A Saga de Hyan Fayfher Brasileira

Autor(a): A. F. Willians


Volume 1

Capítulo 20: A tempestade se aproxima

 

 

 

— Prezados aventureiros. Eu os parabenizo, ambos conseguiram ser promovidos ao Rank D. Agora, podem solicitar uma residência provisória em nossa sede por todo o Reino Ershter, como podem acessar nossa biblioteca, possuindo informações coletadas por todos os nossos colaboradores sobre os costumes e aspectos das bestas monstruosas.

— A Associação de Aventureiros também espera que tais benefícios possam ser uteis em sua jornada e crescimento, assim como esperamos que continuem se fortalecendo, conquistando cada vez mais notoriedade por todo o nosso reino — declarou a atendente animadamente. Exceto que ela detinha uma expressão um pouco forçada, vendo estranhamente a minha feição aborrecida por trás da máscara.

— Obrigado… — Bufei, pegando ambas as pedras de identificação sobre o balcão, me virando imediatamente.

Desta forma, andando em direção a uma mesa isolada dentro do salão, sentei-me enquanto observava tudo calmamente, tentando assim encontrar sinais de observadores.

— Hyan…? — indagou Elise, percebendo o meu humor.

— Suspiro. Você ainda não percebeu, certo? — indaguei, vendo sua confusão.

— O grupo anterior visava respectivamente o meu anel interespacial… e não é como se eu andasse o exibindo descaradamente. Os únicos momentos que o demonstrei foram quando entreguei as partes requisitas como provas de nossas missões…

— Em outras palavras, onde esse processo utiliza de uma sala privada, somente as duas atendentes da associação deveriam saber que detinha um anel interespacial — expliquei, tendo uma expressão sombria, imaginando para quantas pessoas essa informação tinha sido vazada.

— Isso… essas malditas…! — Grunhiu Elise, querendo agir imediatamente, mas foi parada prontamente por mim, enquanto a olhava com desaprovação.

— Elise, não deixe sua raiva nublar o seu julgamento. Com nossa força atual, não temos o poder, nem a influência de exigir uma compensação da Associação de Aventureiros… Também não posso afirmar que as duas atendentes são culpadas, talvez uma seja inocente.

— Além disso, uma comoção atrairia ainda mais perseguidores. Não se esqueça que apesar de não ter se ferido gravemente, seus ferimentos ainda demoraram alguns dias para se curarem completamente.

— Mesmo com todos os medicamentos que ajudei a consumir nessa semana, ainda não é o suficiente para você agir com negligência; portanto, não aja como se você detivesse a mesma regeneração que um cultivador. — A repreendi, suavizando meu tom ao ver sua atitude.

— Ah! Suspiro. Você é muito negligente com sua condição. E essa atitude me preocupa, já que mesmo que praticamos a técnica secreta, se seus ferimentos não forem adequadamente tratados, podem ocasionar em repercussões negativas…

— Enfim, como não desejo que algo assim ocorra, manteremos um perfil baixo até que se recupere completamente, entendeu? — Ordenei decididamente, vendo seu aceno, quando ambos ficamos em silêncio.

Passos! Apreensão!!

E assim como estava lecionando Elise, um aldeão bastante maltratado adentrou com cautela a Associação de Aventureiros, tendo inesperadamente algo bem escondido entre seus braços, quando o homem foi apressadamente em direção ao balcão, colocando-o cuidadosamente diante a atendente.

— Senhorita, gostaria de vende-lo — murmurou o homem, desembrulhando o objeto, que se revelou sendo uma pedra bastante comum; exceto a sensação estranha que emanava.

— Senhor. Um momento, preciso levar e averiguar cuidadosamente o objeto, somente assim poderei lhe oferecer um preço justo — declarou a atendente ao ver o objeto desconhecido.

Assim, tendo sua aprovação; ignorando consequentemente o nervosismo e a ansiedade do homem, a atendente se retirou, quando a atmosfera se tornou estranha e inquieta.

— Tsk! Um homem tolo — resmunguei, levantando-me, quando fui em direção ao balcão.

Enfim, usando o meu sentido espiritual, acabei por reconhecer o objeto anteriormente em suas mãos. Era uma Pedra Xuan, um recurso nascido através do tempo e grande acumulação de energia.

Um item que detinha Energia Espacial, algo extremamente precioso, utilizado em muitos instrumentos mágicos, inclusive no anel interespacial.

Afinal, a sua preciosidade se devia principalmente ao fato que mesmo eu, um detentor da Energia Mental, não conseguia atrair e utilizar da Energia Espacial conforme minha vontade, precisando assim de um intermediário caso desejasse conduzir e manipular essa especial entidade.

