A Saga de Hyan Fayfher Brasileira

Autor(a): A. F. Willians


Volume 1

Capítulo 33: A Verdade (2)

 

 

 

— Jovem Mestre Hyan, tem vinte e seis pessoas vigiando o que restou da Vila Montales. Quanto aos sobreviventes, parece que estão sendo mantidos na casa do antigo chefe da vila.

— Além disso… sendo um pouco inconveniente, acredito que alguns deles façam parte da Família Fayfher — reportou o batedor hesitante. Quando a expressão de seu Jovem Mestre ficou terrível.

— O quê! Impossível…! — Exclamou um dos soldados.

— Malditos! Nosso lorde nunca permitiria tamanha atrocidade…! — Desabafou outro.

Tumulto! Raiva! Indignação!

Ouvindo as palavras do batedor, os soldados que me acompanhavam logo se tornaram enfurecidos ao descobrirem que membros da própria Família Fayfher estavam permitindo a escravização de seus aldeões sem qualquer motivo aparente.

No entanto, ao pensarem mais profundamente no assunto, a hesitação logo os envolveu. Afinal, se meter em problemas relacionado a nobreza poderia acabar arrastando seus familiares, podendo até mesmo causar suas execuções.

Contudo, um único vislumbre na expressão de seu Jovem Mestre os tornou a esquecer esses pensamentos. E antes mesmo que pudessem se quer mencionar suas preocupações, a voz do seu Jovem Mestre ressoou em seus ouvidos.

— Não precisão fazer essas expressões… independentemente de fazerem parte ou não da minha família, irei pessoalmente matar todos, sem exceções — declarei com determinação, quando bufei diante as suas expressões.

— A partir desse momento iremos invadir seu acampamento. Portanto, acredito que não precise ressaltar. Mas nesse momento a escuridão é seu maior aliado. Por isso, mate cada um deles antes mesmo que possam perceber nossa presença. Não me decepcione — Ordenei, vendo a expressão selvagem de cada presente.

 

 

Enquanto isso, dentro da casa do antigo chefe da Vila Montales.

— Gyaaahhhh!!! — gritando amargamente, uma mulher de meia-idade estava sendo açoitada, enquanto alguns escravos estavam assistindo impotente todo o espetáculo.

A cena era indescritivelmente impiedosa, ao qual a mulher estava amarrada sob um pilar de madeira, tendo seu corpo exposto em diversas partes enquanto sangue escorria de suas feridas, onde pessoas até mesmo assistiam com prazer essa exibição, apreciando tudo acompanhado de um bom e velho vinho.

— Vocês percebem? Desse momento em diante vocês não passam de insetos, não são mais aldeões do Território Fayfher, mas escravos que necessitam saldar suas dívidas ao terem suas vidas salvas por nossa bondade — proclamou um homem segurando cruelmente um chicote, olhando com desprezo para os sobreviventes da Vila Montales.

— Estão vendo essa mulher? Ela ousou atacar o nosso senhor quando ele desejava demonstrar seu carinho e apreciação por sua filha…

— Não só foi ingrata pelo seu benfeitor, como resolveu devolver gratidão com rancor — descreveu o homem com desgosto, acertando novamente a pobre mulher.

— Agora, respondão! Essa mulher não precisa ser cruelmente castigada? O que vocês acham? Talvez devêssemos cortar seus dedos? Uma perna? Ou talvez enfiar uma estaca de madeira por dentre suas partes íntimas? — perguntou o homem enlouquecidamente, regozijando-se com suas próprias palavras.

— Vai pro inferno, maldito! — gritou um dos escravos, tentando cuspir na cara do desgraçado.

— Aaarrrgghh!!!! — Porém, mal terminando sua maldição, o torturador sorriu prazerosamente, quando o selo de escravidão se ativou, causando-lhe uma dor agonizante.

— Hehe! Eu adoro quando pequenos insetos se rebelam. Se as coisas não seguirem nesse sentido, então não teria qualquer graça os domesticar, não concordam?

