A Saga de Hyan Fayfher Brasileira

Autor(a): A. F. Willians


Volume 1

Capítulo 8: Associação de Aventureiros

 

— *Lágrimas* … filho… eu… eu não consegui convencer o seu pai, por favor, encontre-o, se ajoelhe e peça desculpas… *lágrimas* … tenho certeza que ele acabara voltando em sua palavra… — Implorou Adália, com lágrimas escorrendo por seu rosto.

— Mãe. Não importa o que dissesse, ele não vai voltar em sua decisão. Além disso, prometo que ficarei bem, a cada poucos dias irei vir lhe visitar, você ficara surpresa com o que sou capaz — disse, reconfortando-a, limpando assim suas lágrimas.

— Hmm… por favor, tome o devido cuidado. Aqui, pegue, vai te ajudar por alguns dias, irei definitivamente fazê-lo mudar de ideia — falou Adália, retirando um saco de dunares dentre suas roupas, oferecendo-me.

E vendo sua atitude, não consegui evitar de sentir um calor reconfortante envolvendo meu coração. Tornando-me agradecer novamente essa segunda chance, enquanto lhe dava um abraço apertado, dizendo assim mais algumas palavras de conforto, ao qual me despedi, indicando que Elise me seguisse.

 

***       **       ***

 

— O quê?! Porque está me olhando desta forma bizarra? — perguntei repentinamente a Elise, observando sua expressão estranha.

— Sabe… acabei de ser aceita no castelo, mas agora já fui expulsa; mal conseguindo aproveitar a cama, usando-a uma única noite — expressou Elise, fazendo beicinho.

Surpreso, dando-a um sorriso gentil, tinha que admitir que essa garota era realmente forte, se adaptando rápido a situação, ousando até mesmo brincar com o ocorrido.

— Diga-me, Elise. Você não está com medo? Não tenho mais o apoio da minha família, agora somos pobres, talvez não tenhamos nem o que comer adequadamente nos próximos dias… — Expus, fazendo uma expressão preocupada, querendo assim assusta-la.

— Haha! Você realmente não é muito bom em fingir. Meu pai sempre dizia que os olhos são a janela da alma, e posso ver a serenidade em seus olhos, você tem provavelmente um plano, certo? — perguntou Elise, olhando-me.

— Talvez… quem sabe, eu sou ainda jovem, não poderia ter uma compreensão completa desse mundo, certo? — respondi, tomando a frente com um sorriso, vendo sua reação um tanto quanto estranha.

Assim, sem dizer mais nada, acelerando meus passos e tomando a dianteira, comecei a dirigir-me em direção ao distrito superior, onde escondi meus equipamentos anteriormente comprados.

Por sorte, ninguém pensou em olhar dentro de um tronco oco, cercado por arbustos, entre as moradias requintadas e caras do distrito.

Desta forma, vestido, cumprindo meu primeiro objetivo, planejei voltar à antiga loja onde comprei todos os meus equipamentos, quando gastei uma parte dos dunares em minha posse, comprando um conjunto semelhante para Elise.

Concluído, ajudando-a a trajar completamente seu novo conjunto, não consegui evitar de rir de sua máscara. Mas logo me calei, percebendo que continha a mesma aparência ridícula.

Enfim, às vezes era melhor não pensar muito a respeito de certos detalhes.

— Tem certeza? Realmente posso ficar com esses equipamentos? Foram tão caros… — Comentou Elise, não sabendo como agradecer por todas as minhas ações.

— Eu já lhe disse, somos companheiros; portanto, não precisa agradecer por algo tão simples e trivial no futuro — declarei, dando-a um sorriso.

— Quanto ao nosso objetivo, estamos indo em direção à sede da Associação de Aventureiros; em nossa situação, algumas missões não fariam mal, cumprindo-as simultaneamente enquanto caçamos na floresta — expliquei, vendo sua surpresa.

— Associação de Aventureiros?! Mas não somos despertados ainda… pelo menos não eu… — murmurou Elise, me dando um olhar indagador.

— Não se preocupe, para se tornar um aventureiro de Rank F, não precisamos fazer quaisquer testes, também não é obrigatório anunciar nossa afinidade, podendo deixar certas informações em branco — respondi, evitando em lhe dar uma resposta clara da minha situação.

Desta forma, avançando continuamente em direção ao nosso objetivo, próximo à praça central, paramos em frente a um enorme casarão, essa era a Associação de Aventureiros, e depois de um longo vislumbre, acenei para Elise, onde entramos.

Em seu interior, à primeira vista não era diferente de uma taberna qualquer. Exceto, talvez, por ser um ambiente mais organizado e limpo.