Portanto, a existência da Pedra Xuan era devidamente único, como de suma importância para o seguimento dos meus planos, motivando-me a intervir diante essa cena patética.

Assim, mantendo minha calma, andando até o homem, que percebeu imediatamente a minha presença, acabei por parar ao seu lado, quando falei sutilmente, em um tom ao qual somente nos dois poderia ouvir.

— Eu comprarei seu objeto por dez dunares de ouro, tenho certeza que a Associação de Aventureiros não estará disposto a pagar tanto — sussurrei.

No entanto, o homem somente olhou brevemente para a minha máscara, ignorando-me completamente.

— Entendo, você parece estar desesperado, e acha que ninguém além da Associação de Aventureiros estaria disposto a validar e comprar o seu precioso tesouro.

— Entretanto, demonstra-lo na frente de diversos aventureiros, isso é simplesmente suicídio… — declarei, quando sua atenção retornou.

— Enfim, não só estou disposto a compra-lo, como também lhe darei um lugar para você e sua família repousarem até a poeira abaixar…

— Afinal, acredita firmemente que após negociar com a Associação de Aventureiros, quando sair por aquela porta, outros aventureiros não iram segui-lo e aborda-lo? — declarei, sendo a minha última tentativa para ajuda-lo, depois não iria mais me intrometer em seu destino.

Felizmente, ao ouvir as minhas palavras, repensando um pouco mais profundamente no assunto, o aldeão ficou repentinamente pálido.

Ele poderia estar desesperado, mas ainda poderia discernir o suficiente para entender minhas implicações. E com dificuldade, o aldeão sussurrou de volta:

— Como eu poderia confiar em você? — indagou o homem, observando atentamente os estranhos olhares que os aventureiros lhe davam, deixando-o assim com uma expressão sombria.

— Não pode; afinal, também posso ser só mais um indivíduo interessado em seu tesouro — expressei, agitando os ombros.

— Mas cabe a você, que se meteu nessa confusão, escolher — argumentei, vendo sua hesitação, quando decidi retornar para minha mesa, sentando-me ao lado de Elise, que se manteve observando todo esse tempo.

Assim, pensativo e hesitante, o homem permaneceu esperando que a atendente voltasse, mas agora, sabia que apesar de estar dentro da Associação de Aventureiros, e que ninguém demonstrasse hostilidade.

As coisas não seriam tão simples, assim que pegasse seu pagamento e saísse porta afora, seu destino poderia ser lamentável, tornando-o a se arrepender grandemente de suas ações.

— Senhor. Analisamos o item que trouxe, mas não conseguimos distinguir verdadeiramente o seu valor, portanto, iremos pagar um dunar de ouro.

— Claro, se desejar ajudar-nos a identificar suas origens, podemos aumentar o preço conforme suas contribuições — declarou a atendente, indicando assim a porta do fundo, segura que o homem aceitaria definitivamente sua oferta.

— Hã?! Sobre isso… poderia me dar um tempo para pensar? Não acho que o preço que a Associação de Aventureiros está oferecendo satisfaça-me — falou hesitantemente o homem, pegando assim a atendente totalmente desprevenida.

— Senhor… mencionei que podemos aumentar o preço consideravelmente conforme descobrimos sua origem? — indagou estranhamente a atendente, não conseguindo acreditar que um simples aldeão rejeitou sua grande oferta.

— Eu… eu não tenho nada a dizer sobre sua origem, foi um encontro fortuito. Portanto, não tenho nada a dizer a respeito — explicou o homem balançando a cabeça, enquanto estendia sua mão, indicando que a atendente devolvesse seu tesouro.

Desta forma, finalmente recebendo-o de volta, ignorando a expressão descontente da atendente, o homem suspirou em alívio, quando andou vagarosamente em nossa direção.

Assim, observando-o atentamente, indiquei que se sentasse, ordenando que uma garçonete trouxesse algumas bebidas e um pouco de carne.

— Hum…. meu nome é Dylan, sobre a negociação… aceito o seu preço, mas… — expressou Dylan, sendo interrompido prontamente por mim.

— Mas você tem alguns pontos que devem ser atendidos, dessa forma pode assegurar sua segurança e das pessoas a sua volta, certo? — declarei imediatamente, tendo um sorriso sarcástico em meu rosto, quando acabei o interrompendo.

— Sim! Está certo, anteriormente você comentou que poderia ajudar a minha família, quero conhecer principalmente os seus métodos, se satisfazer-me, estou disposto a oferecer o meu tesouro.

