A Saga de Hyan Fayfher Brasileira

Autor(a): A. F. Willians


Volume 1

Capítulo 7: Um Encontro Noturno

 

 

 

Batida na Porta!!

— Entre! Está aberta — respondi calmamente, vendo Elise adentrar meu quarto com certa insegurança.

Nesse momento, após retornar da cidade com meus pertences, Elise me visitou na calada da noite, onde estava trajando um longo vestido preto, tendo um pequeno avental branco sobreposto, um visível contraste de cores, algo bastante chamativo, que me agradava profundamente.

Claro, esse era o uniforme que representava seus status no castelo, uma empregada da Família Fayfher, recebendo cuidados e alguma remuneração ao executar pequenas tarefas no castelo.

Contudo, não era o novo visual que realmente vestia que chamou minha atenção, mas seu inusitado nervosismo.

— Jovem Mestre Hyan… — proclamou Elise suavemente, estando evidente sua ansiedade.

— Você não precisa ficar nervosa, certamente tenho algo a lhe ensinar, mais é algo simples, portanto, tire seu avental e seu vestido… — Ordenei calmamente, observando sua expressão se tornar pálida.

Honestamente, sabia o que minhas palavras representavam, mas não queria dar quaisquer explicações, mantendo o meu silêncio, enquanto a observava atentamente.

Nervosa, claramente hesitante, Elise estava ficando cada vez mais pálida, quando tremeu sutilmente, apertando os lados de seu vestido.

Em silêncio, considerando tudo isso como um teste, sabia que estava sendo cruel com minhas ações, mas queria descobrir a extensão de sua determinação, assim como sua vontade.

Sinceramente, esperava interiormente que Elise não conseguisse aceitar as minhas exigências, saindo provavelmente do quarto. Contudo, esperando um tempo em silêncio, diante o choque presente em meus olhos, Elise começou a tirar tremulamente suas roupas.

— Espere! Um momento! Somente o avental e o vestido é suficiente, pode manter suas roupas íntimas — declarei apressadamente, vendo suas ações.

Suspirando, ignorando seu rosto envergonhado, retirei um odre contendo sangue, assim como uma adaga entre minhas roupas, enquanto me preparava, indicando que se aproximasse.

E conforme Elise acatava as minhas ordens, vendo sua confusão diante minhas ações, pensei que era o momento de lhe dar uma explicação sobre minhas intenções.

— Nesse momento irei escrever algumas runas antigas em seu corpo, essa é uma Técnica Secreta há muito tempo perdida, conhecida como Técnica Secreta – Essência do Corpo Bestial.

— O seu efeito é aprimorar e fortalecer a essência do corpo humano, aumentando sua força, defesa e regeneração, assim como amplificando quaisquer Técnicas de Fortalecimento Corporal que cultive no futuro.

— Além disso, seus efeitos de aprimoramento são baseados na utilização constante do sangue de bestas monstruosas — esclareci, vendo o choque e a confusão em seu semblante.

— Enfim, a partir de hoje, você deve vir toda noite ao meu quarto, onde irei ajudá-la a refinar o sangue, já que ainda não detém nenhuma energia interna. Agora, aproxime-se — declarei indiferentemente, despertando-a de seu estupor.

Assim, ainda estando um pouco desconfiada, Elise me olhava com incerteza, mas a ignorei, começando a gravar as runas em seu corpo, causando uma ligeira sensação de dor, ao qual ordenei que simplesmente suportasse.

E diferente do processo que utilizei para cultivar essa técnica secreta, escolhi um método diferente, pois não queria revelar completamente minhas habilidades a Elise. Portanto, utilizei do método mais simples, levando um tempo maior para gravar as runas em seu corpo.

E sendo cuidadoso aos detalhes, tive que em alguns momentos repreende-la, já que não conseguia se manter passível, dependendo da área que estava gravando. Felizmente, não foi muito complicado o processo.

Concluído, convergindo minha energia interna por seu corpo; o que a assustou brevemente, tornando-a sentir uma estranha sensação. As runas se ativaram, quando acumularam energia ambiente em seu entorno, causando um fenômeno de luzes pelo quarto.

