A Saga de Hyan Fayfher Brasileira

Autor(a): A. F. Willians


Volume 1

Capítulo 6: Um Indivíduo Excêntrico

 

 

 

Sino soando!!!

Adentrando um estabelecimento no distrito inferior, um pouco ansioso para o que estava prestes a encontrar, observei com muita curiosidade os meus arredores.

Contudo, depois de perguntar para vários moradores e aventureiros, procurando por um longo tempo um local sofisticado que pudesse manipular substâncias, ervas e outros ingredientes. Um lugar utilizado mais precisamente por curandeiros na manufatura de medicamentos, tudo o que encontrei foi esse estabelecimento medíocre.

Honestamente, eu não esperava algo deslumbrante, mais diante meus olhos, o que encontrei era um ambiente bastante precário, uma loja praticamente em decadência, estando suja e mal administrada, tendo poucas ferramentas de trabalho, como tinha inesperadamente um jovem dormindo desleixadamente sobre um livro em cima do balcão.

Decepcionado, a situação era realmente horrível, pois mesmo sob o soar do sino, sabendo da minha visita, o jovem não parecia interessado em me atender, continuando confortavelmente o seu sono.

— *Tosse*… Ei! Garoto! Esse estabelecimento ainda está funcionando, certo? — perguntei calmamente ao me aproximar do balcão, mas inesperadamente o jovem simplesmente enxotou-me com a mão, sem se quer levantar a cabeça ou responder-me.

Exasperado, querendo acertar um soco imediatamente no jovem impertinente, tudo o que me restou diante dessa atmosfera desagradável era esperar pacientemente.

Na verdade, a Cidade de Eydilian, devido sua localidade bastante remota, detinha poucos profissionais de valor, portanto, os estabelecimentos de importância poderiam ser contatos nos dedos, tendo muito poucos dispostos a se estabelecerem na região, principalmente curandeiros, que eram bastante procurados devido aos constantes conflitos com as bestas monstruosas.

Por esse motivo, com a falta de profissionais em diversas áreas, a Cidade de Eydilian era muito pouco atrativa para mercenários e aventureiros, levando a um ciclo ininterrupto de complicações, como geração de trabalho, desenvolvimento da cidade e principalmente na proteção das pessoas.

Claro, a situação não era catastrófica, desde que a falta desses profissionais poderia ser abastecida de certa forma pela presença dos comerciantes. Entretanto, seus preços eram elevados devido ao custo de proteção e transporte, gerando outros tipos de complicações.

Enfim, o único curandeiro presente na cidade era aparentemente a velha senhora no castelo, onde desconhecia seu passado, trabalhando diretamente com a Família Fayfher; como a princípio pensei sobre o dono deste estabelecimento, pensando que existia um segundo curandeiro na cidade; no entanto, estava chegando à conclusão que esse não era verdadeiramente o caso.

Dito isso, esperando um tempo considerável, vendo que o jovem não parecia estar disposto a me receber, tive que tomar de uma forma ou outra uma atitude, pois não poderia ir embora, tendo os recursos em minha posse se decompondo lentamente, onde precisavam ser urgentemente processados.

Exasperado, sem maneiras de preservar ou processar atualmente meus recursos, acabei ignorando o jovem dorminhoco, quando caminhei até as mesas de trabalho por conta própria, quando comecei a trabalhar nas mesas de alquimia, sem o consentimento do jovem.

E ouvindo o barulho proveniente do meu trabalho, como um pouco surpreso com minha atitude; o jovem garoto finalmente reagiu, quando levantou curiosamente sua cabeça, dando um rápido olhar em minha direção, quando se espreguiçou, se aproximando lentamente.

— Oh! Que inesperado. Eu pensei a princípio que você estava aqui para encomendar algum tipo de medicamento, nunca imaginei que você queria usar as mesas de alquimia do meu pai… então, o que você planeja criar? — indagou o jovem calmamente, olhando-me com grande curiosidade, quando bocejou, sentindo ainda um pouco de sono.

