A Saga de Hyan Fayfher Brasileira

Autor(a): A. F. Willians


Volume 1

Capítulo 2: Energia Interna

 

 

 

Acordando novamente, sentindo os raios do sol atravessar a janela, percebi coincidentemente que não constatava mais ninguém em meus arredores, o que me fez aproveitar o momento para me olhar no espelho; temendo que tudo não passasse de um sonho pregado pelo meu mais profundo desejo.

Contudo, percebi que tudo isso não era um equívoco da minha imaginação. Suspirando com alívio, logo um sorriso dominou meu semblante. E decidido, cerrando firmemente os punhos em alegria e determinação; deixei escapar um sutil bufo de dor, relembrando-me da condição bastante precária do meu corpo.

E apesar de não conseguir me recordar de como cheguei a tal estado, isso não estava nem um pouco perto de abalar a minha felicidade.

Na verdade, nem se quer me preocupei, se fosse uma pessoa normal, talvez minha situação fosse delicada, acabando por estar em repouso por muitos dias, talvez um pouco mais que dois meses.

Entretanto, se eu tivesse que apontar o maior benefício após adquirir essa segunda chance, seria o meu conhecimento remanescente.

Afinal, desde a antiguidade, muitas perguntas atormentaram a mente das pessoas, principalmente aquelas que questionavam o significado da vida, da origem da criação, e o propósito de todos os seres vivos.

Durante eras, essas perguntas tiveram nenhuma resposta. Porém, sob a insistência de algumas pessoas, aos quais mais tarde foram conhecidas como estudiosos, os mistérios insondáveis que permeavam nosso mundo aos poucos foi sendo descobertos.

Em uma época onde a humanidade parou de simplesmente sobreviver para desfrutar verdadeiramente da vida, cientes que precisavam da existência do fogo, da água, da terra e do próprio ar para sobreviverem.

Uma entidade em meio a toda essa existência fora descoberta pelos estudiosos. Conhecido a princípio como “Energia Mística”, essa estranha existência estava presente na natureza e principalmente nos próprios seres vivos.

Surpresos, os estudiosos por mais que não pudessem confirmar sua teoria, julgavam que essa nova existência era o responsável pela origem de toda a vida.

E em uma busca desenfreada pela verdade que se escondia no próprio mundo, os humanos encontraram inesperadamente uma forma de se comunicar com essa entidade, e por mais que essa interação não fosse perfeita, a hipótese dos estudiosos se demonstraram correta.

Desta forma, criando uma linguagem que era capaz de se comunicar com a Energia Mística, ou mais correto dizer, a própria vontade do mundo, os humanos conseguiram um pequeno vislumbre para controlar um poder inimaginável.

No entanto, esse poder se manifestava de diferentes formas dependendo do indivíduo, gerando ainda mais perguntas, aos quais os estudiosos adentraram em um ciclo repleto de mistérios e segredos.

E conforme a relação com a Energia Mística se aprofundava, os humanos descobriram que seus poderes poderiam ser classificados de três formas diferentes.

Um humano que nascesse com uma distinta vitalidade, sempre enérgico e vigoroso, ao despertar a energia em seu interior, ele inesperadamente não despertaria a Energia Mística, mas sim a “Energia Vital”, e descobriria que sua força vital era mais abundante que os outros.

Assim, diante essa circunstância, lhe era atribuído grande tenacidade, como uma regeneração mais ampla, que o capacitava a controlar intrinsecamente sua própria força vital.

Além disso, sendo um dos muitos poderes provenientes da Energia Mística, como a primeira categoria de classificação; essa energia se classificava na categoria de poderes físicos, onde outros poderes semelhantes se demonstraram.

E esse era o caso da “Energia Carnal”, concedendo ao seu portador uma força sobre-humana, assim como uma resistência anormal, se desenvolvendo de uma forma totalmente diferente por aqueles possuidores da “Energia Vital”.

Em contraste, pertencendo a segunda categoria; aqueles que nasceram com uma afinidade mais íntima com a natureza, ao despertarem, descobririam que detinham a capacidade surpreendente de controlarem os elementos.

Esse poder em especial, detendo grandes capacidades destrutivas, seria posteriormente conhecido como “Energia Elemental”, detendo assim sua própria categoria, se diferenciando das energias corporais.

Bem, era tanto mistérios, tantas revelações imprevisíveis, que acabou levando a própria humanidade para um caminho totalmente impensável.

