Volume 2
Capítulo 71: A revelação
Recebendo um aposento, tendo eu e meus familiares sendo guiados pelo servo da Família Dandin, minha família se estabeleceu em uma suíte, tendo dois quartos agregados a uma sala de estar, um tratamento de primeira qualidade, demonstrando a hospitalidade de sua família.
Assim, tendo meus pais se estabelecendo em um dos quartos; acabei ficando no outro em companhia de Elise e Celine, enquanto minha mãe expressava um leve sorriso em seu rosto.
No entanto, essa atmosfera singular não durou muito tempo, pois meu pai estava considerando seriamente a minha atitude até esse ponto, tentando compreender totalmente minhas intenções.
— Hyan. No final, qual é o seu objetivo... — expressou Lytian de repente.
A princípio, Lytian pensou que seu filho queria provocar a Família Dandin, encontrando assim posteriormente uma oportunidade de desfazer esse matrimonio. Mas deixou de lado essa ideia ao ver a ousadia inesperada de seu filho, restabelecendo essa relação.
— Simples. Eu vou matar a Jovem Dama da Família Dandin — expressei com indiferença; ao qual levantei uma barreira no entorno do aposento, quando presenciei a surpresa nítida nos olhos dos presentes.
— Hyan! Você sabe do que... — Aturdida, Adália não conseguiu evitar, querendo dizer algo a respeito. Entretanto, seu marido sinalizou em sua direção, pedindo que ficasse em silêncio.
— Explique... — falou Lytian gravemente, enquanto olhava atentamente para o rosto do seu filho. Porém, não conseguiu evitar de sentir um frio arrepiante passando por sua espinha — tremendo — enquanto entendia que não detinha qualquer hesitação no coração de seu filho.
— Como expliquei anteriormente, meu Sentido Espiritual pode ampliar em uma determinada área meus sentidos, ou você pode simplesmente dizer que se trata de um sexto sentido. Enfim, esse sentido não pode ser bloqueado ocasionalmente por objetos ou paredes... — expressei, mudando sutilmente o meu tom.
— Enquanto estávamos presente no salão, tendo vocês todos ocupados conversando... usei meu Sentido Espiritual para descobrir mais da intimidade de nossos anfitriões — esclareci, não conseguindo evitar da raiva surgir em meu tom.
— Essa família não merece continuar vivendo — proclamei seriamente, cerrando os meus punhos, enquanto olhava para cada presente com indescritível seriedade.
— No subterrâneo, abaixo da mansão, detém uma masmorra com escravos sendo cruelmente torturados. E por mais que entenda que essa realidade é algo presente entre a nobreza, eles não só estão sendo explorados... — Narrei, cerrando os meus dentes.
— Mesmo nesse exato momento... A estimada princesinha da Família Dandin está torturando os escravos por puro prazer, como se esse fosse o melhor meio de extravasar sua raiva e descontentamento... — Expressei lentamente essas palavras, cerrando ainda mais meus punhos, quando uma luz perigosa brilhava em meus olhos.
— Infelizmente, não posso salva-los, se fizesse algo assim no momento, então seriamos facilmente descobertos e destruídos — declarei, vendo todos em silêncio.
— Entretanto, tem uma figura especial entre eles. Essa pessoa pertence a Tribo do Monte Branco. E apesar de não saber que Mestre de Escravo foi tolo o suficiente para fazer algo assim. Diante à situação, alguém provavelmente vai vir em seu resgaste...
— Os membros da Tribo do Monte Branco são extremamente formidáveis, e mesmo eu não posso dizer levianamente que posso vence-los, muito menos você, pai, onde ainda não se acostumou perfeitamente com sua nova força.
— Entretanto, mesmo que formidável, não conseguiria invadir ou lutar contra uma cidade inteira — expliquei, sorrindo com desdém.
— Por isso, meu objetivo é simples, irei salvar essa criança, e impedirei temporariamente sua vingança, deixando que resolvam as coisas ao retornar da Cidade das Águas Daguna, após o Ritual do Despertar.
— Desta forma, sem ter qualquer relação com nossa família. O destino da Família Dandin estará selado — expliquei, sentando em uma poltrona, quando fechei meus olhos, estabilizando o meu humor.
E tendo uma atmosfera pesada envolvendo o ambiente, ninguém teve coragem de dizer algo a respeito; onde Celine ficou em um canto da sala, quando também fechou seus olhos, se perdendo em seus próprios pensamentos.
Elise, por outro lado, também indignada com os relatos, cerrou os punhos com força, odiando verdadeiramente esse tipo de pessoa. Contudo, ciente de suas capacidades, sabia que não poderia fazer nada a respeito, ficando consequentemente em silêncio.
Quanto Adália, vendo a expressão aparentemente calma de seu filho, sob o silêncio desconfortável que envolveu a sala. Abriu a boca diversas vezes, querendo dizer algo, desde que não concordava com esse resultado; mas seu marido sinalizou para que não o incomodasse.
Honestamente, Lytian poderia ver que seu filho estava determinado, e palavras não fariam qualquer diferença. Além disso, por mais que não gostasse desse método, Lytian também não tinha uma maneira de resolver a situação, como não estava disposto em compartilhar a glória com a Família Dandin.
