Volume 2
Capítulo 69: Um confronto (2)
Saindo do aposento, expressando um semblante de satisfação, caminhei em direção a minha família, onde todos me olhavam com indagação, se perguntando onde estava Elise, tendo o Cavaleiro Hilbert esperando impacientemente em frente ao seu partido.
No entanto, mal acabando de me estabelecer ao lado de meus familiares; antes que tivessem a oportunidade para perguntarem de seu paradeiro. Os passos de alguém ressoou por trás, em minhas costas, quando todos esbugalharam seus olhos, descrentes com a visão em sua frente.
Impressionados, observando a pessoa em sua frente dando os primeiros passos ao centro do pátio. Elise trajava uma armadura inigualável.
Em um primeiro vislumbre, sua armadura era negra, contendo traços avermelhados que brilhavam constantemente com luzes, quando pequenas vertentes de dourado percorria sutilmente sua estrutura.
E apesar de sua armadura não demonstrar a vivacidade semelhante à minha Alabarda do Profundo Tormento, seus padrões reluzentes deixaram claro que não era uma armadura comum. Mas uma armadura mágica, sendo sua existência bastante rara mesmo entre os reinos vizinhos.
Era tão magnifica sua armadura que era difícil não a considerar uma verdadeira obra de arte. Pois mesmo sob a luz do sol, o metal demoníaco usado como base de sua armadura demonstrava um lustro encantador, realçando as gravuras de rosas avermelhadas, que brilhavam, formando uma espécie de jardim celestial em sua saia que envolvia toda sua parte inferior.
E por mais que toda essa base não fosse exclusivamente de metal, tendo sua parte frontal aberta. Uma pele resistente, lustrosa e bastante única sustentava toda essa armação, mesmo em suas caneleiras com padrões de rosas brilhantes não era diferente, sendo a pele de um rei bestial, processada cuidadosamente para se adequar a cor e a necessidade dessa linda obra de arte.
Em seu cinturão, a base de toda a parte inferior, existia um pequeno escudo de metal, onde um sol avermelhado brilhava sob um enorme penhasco. Esse era o brasão da Família Fayfher, como a parte central que ligava a parte superior de sua armadura.
Quanto ao peitoral, a parte que definitivamente mais atraia os olhares dos presentes, contornando cuidadosamente seu corpo. Existia uma linda joia fundida na parte superior do peitoral, mais precisamente perto dos seios, formando o núcleo de um segundo sol avermelhado, sendo maior e mais imponente que o anterior.
E os detalhes eram tão perfeitos que parecia que o sol avermelhado tinha conseguido abrir o céu a força, impondo sua vontade contra as nuvens gravadas ao seu lado, quando seus raios se tornaram espadas de energia magníficas, que ficavam imponentemente acima do jardim de rosas.
Era como se uma divindade da guerra tivesse descido do céu com sua armadura divina; quando as peças que acompanhavam o peitoral detinham detalhes de asas cuidadosamente esculpidas, ressaltando ainda mais a joia no centro da armadura, ao qual era o coração da formação, mantendo toda a estrutura viva com seus avançados encantamentos.
Mas se alguém realmente quisesse apontar algo inusitado e particularmente estranho, era a proteção sobre seu rosto, mais precisamente seu elmo.
Afinal, diante uma base curvada, o elmo era praticamente uma única base envolvendo toda a parte frontal do rosto, tendo duas partes sobressalentes na base do queixo, sem nenhuma funcionalidade além de fornecer um lindo contraste, ressaltando sua estrutura com padrões rúnicos.
Quanto a parte traseira, outra base única que conectava perfeitamente a proteção do rosto; tinha um círculo arcano na parte superior, onde poderia vislumbrar o cabelo de Elise amarrado em um rabo de cavalo, combinando perfeitamente com a armadura, sem ter brechas, envolvendo-o em sua base.
Enfim, diante essa visão, sendo realmente o mais impressionante. Existia uma espécie de fenda horizontal na linha de visão, tendo uma cruz invertida em cada lateral.
No entanto, os olhos de Elise não eram vistos em parte alguma. Pelo contrário, nem se quer sua pele aparecia, era uma armadura que envolvia completamente seu usuário em um brilho avermelhado e mágico.
Enfim, não era preciso dizer que as pessoas ficaram confusas presenciando tal anormalidade.