E conforme a humanidade evoluía, esse processo acabou dando origem aos “Cultivadores”, pessoas que ao despertarem dedicavam sua vida a refinar essa energia presente em seus interiores, assim como no próprio mundo, trilhando eventualmente um caminho único e inusitado, explorando corajosamente os inumeráveis mistérios presentes no céu.

Com tal progresso, descobrindo e desvendando uma quantidade incontável de segredos provenientes da Energia Mística, após incontáveis anos de pesquisa, estudo e sacrifício. Acabou levando respectivamente a humanidade ao sucesso, onde conseguiram conquistar um poder avassalador, tendo os humanos alcançando uma era de grandeza inimaginável.

Infelizmente, essa era dourada não perdurou por muito tempo, pois, nem tudo poderia suportar contra o tempo e o destino.

E após séculos, vivendo em uma glória quase inacabável, devido a uma grande catástrofe, a humanidade e sua “Era Dourada” se viu quase em completo extermínio.

Assim, devido a esse incidente a maioria do conhecimento se perdeu, e uma era de trevas se abateu sobre a humanidade. Atualmente, para sobreviverem, os humanos tiveram que se contentar com o pouco de conhecimento que se preservou com a passagem do tempo.

E dependendo principalmente de heranças hereditárias que se transmitiram através do sangue desde os tempos antigos. Agora, quando os humanos alcançavam a idade de quinze anos, poderia ter a sorte de manifestar sua energia, despertando assim sua afinidade para as energias presentes em nosso mundo.

No entanto, diferente do passado, onde as energias eram inúmeras, hoje elas eram restritas a cinco entidades, se perdendo o restante com a passagem do tempo. As três primeiras eram energias elementares, aos quais eram reconhecidas como Energia Incandescente, a Energia Oceânica e a Energia Ventânica.

Os cultivadores que dominavam essas três energias elementares seriam denominados a princípio como magos, obtendo uma incrível capacidade sobre os elementos. E admirados principalmente por suas capacidades especiais, eram reconhecidos por todo o domínio humano como a esperança da humanidade, recebendo grande admiração e respeito.

E como um suporte na luta contra os temíveis monstros que existiam pelo nosso mundo, ficando somente um pouco abaixo dos magos no requisito de poder, existiam aqueles conhecidos como Cavaleiros.

Sendo portadores da Energia Carnal, eles detinham uma força sobre-humana, assim como uma resistência anormal, sendo o principal apoio nas linhas de frente.

Quantos aqueles que obtiveram o domínio sobre a Energia Vital; a responsável pela maior quantidade de despertados dentre a humanidade. Os seus cultivadores acabariam por adquirir uma vitalidade incrível, assim como grande vigor e tenacidade.

E apesar de não possuírem uma força avassaladora, seus feitos na história não poderiam ser ignorados, já que sua persistência nos campos de batalha era inigualável, sendo uma presença insubstituível apesar de suas muitas deficiências.

Claro, apesar de somente essas cinco energias serem atualmente conhecida pela maioria das pessoas, não podemos esquecer que existia uma terceira categoria.

Eu, por exemplo, não detinha nenhuma dessas afinidades. Na verdade, por muitos anos pensei que era um não-praticante, pensando que jamais sentiria essa força sobrenatural circulando por meu corpo.

Mas, depois de uma experiência terrível e solitária, quase desistindo de continuar vivendo nesse mundo envolvido por escuridão e morte, acabei descobrindo acidentalmente um legado deixado por um antigo especialista.

E através desse conhecimento remanescente perdido no tempo, descobri que energias relacionadas à espiritualidade também existiam, e inesperadamente era um dos raríssimos indivíduos que detinham essa afinidade; que para minha surpresa, era conhecida como “Energia Mental”, uma energia que se manifestava imediatamente no nascimento.

Porém, seu domínio era extremamente complicado e complexo, usar a força mental era mais fácil falar do que exercer, tornando-me há levar diversos anos para entender os seus usos e conceitos, compreendendo que os detentores dessa afinidade detinham um aumento mais acentuado em suas capacidades sensoriais, influenciando diretamente na percepção, compreensão e principalmente no raciocínio.

Na verdade, seu verdadeiro domínio, de certo ponto de vista, era usar à vontade para alterar as leis naturais, e apesar de parecer um poder formidável, poucas técnicas ou habilidades estavam disponíveis para os detentores dessa energia.

Afinal, tudo isso ocorria devido ao processo da formação de uma habilidade, que poderia colocar um peso tremendo sob a alma e o espírito do cultivador.

