A Saga de Hyan Fayfher Brasileira

Autor(a): A. F. Willians


Volume 1

Capítulo 18: Um desafio estressante

 

 

 

— Isso… não é uma clareira? — perguntou Elise surpresa, vendo um campo aberto entre a floresta, contendo uma grande árvore no centro.

— Sim. Aqui, pegue. Você vai precisar… — falei de repente, jogando para Elise um pequeno frasco contendo um antidoto.

— O que é isso…? — indagou Elise, confusa.

— Está vendo aquela árvore? Aquele é o território de um grupo de pequenas bestas monstruosas chamadas, Preá da Coroa Espinhosa. E apesar de não serem poderosos, seus espinhos contém um certo veneno, que acaba por confundir suas vítimas.

— A sua tarefa é simples, chegue à árvore, pegue a Flor do Luar, e seu desafio estará concluído. — Ordenei, vendo sua surpresa.

— Tudo bem — respondeu Elise, tomando imediatamente o antidoto, quando ergueu seu escudo, avançando cautelosamente.

Desta forma, dando passos vagarosos em direção a grande árvore, Elise sentiu a grama bater contra sua armadura, quando observou atentamente o ambiente; afinal, a grama chegava à altura de sua cintura.

Mas não percebendo de antemão nenhum perigo, Elise olhou para a grande árvore, se sentindo assim confusa ao não encontrar nenhuma Flor do Luar, se perguntando se talvez estivesse escondida em algum canto, caso contrário, eu nunca a teria mencionado.

Assim, continuando a avançar, se sentindo cada vez mais confusa com a situação um tanto pacífica, Elise de repente sentiu uma sensação repentina de perigo.

E protegendo urgentemente seus olhos, espinhos extremamente afiados surgiram em meio a grama, batendo assim contra sua proteção, enquanto alvejava seus pontos fracos.

Baque! Choque!!!

Assustada, tentando recuar para uma área longe do alcance dos ataques, assim como planejava tomar uma atitude. A grama em sua volta remexeu ligeiramente, tendo novos espinhos lançados de repente de diversas direções.

Cercada, recebendo ataques incessantemente, felizmente a maioria dos espinhos não conseguia atravessar com sucesso sua armadura, mas aqueles que atingiram sua pele através das lacunas a alertaram do perigo, causando-a uma dor angustiante.

— Elise, se não consegue avançar, recue! — gritei, aconselhando-a, vendo como Elise estava completamente perdida com a inesperada situação.

Surpresa, pulando para trás com toda sua força, Elise recuou, percebendo perplexamente que os ataques cessaram completamente.

— Você está confusa porque eles não a perseguiram? Bem, os Preá da Coroa Espinhosa estão na base da cadeia alimentar, em outras palavras, são normalmente alimentos para outras criaturas. Entretanto, devido a aura emanada pela Flor do Luar, um “rei” nasceu entre eles.

— Assim, não só conseguiram reunir sua espécie, que normalmente se escondem por toda a floresta, mas criaram esse território, tendo uma boa coordenação defensiva, algo que não fica aquém as capacidades de um lobo alfa e sua alcateia.

— Enfim, como seres herbívoros, os Preá da Coroa Espinhosa se alimentam da própria grama em sua volta, sem a devida necessidade, jamais deixaram o seu território.

— Portanto, se não estiver aguentando sua ofensiva, basta recuar, e poderá descansar apropriadamente — esclareci, segurando o sorriso, vendo-a tirar os espinhos ainda permanecentes em sua pele.

— Tsk! Isso significa que posso avançar diretamente, ou matar cada um deles, certo? — indagou Elise, sentindo alguma raiva em seu coração.

— Bem, você tem a liberdade de escolher sua própria abordagem, enquanto tiver a Flor do Luar em mãos, o desafio estará concluído — proclamei, tentando reprimir assim um ligeiro sorriso.

 

 

Correndo entre a grama, balançando-se em harmonia com o vento; Elise chutou raivosamente uma parte da grama, vendo assim um Preá da Coroa Espinhosa finalmente se revelar.

