Volume 1
Capítulo 32: A Verdade
— Todos estão prontos? Iremos nos mover para o ponto mais próximo da floresta antes do anoitecer. — Ordenei, vendo o apoio completo do pelotão.
E apesar de ainda ter alguns feridos desde que não suportei manter a matriz até que todos estivessem totalmente recuperados, os medicamentos em minha posse foi o suficiente para ajuda-los.
Assim, compartilhando os cavalos entre os membros feridos, revezando-os em determinados intervalos. Continuamos a viagem, seguindo assim com metade a pé, não sendo um grande desafio para cultivadores, onde todos ainda estavam determinados a concluírem essa jornada.
Sinceramente, acabei até mesmo presenciando Dylan e Elise se enturmando totalmente com o pelotão, e essa cena me satisfez verdadeiramente, sendo bastante raro essa união.
Afinal, as dificuldades que as pessoas suportavam para viver somente mais um dia nesse mundo terrível era algo difícil de explicar, o que normalmente afastava as pessoas, os tornando somente a se preocupar consigo mesmo, negligenciando assim o que ocorria em sua volta.
Portanto, quando acordei a tarde, após ficar inconsciente com a ativação da Matriz do Revitalizamento; ao vislumbrar agradavelmente Elise treinando com os soldados, enquanto recebia até mesmo seus conselhos.
E vendo que até Dylan não era diferente, conversando com os membros enquanto ajudava no preparo da comida para a recuperação de todos. Bem, posso dizer que me sentia muito orgulho.
Enfim, vendo a motivação do grupo para concluirmos nosso objetivo, onde todos se sensibilizaram com a história de Dylan. Continuamos a viagem, onde sem ter que enfrentar mais qualquer incidente inesperado em nosso caminho, chegamos finalmente na periferia da Floresta da Perdição Rubra.
Desta forma, vislumbrando o anoitecer, decidindo por montar acampamento, descansamos para que estivéssemos totalmente recuperados para romper pela floreta até a Vila Montales a uma hora de distância.
Assim, acendendo uma fogueira, aquecendo o caldeirão para começar o preparo da comida. Todos não conseguiram evitar de elogiarem vividamente os meus métodos, vendo a cabeça do Lasgotan posta em uma estaca no centro do acampamento.
— Eu nunca esperei que pudéssemos usar desta forma o cadáver de uma besta monstruosa — murmurou Xim com agradável surpresa.
— O método de fato é eficaz; contudo, deve-se ter cuidado, as bestas monstruosas emitem naturalmente uma aura intangível, e por mais que afastem as criaturas mais fracas, que fugiriam imediatamente…
— Em casos onde adentrássemos no território de uma poderosa besta monstruosa, então não seria diferente de suicídio — expliquei, vendo todos de bom humor, conversando alegremente entre eles.
— Entendo. Jovem Mestre Hyan. Na verdade, posso fazer um pedido? — perguntou Xim de repente.
— Claro, se eu puder, tentarei ao máximo cumpri-lo — respondi, vendo inesperadamente uma mudança seria em sua expressão.
— Eu quero ter um duelo novamente com o Jovem Mestre Hyan. Mas não como o anterior, desejo que mostre sua verdadeira força — pediu Xim honestamente, tendo rapidamente os soldados do grupo se aproximando para apreciar o show.
— Se você insiste — respondi, enquanto me levantava, apreciando assim sua atitude.
Desta forma, formando uma roda ao lado do acampamento, todos se apressaram para assistir atentamente o nosso duelo. Sinceramente, também queria ter um duelo com Xim, experimentando meu poder por completo.
Assim, estando bastante animado; entrei em minha postura de combate, onde observei o Tenente Xim do outro lado, que usava agora uma espada, tendo sua glaive destruída. Quando lhe enviei um olhar de advertência, tomando a iniciativa.
Xim, vendo a minha aproximação sem qualquer truque se surpreendeu, mas não se atreveu a subestimar-me. Se preparando para me golpear assim que adentrasse sua área de ataque.
Entretanto, nesse instante, tendo os nossos olhares se cruzando, uma vertigem abruptamente lhe ocorreu, quando perdeu inesperadamente a figura de seu Jovem Mestre de vista.
Baque! Dor!!
Assim, sentindo um forte soco em suas costelas, Xim gemeu, quando urgentemente se apressou para afastar-se, querendo assim reajustar sua postura.
No entanto, não dando dois passos, levou de repente um chute na parte traseira de sua panturrilha, derrubando-o.
