes em responder.

Antes que Sea fosse se alongar, Ase interviu.

—Bem... Pense na maior coisa que você já viu, pensou?

“O Gurren Lagann?”

—Bem, descarte essa coisa, esse castelo é simplesmente infinito.

—...!? Isso é fisicamente possível?

—... Você foi invocado para um mundo de magia, já não é hora de parar de fazer essas perguntas bobas?—Bianca respondeu.

—...

Nunca havia parado para pensar nisso. Claro, tinha motivos. Ainda não havia encontrado nada mágico fora seu portal e título, mas quando pensava nisso... sua espinha gelava só de imaginar as possibilidades nesse novo mundo.

—Enfim, antes de qualquer coisa, estamos bem, sim?

A Vassala puxou a mão de Sea, trazendo-o para mais perto de Ase. Ficou no meio de ambos e sorriu ferozmente para cada, virando seu pescoço bem rápido. O invocado não sabia como reagir, então acenou com a cabeça, mesmo com a gota de suor escorrendo pelo rosto. Já Ase apenas ergueu seu cachecol, cobrindo toda a boca, mas assentiu durante o processo.

—Isso, bom! Então, filhinho, pode se sentar.

Havia uma pequena carteira, bastante parecida com a de sua escola. Sea puxou a cadeira e repousou.

Mais uma vez, ele duvidou sobre o que foi dito. “infinito”... soava estranho. Gostaria de uma explicação. Analisou mais uma vez a sala de aula.

O chão era planificado, contudo, possuía uma pequena elevação na região da lousa, que por sua vez ocupava um bom pedaço da parede à frente de Sea. O piso de madeira rangia com o toque dos sapatos, e isso, somado a inexistência de matéria no recinto, causava um eco bastante audível.

Resumidamente, além da lousa, pincel, carteira e as três pessoas, não havia mais nada na sala. Talvez a sala não fosse muito usada, por isso a falta de materiais, ainda assim, causava um desconforto estranho.

Para tirar o rosto conturbado de Sea, Ase bateu ambas as mãos. Por mais que as luvas pretas amortecessem o impacto, o barulho permeou perfeitamente por toda o quarto, despertando o aluno de seu transe.

 Satisfeita com a atitude de seu marido, Bianca sorriu satisfeita, e demonstrou isso com um sorriso e posicionando seus punhos na cintura. Dando uma última checada para confirmar a paz da situação, subiu no degrau sob a lousa e puxou um par de óculos retangular e azul do bolso do pijama.

—Hehe, adoro quando dou uma de professora.—falou colocando os óculos, tomando cuidado para que ficassem firmes.

—...

Notando o encarar incessante de seu companheiro, a Vassala deu mais uma arrumada, e com um rosto questionador, exigiu uma explicação.

—Bia, esses óculos não combinam com você.

—Quer que eu tire?—Contrariando as expectativas, foi bastante compreensiva.—A propósito, Bianca.

—...—Ele ficou quieto e levantou ainda mais o cachecol, que chegou a cobrir parte do nariz.

A garota conseguia imaginar a resposta, ainda assim, não mudou sua decisão inicial. No máximo, chegou a tirá-los para limpar as lentes com a borda do pijama, depois os colocou de volta ao lugar.

—Caham.—Ela limpou a garganta, indicando que estava para começar.—Bom, primeiramente, filhinho, sabe inglês?

—A-ah... Sim, tão bem quanto minha língua natal.

—Beleza... assim facilita.

Em seguida, ela tirou a tampa do pincel azul e o entregou a Ase, que começou a escrever no quadro. No centro, a palavra “Magia”, então ligou três retas a essa palavra e escreveu no fim delas: elementar, espacial e reforço.

A propósito, antes de iniciarem por completo, Bianca fez um “Ah!” esquecido e retificou algo. Era senso comum nesse mundo, então quase sempre esquecia de explicar. Falou a Sea sobre a magia do mundo de forma bem abrangente, basicamente, todos nascem com o que é chamado de “magia interior”, uma magia própria que é usada para todas as magias, e seria trabalho da pessoa treiná-la para deixá-la mais forte. Com isso, finalmente, começariam com a aula.

—Bia, pode começar.

—Sim, professor! E da próxima vez que falar Bia, vai dormir fora de casa.—Ela deu uma pausa para soltar um olhar ameaçador.—Então, a magia elementar se divide em 6 magias...

Bianca desenhou mais 6 linhas, e em suas pontas estava escrito: combustão, líquido, vento, solo, sombra e luz.