E observando nosso entorno por um instante, passando pelas mesas cheias de aventureiros, que bebiam e comiam incansavelmente como se estivessem festejando.

Avançamos, onde nos dirigimos para o seu interior, tendo um balcão no fundo, acompanhado assim por três murais que se encontravam com os pedidos respectivos da associação.

— Bem-vindos, como posso ajuda-los? — perguntou a atendente, percebendo assim nossa chegada, recebendo-nos gentilmente.

— Bom dia, gostaríamos de nos registrar na associação — declarei, sentindo alguma surpresa em seu tom, talvez algo relacionado com nossa inesperada idade.

— Compreendo… só um instante, começaremos o seu registro. Nome? Morador nativo da Cidade de Eydilian? Tem alguma relação com as famílias da região — indagou a atendente, dando seguimento ao processo de registro da Associação de Aventureiros.

— Nossos nomes são, Yan e Lise. Somos moradores nativos da cidade; e não temos nenhuma associação com qualquer tipo de poder — respondi indiferente.

— Entendo. Qual é a idade de vocês? Qual é a afinidade que despertaram? E que posição vocês pretendem exercer em suas missões? — indagou a atendente, anotando tudo rapidamente com uma pena e tinta.

— Hmm… nossa idade, afinidade e estilo de combate não são importantes, por favor, deixe em aberto — esclareci com indiferença, surpreendendo a atendente.

— Isso… acredito que não seja possível, é um procedimento padrão da nossa Associação de Aventureiros. Se não recolhemos essas informações, acredito que não poderemos finalizar o seu registro — explicou estranhamente a atendente, enquanto nos observava com seriedade.

— Bobagem, nada disso está presente em seu regulamento. Se você como atendente não consegue lembrar adequadamente dos regulamentos, como pode exercer corretamente o seu trabalho?

— A idade, afinidade e estilo de combate são informações restritas que se trata da privacidade de um aventureiro, declarar essas informações é o mesmo que se expor…

— Enfim, somente um tolo demonstraria suas falhas e fraquezas abertamente desta maneira… algo absurdo diante a competitividade que existe nesta profissão; ou acredita realmente que tais informações não traria repercussões? — argumentei em resposta, tornando a atendente expressar uma aparência confusa.

— Isso… por favor, não vamos… — Tentou argumentar a atendente, mas foi abruptamente interrompida por mim.

— O suficiente! Se ainda tem alguma dúvida ou desculpa sobre esse assunto, basta chamar o responsável por essa sede, não desejo perder mais tempo com futilidades. — Bufei desagradavelmente, ignorando seus sentimentos.

Baque! Batida!!

— Ei, Novato!! O que acha que está fazendo?! Você vem querer ser um aventureiro, mas logo no seu primeiro dia quer arranjar confusão?! — Vociferou um dos aventureiros que estavam comendo entre as mesas.

— Ninguém lhe dirigiu a palavra, então cale a boca! — Bufei, lhe dando um olhar ameaçador.

— Você!! Maldito! Quer morrer?! — gritou o homem, se levantando, enquanto sacava sua espada.

Entretanto, mal chegando a minha posição, não lhe dei a oportunidade, lançando minha energia mental através dos meus olhos, impondo diretamente a minha vontade sob sua mente, causando-lhe uma poderosa vertigem.

Assim, desprevenido, perdido com a repentina sensação de fraqueza que o envolveu, chutei maliciosamente o seu corpo, forçando-o a recuar desajeitadamente, quando caiu sobre sua antiga mesa cheia de alimentos, se sujando por completo.

Irado, querendo gritar, dando assim evasão a sua indescritível raiva; posicionei minha espada em seu pescoço, causando uma pequena gota de sangue escorrer por minha lâmina, o paralisando.

— Maldito pirralho! Você acha que nos veteranos somos facilmente intimidados?! — Vociferou outro aventureiro, se levantando com seus companheiros.

Desta forma, olhando-os com hostilidade, não demonstrei nenhuma hesitação sobre minha máscara.

Entretanto, desacostumada com a situação, Elise estava totalmente perdida com o incidente, não sabendo se me apoiava, ou tentava conter minhas ações.

— Hahaha! Não esperava que alguém tão interessante finalmente aparecesse nesse maldito lugar! — gritou alguém repentinamente, quebrando assim a atmosfera desagradável.

— Ei vocês, bando de covardes! Não se atrevam a arranjar problemas para o novato, ele está sob minha proteção agora, entenderam?! — proclamou o homem, bebendo em um canto do salão, quando seu sabre surgiu amostra em sua cintura.

