Bom Demônio Brasileira

Autor(a): Trajano


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 11: Despedida

—Aahh...

O banho não demorou muito. Portanto, após o seu breve término, Sea apenas teve de se vestir. Ele pensou se deveria vestir o pijama ou continuar com sua roupa normal, mas como ia ver colegas de sua “futura participante de harém”, optou pelo tradicional.

Entretanto, já prestes a sair do quarto, começou a ouvir toques na parede. Do lado de fora, ele procurou a garota, apenas para se deparar com ela sentada

—Safira?

—Hum, hum hum... hum...

—...

Ela estava cantando a música tema de Subway surf. Aparentemente, o jogo havia sido bastante vicioso.

—Ah, bom. Já que terminou, podemos ver minha amiga?

—Você não espancou ela?

—Não... Quer dizer, sim. Nós dividimos o quarto. Só queria arrumar as malas, então vou ter de falar com ela, de qualquer forma...

—Ah, claro. Não tem problema.

Safira tenta tomar as rédeas, mas é rapidamente negada por Sea.

—o que foi?

—Eu já andei bastante por aqui... devo saber melhor que você.

Ela ficou emburrada, mas não falou nada.

...

—É aqui?

—Sim... Incrível.

Eles se deparavam em um corredor úmido, um local quase isolado do castelo com centenas de portas enfileiradas.

—Né? Não sou um bom partido?

—Não força.—Repreende Safira abrindo sua porta com a chave.

O quarto dela não é tão diferente do dado aos invocados, é um pouco maior e tem tudo igual, a diferença é por tudo ser duplicado. Cama, escrivaninha etc...

—Cadê sua amiga?

—Ah... a 237?—Ela brevemente olha para a cama com uma protuberância sob o lençol—Vai saber...

—Ela não tá aqui?

A garota não mostrava seu corpo, é praticamente como se estivesse dormindo com o lençol estendido totalmente. Sea rapidamente notou isso.

—É bom... Acordá-la?

—Acho que ela tá bem, um momentinho...

Sea não entendia exatamente o que ela quis dizer com isso, e simplesmente esperou sua próxima ação, que surpreendentemente foi socar a garota com toda sua força até ela cair no chão.

—Gah!—Exclamou a garota despencando como um elefante.

—Safira?

—Acorda logo, eu já tô indo.

A garota se levantou quase tremendo, com a cara vermelha e alguns machucados em seu rosto. Ela estava em uma situação tão deplorável que até sua perna estava engessada. Ainda segurando o lençol rodeando seu corpo ela fala:

—Atchim! N-não me acorde assim...

—Safira, acho que ela está doente.

—Doente e machucada. Difícil perceber?—Ela respondeu de forma grosseira.

—Ela costuma ser má comigo...—Dizia a garota de cabelo curto em lágrimas.

Vendo a situação, era claro que Safira ficava mais agressiva com a sua colega.

—Espere...Você não é a serva que me encontrou do lado de fora do quarto?

—Eh? O invocado?

...

—Ah, Safira, por que não disse antes que foi nela que meteu a surra!? Matou 3 gatos com um pau.

—E-ela não me meteu uma surra! Foi uma batalha bastante equilibrada... E... como assim matar 3 gatos com um pau?

—Parem de falar sobre matar gatinhos!—Safira ficou especialmente irritada ao falarem sobre seus preciosos bichanos.

237, que havia voltado a sua cama para não piorar sua doença faz gestos com a mão dizendo “Vem aqui”

—O que quer dizer com 3 ga-—Ela foi observada com fervor—problemas com um tiro...?

Sea explicou seus motivos: 1-ele estava fulo com essa serva, foi vingado; 2- sua amada se tornou sua acompanhante; 3-Ele se apaixonou ainda mais.

—Como... assim se apaixonou?

—Ah... No papel ela é minha esposa, na realidade minha amiga, na minha perspectiva é quase uma noiva!

—... O quê?

Mais alguns minutos de explicação...

—Espere, você por liberdade própria casou com ela, pediu a mão, foi “rejeitado”e agora tá tentando fazer ela ser sua esposa de verdade?

—Simplificando, sim.

—... Ah...

Incrivelmente, ela não parecia muito surpresa.

—Parem de falar de mim como se eu não estivesse aqui!... uaaah!—Subitamente, 237 a agarra.

—Minha amiga se casou! Buáaa! Eu quero ser a madrinha!—Levou um bom tempo até ela se soltar.

