Volume 11

Capítulo 224: A líder de meio período Lili (Primeira parte)

Hafuuuuu...

Esse tipo de suspiro, que estava livre de tensão, ressoou dentro da sala que transmitia uma sensação de limpeza com seu tom branco.

Seu próprio suspiro inesperadamente ecoou alto fazendo Liliana ser surpreendida, e então ela franziu a testa com uma expressão aturdida, talvez por ter soltado esse suspiro de modo inconsciente.

Por alguma razão, ela continuou inclinando as costas sobre a cadeira reclinável em que estava sentada, e então chutou o chão com as pontas dos dedos dos pés e tentou se virar. A cadeira de boa qualidade girou um pouco e o estado da sala se refletiu na visão de Liliana em ordem.

Era um quarto que tinha metade do tamanho do quarto que ela estava usando até pouco tempo atrás no palácio.

A própria Liliana pensou que este tamanho era ideal, mas se os nobres e servos em Tortus soubessem disso, então poderiam gritar: — Como a princesa pode viver neste tipo de casinha de cachorro! — com um olhar parecido com “O Grito”1 de Edvard Munch2.

Alguns meses se passaram desde o dia em que a "Princesa Liliana" ficou inativa e chegou à Terra. Quanto mais os meses e dias passavam, mais ela fazia acessórios na Terra.

O fantoche "Davis-kun Dançarino" que ela recebeu de Myuu na comemoração da mudança estava emitindo sua presença de forma excessiva. Com certeza, a expressão "estremecido" combinava mais com o fantoche do que "dançarino". Ele estava vibrando como uma pessoa perigosa que estava passando por uma síndrome de abstinência3.

Mas de onde Myuu obteve este Davis-kun...

Sendo sincero, isso era estranho, mas quando ela se lembrou do rosto sorridente de Myuu sempre que pensava em jogá-lo fora, a princesa era incapaz de descartar o fantoche.

Fuuuuuuuuun.

Liliana estava soltando uma estranha exalação que não tinha tensão enquanto girava sua cadeira mais uma vez. Ela então pisou no chão e girou em marcha ré. Rodopia, rodopia. Rodopia, rodopia.

— Nada, a fazer.

Parecia que ela tinha tempo livre.

— Que incrível. Liliana está agora experimentando aquele "tempo livre" que ouviu falar.

Parecia que ela tinha tempo livre. Ao ponto que ela narrou a condição atual de si mesma por conta própria.

Para Liliana, que nasceu como parte da realeza, o que era chamado de "tempo livre" era o mesmo que um conto de fadas.

Afinal, ela era a única descendente direta da realeza até que seu irmão mais novo nasceu. Ela começou a passar pela educação para os dotados desde que tinha idade suficiente para estar ciente de seu entorno, e mesmo quando Randell nasceu e sua possibilidade de ascender ao trono diminuiu, a necessidade de ela receber muito treinamento em seu papel como uma herdeira sobressalente, ou a fim de funcionar como uma corda em direção ao império, não diminuiu em nada.

E então, quando ela estava na juventude aos quatorze anos, a garota passou por um ano com uma cadeia de eventos que era como ondas crescentes, para as quais a palavra densa não era suficiente para expressar. E depois disso, ela estava cheia de trabalho por causa da reconstrução.

Desde que nasceu até o momento anterior, ela estava em uma posição que era compreensível nunca experimentar essa coisa chamada "tempo livre" ou afins.

Era assim que Liliana era antes, mas então ela foi levada por Hajime, teve seus documentos oficiais feitos através de falsificação, enganou o funcionário administrativo, obteve status social pacificamente ao estapear a segurança pública na cara, e no momento atual, estava indo para a mesma faculdade que Hajime e os outros.

Antes disso, ela tinha sido levada para visitar a Terra várias vezes, então ela entendeu que esse local era um mundo que era como uma caixa de surpresas. Mesmo assim, a "vida escolar" e a "experiência de aprendizagem da faculdade de outro mundo", que Liliana ansiava em sua mente curiosa, lhe dava um novo prazer. Era assim, porém…

Rodopia, rodopia. Rodopio, rodopia. A princesa de outro mundo estava girando usando a cadeira de outro mundo. E então, ela parou...

— … Davis-kun. É bom ser você, hein? Você parece ocupado estremecendo.

Por fim, a princesa começou a conversar com um boneco. Davis-kun tremia para frente e para trás parecendo perturbado.

Mas, naquele momento, o som da porta da entrada abrindo podia ser ouvido.