E por mais que seu relacionamento fosse próspero na superfície, Lytian ainda se lembrava da arrogância, do desdém que a Família Dandin demonstrou quando vieram “estender” suas mãos.
A Família Fayfher era a segunda distribuidora de minérios da região sudoeste, somente perdendo para a Família Khaler, que governava a Cidade Subterrânea de Khalis, perto da Cidade das Águas Daguna.
E devido a localidade da Cidade de Eydilian, para levar seus produtos para a região central, passar por Gorea, Khalis e posteriormente Daguna era fundamental; desde que era impossível passar com grandes quantidades de mercadoria por dentro da Floresta da Perdição Rubra.
Desta forma, essas três famílias achavam que Lytian estava inconsciente de seus atos. Contudo, sabia perfeitamente que eram essas três famílias que emboscavam seus comboios no percurso a região central, ocasionando em muitas mortes e perdas, sem falar nas taxas que cobravam por percorrer suas terras.
Principalmente a Família Khaler, que disputava os preços de mercado, fazendo o possível para que a Família Fayfher tivesse prejuízos. Isso porque eles não precisavam arcar com muitos gastos durante suas viagens, já que seu território era próximo a região central.
E por mais que a Família Dandin tenha “estendido” suas mãos para ajuda-los, pacificando todas as partes, apesar na superfície o preço dos minérios ter se estabelecido em uma margem. A verdade era que uma porcentagem desse valor era direcionado as quatro famílias, em outras palavras, a Família Fayfher tinha que pagar para transitar seus produtos, sem mencionar os gastos com taxas e viagens.
Sem opções, vendendo seus produtos a um preço ridiculamente baixo, a receita da Família Fayfher tinha chegado ao fundo do poço. E mesmo os impostos cobrados dos habitantes, assim como dos viajantes, não poderia sustentar a renda de sua família. Tudo isso devido a localidade de sua cidade, que não tinha qualquer atrativo, tornando seus pais impotentes, vendo assim sua família degradando lentamente.
Batida na porta!
Enquanto todos estavam em silêncio, tendo cada presente pensando em questões que os incomodavam, alguém repentinamente bateu na porta, tendo Adália atendendo-a, quando recebeu o servo da Família Dandin.
— Lady Adália. Sua Senhoria procura respeitosamente a presença do Jovem Mestre Hyan. Se não tiver nenhum empecilho, por favor, deixe-me indicar o caminho. — Apresentou o homem, procurando gentilmente o futuro noivo de sua Jovem Dama.
E ouvindo suas palavras, abrindo calmamente os olhos, levantei-me; arrumando assim um pouco minhas roupas, quando olhei de relance para o meu pai, indicando para o servo demostrar o caminho.
Assim, sendo guiado, chegando em uma área restrita da mansão, era aqui que guardavam seus tesouros, como encontrei o Barão Dougan vestido elegantemente — tendo mudado suas roupas — recebendo-me com um sorriso largo e profundo.
— Jovem Mestre Hyan, por favor, acompanhe-me. Irei demonstrar os tesouros da minha família, espero que tenha algo de seu agrado — Falou Dougan, adentrando o grande portão, tendo dois cavaleiros estacionados em cada lado.
E adentrando seu salão de tesouros, devo dizer, seus procedimentos defensivos eram inesperadamente baixos, tanto que alguém como Celine poderia invadi-los facilmente. Entretanto, seus tesouros não poderiam ser ditos os mesmos.
De uma forma geral, a tesouraria da Família Dandin não perdia para a minha família. Claro, se deixarmos de fora tesouros como o Abyssador ou Sharky.
No entanto, por mais que estivesse surpreso e fazendo essa comparação em meu coração, essas coisas não me interessavam, sendo indignas ao valor atual da Espada de Aço Damash.
Decepcionado, andando continuamente entre os corredores da tesouraria, deixei nitidamente claro que ainda não tinha encontrado nada do meu agrado, onde o Barão Dougan me interrompeu com um leve tom de ansiedade em sua voz.
— Jovem Mestre Hyan, não tem nada que o agrade entre os tesouros em nossa volta? — indagou Dougan com certa urgência.
— Vossa Senhoria. Não é que seus tesouros não sejam do meu agrado, pelo contrário, estou surpreso que sua família, mesmo não detendo um território sob sua jurisdição, detenha tantas riquezas. É só que... — declarei, observando suas sobrancelhas franzindo sutilmente.
— O Mestre Ferreiro em nosso território trabalha em seu próprio ritmo, entende? Devido a isso, não tenho Espadas de Aço Damash aos quais posso equipar todos os meus soldados adequadamente, muito menos vende-las.
— Portanto, queria encontrar algo especial, algo exótico, incomum para ser preciso. Como o tesouro que me ofereceu anteriormente; desta maneira posso tentar agradar aquele velho excêntrico, tendo mais de seus favores — expliquei, não conseguindo conter o sorriso malicioso em meu coração.
— Entendo, um velho excêntrico, hein... — resmungou Dougan, olhando-me atentamente.