— Xim. Não pense que somente com sua espada pode se bloquear qualquer tipo de ataque…
— O verdadeiro poder vem da energia interna, usa-la somente quando for desferir um golpe certeiro é algo completamente estupido — expliquei honestamente, observando assim sua expressão aturdida, que me fitava atentamente.
— Pode parecer estranho, mas um cultivador deve utilizar sempre sua energia interna, algo semelhante as bestas monstruosas, conduzindo assim sua energia em todo o seu corpo, assim como em qualquer movimento — Falei, indicando que se levantasse.
— Afinal, no Reino Corporal, você deve aperfeiçoar o corpo, mas isso não quer dizer que somente deve fortalecer sua carne, ossos e sangue com a sua energia interna…
— Pelo contrário, você deve transformar todo os elementos presentes em seu corpo em um único ser.
— Além disso, se seguir a Técnica de Controle Interno que lhe dei, o que acabei de comentar não será uma situação impossível — expliquei, esperando que adentrasse novamente em sua postura de combate.
— Na verdade, tal técnica não é algo exclusiva em minha posse. Essa Técnica de Controle Interno é usada pelo Exército Imperial nos Reinos Superiores. E domina-la é somente um passo para ser considerado um verdadeiro cultivador — Apontei, indicando que iria avançar novamente.
Assim, investindo contra sua figura, enviei um novo ataque espiritual, tornando Xim a cerrar os dentes, cortando violentamente em minha direção.
Entretanto, sua espada passou inesperadamente por minha figura, tornando-o a perceber que era meramente uma miragem, um engano causado pelos seus próprios sentidos.
Baque!
Sendo derrubado novamente, Xim não ficou com raiva, nem inconformado. Na verdade, sentiu um grande alívio, era o mínimo que esperava pela pessoa que ganhou sua admiração e respeito.
— Obrigado, Jovem Mestre Hyan. Agora, percebo como fui cego anteriormente — declarou Xim.
— Você não precisa se rebaixar. Quando lhe dei a Técnica de Controle Interno também tive meus motivos.
— Você tem talento, Xim. E apesar de ter perdido alguns anos de sua cultivação sem um tutor adequado, acredito que com grande esforço você não perderia para os melhores nesse continente — proclamei, presenciando sua perplexidade.
— O que acha? Deseja aprender sobre minha tutela? — perguntei, vendo todos os soldados suspirando em espanto, olhando agradavelmente em nossa direção.
— Hã?! Sobre isso… — Tenente Xim se sentiu aturdido, tendo um estranho sentimento em seu coração, quando não sabia como corresponder a oferta de seu Jovem Mestre Hyan, olhando inconscientemente para seus companheiros de pelotão.
— Haha! Não se preocupe. Na verdade, também desejo que todos vocês possam trabalhar sobre minha bandeira. Afinal, compartilhamos nessa viagem momentos de vida e morte — expressei, olhando nos olhos de cada presente.
— E seja dito, são nesses momentos críticos que demonstramos quem verdadeiramente somos…
— Portanto, não irei poupar palavras, se desejarem trabalhar ao meu lado, não terei somente como meros soldados. Pelo contrário, tornarei todos vocês em meus cavaleiros — comentei sinceramente, vendo as expressões um tanto quanto aturdidas de todos os presentes.
— Nós… nós podemos realmente tornarmos cavaleiros? Sabe, não somos detentores da Energia Carnal — indagou um dos soldados, sentindo assim essa dúvida em seu coração, quando despertou a questão.
— Não se preocupe, pensar que para se tornar um Cavaleiro é preciso da energia carnal é um grande equívoco.
— Se confiarem em mim, assim como em meu julgamento… não somente irei lhe demonstrar algo imprescindível, como garanto que lhes tornarei reconhecidos por todo o reino — declarei, olhando para cada um dos presentes.
— Jovem Mestre Hyan… nós… — expressou Tenente Xim, quando se sentiu bastante emocionado.
No entanto, assim como estava prestes a responder. A expressão do seu jovem mestre mudou violentamente, quando o mesmo sentiu a presença de um desconhecido.
Desta forma, entrando em alerta, mudando sua postura. Os mais perspicazes rapidamente desembainharam sua espada, quando todos apontaram para uma determinada direção.
— Quem está se escondendo? Revele-se! — Vociferei de repente.
E ouvindo as minhas palavras, sentindo a pressão que os envolveu, todos os soldados levantaram sua guarda, enquanto suas expressões revelaram a violência e a brutalidade que escondiam em seus corações, quando observaram atentamente o entorno.
