A Saga de Hyan Fayfher Brasileira

Autor(a): A. F. Willians


Volume 1

Capítulo 38: Um antigo inimigo (4)

 

 

 

E ciente dessa enorme diferença em nossa força, vendo-o quase concluindo seu ataque, decidi sacrificar metade do meu corpo para conseguir lhe desferir pelo menos um único golpe.

Luz! Crepitação!!

Contudo, nesse momento desesperador, preparando-me para morrer. Uma luz intensa de repente brilhou entre nossos corpos, e olhando mais atentamente, era uma chama, uma chama extremamente intensa.

— Quem!? — Rosnando, Klaus Vanrut observou o ambiente indignadamente, tentando descobrir quem atrevidamente interrompeu seu momento perfeito.

— Ah! Suspiro. Eu só queria observar, mas seja dito a verdade, as coisas ultrapassaram a minha imaginação… — Ecoou uma voz antiga e cansada pela floresta, quando de repente uma figura se mostrou em nossa frente.

E diante minha surpresa, um velho homem surgiu. Tendo uma longa barba branca, vestia uma luxuosa túnica vermelha, detendo padrões mágicos; quando seus olhos brilharam como chamas, dando para sentir de longe sua força descomunal, que nos observava atentamente.

— Eu não sei quem é você. Contudo, é melhor dá o fora!! — Rosnando, Klaus começou a cortar várias vezes com seu sabre, criando inúmeras lâminas de energia.

— Você é forte, meu jovem. No entanto, quanto tempo consegue manter essa sua transformação? — indagou o velho, movendo vagarosamente sua mão, surgindo assim diversos círculos mágicos atrás do seu corpo, originando-se em uma miríade de bolas de fogo.

Entretanto, Klaus não planejava dar espaço para o velho homem, não após conseguir encontrar seu tão amado e esperado inimigo.

Assim, enquanto as lâminas de energia e as bolas de fogo se anulavam, Klaus Vanrut surgiu abruptamente atrás do velho homem, e ciente que magos eram indefesos com a rápida aproximação, tinha a intenção de matar rapidamente o velho mago.

Felizmente, esse mago não era de forma alguma inexperiente; começando um encantamento, entoando-o lentamente, o velho mago fechou seus olhos, quando uma barreira de fogo escaldante surgiu abruptamente em frente a Klaus Vanrut, interrompendo o seu avanço.

— Métodos fúteis!! — Gritando, Klaus Vanrut concentrou uma tremenda quantidade de energia demoníaca em seu sabre, gerando uma enorme lâmina de energia, cortando a barreira de fogo por completo.

Contudo, Klaus Vanrut não encontrou o velho mago.

Assim, sentindo uma sensação sinistra o envolvendo por completo, Klaus olhou para trás, somente para vislumbrar o velho homem abrindo lentamente seus olhos.

— Oh! Grande Serpente Colossal! Soberana dos Espíritos de Fogo! Honre esse velho homem com sua presença, que minhas palavras te guiem, que meu coração te satisfaça, engolindo a todos com sua indescritível força! — Entoou calmamente o velho homem.

E diante seu cântico sereno, uma chama indescritível brilhou por um breve momento em seus olhos cansados.

Desta forma, impressionantemente, um enorme círculo mágico apareceu em suas costas, contendo a figura de uma gigantesca serpente de fogo, que se sobrepôs a sua figura, rugindo, enquanto avançava para engolir Klaus Vanrut por inteiro.

Impressionado, observando aturdidamente o incrível espetáculo diante os meus olhos. A poderosa Serpente Colossal avançou impetuosamente para arrebatar a vida de Klaus Vanrut.

Porém, mesmo vendo seu inimigo sendo engolido, o velho mago não demonstrou nenhuma emoção. E como se pressentisse, a serpente grunhiu estranhamente, quando seu corpo foi dividido em dois, revelando Klaus Vanrut todo maltratado, tendo alguns ferimentos e queimaduras, enquanto o olhava sinistramente.

— O quanto uma única pessoa pode ser sortuda? Você está certo, velhote. Eu não posso manter por muito tempo está transformação, também terei que pagar um preço alto por usá-la — falou abruptamente Klaus, tendo um sorriso em seu rosto.

Contudo, seus olhos o denunciavam, demostrando uma violência tenebrosa, enquanto fitava intensamente o velho mago.

— Hoje, detínhamos uma força relativamente semelhante, e desde que não me sobra muito tempo, é a sua vitória.

— Mas não se engane, em menos de dois anos terei uma força que o excede, então nem você poderá salva-lo, como irei pessoalmente tirar sua vida por sua intromissão…

— Quanto a você, meu velho amigo. Esperarei ansiosamente o nosso reencontro, espero que até lá não seja tão patético como hoje — falou Klaus, deixando essas palavras, quando um buraco negro surgiu atrás, em suas costas, onde desapareceu.