...

Já havia um tempo que Safira colocava alguns objetos em uma pequena bolsa. No meio disso, Sea se dispôs a conversar com a outra menina.

—Então, o motivo para estar assim é a surra que ela te deu?

—Não foi uma surra... Perdi por muito pouco!E... Eu tendo a ficar meio adoentada quando perco.—Finalizava com um espirro.

—Então foi pela surra, né?

Após Safira terminar de arrumar suas coisas, ela vai em direção até sua amiga e questiona:

—Então, 237. O que pretende fazer agora?

—Eu não tenho que te dizer, bobona! Plurrr—Ela mostra a língua—Eu só vou encontrar outro invocado para me juntar e acabar com a sua raça!—No processo, ela disse o que faria.

—Vai tentar ainda ... Bem, espero que dê tudo certo.

—Não se preocupe, com certeza irá. E esperarei pela nossa revanche!

—Quando quiser tomar outra surra, só chamar!

Depois disso, Safira e Sea saíram do quarto, deixando a 237 sozinha, no quarto escuro. Ela agarrava o lençol com bastante força, como se fosse partí-lo ao meio, murmurando “Eu deixei você ganhar...”

—Ela é uma boa amiga pra você, não é?

—Um bom saco de pancadas!—Suas palavras podiam ser grosseiras, mas revelavam consideração dentro do coração.

—Então, o que colocou na bagagem?

—Nada demais... uma carta, pijama, muda de roupas.

—Servas têm roupas além do uniforme?

—Eh?

Ela parou um tempo para pensar, mas pelo que se lembrava, apenas ganhara um pijama e alguns uniformes. Ela quase nunca saía do castelo, portanto, do ponto de vista da realeza, não seria necessário.

—Mesmo assim... não vejo problema com essa roupa... Já uso há tanto tempo que faz quase parte da minha pele.

—... Eu sei, mas é que... não é um pouco vergonhoso?

—Huh?—Ao ouvir sua principal roupa ser chamada de vergonhosa, Safira deixou sua bolsa cair, e começou a revelar um olhar assustador, como se falasse “diga mais, me dê mais motivos para acabar contigo”

Sea engoliu seco. No entanto, não é algo realmente difícil de se pensar. Primeiramente, seria estranho uma pessoa usar roupas de empregada por aí, ainda mais uma vermelha-azul. Também, eram bastante chamativas, não é exatamente o ideal para uma viagem “heróica”

—É só que... do mundo que eu vim, isso é... uma coisa bem estranha...

—Ah... claro.—Sinceramente, ela não gostava dessa roupa, mas era a única que já vestiu. É como se de uma hora para a outra, algo que sempre lhe acompanhou mudasse ou sumisse. Isso causaria desconforto em qualquer um—Verdade... acho que posso dar uma passada no vestiário de manhã.—Finalizava esfregando a cabeça.

Sea expeliu ar de satisfação. Problemas maiores haviam sido prevenidos. Ainda não convicta com a resposta fraca, Safira a reestrutura com ainda mais força:

—Sim... Você tem razão! Com certeza ficarei mais linda com roupas comuns, se é que isso é possível!

Dada a afirmação narcisista, Sea apenas pôde rir. Ele até questionou se não tinham mais amigos para visistar, mas quando ela citou o “dormitório masculino”, ele preferiu encerrar a noite por ali.

Antes que eles pudessem sequer começar a andar, uma senhora idosa, com um corpo estranhamente bem definido, apareceu atrás de Safira.

—Olá, 546. Ou prefere ser chamada de Safira agora?

—Se possível, Maravilha do universo!

—Bom, você não mudou nada.—A idosa falava enquanto fazia cafuné na garota, que respondia com uma clara submissão ao gesto.

—Uau, é o primeiro ogro de cabelo branco que vejo na vida.—Sea, como sempre, devia destruir o clima.

—... Garota, poderia deixar-nos a sós?

Safira, demonstrando total respeito para com sua mestra, assente e pega um mapa do castelo. Em alguns minutos ela se vai em meio aos corredores do edifício.

—Ela vai se perder, não é?

—Sim... Ela vai.

Sea desconsiderou o fato de que precisaria procurar sua companheira mais tarde para ouvir a serva-mor do castelo.

—Então, você é o aleatório da vez, não é?

—Eh?

—Ah, isso não foi explicado, né?