— Quanto a você… senhorita atendente. O que o nosso querido novato disse está devidamente correto, pode finalizar seu registro. Somente os tolos dariam tais informações, ou vai dizer que não ficou ciente dos atuais rumores…?! — Expôs o homem, sorrindo maliciosamente enquanto seus olhos passava por cada presente.

— Ouvi dizer que a Associação de Aventureiros consegue analisar quase com perfeição os padrões de ataque a partir das coletas que recebem de seus aventureiros, assim como suas informações particulares…

— Desta forma, basta um pequeno processo para decifrar e analisar completamente sua força de combate, técnicas e comportamento.

— Enfim, atualmente escutei que devido a hostilidade que os aventureiros vem demonstrando a nobreza, as informações de todos tem sido vendida discretamente por um bom preço, principalmente quando alguém com influência e riquezas a exigem…

— Resumindo, teve gente sendo morta devido a essas informações sendo vazadas livremente — esclareceu o homem sorrindo zombeteiramente, assistindo assim o caos se formando lentamente com a reação exagerada dos presentes, deixando bastante claro sobre a gravidade do assunto.

Passos! Pressão!!

— SILÊNCIO!! Klaus Vanrut, não permitirei que espalhe tais rumores discriminatórios sobre a Associação de Aventureiros, esse é meu único aviso, abstenha-se! — Vociferou um homem abruptamente, chegando no salão, enquanto olhava com severidade para todos os presentes.

— Agora, sobre esse assunto, a Associação de Aventureiros se nega a ter qualquer envolvimento, e não temos nada a esclarecer. Aqueles que não estão satisfeitos, a porta é a serventia da casa! Não impediremos que partam! — Uivou o homem, emitindo uma pressão única a partir de seu corpo alto e robusto.

— Pelo contrário, iremos excluir completamente seus registros, e não poderão nunca mais exercer quaisquer trabalhos conosco. — Bufou o homem, provavelmente o gerente dessa filial, calando por completo os presentes.

— Quanto a vocês dois, iremos concluir seus registros. Entretanto, estejam avisados, uma segunda confusão como essa não será tolerada — declarou o grande homem, olhando para mim ameaçadoramente.

— Tudo bem — respondi, agitando os meus ombros, vendo o homem bufar, quando voltava lentamente para o interior da associação.

 

***       **       ***

 

— Suspiro. Vocês foram registrados com sucesso, aqui está sua pedra de identificação, essa pedra é um artefato de baixa qualidade, onde ela emitira uma cor correspondente ao seu rank.

— Assim, no caso de vocês, a cor emitida é próxima ao bronze, algo um pouco mais fraco, demonstrando que sua classificação é de Rank F. Por favor, se empenhem em se desenvolver, estaremos em sua torcida — falou a atendente.

— Aliás, a perda da pedra de identificação decorrera na cobrança de uma taxa adicional, algo bastante significativo; portanto, tenha cuidado e não a percam. Obrigada. — Concluiu, soltando novamente um longo suspiro, vendo finalmente nos dois partindo.

Assim, saindo do balcão, sem prestar atenção a aparência aliviada da atendente, entreguei a pedra de identificação de Elise, ou Lise, como seria chamada agora, dando-a algumas palavras tranquilizadoras.

Curioso, aproveitando a nossa presença, dei uma rápida olhada no mural de missões, mas senti muitos olhares, acabando por desistir delas.

Afinal, estávamos sendo observados por uma grande multidão de pessoas, e não seria um bom sinal atrair tanta atenção, indicando para Elise que estávamos saindo.

No entanto, conforme partíamos, um homem alto, charmoso e bem vestido obstruiu inesperadamente nosso caminho. O seu cabelo era longo, liso, chegando aos ombros, e suas roupas eram de certa forma luxuosas para um aventureiro, com poucas partes em couro, tendo um sabre suntuoso em sua cintura, mostrando todo o seu esplendor.

Observando-o, ele era o homem que interveio anteriormente em minha disputa. Ele nos olhava com curiosidade, principalmente a mim, resmungando alguma coisa, como se tivesse se contendo, tendo um sorriso tendencioso em seu rosto.

E assim como estava ponderando sobre suas intenções, o homem inesperadamente se apresentou, dizendo:

— Eai, novato? Tudo bem? Eu sou Klaus Vanrut, um aventureiro de Rank C, como também sou líder do grupo mercenário Lobo Prateado. Tenho que admitir que não existem muitos indivíduos capazes na associação ultimamente, espero que possamos nos encontrar novamente… — disse Klaus Vanrut, rindo repentinamente, enquanto se retirava.

Sem entender, deixando-me confuso para trás, observei suas costas, sem compreender suas verdadeiras intenções.