Se Liliana tivesse orelhas de animal crescendo em sua cabeça, então agora elas certamente estariam de pé em atenção. Ela calçou seus chinelos para usar dentro de casa e saiu do quarto com passos rítmicos a fim de receber a pessoa que voltava para casa.

Ela desceu para o primeiro andar e encontrou Sumire, que estava segurando uma grande quantidade de sacos, por algum motivo.

— Bem-vinda de volta, Honorável Sogra Sumire.

— Nossa, você está em casa cedo hoje, Lili-chan. Estou em casa!

Sumire segurou a grande quantidade de sacolas com um bufo áspero antes que Liliana fosse ajudá-la apressada. A garota pegou várias das sacolas, e quando olhou para dentro delas, parecia que seu conteúdo era um grande número de acompanhamentos.

— Diga, honorável sogra Sumire, isto é...?

— Veja, este é o jantar de hoje.

— Jantar?

— Sim. Os pratos que foram servidos no evento sobraram, e eu roubei todos! Eles estavam muito deliciosos. Ouvi dizer que eles chamaram um cozinheiro realmente famoso para fazer os pratos. Então pensei que deveria deixar meu filho desagradável e suas esposas fofas experimentá-los.

— É-é mesmo? Muitíssimo obrigada, honorável sogra Sumire.

— Não há de quê!

A expressão de Liliana suavizou vendo sua sogra que estava sorrindo.

Falando de forma franca, esta era Sumire, então ela com certeza deve ter roubado os pratos à força para ficar com as "sobras", sem se importar com os olhos dos outros sendo atraídos para ela. Do contrário, alguém impediria qualquer pessoa de trazer tanto para casa.

Parecia que hoje havia um evento para o filme live-action do mangá de autoria de Sumire, então as pessoas também deviam estar apenas olhando para a mulher, que estava empacotando a comida alegremente enquanto pensavam: "Não podemos irritar a sensei neste evento, huuh...".

A Família Nagumo estava em prosperidade.

A própria Sumire era uma artista renomada de manga shoujo, e seu marido, Shuu, havia tornado sua empresa ainda maior nesses poucos anos. E, acima de tudo, os negócios para os quais Hajime estendeu a mão estavam alcançando lucros absurdos.

Do ponto de vista da realeza, não era como se Liliana não achasse que eles não tinham o capital necessário, então eles poderiam apenas contratar aquele chef para cozinhar diretamente para eles.

Mas, por mais que ganhassem muito dinheiro, por mais prósperos que fossem, exibir um dinamismo que não esquecia esse tipo de "diversão" era a característica comum da família Nagumo. Era um preceito tácito da família.

Liliana ficou sensível vendo Sumire mostrando os pratos: — Eu cheguei com a deliciosa culinária que roubei!! — para a garota, que era uma nora.

Elas carregaram um grande número de pratos para a cozinha antes que Sumire inclinasse a cabeça: — Parando para pensar... — enquanto fazia sua pergunta:

— Você não está com Hajime e as outras?

— Sim. Hajime-san e as outras ainda têm uma palestra, então ainda estão na faculdade. A palestra que estava programada para ver foi cancelada...

— Oras, que ótimo. Um cancelamento súbito de uma palestra não te deixa feliz sem qualquer razão?

Eh? Eer

Parecia que o sentimento comum de Sumire não foi transmitido à princesa séria e diligente. Afinal, essa princesa era alguém que começaria a conversar com uma boneca em repouso quando ela tivesse tempo livre demais.

— Ou melhor, mesmo que você não tivesse voltado para casa, você poderia apenas ir para a palestra que Hajime estava. Até mesmo tagarelar sem parar vai ser divertido, certo?

— Não, honorável sogra Sumire. Como esperado, pensar que está tudo bater papo enquanto recebe uma palestra é...

— Eeeeeh. É divertido exatamente porque você está fazendo isso pelas costas do professor.

— Honorável sogra Sumire…

Os ombros de Liliana se encolheram em decepção. Sua mãe Luluaria era fundamentalmente uma personagem sincera que foi rigorosa e diligente para a garota. E assim, Liliana não pôde falar mais nada sobre a declaração irresponsável de sua sogra, cujo senso de valor era tão diferente do de sua mãe.

Mas, de forma misteriosa, a relação entre Sumire e Luluaria era boa, o que por si só era algo inexplicável.

Elas colocaram os pratos para o jantar com um baque na cozinha. Sumire estava movimentando os muitos pratos que eram seu espólio de guerra enquanto lançava seu olhar para Liliana que a ajudava a servir a comida com semelhante agilidade.

— E, como você está nos últimos tempos? Você já se acostumou com esse mundo? No momento em que você acabou de chegar, você passava o tempo todo estudando várias coisas, mas recentemente você não é mais assim.