— Além disso… posso também dizer como verdadeiramente o obtive… — Concluiu Dylan após um breve pensamento, tornando-me a perceber que não era tão tolo como aparentava.

— Tudo bem. As suas exigências são justas, tenho um apoiador, ele é o dono da Grande Ferraria Bahaduul, para lhe provar podemos ir diretamente ao seu local, o caminho é bem frequentado, e tem bastante soldados mantendo a ordem, o que poderia sanar sua insegurança e confirmar minhas palavras.

— Além disso, sua reputação também é bem reconhecida, e acredito que mesmo você não desconhece sua influência.

— Enfim, meu objetivo é deixar você e sua família ficarem hospedados temporariamente em sua residência, como poderão trabalhar sobre sua bandeira — expliquei, vendo a expressão parcialmente aliviada do homem.

— Okay, seguiremos com o seu planejamento — declarou Dylan, estando muito mais confiante e seguro após aprender sobre as minhas intenções.

— Bom, agora que chegamos em um acordo, quero conversar sobre outra questão… portanto, coma — disse, atraindo assim repentinamente sua atenção.

— Sejamos honestos. Apesar de ser jovem, não sou tolo. As suas roupas… você não é um habitante da Cidade de Eydilian, certo? — indaguei, interrompendo assim seus pensamentos.

— Hmm... talvez você seja provavelmente um trabalhador das minas, vivendo nas vilas em nosso entorno? — perguntei, vendo o homem tremer sutilmente.

— Suspiro. Está certo. Sou um aldeão da Vila Montales, e assim como previu, um trabalhador das minas. Acredito que não terá nenhum problema em buscar minha família, certo? — Sondou o homem atentamente, reparando minunciosamente em minha reação.

— Não. Quando sugeri essa opção estava ciente de suas origens — respondi, quando seu olhar era ainda hesitante.

— Mas, deixe-me ser claro, para você vir de tão longe, se arriscar dessa forma… Não vamos falar sobre bandidos, mas bestas monstruosas poderiam facilmente ser encontradas no percurso.

— Assim, vendo como você é um não-praticante, algo deve ter evidentemente ocorrido, caso contrário, não se colocaria em tal risco. — Apontei, chocando-o.

— Sobre isso… — Dylan hesitou, não sabendo o que dizer.

— Você parece indeciso. Portanto, deixe-me ser claro, se você não mencionar com precisão o ocorrido, nossa jornada para resgatar sua família pode enfrentar perigos inesperados, colocando todos em grande risco.

— Portanto, se deseja que ambos tenhamos sucesso em nossos objetivos, tudo deve ser devidamente esclarecido, entende? — Aconselhei severamente, vendo sua hesitação desaparecer vagarosamente.

— Urgh! Tudo bem. Nossa… nossa vila foi atacada por uma pequena horda bestial, muitas pessoas morreram, e um número ainda maior ficaram feridas — esclareceu Dylan, quando observou minha reação.

— E apesar de sobrevivermos, e a vila não ter sido completamente destruída, muitos monstros ainda rondeiam nossa área.

— Diante da situação, sabendo dos perigos ainda piores que poderíamos enfrentar, formamos um grupo de apoio para pedir ajuda ao nosso Senhor Feudal — esclareceu Dylan, quando sua expressão mudou sutilmente.

— Contudo, após todo o trabalho… só consegui chegar na Cidade de Eydilian devido a um encontro fortuito com um grupo de aventureiros, que me salvaram. Sendo, infelizmente, o único sobrevivente dos que partiram em buscar de ajuda. — Lamentou Dylan, cerrando os punhos.

— Sem mencionar que depois de ter chegado de tão longe… ao pedir uma audiência com o Senhor Feudal, fui prontamente rejeitado, sendo informado que o lorde já estava ciente desse incidente.

— Assim, sabendo tardiamente sobre a milícia sendo enviada para resguardas as terras no entorno da Montanha Ginsei. Por um momento pensei que nosso grupo foi tolo e precipitado em suas ações… entretanto… — explicou Dylan lamentavelmente, cerrando os dentes em indignação.

— Você não está confiante nas forças que o Senhor Feudal enviou, ou melhor, não acredita que eles vão salvar os aldeões da sua vila a tempo — Complementei, concluindo assim suas palavras.

— Dito isso, seu objetivo era vender a Pedra Xuan, como talvez a localização de sua obtenção em troca de ajuda para escoltar os sobreviventes da Vila Montales, estou correto? — perguntei com uma carranca, me arrependendo um pouco da minha proposta.

— Sim. Por favor, ajude-nos. — Suplicou Dylan, ciente que muitos grupos de aventureiros não estariam dispostos a se arriscar deste jeito.

 



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