Basicamente, a cada jogo dos invocados, os moradores começaram a perceber grandes coincindências entre certos invocados. Com o tempo, extraoficialmente, são dadas caracterizações aos invocados.

Aleatório é o nome perjorativo para o que chamam de “specialist”. O motivo disso é que, o mestre de Sea, do castelo-

—Epa epa epa. Que droga de castelo? Explica isso do início

—Hum...

Ela explicou do início. Em cada borda de cada reino há um castelo, onde mora o mestre e seus ajudantes de cada reino. A variar, os castelos trocam de reino a depender do jogo, mas nem sempre em todos. No castelo estão os responsáveis por ajudarem o invocado a se fortalecer. No castelo de Diocleci da vez, estaria o mestre “especialista”, como é popularmente conhecido.

Pois bem, reza os contos que os mestres mudam de reino a depender do invocado. Ou seja, quando um invocado têm semelhanças com um mestre, ele troca de lugar para auxiliar o invocado. Entretanto, várias vezes esse método ter se mostrado falho, mas também se mostrou certeiro várias vezes.

—Ah... e tem alguma diferença entre os invocados?

—Bem, você sendo o “aleatório”, é como uma caixinha de surpresas... literalmente, o mais aleatório dos invocados. Também tem a nomeclatura dos mestres, que depois é dada aos seus respectivos discípulos. Há uma grande chance de você ser o aleatório.

—Por que alguém tão normal quanto eu sou o aleatório...?

—Como disse, nunca é certeiro... Sua classe é conhecida por poder trazer um grande bem ao mundo, assim como um grande mau.

—Há...—Ele parou por alguns segundos após ouvir que estava “destinado” a ser um extremo.—E na sua opinião de experiente? Eu sou qual extremo?

—...—Mesmo que a pergunta fosse séria, ela foi respondida com uma elevação de lábios, não deixando claro qual a resposta—Bem, não estou aqui para isso. Meras especulações não importam, afinal... Estou aqui para te mostrar outra coisa.

Sea até pensou em protestar, a fim de obter respostas, mas o que veio a seguir lhe causou surpresa

A senhora levantou uma de suas mãos apontou para a parede e sussurrou algo inaudível, e após isso, um portal com contorno azul e preenchimento negro lotado de pontos brilhantes apareceu.

—Isso é... Magia?

—Sim, mais especificamente: magia espacial.Os fundamentos das 3 magias básicas deixarei para seu mestre ensinar... Enfim, essa é uma das variações de magia espacial, Portal.

—Bem direto.

Fechando sua mão, o portal desapareceu e logo ela começou a explicar:

—Então, essa é uma magia bem rara, mas não muita. Digamos que um meio termo de 30% da população. Basicamente, é possível colocar qualquer coisa aí dentro, desde que você tenha magia o suficiente para suportar. Tamanho não importa, apenas o peso.

—Isso precisa de muito treino?

—Não muito, só algumas semanas, a depender do talento... Mas a classe aleatória costuma ter um belo potencial nisso, quer tentar?

—...Certo

Por um momento, ele ponderou. Isso lhe daria a resposta de se, pelo menos, ele era o aleatório. Não parecia algo exatamente horrível, mas se pudesse escolher, preferia o mago.

Sea olha para a parede, abre sua mão e dispara, quase como um sussurro:

Mochila

E um portal aparece na parede

—Não acha isso um pouco infantil?

—Referências...

—Não entendi, mas... para conseguir algo do gênero na sua primeira tentativa, eu parecia estar certa...

Outra vez, Sea suspirou. Por mais que esse sistema de classes não fosse oficial, isso é um mundo de magia, com certeza teria algum impacto.

—Ainda assim, não precisa se preocupar tanto. Não é como se você fosse destruir o universo ou algo do tipo. Basta viver o caminho do bem e seguir o caminho certo.

—Sim... Claro...—Com o fechar da mão, o portal vai junto.

A senhora Mami, de repente, abaixou sua cabeça para ficar do tamanho do jovem. Olhando de perto, ela soltou um sorriso de satisfação.

—Você é mesmo bonito.

—...—Sea sentiu como se cada pelo de seu corpo se eriçasse, ao passo que suor escorreu pela testa—J-já decidi que meu harém não vai ter nenhum meio-monstro!

—Uhum...—Ela assentiu, sem se sentir constrangida pela acusação.—Dê isso aqui para minha pupila.

Com um balançar de mãos, um bastão se materializou em sua frente. Em seguida, ela entrega a Sea.