— Eu gosto de presenciar sua coragem, a pequena esperança se desvanecendo vagarosamente de seus olhos, vislumbrando aquele desespero desolador, tendo a vontade de viver esvaindo lentamente do seu olhar…

— Olhem para essa mulher, ela ainda acredita que conseguiu salvar sua filha. Entretanto, nesse momento, aquela jovem deve estar morta, tendo sofrido miseravelmente sobre a ativação do selo da escravidão — declarou o homem prazerosamente.

Assim, puxando o cabelo da mulher com bastante violência, o homem lambeu a lateral do seu rosto, enquanto se regozijava com o seu olhar sem vida.

— Antônio!! Estou entediado, termine logo com essa punição. Precisamos nos preparar para partir ao amanhecer. — Ordenou um homem gordo e bem vestido, que apreciava delicadamente seu vinho.

E ao seu lado, apreciando a situação a sua própria maneira, detinha um nobre da Família Fayfher, que assistia tudo estoicamente, assim como um meio-gigante atrás do Mestre de Escravos, em suas costas, sendo o seu guarda-costas.

— Sim, Mestre! Irei imediatamente terminar com esse grande espetáculo! — declarou exultantemente Antônio, ignorando assim a expressão desesperada dos escravos.

— Mulher, você deveria me agradecer, deixarei você morrer da pior maneira possível, que é engasgar com seu próprio sangue. — Riu desagradavelmente Antônio.

— Quem sabe no pós-vida você consiga encontrar sua filha novamente. — Concluiu maliciosamente, puxando assim uma adaga da cintura.

Baque! Estrondo!!

No entanto, no momento que Antônio estava prestes a cortar lentamente a garganta da mulher, deixando que ela engasgasse em seu próprio sangue.

Um barulho estrondoso ressoou de repente pelo salão, quando a porta de entrada foi quebrada, tendo vários indivíduos avançando prontamente contra seus homens.

Furioso, sem precisar ser ordenado, Xim encarou Antônio, enquanto seus homens alvejavam o restante do seu grupo.

E presenciando tudo silenciosamente, não consegui evitar de deixar escapar um pouco da minha intenção assassina diante a cena desumana.

Aproximando-me da mulher, com um golpe de espada, cortei suas amarras, quando a peguei cuidadosamente em meus braços.

O seu estado era lastimável, mas mesmo nessa situação a mulher não se preocupava com seu próprio bem-estar; pelo contrário, pronunciava fragilmente o nome de sua filha. Era como se no momento que seus lábios parassem, então a esperança morreria completamente.

Enfim, observando mais a situação, não consegui evitar de suspirar resignadamente.

Pelos meus cálculos, somente trinta pessoas sobreviveram a esse inferno, sendo mais da metade mulheres, que apesar de não serem mais jovens, também não eram velhas, normalmente compradas por mercenários como escravas sexuais de baixa qualidade.

Quanto aos homens, apesar da variedade de idade, somente os mais fortes e resistentes permaneceram, e apesar de não serem guerreiros, eram uma mão-de-obra preciosa para comerciantes explorarem até suas fadadas mortes.

— Vocês podem cuidar dela por um momento? — perguntei gentilmente para duas escravas próximas, que me olharam com muito medo.

— Não se preocupe! Tudo vai ficar bem — declarei suavemente, dando um tapinha carinhoso em suas cabeças, convergindo secretamente minha energia mental, fazendo o mesmo para a mulher em meus braços, evitando assim que o selo de escravidão se reativasse.

— VOCE! PORQUÊ VOCE ESTÁ AQUI?! — Assim como conversava com as mulheres, o nobre ao lado do Mestre de Escravos começou a tremer, enquanto gritava, apontando o dedo descaradamente em minha direção.

— Hmpf! Eu nunca imaginei que tal lixo fazia parte da Família Fayfher. Suspiro. Realmente vou ter que fazer uma limpeza adequada no futuro. — Comentei desagradavelmente, quando olhei para o lado, vendo um dos subordinados do Mestre de Escravos vindo em minha direção.