— Sim. Já entendi os assuntos da Terra em geral. A economia e a política, a religião e a história, a situação de cada nação, cultura, moda... todo livro deste mundo é compilado de forma sistemática, e mesmo que haja algo que eu não entenda, posso investigar usando a internet. É muito conveniente.

Aaaaa, sim, entendi.

— Sim. Em especial, quanto mais aprendo sobre economia e o estudo de estatísticas, mais sinto o quanto eles são profundos. A densidade e os frutos dos trabalhos que foram acumulados pelos antecessores deste mundo são algo que não consigo encontrar em Tortus. Todos os dias, sinto que me mostram o quão atrás dos estudos do mundo estou, em comparação com aqui.

— En-entendo. Que incríveeeel!

— Sim. No momento, lá eles ainda estão no meio da reconstrução, então mesmo que um sistema avançado seja introduzido de modo súbito, só vejo isso terminando em fracasso. Isso não poderá acontecer de imediato, mas algum dia, acredito que o reino terá que adotar esse modelo. Quanto ao campo da economia, a coordenação com Fhuren...

— Pa-pare! Paaaaaaaaaaaaaaaare! Já é o suficiente, Lili-chan!

Heh?

Sumire lançou sua voz para deter Liliana que estava proferindo um discurso sem fim.

Liliana ergueu o rosto perplexa, mas mesmo agora, suas mãos se moviam sem pausa e serviam os pratos embalados como se fossem pratos de um palácio. A velocidade dela era o dobro da de Sumire enquanto sua cortesia era o triplo.

— Nossa, Lili-chan, embora você devesse ter deixado a posição de princesa e vir para nossa família, quando está falando sem pensar, você só fala sobre o reino.

— ... ah

Liliana enfim percebeu do que estava falando depois de ser encarada pelo rosto meio admirado e meio exasperado de Sumire. Suas bochechas coraram.

— Quando você acabou de chegar aqui, parecia pensar: "Tudo me atrai, então não há tempo para me preocupar!", mas quando você se acalmou depois de entender a situação até certo grau, como esperado, você se preocupa com sua terra natal, não é?

— Tal-tal coisa… não é verdade.

Vendo Liliana, que gaguejava, Sumire colocou o dedo indicador no queixo murmurando: — Uuuuun! — em um gesto pensativo antes de falar algo que foi chocante para a garota.

— É sim! Mas nos últimos tempos, Lili-chan está mostrando um rosto que parece uma criança perdida, sabia?

Eh

Sumire caminhou na direção de Liliana, que a fitava com perplexidade e com os olhos redondos, e então se abaixou um pouco para ficar com os olhos na mesma altura da garota. E então, depois que Sumire confirmou que aqueles olhos azuis estavam se refletindo de forma apropriada, ela perguntou com calma e uma expressão gentil e carinhosa:

— Você quer voltar para casa?

Era uma voz gentil que se enchia de preocupação e simpatia em direção a Liliana sem nenhum tom de culpa.

Por um momento, a questionada Lili mostrou uma expressão que não entendia qual era o significado da pergunta. Mas logo depois disso, ela inconscientemente levantou a voz:

— Não estou pensando em nada disso!

Uauah, espere Lili-chan, se acalme.

— Honorável sogra Sumire, é verdade! Não estou pensando em voltar para casa nem nada do tipo! Não estou sentindo nenhum desconforto ou insatisfação! Eu amo todos! Estou feliz por poder ter vindo para cá! É verdade!

— Entendi, eu já entendi!

Sumire abraçou Lili com força.

Parecia que Liliana chegou a uma conclusão errada pensando que a pergunta de Sumire tinha o significado implícito de: "Se você está insatisfeita com a vida aqui, será que não é melhor ir para casa?"

Claro, Sumire não quis dizer nada disso. Ela estava apenas pensando preocupada: "Será que ela está ficando com saudades de casa?", pensando que qualquer um seria movido por seus sentimentos por sua terra natal. Ela não diria nada como: — Vá para casa! — mesmo se tivesse essa boca enorme.

Porque, o sentimento de Sumire em relação a Liliana era:

— Uma princesa! Uma de verdade! De outro mundo! Quem iria deixar você ir!? Fuhehe, todos no mundo! Como pode ser isso, essa adorável princesa-chan, ela é minha nora! Muitíssimo obrigada! Dyufu, dyufufu!

Tudo foi resolvido dessa forma.

Liliana, que não sabia o que estava acontecendo, foi abraçada com força contra o peito de Sumire e adivinhou que não havia entendido direito e suas bochechas ficaram vermelhas mais uma vez.