—Isso é para... ela?

—Sim, tome isso como meu presente de casamento para ela, mas não se preocupe, também tenho um para você.

Sea não sabia o que o deixava mais excitado. A bênção da “mãe” de sua “noiva”, ou a possibilidade de uma incrível arma mágica para se tornar um invocado extremamente overpower.

Do mesmo portal ela tirou uma pequena caixa retangular e a entregou. Sea, com toda sua inocência, abriu com olhos brilhantes, para sentir-se traído completamente.

—Camisinhas?

—Sim, não quero minha criança engravidando tão jovem...

—E-eu não vou usar isso.

—Prefere sem...? Não é bom ter um filho durante o jogo.

—N-não falei disso!

—Haha.—Ela riu com a situação. Isso claramente foi proposital.—Sei que vai conseguir o que quer. Boa sorte.

—Não posso dizer o mesmo, velhaaaaa!—Ele ignorou enquanto a senhora dava as costas e ia para algum outro lugar. Por mais que tivesse odiado o presente de casamento, ele ainda guardou em seu portal...—Sem perguntas...

Enquanto partia, a idosa tirou um relógio de bolso de seu uniforme e abriu-o. Ela olhou para ele com pensamentos fortes, como se buscasse uma resposta. Ela finalizou com um “será...?”

—Certo...Espero que Safira realmente esteja no quarto...—Dizia Sea, até se virar e ver uma bela garota de cabelos vermelhos olhando fixamente para um mapa enquanto caminhava em sua direção—Claro que isso ia acontecer...

O erro fatal de Safira foi escolher a esquerda indefinidamente, mesmo que desse errado tantas vezes

...

Dentro do quarto junto a sua outra pupila, a serva-mor disse:

—Aparentemente, você não contou, certo?

—...

A jovem serva ao lado assentiu cabisbaixa.

Na realidade... de certa forma, Safira não venceu o duelo. Depois do encontro final do chute com o soco, ela caiu no chão, fantasiou um pouco e desmaiou. 237 também caiu, mas em meio a fumaça, ela se erguera, com toda sua determinação.

—Droga...

Infelizmente, no processo ela quebrou a perna. Assim sendo, era impossível guiar o invocado. Por isso, Safira ganhou a posição.

—Sabe, não é contra as regras contar.

—Eu sei... mas... eu já ganhei, só isso que importa.

—Não. Você perdeu.

—Eu fiquei em pé até o fim, ela desmaiou. Eu ganhei.

—Se esse é seu pensamento, talvez esse jogo não seja para você...

Ela deu um olhar profundo para a jovem garota, quem apenas baixou a cabeça, em tristeza.

—Vencer não se define por um combate físico. Ela atingiu seu objetivo, acompanhar o invocado. Esse jogo funciona da mesma forma...

Em meio essas palavras, a serva apenas pôde conter sua frustração em lágrimas.

...

—E-eu não estava perdida, estava procurando o melhor caminho!

—...Claro, consigo imaginar isso voltando para o ponto de partida.

Sea teve de escoltá-la até o quarto, local o qual ele arrumou suas malas, assim como Safira terminou de arrumar as suas também. Ambas foram postas no portal de Sea.

—Ah, sim, esse bastão aqui sua mestra te deu.

—U-um bastão metálico!—Exclamava ela com uma profunda animação.

Olhando mais de perto, ele era todo prateado e não era tão leve. Parecia ser um pouco menor que sua dona, tendo aproximadamente 1,60m de altura. Seu diâmetro era considerável, parecia bastante denso.

—Me dá que eu guardo no portal

—N-não! Eu quero dormir com ele!

—Eh!? E eu!?

—Eu prefiro meu bastão!

—Hur...

O caminho até seu harém estava, a cada segundo, ficando mais distante.

—Então, você quer tomar banho primeiro ou eu posso ir?—Questiona a ex-serva.

—Depois! Com certeza depois!

—Hãn...?—Ela chegou a se assustar devido o entusiasmo dele. No entanto, ela não entendeu os reais motivos, e compreendeu que ele também é um amante de banhos.

...

Trinta minutos depois ela sai apenas com o seu pijama já posto. Basicamente, ele cobre toda sua pele, indo desde o calcanhar até o pulso, deixando apenas os extremos do seu corpo expostos, junto a uma pequena abertura circular em volta de seu pescoço. Todavia, o design parecia de boa qualidade e maior do que o necessário, deixando tudo mais arejado. Por fim, a cor era um rosa opaco.