Sinceramente, com um sorriso desdenhoso no rosto, nem precisei piscar, quando usei minha energia mental, esquivando assim de sua espada, onde cortei sua garganta, vendo o homem lentamente se ajoelhar, engasgando com seu próprio sangue; enquanto desesperadamente tentava fechar seu ferimento com as mãos.

— Oh! Eu vejo! Você é muito habilidoso. Entretanto, não tem medo das consequências de ir contra minha posição? — Falou calmamente o Mestre de Escravos, para ele, a situação não era nenhum pouco preocupante, tudo era meramente um espetáculo.

— He! Parece que temos um idiota aqui… é verdade que muitos não ousariam acarretar na fúria dos Mestres de Escravos, pois estou ciente que detém muita influência entre esses nobres repugnantes.

— Entretanto, deixe lhe dizer… Nesse território, mesmo que o próprio rei vier, ele terá que ser educado em minha frente. — Rosnei cruelmente, vendo sua expressão mudar levemente.

— Ele… ele é o jovem herdeiro da família… Hyan Fayfher… — murmurou o nobre, querendo sair apressadamente, ciente que seus status não era nada em relação ao jovem em sua frente.

— Hã? Esse é o Jovem Herdeiro da Família Fayfher? Escutei que ele não passava de um jovem frívolo e sem talento…

— Interessante. Na verdade, não temos o que temer, iriamos confrontá-los de qualquer jeito, se conseguirmos matá-lo aqui, então nosso plano será muito mais fácil no futuro. — Comentou o Mestre de Escravos, sinalizando assim para o meio-gigante, que se adiantou imediatamente.

Ouvindo as palavras do Mestre de Escravos, muitos dos presentes não conseguiram evitar de se sentirem aturdidos, seja inesperadamente por terem descoberto minha identidade, ou suas intenções, que estavam visivelmente claras, tendo muitos entre os soldados se sentindo imensamente indignados.

Porém, até mesmo o homem mais corajoso recuaria alguns passos diante esse homem. Desta forma, diante o meio-gigante, os presentes entenderam que seu poder não era brincadeira.

Chegando a ter quase três metros, o homem era absurdamente forte, tendo uma feição feroz, que me encarava com desdém, segurando uma enorme espada em suas mãos.

— Jovem Mestre Hyan, deixe esse monstro conosco, iremos enfrenta-lo — declarou Xim em companhia com mais três soldados. Porém, conseguia ver seu nervosismo evidente, enquanto cerrava intensamente a mão em volta da empunhada de sua espada.

Toque!

— Não tem a necessidade. Um líder de verdade deve liderar seus homens, não se esconder quando o perigo se mostra. Deixem-no comigo. — Ordenei calmamente, colocando minha mão sobre seu ombro, enquanto lhe dava um sorriso confiante.

— Hahaha! Garoto! Não me importo com sua posição. Mas não deveria menosprezar um verdadeiro guerreiro, você vai pagar caro por sua arrogância. — Alegou zombeteiramente o meio-gigante, sacudindo maliciosamente sua enorme espada, deixando assim pequenas fissuras no chão de madeira.

Observando seus olhos, vendo aquele desprezo nítido, não consegui evitar de formar um sorriso. Quantos inimigos poderosos já enfrentei em minha vida? Esse homem nem se quer me dava qualquer pressão. Tudo o que consegui pensar em minha mente era como esse ser era patético.

Avançando, correndo diretamente em sua direção sem qualquer truque aparente. O meio-gigante levantou sua enorme espada, era como se estivesse somente esperando para vislumbrar um belo show — tendo-me partindo em pedaços.

Entretanto, conforme me aproximava de sua área de ataque, conseguindo ver seu sorriso vitorioso; repentinamente meus olhos brilharam, causando-lhe uma enorme dor de cabeça.

E nesse instante, apesar do meu ataque espiritual não ser forte o suficiente para interromper completamente o seu ataque. Acabei conseguindo atrasá-lo, quando deslizei pelo chão de madeira, escapando por pouco de seu ataque, quando cortei um de seus tendões, tornando o homem a grunhir.