Observando-o, vendo como não se importava com a minha impertinência, conclui que esse jovem tinha uma personalidade inesperadamente excêntrica, quando calmamente respondi sua pergunta.

— Eu acabei me deparando com um fungo mutante, portanto, estou pretendendo criar algumas bombas paralisantes — respondi com indiferença, vendo o jovem se surpreender ligeiramente.

— Oh! Uma bomba paralisante, hein… interessante. Mas estou verdadeiramente interessado no fungo mutante, uma criação forçada a partir da energia individual, algo que difere do ciclo natural, onde dizem que tais existências são uma forma de vida herética… — expressou o jovem, quando se perdeu repentinamente em seus próprios pensamentos.

Bem, sentindo-me estranho com seus murmúrios, percebendo que suas palavras não estavam sendo direcionadas realmente a mim, acabei simplesmente por ignora-lo.

Assim, deixando que balbuciasse sozinho. Encontrei os instrumentos que precisava para a desidratação do coração do duende mucoso, separando também um pouco de argila e algumas Frutas Alcaline.

— Hum…! O que você pretende fazer com essas Frutas Alcaline? — indagou repentinamente o jovem, voltando a se concentrar em meu trabalho.

Suspirando, vendo o jovem aparentemente voltar a realidade, vislumbrando sua estranha disposição, acabei seguindo com a conversa, desde que era eu quem estava recebendo um favor.

— A Fruta Alcaline normalmente é usada como corante pela maioria das pessoas, portanto, seu preço não é caro, como é bastante acessível no mercado. Porém, ao usa-la em conjunto com certos elementos pode se acentuar ou criar um fluxo de energia…

— Quanto a argila, bem, isso não tem nenhum segredo, é somente um recurso auxiliar, onde pretendo utiliza-lo na camada exterior da bomba paralisante, como conceder a capacidade de suportar energia com a ajuda da Fruta Alcaline, o que causaria aquecimento, utilizando desse processo natural para sua ativação — expliquei calmamente, vislumbrando estranhamente um sorriso sincero em seu rosto.

— Oh! Eu não estava levando suas palavras muito a sério anteriormente, desde que você aparenta ser mais jovem do que eu… Porém, devo dizer, suas ações e palavras são bem convincentes, talvez precise de ajuda? — perguntou o jovem animadamente, deixando claro que desejava participar do meu experimento.

E observando sua expressão um tanto peculiar, principalmente sua clara vontade de trabalhar, era difícil recusar seu pedido, ainda mais quando estava utilizando os instrumentos de trabalho aos seus cuidados.

— Hmm… qual é o seu nome mesmo? — perguntei calmamente, sendo difícil e estranho continuamos dirigindo um ao outro indiretamente.

— Oh! Hehe! Meu erro, sou Raymon Rukhen, herdeiro mais novo da Família Rukhen, mas meus amigos me chamam somente de “Ray”, é um prazer conhece-lo — expressou Ray alegremente, estendendo sua mão em minha direção.

— Entendo. Sou Hyan, prazer em conhece-lo — declarei surpreso, não imaginando que esse jovem aparentemente estranho vinha de uma nobre linhagem, apertando sua mão.

— Então, Ray, se quiser me ajudar basta manusear os fungos que retirei da pele de um duende mucoso. Acredito que essa tarefa não vai ser um problema, certo? — expressei, imaginando que esse era seu objetivo, quando apontei para o local com os instrumentos necessários.

— O processo é bem simples, de início, coloque um pouco de terra em um recipiente, despeje um pouco do sangue de dentro do odre, e coloque os fungos sobre ele, depois desidrate o coração, processando-o em pó e espalhe-o sobre o fungo; para finalizar, basta convergir a energia vital para o seu crescimento — expliquei, vendo seu rosto se enrijecer por um breve instante.

— Eu posso concluir facilmente esses procedimentos, exceto a energia vital, desde que não sou um despertado; portanto, deixarei essa etapa final em suas mãos — declarou Ray, saindo imediatamente para realizar o processo.

