A Saga de Hyan Fayfher Brasileira

Autor(a): A. F. Willians


Volume 2

Capítulo 70: Um confronto (3)

 

 

 

— Igualmente, sou Elise. Atualmente considerada o braço direito de Hyan Fayfher — declarou Elise com indiferença, se posicionando para a batalha.

Um pouco arrependido, vendo a indiferença em sua voz, Hilbert sorriu impotente, sabendo que era tarde demais para causar uma boa impressão; entrando assim em sua postura de combate.

Desta forma, finalmente começando o confronto. Sem mais delongas, Hilbert tomou a iniciativa, quando começou a andar em uma formação circular, contornando sua adversária na oportunidade de encontrar uma abertura.

Porém, por mais que procurasse, nada poderia ser encontrado; Elise se mantinha parada, sem mexer um único músculo, enquanto os padrões de sua armadura brilhavam incessantemente.

E esse brilho, como sua postura, o deixava ansioso. E não suportando mais, Hilbert avançou em direção a suas costas, onde mesmo com sua aproximação Elise, não se mexeu. Quando, lançando uma estocada com sua espada, estando muito perto, quase acertando-a. Hilbert finalmente vislumbrou a reação de seu oponente.

Impacto!!

Conforme sua espada estava a poucos centímetros de seu corpo, Elise moveu rapidamente os seus pés, desviando por pouco de sua espada, quando se reposicionou ao seu lado, usando seu escudo para acertar Hilbert, que passava por sua antiga posição.

Bang!

Surpreso por sua rápida reação, Hilbert convergiu toda sua energia carnal para seu braço esquerdo, colidindo com o escudo vindo em direção ao seu rosto, quando se reposicionou, levando sua espada para colidir contra a espada longa de sua adversária.

Colisão! Tintilar!!

Afastando-se brevemente, Hilbert pisou com força no solo, estabelecendo com firmeza sua postura, quando se preparou novamente para o confronto; vendo Elise avançando agressivamente.

E atacando com uma estocada. Hilbert não teve escolha além de esquivar, quando o escudo veio novamente contra seu corpo, sendo usado eficientemente para quebrar sua ofensiva, não deixando assim que dominasse o ritmo da batalha.

E após a colisão, Elise girou seu corpo, atacando novamente com sua espada, não deixando que Hilbert tivesse a oportunidade de tomar qualquer atitude.

Assim, agachando, escapando por pouco de sua espada, Hilbert vislumbrou uma joelhada em direção ao seu rosto, onde apressadamente bloqueou, vislumbrando Elise em seu encalce, usando novamente o escudo contra seu corpo, tendo sua adversária o acompanhando de perto.

E diante esse estilo incessante e agressivo, Hilbert não conseguia suprimir seu descontentamento, sabendo que não tinha margem para usar suas habilidades, como um único erro poderia irromper com a equiparidade do confronto.

Desta forma, conforme o embate se arrastava, poderia não aparecer. Mas Elise tinha a desvantagem. Afinal, não tinha o suporte da energia interna. No entanto, ela não estava nervosa; na verdade, todo o confronto até esse momento era um preparativo para o próximo movimento.

Se aproximando, utilizando de seu estilo agressivo, conforme Elise usava seu escudo para desestabilizar seu oponente, se aproveitando cada vez mais do combate a curta distância. Elise conseguiu bloquear a visão de Hilbert, quando seu pé dianteiro se posicionou sutilmente atrás da perna de apoio de seu oponente.

Colisão!!

Desta forma, recebendo uma escudada impiedosa de Elise, tendo sua base desestabilizada. Hilbert foi pego totalmente desprevenido, pois, inconscientemente, não acreditava que sua adversária detinha tais artimanhas em seu arsenal. Um erro, pois tinha se acostumando com seu estilo direto e agressivo depois de tantos golpes.

Talvez, se fosse no começo do confronto, Hilbert poderia ter ficado mais atento nessas táticas. Contudo, estava cansado, sua mente estava em constante pressão; sendo forçado por seus ataques contínuos, assim como sua excelente técnica de movimentação.

Portanto, perdendo seu apoio, vendo a espada de Elise em sua direção com um impulso impressionante, não foi preciso dizer que Hilbert se defendeu com grande dificuldade, ressoando um forte som metálico por todo o pátio interno.

Colisão! Tintilar!!