“Voltamos à era pré-sócrates?”

—Então, como o próprio nome diz, é basicamente a manipulação dos 6 elementos, mas podemos deixar isso de lado, afinal, não tem com você aprender nem a soltar uma fagulha em 2 meses. Só quis contextualizar antes de qualquer coisa.

—...

“Mas normalmente essas magias têm de nascer com as pessoas, ou não?”

Devia haver alguma forma de determinara habilidade ou talento com tais atributos. Isso passou pela sua cabeça, e se perdeu um pouco nesse pensamento, bastante brevemente...

—Ei. Sem distração.

Como se houvesse teleportado, a instrutora apareceu na frente de Sea, e esse ato súbito o fez pular de leve da cadeira. Ela apertou seus olhos e fez beicinho, como se em seus olhos estivesse escrito “desembucha.”

—Não... é nada. Se a magia elementar é inútil por agora, não tenho porque aprender. Só preciso saber do essencial.

—Olha, as coisas não funcionam assim. Não é bom ter dúvidas na cabeça.

Ela tomou impulso ao empurrar a mesa, voltando rápido para sua posição anterior. A carteira tremeu um pouco, mas não parecia que iria virar.

—Não se preocupe com isso. Se tiver algo te incomodando, pergunte.

—M-mas...

—Com o tempo que enrolaram nisso, já dava para ter aprofundado sobre a magia elementar...—Disse Ase, do canto.

—Sim!—Sua companheira concordou.—Se for para você ficar se distraindo pensando nessas coisas, vai atrapalhar a explicação! Também, não é como se fosse exatamente inútil, só demora mais para aprender, e não é uma boa opção, maaaas.... quanto mais conhecimento, melhor! Simplesmente pergunte!

Sea encarou aquilo de olhos arregalados. Era tudo muito novo. Não fazia sequer um mês que estava vivendo uma vida pacata em sua cidade, sequer cinco dias que estava caminhando alegremente com uma garota, não sabia como se adaptar direito a isso.

Sempre foi um aluno impecável, que se adapta a toda e qualquer situação, contudo, os fatos dessa vez estavam extremos. Não sabia como tomar o menor caminho, que maximizasse seu rendimento... era um completo novato no assunto.

—...

Sim, ele era um iniciante, por isso esses dois estranhos existiam, para guiá-lo a um caminho melhor. Com certeza Elias não estava acostumado a tudo isso, assim como ele. Não podia bobear.

—Certo.

A melhor opção seria seguir à risca o que os Vassalos, seus mestres e guias de aprendizado diziam?

Resolveu fazer um teste.

—Sobre a magia elementar, todos podem desenvolver as seis ou têm que nascer com elas?

—Boa pergunta!—Bianca sorriu alegre, vendo que ele havia entendido.— Você tem que nascer com afinidade com a magia para utilizá-la, você pode ter desde as seis até nenhuma. Claro, dá para sofrer influência de apetrechos externos, e alguns títulos, mas só. Quer que eu especifique isso?

—Não, não...

Pelo teste que havia acabado de fazer para pôr em prática seu caráter, havia notado que era melhor não seguir o conselho.

Não importava o que questionasse, esses dois provavelmente teriam a resposta para a maior parte de suas perguntas. Tendo tanto conhecimento ao alcance de sua mão era atraente, mas ao mesmo tempo, o faziam reconsiderar.

Esse conhecimento não ia desaparecer, em termos comparativos, era como se uma enorme biblioteca estivesse na sua frente. Instigava seus instintos de adquirir conhecimento, como a magia impactava o mundo moderno atual de Liv? Na tecnologia? Na filosofia, ciência, religião?

—...

E exatamente por ser um conhecimento profundo, ele não iria atrás, não agora.

Por mais que clichê, podia-se citar a frase “só sei que nada sei.” Quanto mais ele soubesse, mais iria duvidar. Sabia que, se começasse a aprender mais, mais dúvidas chegariam. Isso, por si só, fez sua curiosidade decair.

Exatamente por ser algo atraente, dado a situação atual, ele negou. Não continuaria perguntando coisas fúteis, mesmo que tivesse de ir contra as indicações.

Se Elias e Sea começassem do mesmo ponto de partida, o primeiro sem dúvidas venceria. Se ele quisesse vencer isso, continuar sua vida em busca de conhecimento, e viver ao lado daquela garota... ele não faria perguntas.

Estava indo contra as indicações dos dois na sua frente, mas de certa forma, eles não o conheciam por completo, não necessariamente era o melhor conselho.