No entanto, vendo sua figura desparecendo na distância, sem saber o porquê, pensei que seu nome era de alguma forma familiar. Mas não pensei muito a respeito, estava muito fraco, precisando com urgência aumentar minha força.

Enfim, enquanto caminhávamos, indo em direção a Floresta da Perdição Rubra. Elise, que estava em silêncio até o momento, achou que o local era adequado, não suportando mais suas dúvidas, perguntando:

— Hyan. Foi realmente uma boa ideia fazer tanta comoção? — perguntou de repente Elise, enquanto percorríamos as ruas da Cidade de Eydilian.

— Hmpf! Logicamente foi necessário. Você sabe por que tinha tantas pessoas naquele local a essa hora do dia? Em um período relativamente seguro para se aventurar na floresta? — Retruquei inesperadamente.

— Não… — respondeu Elise confusamente.

— Caçadores de Novatos. Aqueles aventureiros foram obrigados a subir de Rank devido aos seus muitos anos de contribuição, mas que não possuem as habilidades necessárias ou coragem para dar seguimento aos trabalhos a sua disposição.

— Portanto, no lugar de procurarem outra profissão, ou de se aperfeiçoarem, preferem se unir e intimidar os fracos, obrigando-os a entregar uma parte de seus lucros…

— Em outras palavras, são escórias, covardes que se aproveitam das pessoas inexperientes, principalmente novatos.

— Por isso, se no futuro vierem procurar confusão, segure sua espada firmemente, e não hesite em mata-los, pois não hesitaram de fazê-lo; pessoas que não tem esse pouco de convicção não sobreviveriam por muito tempo… — declarei severamente, vendo-a cerrar inconscientemente os punhos, em silêncio.

Desta forma, continuando a percorrer o nosso caminho, percebendo o silêncio desconfortável; observei Elise distraidamente, pensando que talvez exagerei em meus conselhos, tornando-me a lembrar que era injusto da minha parte exigir um discernimento semelhante de sua idade.

Assim, pensando em uma maneira de aliviar a tensão, acabamos seguindo silenciosamente nosso caminho, quando à frente vislumbramos a entrada da cidade.

Felizmente, conseguiríamos passar despercebidos pela estrada graças a Elise, que se prontificou como a líder de nosso partido, demonstrando nossos pedras de identificação.

Assim, percorrendo uma boa parte do caminho, repensando melhor meu planejamento, encontramos um lugar calmo perto da floresta, e percebendo seu olhar curioso, expliquei para Elise que desejava compreender antecipadamente suas habilidades.

Afinal, já que os perigos encontrados na floresta não podiam ser precipitadamente desprezados, a incentivei a me atacar com sua espada.

— Hyan, tem certeza? — perguntou Elise, não escondendo sua hesitação.

— Sim. Não se preocupe. Ataque! Preciso saber do que você é capaz. — A confortei, incentivando-a a desembainhar sua espada.

Desta forma, reafirmando mais uma vez minhas palavras, vendo finalmente sua determinação surgir, Elise investiu com confiança, onde consegui ver o brilho em seus olhos, era como se outra personalidade tivesse sido despertada, ou talvez ela só não queria decepcionar-me, dando o melhor de si mesma.

Clang! Impacto!!

Escutando o barulho das espadas colidindo; Elise recuou levemente, enquanto girava seu corpo, varrendo um corte diagonal.

Analisando-a, acenando em satisfação diante sua atitude, bloqueei sua poderosa investida, dando um passo para trás devido à colisão, vendo simultaneamente seu avanço, que tentava alvejar-me pelos lados.

Um pouco satisfeito, esse era um bom começo, onde ficamos treinando desta forma por um longo tempo, onde comecei sair da defensiva, começando a revidar aos poucos, pressionando-a lentamente.

Honestamente, Elise tinha talento, mas suas habilidades era o que esperava da filha de um simples aventureiro.

Claro, não estava querendo desmerecer o seu esforço. Elise sabia um pouco mais que o básico sobre técnicas de combate com espada, como também era boa em ocultar sua presença, uma capacidade necessária para aldeões de vilas reclusas, que não detinham a proteção adequada de uma milícia.

Entretanto, apesar de ter treinado duramente, seus ataques continham muitas aberturas, era também muito centrado e simples, não contendo nenhuma habilidade de movimentação, como fintas ou técnicas de combate auxiliares, era como se ao pegar uma espada, sua única arma passava a ser estritamente sua espada.

— Arf! Arf! Então? O que acha? — perguntou Elise, arfando intensamente, enquanto olhava-me esperançosamente.

— Honestamente? — perguntei, sondando sua reação.