Entretanto, a enxurrada de ataques de Elise não acabou. E sabendo da situação difícil que se encontrava, Hilbert, ciente que caiu na armadilha de seu oponente, poupou um pouco de sua energia para escapar de sua escudada, conseguindo com sucesso esquivar-se, vendo-a passar bem perto do seu rosto.

Baque! Confusão!!

Entretanto, assim que o escudo passou bem próximo de seu rosto, o cotovelo de sua adversária estava dobrado em sua direção, sendo escondido eficientemente por seu escudo, acertando-o em cheio.

Atordoado, sendo pego de surpresa. Hilbert se recuperando quase instantaneamente; mas percebeu impotente que uma espada aguardava em seu pescoço.

Derrotado, ciente que tinha perdido para a tática perspicaz de sua adversária, Hilbert percebeu que mesmo suas escudadas implacáveis era somente uma fachada para seu verdadeiro objetivo.

— Eu perdi. Obrigado por essa experiência — declarou Hilbert, se recompondo. Quando se curvou a Elise, avançando com certa hesitação em direção ao seu senhor.

— Hehe! Parabéns, Elise! Esse foi sem dúvidas um confronto impressionante, tenho certeza que seu nome será definitivamente espalhado pelo território — falei, me aproximando, enquanto Elise retirava o elmo, soltando seu longo cabelo avermelhado.

— Eu tive um pouco de sorte, meu oponente não era tão experiente quanto o esperado, se tivesse cometido um único erro, então eu seria a derrotada — expressou Elise, estando claramente muito cansada. Mas ainda assim um pequeno sorriso surgiu em seu rosto.

E sorrindo diante suas palavras. Sabia que Elise estava muito mais satisfeita e exultante do que aparentava, mas decidi guardar isso para mim mesmo.

Nesse momento, conseguia ouvir a Jovem Dama da Família Dandin gritando com Hilbert, enquanto o Barão Dougan deixava seu partido, se aproximando lentamente do nosso grupo, tendo um servo ao seu lado, trazendo nossa recompensa.

— Vossa Graça. Jovem Mestre Hyan. Assim como acordamos, aqui está a recompensa — declarou Dougan um pouco indisposto, quando indicou ao seu servo.

Desta forma, recebendo a pequena caixa de madeira, fiquei um pouco curioso com o tesouro, onde em seu interior repousava uma espécie de pelota estranha, sendo um pouco maior que a palma da minha mão, tendo uma tonalidade escarlate.

E diante a expressão dos presentes, não precisava pensar muito para entender que nenhum deles sabia a verdadeira utilidade de tal tesouro, ao qual guardei; recebendo-o com grande satisfação.

— Obrigado. Vossa Senhoria de fato é alguém de honra e palavra. Entretanto, acredito que esse pequeno entretenimento acabou criando uma certa rivalidade e ressentimento entre nossas duas famílias, isso é algo que não desejo. Portanto, espero que possa escutar o que tenho a dizer... — expressei, surpreendendo Dougan Dandin.

— O Jovem Mestre Hyan certamente está exagerando com suas palavras, eu jamais guardaria ressentimento com algo tão trivial. Mas gostaria de ouvir o que tem a dizer... — falou Dougan, olhando com cautela para o jovem em sua frente, não o subestimando mais de forma alguma.

— Bem, como Vossa Senhoria está ciente, muitas coisas aconteceram nesse último ano no território de minha família, e uma delas é a prestigiosa presença de um Mestre Ferreiro. Portanto, anteriormente, detinha a intenção de vender uma Espada de Aço Damash no leilão da Cidade das Águas Daguna.

— Contudo, diante as coisas que ocorreram, acredito que nesse momento o correto seria negociar com a Família Dandin tendo nosso relacionamento em conta. Claro, se você desejar obviamente. Mas acho que não preciso dizer o valor de uma espada tanto purificada, quanto encantada deve valer — expressei vagamente.

— Além disso, como noivo, adoraria presentear minha futura esposa no momento de nosso casamento com o melhor que tenho a oferecer, providenciando assim um belo artefato de proteção, garantindo sua segurança, como evidenciando ainda mais sua beleza — declarei cordialmente, vendo sua surpresa inesperada.

Sorriso!

— Entendo. O Jovem Mestre Hyan de fato sabe conduzir as coisas. Acredito que essa seja a maior fortuna da minha Família Dandin ao tê-lo como genro... — declarou Dougan, satisfeito.