— Sinto muito, Lili-chan. Parece que estou erada.

— Não, fui eu quem pulou para a conclusão errada... muito obrigada por se preocupar comigo.

— Eu sou sua sogra. Não é natural me preocupar com minha nora? Se há algum problema, então não seja reservada e consulte-me, tá?

— Sim.

Liliana sorriu para a mão gentil da sogra que estava acariciando a cabeça dela. E assim, elas começaram a mover os pratos para seus lugares mais uma vez. Liliana nem mesmo suspeitou que dentro de seu coração, Sumire estava pulando de alegria pensando: “Nada bom, o poder destrutivo do sorriso de uma princesa genuína é extraordinário, iaaaaaaaa!!”

Depois disso, Liliana estava apreciando chá com a sogra gentil até que Hajime e companhia retornaram para casa.

Uma família animada.

Um momento tranquilo com as pessoas amadas.

Liliana sentia a felicidade que esperava. Não havia nenhuma falsidade nisso.

No entanto, por algum motivo, as palavras de Sumire permaneceram em sua cabeça e não desapareceram, como um pequeno osso que ficou preso em sua garganta. Isso fez com que ela tivesse um sentimento que não podia expressar em palavras.


Naquela noite. Liliana, que retornou ao seu quarto, tinha terminado todos os seus preparativos para se deitar, no entanto, ela não se deitou na cama e sentou-se na cadeira enquanto estava aturdida.

As palavras "como uma criança perdida" daquela tarde foram repetidas muitas vezes dentro de sua cabeça.

Quando ela de repente deixou seu olhar cair, lá estava o imóvel Davis-kun. Ele estava imóvel, sem sequer uma contração, com uma expressão que parecia a ponto de dar uma risada americana: — HAHAHAHAHA! — a qualquer momento.

— Ó vento...

Liliana recitou um verso de um encantamento. Na mesma hora, uma brisa soprou, e Davis-kun começou a se mover, estremece!, estremece!, treme!, treme!, como se tivesse ganhado vida. Foi algo muito cômico. Como se estivesse zombando de Liliana, que ainda abrigava uma névoa que não conseguia dissipar.

— … maldito seja, Davis-kun.

Ela tentou ofender o boneco com um tom que estava fora do normal para ela. Desferir ofensas quando o boneco se movia, embora fosse ela mesma o movendo, parecia que Liliana estava “se soltando”.

Mas, naquele momento, um som de batida de repente ressoou. Liliana estremeceu e, em estado de choque, respondeu, embora sua voz se tornasse um pouco estridente.

Assim, quem entrou foi Hajime.

— Ei, posso te incomodar um pouco?

— Si-sim. Não precisa dizer um pouco, por favor, sinta-se à vontade para fazer o que quiser. Mas, haverá uma palestra logo de manhã, então se eu puder dormir logo...

— Não estou aqui para isso. Ou melhor, você acha que sou um cara frívolo que vai dizer algo como "deixa eu me divertir um pouco", hein?

Hajime sorriu de forma irônica para Liliana, que estava tendo um mal-entendido, enquanto respondia. E então, o rapaz sentou-se na cama e dirigiu seu olhar para a garota, que ficou com o rosto vermelho por seu mal-entendido.

— Bem, também não é algo tão grande como um assunto sério nem nada parecido... como você está se sentindo?

— … fufu. Também recebi essa pergunta da honorável sogra Sumire esta tarde. Eu realmente pareço estar estranha?

Ver como a mãe e o filho estavam igualmente preocupados com ela, isso fez com que Liliana soltasse uma risada.

Hajime arranhou sua bochecha constrangido enquanto respondia:

— Você não está agindo de forma incomum. É só que, você parece não ter energia. E a partir disso, parece que você está sombria porque parece que a própria Lili não entende porque não está enérgica como de costume.

Liliana sentiu uma sensação de cócegas, "Ele realmente está olhando para mim, hum?", enquanto abraçava os joelhos na cadeira. Sua figura, que ficou pequena na cadeira com apenas os dedos dos pés espreitando de sua lingerie larga e solta, era muito charmosa.

— Muitíssimo obrigada por se preocupar comigo.

— O que você está dizendo? Sou seu marido, não sou? É óbvio para o marido se preocupar com a esposa.

Mais uma vez, foi uma frase semelhante da mãe e do filho. Desta vez, Liliana ficou tão entretida que riu um pouco mais alto.

— Estou bem, Hajime-san. Sério, é que às vezes me sentia um pouco triste. Não é nada demais.