—Sea, já pode ir—Dizia enquanto enrolava uma toalha em seu cabelo, formando uma torre.

—Por favor, casa comigo. Agora.

—Se for começar a tocar nesse assunto toda hora, vou me irritar.

Mesmo agraciado com tamanha beleza, Sea se forçou, mesmo que contra sua vontade, a entrar no banheiro. Assim como ela dissera, haviam coisas mais importantes a fazer: Dormir.

Deixando de lado seus pensamentos estranhos, Sea sai logo do banheiro, já vestido com seu pijama, que é basicamente uma camisa de botão e um calção. A superior de cor preta, já a inferior, um cinza claro.

 Ainda usando a toalha para se secar, ele se depara com sua companheira já deitada na cama, abraçando fortemente o bastão e o gatinho de pelúcia com os 4 membros.

—Vai dormir?

—Então... era sério mesmo?

—Eu falei em tom de brincadeira?

Sem esperar nada, Sea se deitou ao lado do bastão. Ele ficou do lado da parede, separado de Safira pelo bastão e gatinho.

—Ei... você não vê nada errado nessa situação?

—Sério, qual o seu problema? Se eu quero dormir com você, eu durmo. Se eu quiser dormir com o mendigo da esquina, durmo também. Durmo com todo mundo se eu quiser!—Devido aos sucessivos questionamentos, ela simplesmente explodiu.

—...!

Por um momento, ela olhou para o rosto de Sea, que se encontrava vermelho. Após ponderar sobre o porquê disso, ela percebeu o “duplo sentido” em suas palavras. Imediatamente, ela se corrigiu:

—N-não é como se eu dormisse com qualquer um, ouviu!? Eu durmo com quem eu quiser, mas não com... não, pera. Eu não falo “nesse” sentido, é só o ato de dormir ao lado de alguém, não “aquele” dormir. M-mas... ei, eu... não sou... uma... Hurrrr!—Como ela não conseguia se expressar como queria, a raiva subiu sua cabeça, e escondeu o rosto com o lençol.

Obviamente, Sea sabia o que ela queria dizer, mas essa cena foi fofinha, então ele não a parou, só soltou um sorriso. A forma que ela se irritava com facilidade era algo muito agradável.

Após uma sequência de respirações pesadas, com o intuito de se acalmar, Safira voltou ao normal. Cobrindo tudo de sua boca para baixo, ela se vira para Sea e questiona:

—E-ei, você entendeu o que eu quis dizer, né?

—Sim, sim. Entendi.

Tendo a resposta afirmativa, ela relaxou. Seu olhar movimentou algumas vezes para partes vazias da casa. Olhando para trás, ela percebeu como foi uma cena boba, e começou a rir.

—Tá, tá...

Ela deixou seu bastão de lado, colocando-o gentilmente sob a cama. Depois, ela virou Sea, deixando-o frente a frente com a parede.

Posteiormente, Sea apenas pode encarar a parede. Não saber o que ela faria era estranho, mas ele não podia reclamar.

—Só hoje, vou deixar você dormir abraçado com o Mingau, viu?

—Ah... que bom.

—Humhum!

Um sentimento acolhedor e confortante foi sentida por Sea. Em troca do gatinho, ela estava afagando seu cabelo ondulado.

—Você... realmente lembra dos meus pais...

Sea podia não conhecer muito da garota, mas claramente sua vida não havia sido apenas flores e borboletas. Era uma pessoa com seus próprios problemas, como qualquer um.

—Se me permite dizer, você tá muito bonita.

—hehe, certo. Eu gosto de ser elogiada.—Com o elogio, ela curvou um pouco mais a cabeça.

—Sabe, Sea... eu sei que tivemos nossos problemas, mas vamos dar nosso melhor pelos próximos seis anos, certo?

—Que tal pelos próximos oitenta anos!?

—Haha... Esforce-se...

Após um dia tão agitado, ambos estavam cansados. Depois de uma série de bocejos, vindo de ambas as partes, Sea adormeceu primeiro. Logo em seguida, com o calor do ambiente, Safira fez o mesmo. Os dois dormiram pacificamente.

Se ela estava feliz por Sea ter lembrado seus pais, eleestava alegre por ter alguém disposto a lhe amar, e, principalmente, por ser a primeira pessoa que teve a oportunidade de abraçá-lo.



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