Sentindo a dor, perdendo eventualmente o seu apoio, o meio-gigante finalmente percebeu seu grande erro, não conseguindo assim evitar de se ajoelhar, quando apressadamente brandiu sua enorme espada em um ataque horizontal, visando seu ponto cego nervosamente.

Contudo, além de acertar alguns objetos no percurso de sua grande espada, nenhuma carne destroçada foi vista ou encontrada, tudo o que o meio-gigante conseguiu perceber era uma abrupta sombra que surgiu acima de sua cabeça.

Baque! Choque!!

Puxando minha espada enfincada da nuca do meio-gigante, limpei o sangue em meu rosto, olhando assim para o Mestre de Escravos, como para o nobre totalmente pálido.

— Acredito que não detém mais nenhuma carta na manga, certo? — perguntei calmamente, indicando que os soldados que já terminaram suas batalhas os cercassem.

— Espera! Eu tenho informações! Por favor, me poupe! Eu ainda sou um membro da Família Fayfher!! — Falou desesperadamente o homem, implorando lamentavelmente.

Entretanto, antes mesmo que o homem pudesse entender o ocorrido, um soldado avançou abruptamente, cortando sua mão que gesticulava sem parar em seu desespero. E gritando miseravelmente, o homem começou a chorar, quando se encolheu em completa dor.

— Te poupar? Você tem a coragem de implorar por sua vida?! Tem coragem de ainda se considerar um membro da Família Fayfher? Seres desprezíveis como você somente merecem o pior tipo de morte possível. — Rosnei cruelmente.

— Cortem os seus membros e joguem-no em qualquer canto para morrer — declarei com indiferença, vendo alguns dos soldados tremendo sutilmente, focando meu olhar no Mestre de Escravos.

— Oh! Parece que você ainda não se deu conta de sua situação, hein… — comentei levemente surpreso, vendo que o Mestre de Escravos não demonstrava qualquer nervosismo.

— Hmpf! Por mais que eu esteja surpreso com a habilidade que detém com sua idade, você ainda desconhece meu apoiador…

— Além disso, como você mesmo disse, dentro desse território você pode ser considerado o rei. Mas as coisas não são tão simples, me matar pode acarretar na fúria de pessoas importantes, trazendo assim a destruição para a Família Fayfher.

— Portanto, não acho que você tenha a coragem de dar esse único passo adiante e me matar — proclamou calmamente o Mestre de Escravos, sem qualquer temor.

— Puff…! — Segurando para não rir, ciente do que se passava na mente do Mestre de Escravos. Calmamente me aproximei do seu ouvido, murmurando algumas palavras.

— VOCE…! COMO SABE DE TUDO ISSO!!! — Berrou o Mestre de Escravos surpreendidamente, perdendo finalmente sua calma. Contudo, antes que pudesse ter suas respostas, um dedo pousou em sua testa, quando uma forte energia invadiu seu corpo.

Convulsão!!

Grunhindo em dor, debatendo-se violentamente, o Mestre de Escravos começou a sangrar pelos ouvidos, olhos, nariz e boca. Era uma visão medonha, onde o homem que antes se orgulhava diante de todos morreu miseravelmente.

Silêncio! Medo!!

Os presentes, vendo o Mestre de Escravos sendo morto, não conseguiram suprimir o terror em seus corações ao ver a expressão claramente fria de seu Jovem Mestre Hyan.

Principalmente quando seu olhar passou friamente diante os presentes, parando vagarosamente nos soldados, que estavam em silêncio; quando finalmente declarou:

— Vamos nos preparar para partir, não sei quantos desses malditos existem pela área, mas não podemos vencer todos com esse pequeno número.

— Quanto aos feridos, improvisaremos algumas macas, revezando assim entre nós para carrega-los. — Ordenei, vendo os soldados acenando apressadamente em entendimento, ao qual retirei um recipiente com essência arcana.

Assim, concluindo os nossos preparativos, um pequeno grupo de pessoas desapareceu no calar da noite, onde somente o cheiro pungente de sangue permaneceu em meio a antiga Vila Montales.

 

 

                      



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