Hajime suspirou para Liliana que estava dizendo tal coisa. E então, ele de repente se levantou e ergueu Liliana no colo.

Hajime sentou-se mais uma vez sobre a cama. No entanto, desta vez, o rapaz colocou Liliana em seus braços.

Err, Hajime-san? Como pensei, vo-você vai fazer aquilo?

— Não vou. O interior da cabeça de Lili é inesperadamente colorido de rosa, hein? Não, talvez não seja inesperado. Em primeiro lugar, você tem um hobby de criar delírios.

As bochechas de Liliana ficaram vermelhas com sua mão em suas próprias roupas. Hajime dirigiu um olhar caloroso para ela. Liliana ficou amuada.

— Não faça essa cara. Nos últimos tempos, estou incomodado. Não estou perguntando por Lili, mas porque quero saber. Ouça o pedido do seu marido.

Uu. Essa maneira de falar não é justa.

Liliana gemeu em uma voz pequena.

E então, a força deixou seu corpo como se ela estivesse desistindo, e a garota começou a falar sobre suas emoções sobre as quais ela mesma não tinha certeza.

De acordo com ela, o tempo passado na família Nagumo foi realmente feliz.

Segundo a moça, a palestra na faculdade também foi muito interessante.

De acordo com a princesa, não havia nada mais fácil para seu coração do que esta situação onde poderia brincar, aprender sobre o que ela gostava, e ter um dia em que não precisava fazer nada.

Segundo a garota, agora, ela estava vivendo como em seus sonhos, sem ansiedade ou pressão, passando dias felizes sendo cercada por suas pessoas amadas.

De acordo com ela, todos os dias eram significativos.

Quanto mais ela falava, mais sentia que não havia nenhum problema. Mas, a expressão de Hajime, que estava olhando fixamente para a falante Liliana, foi aos poucos se tornando espantada, não, para ser mais preciso, havia uma cor de exasperação que estava começando a habitar em sua expressão.

Se perguntassem por que a expressão dele estava assim, era porque apesar de Liliana estar falando de coisas felizes, sua expressão parecia um pouco insatisfeita.

Liliana não percebeu a expressão de Hajime assim, e, no final, ela resumiu seu próprio sentimento:

— É provável que estou carente de um objetivo dentro de mim. Com certeza, o que deveria fazer é encontrar um grande objetivo e me dedicar a ele, assim como Hajime-san e as outras que estão fazendo o seu melhor a fim de gerir as empresas. Sim, deve ser isso. Parece que consegui entender enquanto estava falando. Por enquanto, vou aprender economia até o fim, porque será útil no futu-...

— Não, não é isso.

Liliana enfim olhou para Hajime após ser interrompida. E então ela notou. Que o rosto de Hajime, por alguma razão, estava absurdamente exasperado!?

— Ha-Hajime-san? Eu, disse algo estranho?

Aaaaa, hã-hã, o que você diz. Você é estranha. Sobretudo com o que se passa em sua cabeça.

— Isso é cruel!? Essa é uma ofensa impensável! Mas o que em mim é estranho!?

Como esperado, Liliana não poderia perdoar a linguagem abusiva de Hajime, e ela surtou irritada enquanto o questionava. Isso fez com que Hajime ficasse sem palavras.

A princesa adivinhou que de alguma forma o Sinergista notou algo que ela mesma não percebeu. Então ela esperou por uma resposta mesmo enquanto estufava suas bochechas.

Hajime de repente levantou-se e casualmente jogou Liliana na cama. A garota quicou e olhou para o rapaz enquanto se sentava direito.

— Ouça bem, vou dizer isso a partir da conclusão. A verdadeira identidade de sua tristeza é "insuficiência".

Err... é por isso que, eu disse que encontraria um objetivo e trabalharia duro.

— Não, não é isso. Mesmo que você faça isso, não vai ficar satisfeita. Não será o suficiente. Seus sentimentos obscuros não serão esclarecidos em nada. Posso te garantir.

Eeeeee? Então, o que é que você quer dizer?

Liliana inclinou a cabeça confusa, como se perguntasse: "Mas então, o que é que você quer dizer?". Hajime abriu a boca enquanto estava parecendo que ficou com dor de cabeça, como se isso fosse algo inesperado.

— Trabalho que é forçado para você.

— Sim?

— Prazo de entrega limitado.

Err

— Casos que causam dores de estômago. Pressão tremenda.

— Com licençaaaa, Hajime-san? O que você está…

— Um problema onde fugir não é permitido. A palavra responsabilidade que atravessa a mente.

— Vo-você está ouvindo, Hajime-san?

