Volume 2
Capítulo 72: A revelação (2)
— Aqui está a Espada de Aço Damash, que Sua Senhoria possa fazer um bom proveito — expressei, vendo o servo olhar com fervor para a espada de padrões mesclados.
— Obrigado, Jovem Mestre Hyan. Entregarei esse tesouro diretamente nas mãos do meu senhor. Tenha um bom descanso — declarou o servo da Família Dandin, entregando um pequeno baú de madeira, enquanto se retirava com a Espada de Aço Damash em mãos.
Vendo-o ir embora, suspirando finalmente em alívio, fechei a porta; quando andei até uma poltrona de couro, enquanto todos os presentes me olhavam com curiosidade, tendo o pequeno baú em minhas mãos.
Assim, sentando-me confortavelmente, colocando o pequeno baú de madeira sobre a mesa, acabei abrindo-o, quando deixei que todos os presentes saciassem a curiosidade em seus corações.
— Esse não é o mesmo tesouro que recebemos após a disputa? — indagou Adália de repente, se aproximando ao ter sua curiosidade instigada.
— Honestamente, com tanto tesouros o Barão Dougan somente ofereceu essa pelota pela Espada de Aço Damash? Não acredito que sua família está tão pobre para ter somente esse tesouro em sua posse — expressou Lytian, observando seu filho colocando a outra pelota escarlate sobre a mesa.
— Pai. Você está enganado, os tesouros em posse da Família Dandin não são menos preciosos que os possuídos por nossa família. Claro, o cadáver do Abyssador e Sharky são definitivamente uma exceção.
— E por mais que pudesse pedir mais tesouros, queria deixar uma boa impressão, desde que você sabe o que ocorrera no futuro, não quero que sua raiva e ressentimento decaiam muito rápido sob a Família Fayfher. Portanto, um relacionamento ponderado pode nos fornecer algum tempo — expliquei.
— Entendo. Você pode explicar então o que são exatamente essas pelotas estranhas? — perguntou Lytian, fechando brevemente os olhos, pensando por um instante nas palavras do seu filho.
— Corações Cristalizados... — respondi, vendo sua confusão.
— Essas pelotas são corações cristalizados de bestas monstruosas. Mais precisamente, pedras da alma, fontes de energia gerados por essas criaturas ao se desenvolverem até um certo patamar, não diferente de nosso centro de energia — expliquei, tornando minha voz ter um certo grau de seriedade.
— Tem certeza? Isso não parece uma pedra da alma — murmurou Lytian, ciente que pedras da alma era um dos principais recursos que os aventureiros possuíam, sendo usados na fabricação de medicamentos, armamentos, formações, assim como em outros ofícios ao serem processados.
Entretanto, por mais que uma pedra da alma fosse valiosa, Lytian não achava que seu valor correspondia a uma Espada de Aço Damash. Além disso, as pedras da alma normalmente não ultrapassavam o tamanho de uma pequena pedra, mas essas pelotas certamente era muito maiores que isso.
— Hehe! Eu posso entender o que passa em sua mente, pai. Isso ocorre porque atualmente as pedras da alma não são verdadeiramente valorizadas, principalmente com os métodos que temos atualmente.
— Mas antes que possa adentrar em seus detalhes, deixe-me mencionar algo antecipadamente. Não sei se estão cientes. Mas assim como os cultivadores, as bestas monstruosas também podem ser classificadas em sua força.
— Normalmente, bestas monstruosas se resumem as criaturas que detenham uma força comparável ao Reino do Despertar, no máximo o Reino Corporal. O que significa que existe outros tipos de bestas mais formidáveis a serem encontradas — esclareci calmamente.
— Uma besta mais forte que as bestas monstruosas, é as Bestas Temíveis. A sua força se compara aos cultivadores do Reino Espiritual, como as mais poderosas podem até enfrentar diretamente cultivadores do Reino da Conexão Anímica.
— Além disso, elas detém uma mente mais perspicaz, tendo a capacidade de formar grupos entre sua própria espécie, não podendo assim ser facilmente negligenciadas como meros animais.
— Então temos as Bestas Superiores, seres que possuem uma espécie de autoridade entre essa hierarquia selvagem, detendo pequenos territórios, como servindo como figuras influentes mesmo diante os verdadeiros soberanos da vida selvagem.