Na verdade, não seria estranho se dissessem que um cavaleiro usando tal armamento, que bloqueasse a visão, não passasse de um grande idiota. Contudo, os passos de Elise não continham nenhuma insegurança, pelo contrário, poderia sentir de longe sua determinação; presenciando seu espírito combativo.
E por mais que a armadura seja única e inigualável, somente sua presença ainda não era o suficiente para vencer esse confronto.
Assim, enquanto os espectadores ainda estavam perdidos entre os contornos inusitados de sua armadura negra com padrões avermelhados. Elise desembainhou a espada, como seu escudo, na base superior das costas.
E começando por sua espada. O pomo era uma forma arredondada, enquanto dava surgimento a pequenas videiras; dando origem a um cabo longo e peculiar, que sustentava a pegada, como podia suportar facilmente as duas mãos do cavaleiro.
Quanto a guarda-mão, continuava a ter videiras espinhosas, assim como algumas rosas contornando toda sua estrutura, tendo as rosas brilhando sutilmente.
Desta forma, como se esse emaranhado de plantas tivesse dado a vida a algo totalmente inusitado. A lâmina de sua espada era mais larga na base, tendo duas curvas seguidas em cada lado, criando duas arestas, que com uma ponta longa e afiada, tendo runas gravadas em seu centro, dava origem a uma espada maior e mais chamativa que o convencional.
Quanto ao seu escudo, detendo uma forma pentagonal, também era maior que o convencional; tendo arestas arredondadas e extremidades nítidas, exibindo uma aparência única, onde seu fundo levemente curvado era negro, utilizando o metal demoníaco como base.
Enfim, se destacando em seu centro, era o brasão da Família Fayfher, estando gravado em um tamanho ampliado. Apresentando assim um sol avermelhado, como aves voando pelo céu ensolarado, iluminando as grandes falésias presente em seu território.
Onde um jardim de rosas contornava o brasão, tudo em linhas avermelhadas, tendo padrões mesclados em seu exterior, que envolviam faixas rúnicas de uma forma única e encantadora.
Engolindo secamente!!
— Hyan. Você ainda me odeia, certo? — Pronunciou Lytian de repente, não conseguindo tirar seus olhos daquele magnifico conjunto de armadura, chamando inesperadamente a atenção de seu filho.
— Pai, porque diria algo tão ultrajante nesse precioso momento? — Expressei sorrindo, sabendo perfeitamente do que se tratava.
— Sabe, eu me lembro vagamente de ter pedido uma armadura, não? — Expôs Lytian, não conseguindo esconder o ciúme presente em seu tom.
— Mas eu não forjei nenhuma armadura… — Respondi maliciosamente, dando de ombros, vendo sua expressão se distorcendo. E sem vontade de responder, apontou com o seu olhar para a direção de Elise.
— Ah!! Então... aquela é uma Armadura Mágica, sabe... não uma armadura normal, não é algo que simplesmente contém encantamentos, vai muito além disso... — Declarei, vendo suas sobrancelhas franzidas, expressando sua indignação; enquanto dava prosseguimento com a minha provocação.
— Se você olhar atentamente, começando pelo seu elmo, elaborei encantamentos avançados que dão origem a uma matriz de apoio, e apesar de aparentar algo ridículo a falta de aberturas para a visão ou mesmo a respiração, o usuário trajando a armadura não terá nenhum desses empecilhos...
— Pelo contrário, sua visão é perfeita, enxergando totalmente o seu entorno, tendo até mesmo o auxílio da armadura em determinadas áreas, como a capacidade de aguçar sua audição em momentos de pouca visibilidade, como intensificando sua visão para enxergar locais mais distantes; assim como os outros sentidos, sendo implementado de diversas maneiras.
— Quanto ao resto da armadura, podemos dizer que não diferencia muito de armaduras encantadas, contendo um aprimoramento maior em sua resistência, resiliência, durabilidade, peso e assim por diante — expliquei, dando-o um sorriso malicioso.
— Claro. Isso tirando suas três capacidade especiais, que são, primeiramente. A habilidade “integração”, que após receber a essência de sangue de seu portador, acaba formando um vínculo com seu usuário, tendo a capacidade de se manter oculta no interior de seu corpo, mais precisamente, em seu centro de energia, podendo se revelar a qualquer momento, tudo conforme a vontade de seu portador.