— Quanto a proposta, aceito de coração; irei pedir a um servo que indique seus aposentos para que eu possa fazer meus preparativos, encontrando o Jovem Mestre Hyan posteriormente. Assim, podemos chegar em um acordo que agrade ambas as partes — explicou Dougan, sorrindo evidentemente, quando ordenou ao seu servo.

Desta forma, sendo conduzido. Dougan observou seus convidados se retirando calmamente, quando escondeu seu sorriso; mas a satisfação ainda estava presente em seus olhos.

Assim, voltando para onde estava sua família, Dougan ainda podia ver a insatisfação, a indignação evidente na atitude de sua filha, amaldiçoando ainda o Cavaleiro Hilbert, que estava sob um joelho em pleno silêncio.

— Annia, mantenha uma atitude adequada, não permitirei que envergonhe nossa família diante os nossos convidados. — Repreendeu Dougan, tendo Annia o olhando com descrença.

— Envergonhando nossa família?! Pai! Aquele homem nos humilhou dentro de nossa própria casa, e se não fosse o suficiente, até mesmo levou um de nossos tesouros! Eu o odeio! Não quero me casar com ele! Como pode aceitar tudo tão facilmente? Mamãe! Diga algo! — Expressou Annia com indignação. Principalmente ao ver sua mãe em silêncio, que observava seu marido.

— Querido, aconteceu algo? — indagou sua esposa depois de um certo tempo, percebendo assim a satisfação presente nos olhos de seu marido, quase não acreditando na visão que estava presenciando.

— Hmm... Eu gosto do meu genro — declarou Dougan sutilmente, demonstrando um leve sorriso.

— O quê! Papai! Eu não quero! Eu recuso a me casar com um homem atrevido e indecente daqueles. Simplificando, ele é um ninguém! A sua família somente sobreviveu até agora devido nossa ajuda, de onde ele tirou tanta ousadia!! — Gritou Annia, perdendo a compostura, tendo sua mãe intervindo, olhando estranhamente para a postura calma de seu marido.

— Annia… A Família Fayfher de fato sobreviveu as últimas décadas devido a nossa ajuda. Contudo, não se engane filha, tivemos nossos benefícios ao manter esse relacionamento.

— Na verdade, meio ano atrás, quando soube da calamidade que se abateu sob seu território, pensei seriamente em interromper esse casamento... — declarou Dougan, enquanto olhava com seriedade para sua esposa e filha.

— Mas as coisas não são mais assim. A Família Fayfher está evoluindo a um ritmo alarmante, seja por seus novos empreendimentos, a presença do mentor de seu noivo; que é um Grande Mago, como acabei de descobrir sobre a presença de um Mestre Ferreiro.

— Enfim, não preciso dizer que algo está definitivamente ocorrendo para ter tantos indivíduos especiais em suas terras. Entretanto, o mais importante, é com certeza o discernimento e a ousadia de seu noivo, o Jovem Mestre Hyan.

— Como disse, ele teve a ousadia de nos provocar em nossa própria casa, mas também teve o discernimento de preparar um presente irrecusável para nossa reconciliação. É evidente que ele desejava demonstrar que sua família não é a mesma do passado, e que seria um grande erro julga-los precipitadamente — esclareceu Dougan, muito satisfeito.

— Na verdade, ele demonstra uma coragem e ousadia que sempre faltou em seu pai, como a confiança e a ambição necessária para alcançar patamares ainda maiores.

— Annia, você sempre teve a ambição de escalar na sociedade nobre, como alcançar posteriormente a capital. Portanto, escute os conselhos do seu velho pai, depois do Ritual do Despertar, se mude para a residência da Família Fayfher e consuma esse casamento. Estando ao seu lado você definitivamente encontrara sua oportunidade. — Aconselhou Dougan seriamente.

— Não! Eu me recuso! Eu jamais irei aceitar um homem daqueles! — Gritou Annia, olhando seu pai com grande insatisfação, quando saiu inconformada do pátio interior.

Suspirando, sem mais nada a dizer, Dougan simplesmente observou, não querendo apressar a decisão de sua filha, pois ainda tinha tempo mais que suficiente para que ambos estabilizassem esse relacionamento.

Agora, Dougan estava mais interessado em como satisfazer a demanda de seu futuro genro, como a quem presentearia com tal precioso tesouro. Uma oportunidade única na vida, podendo expandir ainda mais sua influência.

 

 

 

 

                      



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