— Quanto aos próprios soberanos, sendo uma existência que já mencionei anteriormente. São as Bestas Soberanas, como a categoria que pertencem a linhagem de Feng e Lya, podendo controlar uma área tão grande quanto um reino, disseminando assim sua autoridade sob diversas espécies — expliquei, tendo todos prestando a devida atenção.
— Enfim. Essas pedras da alma são o centro de energia de uma Besta Superior. Entretanto, sua aparência atual é devido a um antigo método de preservação, onde os cultivadores daquela época usavam a pele e a própria carne da besta para envolver e preservar a pedra da alma — expressei, tendo um leve tom de seriedade em minhas palavras.
— Porém, o mais importante, não é sua aparência, mas sua utilidade. Além disso, atualmente poucos cultivadores podem enfrentar uma Besta Superior de frente, demonstrando como é precioso e difícil obter esse tipo de recurso — expressei, vendo meu pai suspirar ao entender minhas intenções.
Em outras palavras, esses corações cristalizados pertenciam a bestas indescritivelmente poderosas, poderosas a um ponto que nenhum dos presentes, incluindo a mim, poderia enfrentar.
— Suspiro. Eu compreendo, Hyan. Então, como você pretende utilizar esses corações cristalizados? — indagou Lytian, não ficando mais surpreso com o conhecimento de seu filho.
— Bem... Os corações cristalizados, ou pedras da alma como preferir; podem ser utilizados como grandes geradores de energia, e diferente das pedras elementares, podem não só emanar uma grande quantidade de energia, mas também absorverem.
— Portanto, diante uma capacidade tão importante, gostaria de utiliza-las para criar um Coração Arcano, mais precisamente, um importante controlador de matrizes arcanas — expressei, tendo que conter a empolgação em meu coração.
— Enfim, para que entendam seu valor, irei dar uma explicação simples. Nossa oficina mágica por exemplo, por mais que me empenhe nas formações em seu interior, elas ainda dependem de pedras primitivas, como suas formações mais avançadas precisa de um operador. Caso contrário, Sheridan não teria conseguido invadi-la naquela época, mesmo com seu cultivo. — Apontei, sentindo uma certa indignação em meu coração ao relembrar o ocorrido.
— Mas em posse de um Coração Arcano; o mesmo pode servir como um operador. Um ser consciente sob meu total controle que irá operar diversas matrizes arcanas em minha ausência — expressei, mudando meu tom, adentrando um assunto muito importante.
— Atualmente, por mais que a Cidade de Eydilian aparenta ser grandiosa e segura. A verdade é que essa cidade não passa de algumas pedras empilhadas nos olhos de verdadeiros especialistas. As suas muralhas, que podem ser consideradas um símbolo de segurança, podem ser facilmente derrubadas a qualquer momento — declarei, sentindo-me impotente, principalmente ao ver seus olhares complicados, pois não compreendiam o verdadeiro perigo.
— E com um Coração Arcano; poderia criar uma barreira mágica que envolveria toda a cidade, nos protegendo de ameaças. Conseguiria até reforçar e encantar a muralha para suportar batalhas futuras; como criando formações que abasteceriam as casas das pessoas com água, luz e calor. Poderia até mesmo ser capaz de criar portais de deslocamento — expliquei, cerrando meus punhos ao lembrar das incríveis cidades nos Reinos Superiores.
— Enfim. O Coração Arcano tem a capacidade de gerar energia natural, não é algo que um talismã da convergência mágica pode se comparar. Portanto, cada pedra da alma de qualidade superior vale um preço incomensurável, desde que cada um que conseguirmos pode ampliar a área abrangente por suas capacidades.
— Além disso, atualmente, contando com o coração cristalizado que adquiri de Asuma; que apesar de danificado ainda detém grande valor — temos três pedras da alma de qualidade superior.
— E apesar de não estar muito otimista anteriormente em sua criação, desde que não tínhamos capacidade de caçar essas poderosas criaturas; como infelizmente um único coração cristalizado também estava longe de ser o suficiente para sua formação…
— Felizmente, agora, com três corações cristalizados em nossa posse, podemos criar um Coração Arcano que abrange facilmente toda a Cidade de Eydilian, chegando até mesmo a envolver parte da fronteira com a Floresta da Perdição Rubra.