Assim, observando brevemente seu trabalho, me sentindo um pouco inseguro com suas habilidades; apesar da nossa estranheza momentânea, parecia que Ray estava acostumado a manusear substâncias, principalmente ao contemplar suas habilidades, como rapidez, calma e precisão.

Enfim, julguei que Ray iria fazer um bom trabalho, onde voltei a me concentrar, pegando assim alguns galhos para começar a modelar a argila em uma forma esférica, como misturei antecipadamente as Frutas Alcaline, moldando eventualmente várias bombas paralisantes, levando-as consequentemente ao fogo.

Quanto ao Jovem Ray, ele terminou rapidamente sua parte, quando o ajudei na reprodução acelerada dos fungos, atraindo uma vertente de energia vital, o que o surpreendeu, principalmente quando vislumbrou com seus olhos os fungos sendo vagarosamente multiplicados.

— Pronto! Agora, deixe ferverem em um pequeno caldeirão, onde devemos destilar posteriormente, conseguindo assim a substância paralisante; e misturando em seguida com um agente alquímico de baixa qualidade, como as cinzas de uma raiz envelhecida…

— Desta forma, teremos a substância principal, onde colocando tudo dentro das esferas de argila, selando com resina e um pouco de sangue bestial, amplificaremos os seus efeitos, como aumentaremos a resistência da camada externa, concluindo assim nossa bomba paralisante — declarei com um sorriso, observando calmamente sua expressão.

Enfim, concluindo a primeira bomba paralisante, Ray e eu nos olhamos brevemente, quando sorrimos um ao outro; onde voltamos eventualmente ao trabalho.

E com sua ajuda, terminamos todo o processo antes que escurecesse, onde não pude deixar de expressar minha sincera gratidão, lembrando que precisava voltar urgentemente ao castelo.

Satisfeito, guardando rapidamente as seis bombas paralisantes, frutos do nosso dedicado trabalho, me despedi rapidamente diante seu rosto alegre. Um ajudante inesperado, mas que era muito capaz.

— Espere! Você não está esquecendo de algo? — Interrompeu Ray, sorrindo rigidamente, quando me vislumbrou querendo sair apressadamente do local.

— Hmm…? Oh! Certamente. Acredito que devo pagar uma pequena taxa de uso pelas mesas de alquimia, certo? Quantos dunares você deseja? — perguntei casualmente, tirando assim alguns dunares entre as minhas roupas, algo que sobrou após vender meus despojos obtidos na Floresta da Perdição Rubra.

— O quê! Quem diabos está falando em dunares? Estou satisfeito ao aprender o processo de produção das bombas paralisantes. Além disso, você somente usou as mesas de alquimia, não é como se algo tivesse sido quebrado. — Bufou o jovem, quando me olhou repentinamente, exibindo um brilho estranho em seus olhos.

— Estava anteriormente querendo dizer sobre os fungos, ainda resta alguns, e acredito que não seja um problema reproduzi-los novamente, tem certeza que não deseja leva-los? — perguntou Ray, esperando ansiosamente por minha resposta.

— Oh! Então era isso, hein. Não se preocupe, não tenho interesse nem tempo para algo assim. Claro, ainda seria um desperdício descarta-los inutilmente… que tal assim, você pode cria-los, acredito que não seria difícil para alguém com suas capacidades.

— Além disso, apesar das bombas paralisantes não terem qualquer dano, é um item apreciado por coletadores de ervas, lenhadores e outras profissões semelhantes que dependem da floresta, pois podem salvar sua vida em momentos de perigo — descrevi calmamente, observando sua atitude.

— Desde que aceite minha proposta, basta me deixar usar as mesas de alquimia sempre que possível, como gostaria que minha presença fosse mantida em segredo, tudo bem?

— Ah, também seria útil se a técnica de produção da bomba paralisante ficasse entre nós… — expressei calmamente; quando observei sua atitude.

— Oh! Tudo bem. Você pode sair agora… — respondeu Ray com indiferença, me ignorando completamente, quando correu imediatamente para observar os fungos mutantes.

“…!!”. Sem palavras, optei por não dizer mais nada, quando suspirei internamente, saindo silenciosamente do estabelecimento.

 



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