— A montanha de papelada que se amontoa de forma impiedosa, apesar de você já estar cansada pela falta de sono.

— ...

Liliana enfim ficou em silêncio antes de Hajime ter gritado como se para desferir o golpe final.

— Trabalho, trabalho, trabalho, tanto trabalho que você está literalmente "atolada de trabalho"!! Uma obra com uma grande responsabilidade que te dá vontade de vomitar!!

— … … … kufuh...

Liliana se contorceu. Ela olhou ao redor enquanto dizia: — Agora mesmo, você ouviu algum tipo de risada estranha? — De modo natural, não havia ninguém dentro da sala, exceto Hajime, que estava de pé imponente e o trêmulo Davis-kun.

— Não, foi você mesma, você.

Eh? O que você quer diz-…

O olhar de Hajime, cuja hipótese tinha se transformado em convicção, agora tinha passado de exasperação e se transformou em piedade enquanto a mão do rapaz pegava um espelho que estava sobre a mesa.

— Lili. Tente confirmar, que tipo de expressão você está mostrando neste momento.

— As palavras e ações de Hajime-san são enigmáticas já há algum tempo...

Mesmo enquanto falava assim, Liliana obedientemente aceitou o espelho, olhou para o próprio rosto e... ela congelou.

Isso era compreensível.

Afinal, no espelho, havia uma expressão incompreensível que estava tomada pelo desagrado, ainda assim, por alguma razão, os olhos nessa expressão estavam queimando com um sorriso destemido se fundindo nos lábios. Se fosse dito de forma direta, essa era uma expressão realmente arrepiante. E essa expressão estava colada em seu próprio rosto!

Liliana inclinou a cabeça pensando: "Meu Deus? Por acaso, existe outro mundo dentro do espelho?", enquanto tentava bater no espelho, virando-o de cabeça para baixo enquanto o balançava. Mas não importava o que acontecia, a Lili assustadora não iria desaparecer.

Liliana olhou para o próprio rosto por um tempo antes de jogar o espelho para longe. E então ela virou seu olhar para Hajime enquanto colocava o rosto entre as mãos.

— Ha-Hajime-san! Mas o que você fez comigo! É cruel que você faça meu rosto ficar assim!

— Não estou fazendo nada. Era apenas a natureza real de Lili emergindo em seu rosto.

— O que quer dizer com a natureza real!?

Por enquanto, Liliana colocou a culpa de seu rosto terrível em Hajime, mas o Sinergista então apontou o dedo com um estalo para ela.

"O que significa natureza real? Se você não entendeu, eu lhe direi."

Com os olhos brilhando como um detetive encurralando o criminoso, Hajime expôs a verdade para o mundo!

— Lili. Você é... uma genuína, e além disso está em um nível altíssimo, ou melhor está no nível de perversão anormal, WORKAHOLIC4!!

— O QU-QUE VOCÊ DISSEEEEEEEEEE!! Não, wookaa… o que é isso?

Liliana tentou ficar chocada após seguir o clima, mas a garota então inclinou a cabeça com a palavra que ouviu pela primeira vez.

— Isso refere-se ao vício no trabalho. O primeiro da lista é o trabalho, o segundo é o trabalho, o terceiro e o quarto também são o trabalho com trabalho no quinto lugar. Vida pessoal? O que é isso, é de comer? Hobby? É o trabalho, você tem algum problema com isso? O termo refere-se a esse tipo de pessoa. Além disso, no caso de Lili, isso não se aplica a mero trabalho normal. Você não é capaz de se sentir satisfeita a menos que seja algo forçado a você, com pesada responsabilidade, e sua qualidade e quantidade estão em modo super-rígido. Você é uma viciada em trabalho em um nível pervertido anormal.

E, ee!? Vo-você está errado! Em vez disso, eu realmente odeio trabalhar!

— … na verdade, nos últimos tempos, houve um caso em que o atrito está aparecendo que diz respeito à segurança pública, e pode até haver vítimas mortas se a discussão falhar. Lili, estou pensando em deixar isso para você...

Eh!?

Os olhos de Lili-chan estavam brilhando de forma intensa.

Hajime logo pegou o espelho que foi jogado há pouco e o colocou na frente de Liliana. A cena entrou em seus olhos, a visão de seu próprio rosto com uma expressão incompreensível que parecia descontente ao mesmo tempo que parecia encantada. Em certo sentido, era uma expressão com uma soberba harmonia entre as duas emoções.

— Minha-minha natureza real é, uma workaholic... além do mais, está em um nível pervertido anormal...

Liliana desmoronou. Ela caiu da cama, e então tremeu, assim como Davis-kun, enquanto seus olhos estavam perdendo o foco.