— Enfim. Tudo o que resta é encontrar outros recursos e começar o trabalho extenuante de reformar toda a fundação da cidade — declarei, sorrindo amplamente ao ver a expressão impotente de meus pais, sabendo que essas mudanças abrangeria um trabalho bastante cansativo.
— Compreendo. Prevejo que todo ouro que conseguiu nesse curto período é tudo para esse desenvolvimento, não é mesmo? — expressou Lytian impotente, tendo vontade de massagear suas têmporas, confiante que todo esse trabalho decairia sob seus ombros.
— Certamente. Afinal, você é o Conde de Eydilian, governante dessa cidade, assim como de todo esse território. Tenho certeza que é algo que possa lidar desde que se esforce — declarei, sorrindo.
— Além disso, não pretendo te deixar sozinho nesse imenso desenvolvimento, encontrarei alguns indivíduos capazes para lhe ajudar — expressei, sorrindo ao ver sua expressão cansada; tendo minha mãe sorrindo ao lado, vendo seu marido exausto somente de ouvir os problemas que teria que lidar no futuro.
Assim, adentrando em uma conversa entusiasmada, expressei todos os meus desejos, abrindo seus olhos para uma grande gama de possibilidades, tendo todos imaginando um futuro bastante esperançoso, sem ter que tentar sobreviver a cada dia, enfrentando a morte que se apresentava de diversas formas e raças.
E por mais que gostasse de conversar com minha família e amigos. Conforme ia escurecendo, meu sorriso acabou desvanecendo, onde eu era incapaz de não presenciar as atrocidades que ocorriam no subterrâneo.
— Urgh! Parece que chegou o momento, acredito que você vai se retirar agora, certo? — indagou Lytian, olhando para a janela, vendo a escuridão dominar o céu, assim como a expressão amarga e desagradável de seu filho.
— Hmm... Chegou a hora, preciso fazer isso, e apesar dos perigos, se conseguimos concluir essa situação como planejado, podemos usar isso a nosso favor ao negociarmos com outras raças, desde que a Tribo do Monte Branco são nômades, espalhando nossos feitos por muitas terras. — Apontei calmamente.
— Tudo bem, só tome o devido cuidado, filho. Estaremos preparados para se algo der errado — expressou Adália com relutância, olhando assim para seu filho e marido.
Desta forma, acenando para meus pais, tornei a direcionar meus olhos para Celine, que estava em um canto em silêncio, quando estendi meu braço direito em sua direção, presenciando sua expressão confusa.
— Irei precisar da sua ajuda, por mais que tenha capacidade e a força para me infiltrar no subterrâneo, ainda acabaria deixando rastros. Por isso, estarei a seus cuidados; Celine — expressei inesperadamente.
— Eu... eu não consigo levar outra pessoa com minha habilidade movimento das sombras — explicou Celine, desviando o olhar, como se não quisesse ver a decepção no olhar de seu companheiro.
— Hehe! Não se preocupe, eu já pensei em tudo, venha... — expressei sorrindo, quando a peguei pela mão, trazendo-a mais perto do centro da sala.
E diante os olhares confusos de todos os presentes, dei a volta em torno de Celine, quando retirei um Talismã do Covil das Sombras. E sob seus olhares chocados, o coloquei sob sua sombra, quando convergi minha energia, sendo rodeado por uma misteriosa aura, desaparecendo.
Choque! Tremor!
Tremendo, Celine sentiu algo adentrar seu corpo, foi muito estranho, e prometeu a si mesma que não permitiria mais ninguém além de Hyan fazer algo semelhante em sua vida.
— Celine. Tudo bem? Não ocorreu nenhum problema, certo? Acha que consegue mover Hyan em conjunto com sua habilidade? — perguntou Adália preocupadamente, não estando acostumada com esses feitos estranhos de seu filho, principalmente ao ver sua estranha reação.
— Eu... eu acho que não tem nenhum problema, só fiquei um pouco chocada como as coisas aconteceram... — respondeu Celine, vendo a expressão de todos.
Infelizmente, ainda inseguros, Lytian e Adália fizeram Celine andar por entre a sala, quando fizeram diversas perguntas. Entretanto, sentindo um olhar desconhecido caindo sobre seus corpos, suas dúvidas se dissolveram em sua maior parte, quando deixaram Celine desaparecer nas sombras.
— Espero que tudo dê certo... — murmurou Adália com preocupação, quando abraçou seu marido.