Desta forma, conforme a atmosfera se tornava pesada, sons de passos ressoaram vagarosamente na escuridão.
Surpresos, presenciando o inesperado visitante, diante o olhar perplexo dos presentes. Uma jovem dentre dezesseis a dezoito anos surgiu toda maltratada e ferida, olhando sem vida para as pessoas em sua volta.
E antes que pudesse tomar uma atitude, ficando um pouco confuso com a visão, um dos presentes avançou apressadamente.
— Bella? É você, certo? Filha! — Diante a perplexidade de todos, Dylan repentinamente gritou, avançando desesperadamente.
E correndo ansiosamente, Dylan apoiou sua filha que estava prestes a cair, quando todos conseguiram ver o homem entrando em lágrimas, emitindo claramente uma sensação de desespero.
Porém, vislumbrando-a mais atentamente, suas emoções se intensificaram ainda mais profundamente. Quando não conseguiu evitar, gritando assim por uma resposta da jovem que olhava ao redor distraidamente e sem vida.
— Papai?! Você… você não morreu? — murmurou fragilmente a jovem, estando quase no limite de suas forças, quando lágrimas escorreram do seu belo rosto.
Tremor! Choque!
E sem conseguir dizer mais uma única palavra, como se não conseguisse mais suportar, a jovem começou a ter convulsões nos braços de seu pai, quando tatuagens de correntes surgiram em seu pescoço, pulsos e tornozelos.
— Por favor! Alguém me ajude! Eu faço qualquer coisa, eu lhe dou todas as minhas riquezas… Mas, por favor, salvem a minha filha! — Implorou Dylan, olhando desesperadamente para todos os presentes.
Infelizmente, mesmo sob seu clamor desesperado, ninguém disse nada, todos os presentes sabiam o que essas tatuagens representavam.
E cientes do sistema de escravidão, considerado como o pior tipo de punição, todos sabiam que nenhum poder poderia lutar contra os Mestres de Escravos.
— Essas tatuagens é de alguém que foi escravizado. Se observarmos suas roupas rasgadas e as feridas por sua pele, isso não é algo resultado somente de sua fuga pela floresta…
— Acredito que ela fugiu do seu mestre no momento que estava prestes a ser estrupada… E o que está enfrentando agora provavelmente é o efeito colateral do Selo de Escravidão, acionado por desobedece-lo — declarou um dos soldados mais velhos.
Ouvindo essas palavras, presenciando seus olhares, Dylan se desesperou, todos estavam cientes que no momento que fossem escravizados não tinha mais retorno.
Devastado, a dúvida começou a corroer consequentemente o seu coração. Porque sua filha foi escravizada? Porque ela tinha que sofrer esse tipo miserável de destino?
Tendo lágrimas em seus olhos, apertando firmemente o corpo de sua filha em seu abraço, Dylan só conseguia pedir desesperadamente por ajuda.
Contudo, diante o silêncio, e a dor que sua filha estava enfrentando em seus braços, prestes a amaldiçoar os deuses por seu destino, a figura de um jovem surgiu de repente em sua visão.
Vendo aquela figura, sua postura calma e composta, a esperança inesperadamente surgiu em seu coração.
Entretanto, devido ao seu choro amargo, Dylan não conseguiu dizer as palavras em seu coração, quando a mão do jovem pousou calmamente em seu ombro, quando ele lhe deu um sorriso tranquilizador.
E diante a surpresa de todos, Hyan colocou suas mãos no pescoço da jovem. Muitos queriam dizer algo, pensando que talvez o jovem pensasse que tirar sua vida fosse a melhor forma de salva-la. Porém, estranhamente, todos optaram por não dizer quaisquer palavras.
— O seu nome é Bella, certo? Sei que pode me ouvir, sou um amigo de seu pai e estou aqui para ajudá-la, não resista a energia que vou convergir em seu corpo, juntos podemos destruir o selo de escravidão — falei calmamente, ressoando minhas palavras no silêncio da noite.
Assim, conduzindo minha energia, a jovem parou de se debater, quando sons de correntes metálicas começaram a ressoar pela noite.
E apesar de não voltar a convulsionar, seu corpo tremeu sutilmente, quando a jovem gritou intensamente em dor, não sendo tão forte quanto a mulher anteriormente escravizada.