Encantada, vendo o fenômeno incomum, ignorei sua expressão um tanto divertida, quando comecei a entoar os encantamentos da técnica secreta, tendo as brilharem ainda mais intensamente, quando se aprofundaram em sua pele, deixando sutilmente algumas marcas, semelhante às encontradas em meu próprio corpo.

Deslumbrada, ainda perplexa com todo o processo diante seus olhos, a despertei repentinamente ao ordenar que segurasse seu cabelo com as mãos.

Assim, derramando o restante do sangue por todo o seu corpo, esfregando-os sobre as runas, as ativei uma última vez, absorvendo completamente o sangue, quando causou uma ligeira sensação de calor por todo o seu corpo.

— Pronto. Você pode se vestir agora, quanto à sensação que está sentindo, irá acabar por se acostumar naturalmente, é uma reação normal dessa técnica secreta — esclareci sutilmente, olhando impotentemente para o odre completamente vazio, tornando-me a suspirar internamente, ciente que teria muito mais trabalho de hoje em diante.

— Obrigada… — falou suavemente Elise, querendo se curvar, mas foi impedida prontamente por mim.

— Espere… não confunda as coisas. Não estou fazendo isso para que se torne minha subordinada ou serva… mas a vejo como uma futura companheira… — expliquei embaraçadamente, me sentindo um pouco estranho ao lembrar do passado.

— Bem, talvez as coisas não possam mudar dentro do castelo, mas lá fora, quando enfrentarmos as batalhas de vida e morte juntos, se dirija a mim somente como “Hyan”, isso é mais que o suficiente. Agora, pode retornar… — declarei imediatamente, tendo Elise abrir a boca algumas vezes, mas simplesmente se retirou com um leve aceno.

Desta forma, observando sua saída, suspirando de cansaço, deitei-me na cama, olhando perdidamente para o teto, quando imaginei como as coisas iriam proceder nessa vida.

Atualmente, com um pouco mais que quatorze anos, tinha menos de um ano para adquirir uma força relativamente poderosa, somente assim poderia salvar minha mãe da morte certa.

Entretanto, não sabendo necessariamente o que ocasionou sua morte, a força que necessitava talvez fosse algo fora dos meus cálculos, portanto, não deveria perder um segundo sequer a minha disposição.

Batida na porta!!

Prestes a ir descansar, fechando os meus olhos, cansado de todas as batalhas ocorridas no período da manhã; alguém bateu suavemente na porta, interrompendo o meu descanso.

— Está aberta! — respondi imediatamente.

E adentrando um pouco nervosamente, era inesperadamente minha mãe, quando adentrou vagarosamente meu quarto, enquanto me olhava estranhamente. Mas bastou pronunciar algumas palavras para entender completamente sua atitude.

— O seu pai quer te ver… — disse Adália suavemente, contendo seu nervosismo, indicando sutilmente que a acompanhasse…

 

 

Entrando no escritório particular do lorde da cidade, meu pai estava sentado atrás de sua mesa de trabalho, consultando assim uma pilha de documentos, enquanto nem se quer olhava para nós dois entrando.

Desta forma, com uma expressão indiferente, além de declarar sua permissão para que pudéssemos entrar, se manteve em silêncio, continuando o seu trabalho.

Em contrapartida, minha mãe, já acostumada com sua atitude, caminhou em um canto, também mantendo o seu silêncio. Quanto a mim, mantive-me no centro, esperando o meu julgamento.

Honestamente, essa cena era exatamente igual ao qual me lembrava, essa atmosfera desconfortável, seu comportamento frio e indiferente.

Eu simplesmente não conseguia sentir qualquer tipo de relação parental com o meu pai, ao qual dava mais atenção para os papéis em sua mesa, do que a sua própria “família”.

— Hyan. Ouvi dizer que se recuperou completamente; portanto, porque não se apresentou para o seu instrutor, continuando a pratica da técnica de combate de nossa família? — indagou severamente o Conde Lytian Fayfher, ainda mantendo seus olhos nos papéis.

— Simplesmente porque não quis… — respondi com indiferença, vendo suas mãos pararem abruptamente.

Batida!!