— Sim! Dizer abertamente — respondeu Elise decididamente, perdendo levemente o sorriso.

— No seu estado atual… falta-lhe muito… — Expus, não querendo ser muito severo.

— Entendo… — murmurou Elise, sorrindo depreciativamente, sacudindo ligeiramente sua cabeça, como se quisesse se livrar de pensamentos desnecessários.

— Diga-me, Elise. Estou um pouco curioso, se tivesse que escolher um “caminho”, qual você escolheria? — perguntei repentinamente, vendo uma leve surpresa em seus olhos.

— Caminho?! Eu não teria que escolher um “caminho” após despertar e descobrir a minha afinidade?

— Sinceramente, nunca pensei muito a respeito, na verdade, nunca quis, pois poderia acabar me decepcionando profundamente. Entretanto, desde pequena, escutei meu pai falar muito daqueles que despertaram com a Energia Carnal…

— Se pudesse, queria despertar com essa afinidade, assim poderia usar minha incrível força e resistência para proteger as pessoas que amo e o que acredito… — falou sonhadoramente Elise, sentindo-se um pouco envergonhada, ainda mais depois de ver minha expressão peculiar.

— Hahaha! Entendo. Acho que tenho um presente ideal para você — disse, segurando minha vontade de gargalhar, expressando a felicidade que acabei por sentir ao ouvir uma inesperada coincidência.

Confusa, sem entender minha atitude. Elise se assustou abruptamente, ficando completamente pasma com o que presenciou em sua frente.

Afinal, sem dizer mais palavras, diante o choque presente em seus olhos, levei o fio da minha espada até a palma da mão, quando fiz um pequeno corte, e usando o sangue na própria lâmina, utilizei minha energia mental para formar runas arcanas.

Chocada, descrente com o que presenciou; terminei de formar as runas, quando as mesmas receberam vida, começando a fluir da espada, flutuando lentamente em pleno ar.

— Hyan…! O que é isso…? — Surpresa, Elise somente conseguiu gaguejar diante o espetáculo, percebendo tardiamente minha aproximação.

Sorrindo, sem lhe responder prontamente, avancei, tocando com sutileza entre suas sobrancelhas com meu dedo indicador, tornando todas as runas se aprofundarem em sua mente.

— Argh!! — gritando em dor, Elise agarrou sua cabeça imediatamente, enquanto se debatia com violência, tentando conter a dor causada pela indescritível quantidade de informações que se agarrava a sua mente.

Incrédula, se recuperando com dificuldade, Elise não conseguiu evitar de arfar pesadamente por ar, quando começou a se recuperar do seu estado abalado.

Desta forma, sentindo surpreendentemente que se tratava de uma técnica de combate em sua mente, possuindo assim uma quantidade abundante de informações sobre o respectivo estilo.

Elise se sentiu confusa, como uma miríade de emoções envolveu seu coração. Ela não conseguia acreditar em tudo isso, quando direcionou seu olhar chocado em minha direção, somente para descobrir que eu não estava em um bom estado.

— Hyan! você… está bem? — indagou suavemente Elise, vendo-me sentado sobre meu próprio traseiro, estando extremamente pálido.

— Urgh! Não se preocupe. É apenas um pouco de exaustão… — expressei, tentando me recompor, nunca imaginando que o consumo da minha energia mental seria tão grande para usar uma pequena habilidade como transmissão de conhecimento.

— Então, o que achou do meu presente? — indaguei, levantando-me calmamente, enquanto limpava minhas roupas, ajeitando assim a minha postura.

— Essa técnica é conhecida como Técnica de Combate - Guerreira da Esperança Escarlate. E apesar do seu estilo aparentar ser um pouco bárbaro, é uma arte certamente dominadora, tendo sua maestria focada principalmente na arte defensiva, algo que muitos cultivadores tendem a ignorar por diversos fatores em nossa atualidade.

— Além disso, sua criadora se concentrou principalmente na utilização de três habilidades especiais de combate, fazendo um uso perfeito de sua energia carnal, tornando sua técnica de combate algo bastante apreciado, como concedendo uma fundação estável para o cultivo.

— Enfim, a partir de hoje, pelo tempo necessário, irei te auxiliar em seu treinamento…

— Assim, desejo pelo menos, antes que possamos adentrar a Floresta da Perdição Rubra, que você possa entender a essência dessa técnica de combate — expliquei, vendo o seu consentimento, vislumbrando assim a determinação queimando intensamente em seus olhos.

Desta forma, sem dizer mais nada, após um curto descanso, desembainhei vagarosamente minha espada, onde a levantei, indicando para que continuássemos o treinamento.



Comentários