— *Tosse*… *Tosse*… Obrigado. Não sei quem é você, mas irei definitivamente devolver o favor… — Tossindo um pouco de sangue, tendo o meu corpo em um péssimo estado, esperei que tivesse sido salvo, quando a situação a seguir se desenrolou.

Agarrão! Dor!!

— O que é você? Pensei que era o filho do Conde Lytian Fayfher. Porém, despois de observa-lo por tanto tempo, isso é muito improvável — comentou o velho, agarrando-me inesperadamente pelo pescoço, enquanto me levantava bruscamente, olhando-me com aqueles olhos brilhando em chamas.

— Urgh! *Tosse*…. Eu não sei do que está falando… — Eu respondi com dificuldades, sentindo seu aperto intensificar-se em meu pescoço.

— Não sabe do que estou falando? As coisas que você fez, as coisas que você sabe, aquele ser demoníaco… Tudo está relacionado a você, certo? Mesmo eu já tinha ouvido falar do famoso nome, Arcanista. — Apontou calmamente o velho, tendo minha expressão mudando violentamente.

— Não me coloque no mesmo grupo que aquele adorador do demônio!!! — Rugindo intensamente, lembrando das palavras maliciosas de Klaus Vanrut, acabei tossindo, enquanto era arremessado pelo velho sobre a lama.

— Diga-me! Algum momento existiu esse seu suposto mestre? Por quanto tempo você pretende enganar as pessoas em sua volta? Esse corpo, você o assumiu a força? O verdadeiro filho de Lytian Fayfher está morto? — perguntou o velho desconfiadamente, encarando-me com violência.

— O que você quer de mim, maldição!! Eu não sei o motivo, também não tenho explicações! Eu simplesmente fui alguém que viveu anos à frente no futuro!! Eu vi pessoas arrogantes como você ser mortas pelos demônios, eu vi essa terra sendo devastada até não sobrar uma única flor…

— Eu vi como os humanos pateticamente traíram seus contemporâneos, se aliando a outras raças e matando sua própria espécie em nome de estrangeiros, tudo para cumprir seu desejo egoísta por riquezas, notoriedade e mulheres! — Gritei loucamente, olhando-o com grande desprezo.

— Você diz que não sou Hyan Fayfher? Sim!!! Eu sou definitivamente o filho patético que aquele maldito homem deixou para morrer! — Rugindo insanamente, tossindo violentamente, eu não tinha mais nada dizer.

— Quer saber, porque diabos essas malditas perguntas?! Se você vai me matar, então se apresse! A muito tempo eu não temo a morte!! — Rosnei, cuspindo em sua direção, olhando-o diretamente nos olhos.

Sorriso pretensioso!!

— Não. Na verdade, não tenho intenções de te matar. Pelo contrário, faz muito tempo desde que encontrei algo tão interessante em minha vida. Considere esse incidente como tendo saldado minha dívida com seu pai — Declarou o velho, me mostrando um sorriso sinistro.

— Porém, com esse estado lastimável, com essa quantidade de sangue perdida, assim como seus companheiros, acredito que você não irá conseguir retornar para o seu acampamento em segurança, correto? — Apontou o velho prazerosamente.

— O que diabos você quer? — respondi com imensa frustração, vendo sua aparência desprezível.

— Simples. Por muitos anos melhorei o meu espírito, assim como meus encantamentos. Mas infelizmente acabei estagnando em ambos os sentidos… — expressou vagarosamente o velho mago, olhando-me com grande expectativa.

— E após pesquisar por décadas, encontrei relatos de artefatos sagrados que poderiam se unir a alma de seu mestre, compartilhando de seu crescimento… Um desses relatos foi a dez anos atrás, e um nome bastante difícil de esquecer era mencionado com sua história… O seu nome era… Arcanista. — Relatou o velho homem.

— E bem… não somente estou conhecendo pessoalmente o indivíduo mencionado na história, como presenciei pessoalmente um desses artefatos sagrados… — comentou o velho, olhando para Sharky descansando calmamente em minha cintura.

— Compreendo. Mas é impossível… — respondi indiferentemente, vendo o desgosto e a indignação se sobrepondo sob sua expectativa inicial, quando seu olhar ficou intensamente violento.

— Primeiramente, não fui eu quem criou esse saco de moedas, e também posso garantir que não é obra de mãos humanas…

— Segundo, antes que você mencione minhas Armas Arcanas. Elas não são artefatos sagrados, são armamentos criados com fragmentos da minha própria alma, não é algo que pode ser feito facilmente — expliquei, ignorando sua expressão desconfiada.

— É assim mesmo? — indagou o velho mago, olhando-me intensamente.

— Sim, da mesma forma que um cavaleiro não pode emprestar a força estrangeira, e um mago não pode fortalecer seu corpo como um guerreiro; ambos não podem utilizar os meus métodos para fragmentarem suas almas — expliquei, vendo o velho perder lentamente o seu olhar reluzente.