— Que absurdo você está dizendo?! Como meu herdeiro você tem que aprimorar suas habilidades; ou espera conseguir proteger essa cidade com suas capacidades patéticas?! — Rugiu Lytian, emanando levemente sua energia, querendo amedrontar assim seu filho.

Entretanto, não importa como reagiu ao seu descaso, seu filho não demonstrou sequer uma ligeira mudança.

Não, mais precisamente, Lytian podia sentir o desdém nos olhos de seu filho, o surpreendendo grandemente, já que antigamente seu filho se quer conseguia olhar diretamente em seus olhos, percebendo que de alguma forma esse recente incidente o mudou.

— Hyan! Por favor, responda apropriadamente ao seu pai… — Pediu nervosamente Adália, sentindo-se estranhamente desconfortável, tendo um péssimo pressentimento.

— Eu simplesmente não vejo qualquer utilidade em estudar as técnicas de combate de nossa família; portanto, pretendo treinar sozinho… — declarei diretamente, sacudindo meus ombros, atordoando completamente os meus pais.

— Você…! — Sem ter palavras para descrever minha atitude, Lytian Fayfher soltou completamente sua energia sobre o meu corpo, querendo me pressionar com sua poderosa energia interna.

No entanto, usei minha energia mental para envolver sutilmente o meu corpo, e apesar de ainda sentir uma intensa sensação de desconforto, tremendo visivelmente, não foi o suficiente para me derrubar de joelhos em sua frente.

— Querido! Por favor, se controle… — Suplicou Adália, lhe dando um olhar lamentável.

— Tsk! Tudo bem, garoto! Desde que deseja jogar desta forma, não me deixa escolha… ouvi dizer que você acolheu uma jovem em nossa casa, algo que se quer fez questão de pedir a nossa permissão…

— Assim, resolveremos as coisas da seguinte forma. Irei lhe dar uma escolha, cumpra suas obrigações corretamente como membro dessa família, caso contrário, irei ordenar que a expulsem do castelo. — Bufou Lytian Fayfher, olhando-me com raiva, querendo ver minha atitude.

“Ah! Suspiro. Me deixei levar pelo meu descontentamento passado, nunca pensei que ele iria me chantagear dessa forma tão descabida”. Pensei, um pouco surpreso com sua atitude.

“Entretanto, também não posso acatar suas ordens, aquelas minhas obrigações patéticas iriam ocupar a maior parte do meu tempo…”.

“Mas também não posso escapar dessa situação sem abrir mão de algum benefício, parece que não terei mais o apoio da minha família…”. Considerei, sorrindo impotentemente, enquanto ignorava sua expressão raivosa.

— Então?! Você não se achava adulto o suficiente para querer tomar suas próprias decisões?! Estou esperando… — Bufou Lytian Fayfher enfurecidamente, ficando ainda mais enraivecido ao vislumbrar inesperadamente um sorriso no rosto do seu filho.

— Tudo bem, essa é a minha resposta. Amanhã cedo irei me retirar do castelo na companhia de Elise. Desde que não posso ter a liberdade de escolher meus próprios interesses, então permanecer na Família Fayfher não tem qualquer utilidade… — respondi indiferente, sendo repentinamente interrompido.

Soco! Baque!!!

— Querido, Não! Hyan! — Gritando desesperadamente; Adália avançou, tentando ajudar seu filho, que caiu abruptamente no chão ao receber um golpe inesperado de seu marido.

— Ótimo! Desde que você se considera tão independente, tão capaz! Quero ver Como você pateticamente consegue se virar sem a influência da nossa família! Mesmo se amanhã se arrepender, ainda terei os soldados lhe jogando para fora do castelo! Agora, SUMA!!! — Rugiu Lytian Fayfher no limite de sua raiva.

— Querido, por favor… — Implorou Adália, com lágrimas nos olhos.

— Cale-se!!! Eu sou o chefe dessa família, desde que ordenei, minhas ordens devem ser acatadas! Retirem-se!! — Bufou Lytian, virando-se em direção a janela do seu escritório, não dando um segundo olhar em sua própria família.

Desta forma, levantando-me, passando a mão sobre o rosto, observei franzidamente suas costas, quando também não lhe dei um segundo olhar, virando-me imediatamente, saindo às pressas do escritório, não querendo ver mais sua expressão desagradável.

 



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