— Na verdade, Jovem Mestre Hyan. Detenho inesperadamente mais um daquele tesouro. Entretanto, como acabou de descrever, é algo que não pode ser facilmente estipulado o valor, portanto... — declarou Dougan, observando atentamente a minha expressão.
Sorrindo diante suas intenções, devo dizer, Dougan Dandin era um homem perspicaz. Anteriormente, tal tesouro não parecia valer muito a seus olhos, motivo de me recompensar anteriormente com um deles.
Entretanto, somente por aponta-lo vagamente, demonstrando o meu desejo; Dougan Dandin ainda assim percebeu essas pequenas sutilezas, tentando retirar algumas informações da minha boca, por menor que fossem.
— Vossa Senhoria deve estar brincando, certo? Por mais que seja difícil definir um preço, se leiloasse a Espada de Aço Damash entre tantas famílias, definitivamente conseguiria uma pequena fortuna, algo que poderia comprar uma dúzia, se não mais desses exóticos tesouros, não concorda? — declarei, sorrindo sutilmente, quando presenciei sua feição se escurecer.
— O Jovem Mestre Hyan é alguém maldoso, mas não vamos nos aprofundar na questão, você é meu futuro genro. Portanto, um valor desses não deve ser mencionado. Mandarei um servo entregar o outro tesouro em minha posse, acredito que isso seja suficiente, certo? — indagou Dougan.
— Bem... estava interessado em mais alguns itens. Contudo, como Vossa Senhoria mencionou, logo seremos considerados como uma família, seria desagradável da minha parte insistir no assunto, então deixaremos dessa maneira — declarei, mostrando uma expressão injustiçada, observando assim seu rosto distorcido.
Enfim, voltando a andar, caminhando entre os corredores rodeados de tesouros, Dougan Dandin indicou a saída da tesouraria, quando perguntou a coisa mais importante em seu coração.
— Jovem Mestre Hyan, desde que chegamos a um acordo que satisfaça ambas as partes. Aproveitando a ocasião, gostaria de perguntar sobre a armadura de sua protetora. Honestamente, nunca presenciei algo tão impressionante, e mesmo não sendo experiente na arte da forjaria, acredito que seja um tesouro de valor inigualável, não é mesmo? — indagou Dougan, encarando-me minunciosamente.
— Hã! Ah! Você está mencionando a Armadura das Rosas Escarlates... Admirável, certo? — perguntei, não escondendo o meu sorriso orgulhoso.
— Hmm... Armadura das Rosas Escarlates, hein... Então ela foi batizada com esse nome. Sim, certamente é algo admirável — respondeu Dougan, mas era fácil ver o ciúmes no fundo de seus olhos.
— Sabe, Vossa Senhoria, sinceramente acabei trazendo este inestimável tesouro para demonstra-lo no encontro de nobres durante o Ritual do Despertar. Principalmente para enfatizar a força da Família Fayfher. Você entende, certo? Não queremos que outros nos subestimem, não é mesmo? — declarei, tendo minha voz mudando para um tom mais áspero.
— Ainda mais quando pretendo estabelecer uma rota comercial para os meus instrumentos mágicos, tendo provavelmente inimigos que desejam bloquear o meu caminho. Mas tenha a certeza, irei definitivamente extermina-los, deixando claro a mensagem para as famílias que desejam se opor a Família Fayfher — expressei, deixando escapar por um breve instante a minha intenção assassina.
— *Tosse*... O Jovem Mestre Hyan certamente tem um discernimento claro de nossa sociedade. E por mais que acredite que tenha tudo sob controle, se precisar, o apoio da minha Família Dandin estará certamente a sua disposição. — Ofereceu Dougan prontamente, onde não consegui evitar de zombar em meu coração.
A Família Dandin era somente uma família com baixos status diante a visão geral do reino. Portanto, não tinha permissão para manter uma força particular própria. Em resumo, somente Senhores Feudais e a própria Família Real poderiam manter um exército.
Outros nobres poderiam no máximo ter uma guarda particular formada por cavaleiros; caso contrário, dependeriam principalmente de grupos mercenários, ou aventureiros.
A Família Dandin por mais prestigiosa que aparentasse, suas forças “particulares” eram levantadas pela Família Gonares. E no pior dos casos, poderiam simplesmente serem descartados. Portanto, nesse caso, a Família Dandin não poderia ajudar praticamente em nada, desde que suas forças não eram realmente de sua autoridade.
— Agradeço, esse é um gesto que demonstra a consideração de Vossa Senhoria. Mas, por agora, pretendo me retirar para descansar, desde que voltaremos a viajar amanhã cedo. Peço que não se ofenda — expressei, estando um pouco farto dessas interações.
— O Jovem Mestre Hyan é muito cortes. Na verdade, também estou fazendo os preparativos necessários para que possamos acompanha-los durante essa viagem. E desejo que durante esse período possa interagir com minha filha, perdoando-a caso o tenha ofendido — declarou Dougan Dandin, vendo um leve sorriso surgir no rosto a sua frente, tornando-o a sorrir genuinamente.