Além disso, diferente das outras afinidades, os detentores da Energia Mental não podiam utilizar da energia ambiente para atacar como os magos, tão pouco reforçar seus corpos para se fortalecerem, mesmo o cultivo era diferente de outros cultivadores.

Tudo o que detinham era uma compreensão mais acentuada dos mistérios que rondeavam a criação, como reflexos apurados e uma alta percepção. Bem, poderia até dizer que após todos esses anos e com meu conhecimento através de duas vidas, o meu “Sentido Espiritual” era a única habilidade que possuía.

Portanto, devido a tantas restrições, era difícil discernir sua existência, e diferente de outros cultivadores, que absorviam eventualmente a energia contida no meio ambiente, o detentor da Energia Mental precisava crescer espiritualmente para avançar em seu cultivo, um desafio complicado e complexo.

Honestamente, a Energia Mental era um poder bastante difícil de exercer, algo que qualquer jovem da minha idade ficaria completamente perdido, ainda mais ao ter que escolher um caminho para desenvolver sua energia interna, algo que tive muitas dificuldades em minha vida passada.

Claro, nesta vida seria diferente, não tinha como ignorar a experiência e o grande conhecimento dentro da minha mente.

Assim, pensando com cuidado como iria pavimentar o meu próprio caminho, sentei-me com as pernas cruzadas, quando coloquei a mão esquerda por baixo da direita, unindo os polegares, quando adentrei uma postura meditativa.

Desta forma, fechando os meus olhos, senti um pequeno rastro da Energia Mental dentro do meu corpo, onde comecei a convergi-la, quando entoei alguns cânticos antigos, uma técnica de cultivo que acabei herdando do legado do antigo especialista.

E convergindo a minha Energia Mental para uma posição próxima de minhas mãos, tomando muito cuidado, concentrei a energia proveniente do meu próprio espírito em um único ponto no interior do meu corpo, mais precisamente, a dois dedos abaixo do meu umbigo.

Assim, condensando ao máximo possível em uma esfera, dando os primeiros passos para a criação do meu Centro de Energia.

O Centro de Energia era o responsável pelo armazenamento da energia interna, era um órgão encarregado de conduzir e convergir à energia interna totalmente pelo corpo. E sem essa base, não importava que métodos exteriores utilizasse para acumular energia, tudo se dispersaria na atmosfera.

Portanto, o método de sua criação era crucial, demonstrando o valor de uma Técnica de Cultivo, como o legado mais importante que se preservou desde os tempos antigos.

Enfim, condensando meticulosamente a energia mental ao máximo, mesmo que aparentasse ter chegado ao seu limite, enquanto ainda me restavam forças, continuei a condensação, quando a pequena esfera ganhou de repente um brilho diferenciado, se tornando algo mais substancial, tangível.

Assim, sentindo que alcancei o estágio necessário, estabelecendo eventualmente sua formação, sabia que tinha conseguido com sucesso formar o Centro de Energia.

Aliviado, sentindo uma leve vertigem devido a sobrecarregar minha consciência com o uso da Energia Mental, acabei desabando sobre a cama, quando sabia que tinha que descansar, pois o esgotamento mental não era facilmente restaurado, me deixando assim ser levado, quando meus olhos se fecharam com naturalidade.

Nos próximos dias, tendo estabelecido com sucesso minha fundação, o Centro de Energia. Decidi usar um método para acelerar a minha recuperação, e usando um método bastante precário, separei uma vertente de Energia Mental, quando atrai e envolvi outro tipo de energia presente no ambiente, uma com propriedades regenerativas.

No entanto, apesar de ser algo somente possível para detentores da Energia Mental, que poderiam atrair e converter a energia em diversos atributos —  jamais poderia ser absorvida no Centro de Energia — do contrário poderia danificá-lo, causando assim danos irreparáveis, acabando consequentemente com a minha vida.

Pior, como era um processo extremamente lento, como de certa forma prejudicial; o consumo da minha energia interna seria triplicado, demorando um tempo muito maior para repor essa energia, onde qualquer erro não somente acabaria com meu futuro como cultivador, como poderia acabar em fatalidade.

Porém, não poderia me importar menos neste momento, ainda mais devido a minha atual condição, sendo algo fundamental para a minha rápida recuperação.

Assim, repetindo esse processo até a exaustão, exaurindo o meu Centro de Energia repetidas vezes, senti meus ferimentos tendo uma óbvia melhora, enquanto sempre desmaiava em cansaço, caindo em um sono agradável e profundo.

 



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