Por isso resolveu testar. Fez a pergunta e recebeu a resposta. Com essa resposta, dezenas de novas perguntas se formaram. Se deixasse que tomassem conta de sua cabeça, acabaria se perdendo... Fez o teste, falhou.

Sea conhecia a si melhor do que ninguém. Ao menos, pensava isso. Como se consciente, limpou sua mente das perguntas.

—Ei, sabe, podemos descobrir sua afinidade ainda agora com as magias elementares, quer ver?

—Não, não. Isso eu olho depois... por enquanto, pode continuar.

—Ah...

Ela deu um olhar deslocado, já estava quase trazendo uma bola de cristal para a mesa, mas foi obrigada a parar. Questionou-se se era uma negação genuína ou não, mas de qualquer jeito, não podia forçar Sea a seguir seus conselhos.

Por fim, Ase continuou a explicação:

—Magia espacial.

Desenhando 4 retas, cada uma apontando para: Portal, transporte, teletransporte e criação

—Imagino que os nomes sejam bastante auto-explicativos, certo? Já deve conhecer o primeiro, o segundo e terceiro se diferem em ser vivo ou não. Basicamente, o segundo desloca objetos inanimados de lugar, já o terceiro, vida. Por fim, criação, é a habilidade de criar objetos com a magia interior.

Ase havia falado muito, algo não antes visto, tanto que passava uma sensação estranho. Vendo isso, ele tocou no ombro de sua esposa e falou:

—Acho que é mais facil mostrar do que falar, Bi... anca, por favor.

—Certo!

Ela se aproximou da carteira e a tocou,e fez o mesmo com a lousa. Ao final, trouxe uma maçã para perto de Sea.

—E vamos... lá!

Ela jogou a maçã na lousa, e um portal parecido com o de Sea apareceu no canto tocado, diferindo em tamanho e coloração, sendo um rosa mais claro, ao contrário do azul de Sea.

Como mágica, a maçã estava sobre a carteira.

—Isso é...

—Transporte, sim.—Respondeu Bianca.—Basicamente você posiciona um destinatário, e depois um receptor. Nessa ordem, o contrário não pode ser feito. Só é possível colocar o portal em coisas que se toca, então... Não tente colocá-lo no ar, por favor. Claro, a distância que se pode colocar isso depende de sua magia inferior, fora outros pormenores.

—... Faz sentido.

—Imagino que você já saiba usar portal, sim?

Mochila

Sea confirmou abrindo seu próprio. Como já havia sido dito, também é uma habilidade que necessita de talento, então não perguntou o óbvio novamente. Os Vassalos, tendo em mente que ele já tinha conhecimento do portal, continuaram.

—Certo... próximo, teletransporte.

Ela ficou parada na frente do invocado, com certa distância. Suas mãos estavam nas costas, olhando-o fixamente. E em um breve momento, sem sequer notar, ela sumiu.

Sea pôs o cérebro para trabalhar, só tinha um lugar onde ela podia aparecer, se levasse em conta o clichê de teletransporte...

Rotacionando seu corpo, desferiu um golpe no formato de finta na sua retaguarda, e como previsto, lá estava a loira, com uma cara surpresa, como se quisesse tentá-lo surpreender.

Todavia, pouco antes que seu golpe pudesse “errar propositalmente” Bianca, o vácuo que os separava foi cortado com vigor. Se não fosse pela moça tê-lo empurrado um pouco, sabe-se lá o que teria acontecido...

—Ei, Ase! Já falei para não começar com isso! Só foi uma brincadeira.

—...

A alguns metros estava Ase com uma perna levantada. Naquele curto espaço de tempo, com o início do movimento de Sea, havia se reposicionado para pará-lo antes que chegasse a encostar um único dedo em sua esposa... não o permitiria chegar a esse ponto, mesmo em uma brincadeira.

—Huh, filhinho, vamos tentar não me bater, certo? Você ia gostar de um outro homem batendo na sua namorada, mesmo que de brincadeira?

 

Esse pensamento passou por sua mente, ele imaginou isso e... entendeu que, dessa vez, Ase estava correto, por mais que tenha feito as coisas de forma extrema.