Mesmo que ela devesse ter se afastado do dever da realeza e cruzado os mundos para perseguir a felicidade como uma garota normal, como esperado, era insuficiente quando ela não tinha quaisquer deveres...

No entanto, quando isso foi apontado para ela dessa forma, essa com certeza era a verdade. Mesmo quando ela obteve o conhecimento para viver, mesmo quando se esforçou para estudar na universidade, mesmo quando construiu novas relações humanas, e mesmo quando foi a algum lugar e fez alguma coisa, tudo isso foi por ela mesma.

Não importava o que acontecia, a consequência só afetaria a si mesma. Quando ela falhasse, não haveria nenhuma perda considerável nem nada do tipo. Mesmo que, por exemplo, uma situação inesperada que ultrapassasse a faixa aceitável ocorria, diante de sua nova família, isso não seria nada mais do que um assunto pífio.

Era mesmo uma vida no Modo Fácil.

Comparada a estar no topo de uma nação, liderando o povo e lutando contra um poderoso inimigo, esta vida era verdadeiramente, verdadeiramente...

... branda...

Hau!?

— E-ei, Lili? Você está bem?

O sentimento em relação à sua vida na Terra que estava espontaneamente se alagando dentro dela fez com que Lili se agitasse com as mãos pressionando o peito.

... Liliana S. B. Hairihi, 17 anos de idade. A princesa do Reino Hairihi.

Desde que ela nasceu, a garota esteve imersa em "coisas que devem ser feitas, custe o que custar". A partir daí, seu corpo tornou-se algo que não se contentava com "coisas que ela mesma podia escolher e querer fazer"!

Me dê mais trabalho! Trabalho que incomoda tanto à mente que parece que os vasos sanguíneos da cabeça vão explodir! Problemas urgentes que não são nada menos do que excessivos. Papelada que está se acumulando como uma cadeia de montanhas, que te faz alucinar como se não fosse acabar por toda a eternidade!

— Eu não sou esse tipo de mulher perigo-... nn!!!

— Eeei. Sério, você está bem, Lili!?

Liliana segurou a cabeça enquanto se contorcia devido à sua natureza real. Mesmo sentindo-se assustado, Hajime tentou acalmá-la de alguma forma.

Trinta minutos mais tarde.

Liliana, que de alguma forma se acalmou, agora estava sentada abraçando os joelhos, sentindo-se abatida. Enquanto ela estava assim, Hajime cruzou os braços e quebrou a cabeça: — Hmmmm.

— … Hajime-san. Talvez seja melhor que eu vá para casa.

Hmm? De alguma forma entendo o que você está pensando, mas, por quê?

O corpo de Liliana se mexia inquieto, ela ergueu o queixo que estava sobre os joelhos levantados e falou com uma complicada expressão amuada:

— Como imaginei, não importa para onde eu vá, ainda sou uma princesa. Não importa o que eu faça, no final, vou resumi-lo para o ponto de ele se tornar vantajoso para o reino ou não. E então, a "insuficiência" na Terra, isso me causou problemas com Hajime-san e a sogra Sumire como agora.

Os ombros dela caíram, e a garota murmurou algo incompreensivo: — Alguém como eu, no fim, é apenas uma princesa que não pode se tornar uma garota normal.

Hajime sorriu de forma irônica ao responder:

— Bem, quer você vá para casa ou permaneça aqui, realmente não importa o que você vai escolher.

— Isso é cruel!? Isso é algo que você deveria dizer para sua esposa!?

O sorriso irônico de Hajime aumentou enquanto ele dizia: — Estou brincando. — para a enfurecida Liliana enquanto ele continuava falando:

— Olhe aqui, entendi desde o início que você não podia deixar de ser princesa, se lembra? Seu nível de princesa está um pouco acima da minha expectativa, mas... se você quiser trabalhar como realeza, então não vou impedi-la. Se Lili assim desejar, farei com que você possa ir e vir aqui todos os dias. Vou precisar me concentrar um pouco e melhorar o portal, mas... bem, vou conseguir de alguma forma. Por isso, não diga que você vai para casa parecendo tão desesperada.

— Hajime-san…

Claro, a própria Liliana também não estava séria quando disse que estava indo para casa. Mas, como esperado, era algo alegre de ouvir: — Não vá! — dito por seu amado.

Hajime continuou conversando com Liliana, cujas bochechas relaxaram.

— Disse isso várias vezes já, mas Lili, seja mais egoísta. Afinal, não importa o tipo de demanda impossível, farei isso de alguma forma.

— … sim.