— Essa capacidade evita o trabalho de ter que vestir antecipadamente a armadura, como pode se precaver em situações perigosas, não sendo pego desprevenido ao não ter a proteção devida de uma armadura, uma capacidade que realmente aprecio grandemente. — Expus, vendo o desejo em seus olhos.
— Quanto a segunda capacidade, em particular, destaca sua habilidade regenerativa, aproveitando das características únicas do metal demoníaco; onde a armadura pode se regenerar ao utilizar o sangue bestial. — Detalhei, demonstrando um grande sorriso.
— E por último, mas não menos importante, devido as veias de sangue no metal demoníaco, não somente está presente um circuito de canais de energia mais robusto, mas seus canais tem uma característica especial, que é sua capacidade de expansão — expressei, tendo um tom ainda mais provocativo.
— Desta forma, com essa capacidade, o usuário terá um acréscimo nítido em suas capacidades “emissivas” e de “reforço”; aumentando assim grandemente suas habilidades que provém desses atributos.
— Ah! Quase esquecendo, essas características também se aplicam ao seu escudo e espada — Expliquei, vendo finalmente meu pai perder uma parte de sua compostura, demonstrando em seu rosto sua desaprovação.
— Você realmente não gosta do seu pai, certo? — indagou novamente Lytian, seu tom era um pouco estranho, acabando por chamar a atenção de minha mãe, que ainda vislumbrava a armadura, quando nos olhou peculiarmente.
— Isso não é verdade, somente apresentei os nossos recursos nos lugares certos... — Declarei, percebendo nitidamente que sua expressão estava se tornando distorcida, quando decidi parar de provoca-lo.
— Enfim, você pode não saber, mais equipamentos nesse nível também detém suas afinidades. O metal demoníaco provém do sangue e do metal. Em outras palavras, tem compatibilidade com a energia carnal, vital e metálica.
— Dito isso, conceder tal tesouro em suas mãos, como usuário atualmente da energia gélida, isso somente ocasionaria em sua rápida deterioração, destruindo a armadura mágica de dentro para fora, tudo em um curto período de tempo — expressei, vendo vagarosamente o entendimento passando pelo seu rosto.
— Entendo, então realmente tinha um significado para suas ações — expressou Lytian, ignorando o sorriso rígido de seu filho; compreendendo finalmente suas intenções, nunca esperando que tais equipamentos avançados deteriam tantas limitações.
— Bem, como você deve ter percebido, talvez você no passado poderia ter aproveitado perfeitamente de tal tesouro. Contudo, não é mais o caso. Mas não se preocupe, não temos um recurso precioso e perfeito para você? — Expressei, vendo-o demonstrar um semblante confuso.
— Você não está querendo dizer “aquilo”, certo? — Expôs Lytian, não continuando suas palavras, enquanto seus olhos brilhavam intensamente, tendo seus punhos cerrados, quando deu um último olhar ao seu filho.
— Não vai ser fácil, temos muitas informações em falta ainda sobre o assunto. Mas se conseguirmos colocar nossas mãos “naquilo”, então poderíamos forjar algo adequado para suas características. Não! Na verdade, aquele recurso seria perfeito, realçando profundamente suas habilidades...”. Falei, declarando minhas intenções, quando sorrimos um ao outro.
Passos! Confusão!!
E assim como estava conversando com meu pai, as coisas pareciam ter se estabelecido ao lado da Família Dandin, desde que poderia sentir um barulho desconfortável e estranho os envolvendo.
E conforme o esperado, após um curto período para se recomporem, o Barão Dougan deixou algumas palavras para seu cavaleiro, quando o mesmo avançou um pouco nervosamente para o centro do pátio; dizendo:
— O meu nome é Hilbert Dandin. Estou honrado por ter a oportunidade desse confronto, espero que no futuro possamos cultivar um relacionamento próximo. — Anunciou Hilbert repentinamente, despertando as pessoas para o verdadeiro objetivo desse encontro.
Contudo, pensei que era tarde demais para uma abordagem amigável. Nesse momento, os presentes da Família Dandin tinham finalmente entendido que subestimaram grandemente a Família Fayfher, assim como a posição de Elise, que bem diante de seus olhos detinha tesouros inigualáveis.