Bianca afagou os cabelos de Sea e voltou para a sua posição, quando foi se virar para olhá-lo no olho, fez questão de fazer um giro e explicou:

—Teletransporte te permite ir para qualquer lugar que esteja em seu campo de visão. Para isso, algumas condições precisam ser concluídas. Por exemplo, a distância é proporcional a quantidade de magia gasta, e você perde bastante magia, então é bom tomar cuidado. Também, tem de ter o objetivo perfeitamente em mente, é necessário bastante treino. Por fim, por exemplo, caso esteja preso em uma cela, não vai conseguir usar esse poder, tem de ter um caminho livre. Bem, também não é algo para se aprender em um curto espaço de tempo... então deixemos especificações para depois.

Depois de explicar teletransporte, Ase foi breve sobre criação. Como o próprio nome diz, é usar a magia dentro de si para criar itens, isso varia da magia interior disponível até o conhecimento do usuário sobre a estrutura do item criado.

—Continuando... Magia de reforço, separada em...

Separa-se em duas diferentes: Reforço corporal e reforço armamentista. No geral, é bem simples.

Corporal é basicamente usar a magia dentro de si para reforçar o corpo, enquanto a armamentista é para reforçar objetos, armas  etc.

Claro, não é tão simples quanto parece. A corporal é bem difícil de ser utilizada, já que você tem de saber distribuí-la ao decorrer do combate e ao variar da situação.

Por exemplo, se a pessoa tem uma magia total x, e coloca metade de x no  braço esquerdo, e o resto no corpo, claramente o braço esquerdo será mais forte e resistente. Se distribuir igualmente por todo o corpo, todos terão uma “armadura” de magia igual em todos os aspectos.

Ao que tudo indica... Em uma batalha de alta velocidade é necessário ficar trocando o local em que se foca a magia, na verdade, magia de reforço é a mais importante de todas, e essencial em toda circunstância. Todos nascem com ela, praticamente, por mais que em níveis diferentes.

—Bom, isso é algo mais importante, e será o foco no treinamento para o duelo. Então, temos de ver sua afinidade... bem, temos uma sala própria para isso, assim que passarmos pelo próximo passo, começamos.—A Vassala falou satisfeita, tendo concluído a explicação da magia do mundo, por mais que superficial.—Entendeu tudinho?

—Sim...

—Caham!—Ase tossiu para chamar atenção.—Isso é o básico da magia, têm algumas coisas mais complexas... Mas isso realmente não vai ajudar em nada agora, enfim, alguma pergunta?

Sea negou com a cabeça, como havia decidido antes, cairia de cabeça nesse assunto posteriormente. Se o necessário era apenas magia de reforço, iria focar nisso.

—Certo, por fim, só falta seu título. Pode não parecer, mas ele é um companheiro bastante importante! Quais as habilidades dele?—Questionou Bianca, aproximando-se de Sea com curiosidade.

—... Até o momento, ele me torna imune a efeitos prejudiciais ao ingerir líquidos, eu também sou meio que “protegido”pela água, regenero nela, não fico cansado, me movo livremente...

—Parece bem pouco.... Atlas, não é? Ele parece do tipo que não gosta de dizer tudo de primeira... bom, justo. É uma escolha dos títulos...

Continuando no assunto sobre Atlas, Ase, que estava calado no canto, veio para perto e tocou no ombro de Sea para chamá-lo a atenção.

—Seu título é do tipo não-equipado?

—Sim.

—Perde cansaço e se move livremente na água?

—... Sim?

—E não dorme...

Ase pôs a mão direita, coberta pela luva, sob o tecido do cachecol. Por pouco seus lábios pequenos apareciam, ele parecia estar pensando em algo profundamente.

—Bia, vamos preparar o aquário.

—já mandei não me... Aquário? Podemos?

Sea não gostou da palavra “aquário.”

—Sim, qual você quer?

—P-pode ser patinação?

Por alguma razão, Bianca parecia extremamente animada, por assim dizer, mais que o normal.

—Patinar... Claro.—Ase concordou sem pensar muito.

—Um momento!Vou pegar o urso polar!

—Certo, nos vemos na sala.

Os olhos da vassala se arregalaram, acompanhados de um sorriso perfeitamente genuíno. Ela pulou de onde estava e saiu correndo pela porta, extremamente agitada.

—Senhor Ase, como assim... patinar?

—Ela gosta de patinar.

—Não, não foi isso que eu quis dizer.

—... Estamos indo lá agora. Não vai demorar.

—Para o quê?

Já andando em direção para a porta, Ase apenas se deu ao trabalho de descer seu cachecol, no intuito que o que fosse falar pudesse ser o mais audível possível.

Ele virou um pouco o pescoço e, com uma voz calma e serena, disse:

—Uma dança.



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