Hajime disse isso enquanto acariciava a cabeça da garota com gentileza. O corpo de Liliana tremia como se ela estivesse em angústia. Os olhos dela estavam começando a exibir calor. Hajime evitou o olhar de tal Liliana e voltou para a conversa:

— E assim. Tornar-se uma princesa viajante também é uma maneira...

— Princesa viajante... é a primeira vez que ouço esse tipo de vocabulário. Mas, tenho a sensação de que dessa forma, no final, vou ficar atolada de trabalho de forma que não poderei parar, mesmo que queira.

— É, também penso assim. E então, que tal fazer trabalho diferente do da realeza? Mesmo que eu tenha dito que você ainda vai ficar sobrecarregada de trabalho, da mesma forma, então você estará moderadamente ocupada fazendo coisas com uma certa responsabilidade, assim, aos poucos, você vai se acostumar com o "trabalho moderado", e, com o tempo, seu corpo e coração vão se acostumar a "curtir o tempo livre". Algo como isso.

— Então, é como uma reabilitação? Eu me sinto um pouco preocupada...

"Eu sou uma pessoa doente, ah, sou uma viciada...", Liliana fez uma expressão complicada com esse pensamento. Hajime então sugeriu a garota se ele deveria deixar vários negócios para ela administrar.

Liliana ponderou por um pouco antes de balançar a cabeça.

— Não, vou me abster de trabalhar como representante de Hajime-san. Sei que mesmo fazendo qualquer outra coisa ainda terei a sensação de segurança de que tudo vai ficar bem, não importa o que aconteça, mesmo assim, acredito que fazer trabalho que não tem relação com Hajime-san para minha primeira reabilitação será o ideal.

Hmmmmm? Então é isso. Nesse caso, o que você fará?

Liliana levantou-se de repente e, enquanto saltava da cama, ergueu o punho e proclamou.

— Sim, eu decidi. Vou trabalhar em meio período!

Para ser honesto, não era como se Hajime não estivesse pensando: "Está tudo bem trabalhar meio período?", mas parecia melhor para Liliana estar em um lugar onde não contaria com o apoio do rapaz, então ele não disse nada.

E então, Liliana disse: — Meu objetivo, é ser uma garota normal! Não vou deixar ninguém dizer que sou uma workaholic de novo! — com a respiração ofegante de sua motivação fervente enquanto Hajime estava dando a ela um aplauso evasivo: — Óó, dê o seu melhoooor!


Notas

1 – O Grito é uma série de quatro pinturas do norueguês Edvard Munch, 1893. A obra representa uma figura andrógina num momento de profunda angústia e desespero existencial. O plano de fundo é a doca de Oslofjord (em Oslo) ao pôr-do-Sol. O Grito é considerado uma das obras mais importantes do movimento expressionista e adquiriu um estatuto de ícone cultural, a par da Mona Lisa de Leonardo da Vinci.

2 – Edvard Munch (Løten, 12 de Dezembro de 1863 — 23 de Janeiro de 1944) foi um pintor norueguês, um dos precursores do impressionismo e expressionismo alemão. Seu trabalho mais conhecido, O Grito, tornou-se uma das imagens mais icônicas da arte mundial.

3 – Síndrome de abstinência é um conjunto característico de sinais e sintomas que ocorrem após a interrupção (ou, em alguns casos, diminuição) do consumo de uma droga, seja ela um medicamento ou uma droga de abuso. O quadro clínico de uma dada síndrome de abstinência varia de acordo com a droga consumida. A identificação do tipo da droga usada é importante para o correto tratamento, mas o abuso de mais de um tipo de droga é comum. Algumas drogas atuam como neurotransmissores externos, substituindo os neurotransmissores orgânicos, que "desligam". Se a droga é cortada abruptamente, os processos químicos que permitem a comunicação entre os neurônios são interrompidos, cortando a comunicação do sistema nervoso com o resto do corpo, o que pode, no limite, levar o indivíduo em abstinência à morte. A heroína, principalmente, tem esse efeito. O álcool, a maconha e a cocaína também atuam como neurotransmissores externos, mas em menor intensidade, de modo que as crises de abstinência costumam ser menos graves.

4 – Trabalhador compulsivo, ou workaholic, é uma pessoa que trabalha compulsivamente. Enquanto o termo geralmente implica uma pessoa que gosta de seu trabalho, ele também pode implicar que ela simplesmente se sente obrigada a fazê-lo. Não há definição médica universalmente aceita desta como uma condição, apesar de que algumas formas de estresse, transtorno de controle de impulso e transtorno obsessivo-compulsivo podem ser relacionadas a trabalho.



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