— Entretanto, comparado com o progresso atual, sei criar um Grimório Mágico…

— E diferente dos cajados atuais, que somente podem auxiliar um mago na acumulação de energia externa, o grimório pode tanto convergir energia para auxiliar o mago, como conter feitiços que podem ser usados instantaneamente… — comentei, vendo lentamente seu interesse sendo despertado.

— Hmm… você parece entender as minhas necessidades, hein… Contudo, porque sinto que suas palavras são insinceras… — Rosnou o velho mago desconfiadamente, observando cada movimento meu.

— Bem, a desconfiança não é algo que posso resolver. Contudo, posso dizer com confiança que entendo plenamente as capacidades atuais dos magos, assim como suas muitas deficiências. — Argumentei casualmente, vendo seu olhar irritado.

— Com suas capacidades, vejo que sabe utilizar esplendidamente da sua zona espiritual, como aprendeu a usar as palavras para interagir melhor com a energia ambiente. Contudo, acredito que seu método de combate, usando habilidades rápidas e extravagantes deve sobrecarregar bastante sua alma.

— Bem, com um Grimório Mágico em mãos, você poderia utilizar várias magias ao mesmo tempo, não precisando se preocupar em sobrecarregar sua mente ou seus círculos mágicos.

— Além disso, suas características podem também aprimorar e amplificar a zona espiritual. Enfim, tem muitas capacidades aos quais poderia facilmente elevar sua força de combate. — Lembrei, vendo um sorriso ardiloso sendo formado vagarosamente em seu rosto.

— Hmm… Tudo bem, isso parece interessante, me ensine. — Ordenou o velho mago, quando estendeu sua mão em minha direção, franzindo assim levemente os olhos.

— Não, Obrigado. Não estou disposto… — comentei sem vontade, vendo seu olhar furioso.

— Tem certeza? Talvez eu não tenha judiado de você o suficiente? — Rosnou o velho, avançando lentamente.

— Hmpf! Que tolo ensinaria tal preciosidade somente para ser escoltado de volta a um acampamento?

— Além disso, lhe ensinar não mudara em nada sua situação, eu sou o único que pode forja-lo, não é algo que seu encantamento mágico seja capaz de criar… — Bufei zombeteiramente, rindo do seu rosto desavergonhado.

— Tsk! Droga! Vomite logo suas exigências, estou começando a ver suas semelhanças com aquele homem!! — Rosnou o velho indignadamente.

— Bem, como parece que chegamos a um entendimento… Primeiramente gostaria de saber a identidade do meu benfeitor — falei sarcasticamente, observando sua expressão distorcida.

— Sim. Eu não me apresentei ainda, Garoto. Eu sou o Grande Mago Vermelho, Sheridan! Lembre-se bem disso — falou Sheridan orgulhosamente.

— Grande o cacete… Eu lembro do seu nome, é só um exilado da Torre dos Magos. — Bufei zombeteiramente, vendo-o tremer violentamente, quando chamas surgiram em suas mãos.

— *Tosse*… De fato, o Senhor é um grande mago — disse, sorrindo ao ver seu olhar sinistro.

— O que você sabe? — Cuspiu Sheridan, olhando-me violentamente.

— Hmm… Não muito, sei que era um tolo por abertamente ir contra aqueles fanáticos, que achavam que os magos eram pessoas escolhidas pelos deuses, fazendo assim experimentos desumanos, como usando a vida dos plebeus como geradores de energia, mantendo aquela maldita torre funcionando…

— Isso…! Compreendo. Então no final eles seguiram esse caminho… — murmurou Sheridan estranhamente, apagando as chamas em sua mão, perdendo inesperadamente aquela sua atitude grosseira.

— *Tosse*… Hmm… como estava dizendo, preciso de ajuda; como poder ver… fiz alguns inimigos aos quais não posso lidar no momento. Eu fui um tolo, fique ao meu lado, então farei o possível para ajuda-lo — proclamei sutilmente, vendo sua aparência silenciosa mudando drasticamente.

— Não me venha com promessas doces e palavras vazias. Quanto tempo eu teria que aturar do seu lado? Eu não tenho nenhuma intenção de me envolver profundamente em seus conflitos. — Bufou Sheridan amargamente, vendo como rapidamente seus papéis se inverteram.

— Sabe, estou sendo honesto, eu não sei quanto tempo, mas no mínimo até que minha cultivação possa estar apta a refinar tal item.

— Além disso, você não precisa lutar abertamente, somente sua presença seria de certa forma o suficiente para intimidar meus inimigos — declarei sinceramente, vendo sua aparência terrível.

— Tsk! Malditos pai e filho! — Grunhiu Sheridan indignadamente, quando praguejou com violência, sabendo que essa era uma oportunidade única; portanto, não conseguia recusar o meu pedido.

 



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