Dylan, vendo o sofrimento de sua filha, sentiu o coração se despedaçar, mas suportou, ele acreditou firmemente que aquele jovem poderia salvar sua filha, era algo que ele presenciou pessoalmente por todos os seus milagres.
— Não desista! Mantenha-se firme. Quando tudo isso passar garanto que você terá uma vida maravilhosa, podendo rir alegremente ao lado do seu pai, receber o carinho caloroso de sua mãe, a felicidade sempre vira para aqueles que persistirem diante da dificuldade.
Porém, sabia como era irrealista essas palavras, mas era o melhor que poderia fazer para incentiva-la. Felizmente, diante seu grito lamentável, as correntes de aprisionamento se romperam, quando o corpo da jovem descansou fragilmente nos braços de seu pai.
E vendo seus olhos ansiosos, calmamente lhe dei um sorriso, dizendo:
— A sua filha é uma jovem muito forte. Não se preocupe, leve-a para uma tenda e cuide de sua saúde.
— Nesse momento, o que ela mais precisa é de uma presença familiar e de confiança para ajudá-la a superar os pesadelos que acabou por enfrentar — declarei, vendo o homem sinceramente agradecer, enquanto se retirava com sua filha nos braços.
Assim, observando em silêncio sua retirada, me levantando vagarosamente, olhei para cada um dos presentes, enquanto presenciava seus olhares, declarando:
— Eu irei avançar para a Vila Montales nesse momento, alguém deseja me acompanhar? — perguntei, mas não consegui esconder a fúria mesclada violentamente em meu tom.
— Hmm... Jovem Mestre Hyan. Não quero ser indelicado, mas a noite já envolveu completamente o nosso entorno, e não conseguimos enxergar direito três metros em nossa frente…
— Avançar dessa forma pode colocar todos em perigo. Entendo que esteja furioso, mas podemos esperar até o amanhecer para avançarmos. — Aconselhou humildemente um dos soldados.
Entretanto, mesmo sob seu aviso sincero, os olhos de seu Jovem Mestre Hyan não mudou. Os soldados podiam sentir a violência escondida naqueles olhos, era uma violência que nunca presenciaram anteriormente, demonstrando como era tremenda suas emoções.
— Eu irei em sua companhia! — Alguém declarou finalmente, tornando os olhos dos soldados virarem naquela direção, percebendo que era seu Tenente, Xim.
Surpresos, outros soldados deram um passo adiante mostrando o seu apoio. E diante essa cena, cada vez mais pessoas estavam dispostas a segui-lo. Entretanto, seu Jovem Mestre Hyan levantou as mãos, dizendo:
— É o suficiente, alguém deve defender o acampamento, quanto aqueles que se prontificaram, se aproximem — declarei resolutamente, tirando um recipiente com essência arcana, ao qual molhei cuidadosamente a ponta do meu dedo, escrevendo runas suspensas diretamente no ar.
— Isso…! — Vendo novamente uma cena que ia contra o seu bom senso, os soldados sentiram uma sensação indescritível em seus corações, quando avançaram, se lembrando como ganharão a simpatia e a apreciação do seu Jovem Mestre Hyan.
Assim, caminhando diante aqueles que me acompanhariam, toquei suavemente a testa de cada um dos indivíduos, assistindo as runas suspensas convergirem em seus corpos.
E diante os olhares atordoados daqueles que estavam responsáveis por defender o acampamento. Seus companheiros tiveram veias surgindo ao lado de cada um de seus olhos, quando um brilho sutil e misterioso envolveu suas pupilas.
— Essas runas lhes permitiram a enxergarem no escuro; contudo, os efeitos só poderão durar por seis horas. Nesse intervalo vamos matar cada um desses malditos, estamos estendidos? — Ordenei cruelmente, presenciando assim as expressões confiantes de meus seguidores.
E prestes a partir, de repente presenciei a figura solitária de Elise, que inesperadamente estava em silêncio o tempo todo. Desajeitado, me preparando para dizer algo, confortando-a. Elise rapidamente abriu sua boca, dizendo:
— Não se preocupe. Eu compreendo que nessa etapa somente seria um obstáculo. Por favor, mate cada um daqueles desgraçados — proclamou Elise maldosamente, me mostrando um sorriso.
— Hmm… pode ter certeza, não irei deixar um único escapar. Deixarei esse lugar em suas mãos — falei, não conseguindo evitar de lhe dar um sorriso caloroso.
Despedindo-me, reforçando a determinação em meu coração, indiquei para meus homens me seguirem, enquanto avançávamos em direção a vila sob o véu da noite.