Enfurecida, aproveitando o ímpeto de seu próprio chute, Elise girou seu corpo, quando se recompôs, mantendo seu escudo protegendo a parte superior de seu corpo, quando cortou a pequena criatura ao meio com sua longa espada.

Desta forma, avançando ininterruptamente, sem ter a intenção de ter qualquer descanso, seguiu com seu jogo de pés, onde Elise continuou defendendo os espinhos irritantes, avançando em direção a grande árvore no centro da clareira.

Desesperados, os Preá da Coroa Espinhosa começaram a pular dentre a grama, arremessando freneticamente seus espinhos.

E vendo sua perseguição implacável, não conseguindo evitar de ter um sorriso malicioso em seu rosto, Elise em uma investida abrupta pisou sobre o tronco da árvore, quando usou da força repulsora para pular e girar, cortando assim três Preá da Coroa Espinhosa que a seguia em um único golpe de sua espada.

Satisfeito; observando atentamente suas ações, não consegui evitar de me sentir admirado. Esse teste já tinha durado por meio mês, e durante esse período, Elise sofreu muito nas mãos dos Preá da Coroa Espinhosa.

Era tanto, que chegou ao ponto de ter uma lição severamente gravada em seu corpo e alma, se relembrando inconscientemente que durante uma luta, sempre se deve manter constantemente seus pés em movimento, caso contrário, sentiria uma dor agonizante.

Grito! Grunhido!!

Enraivecido pela morte constante de seus companheiros, o Preá Rei da Coroa Espinhosa surgiu em um dos troncos da grande árvore.

E tendo um tamanho maior que seus companheiros, olhava para Elise com grande inimizade, como se os dois não pudessem viver embaixo do mesmo céu.

— Você…! Pequeno maldito! Finalmente decidiu sair, porquinho! Agora, sem deixa-lo escapar, irei rasga-lo em pedaços! Irei comer sua carne e mastigar suas entranhas!! — Vociferou Elise com raiva, cerrando os dentes, não percebendo minha estranha expressão na distância.

Grunhido!!

Avançando, o Preá Rei da Coroa Espinhosa pulou da árvore, girando em pleno ar, quando enviou uma torrente considerável de seus espinhos contra o escudo de Elise.

E caindo entre a grama, se recusando a desistir de sua investida, se escondeu dentre a vegetação, quando em determinados momentos lançava seus espinhos em direção a Elise, contornando-a.

Ardiloso, chegando à perfeição com seu método de combate, o Preá Rei da Coroa Espinhosa se manteve escondido, onde mesmo Elise não poderia vislumbra-lo com sucesso dentre a vegetação, sabendo que não seria fácil acerta-lo.

Sem opções, Elise optou por ficar parada por um breve momento, se concentrando em sua defesa, deixando assim que o Preá Rei da Coroa Espinhosa permanecesse atacando em uma formação rotativa.

E respirando calmamente, fechando seus olhos ao perceber a criatura dando uma pequena pausa para recuperar o fôlego. Elise tentou aguçar seus sentidos, descartando assim por um instante sua visão.

Desta forma, sentindo o vento bater contra seu rosto, ouvindo os pequenos ruídos dentre a grama. Elise reabriu seus olhos, arremessando repentinamente sua espada em uma determinada direção, enquanto dava passos largos, erguendo com toda a sua força o seu escudo.

Baque! Estrondo!!!

Em uma visão grotesca, assim como o Preá Rei da Coroa Espinhosa pulou da grama, desviando assim de sua espada, Elise o acertou com seu escudo, o desnorteando totalmente.

Porém, em uma fúria desenfreada, Elise manteve reerguendo seu escudo, enquanto continuamente amassava seu escudo contra a pobre criatura.

Surpreso, fazendo vista grossa diante suas ações; relembrei que nesses quinze dias, quando acordava em meio à noite, poderia perceber Elise tendo espasmos, normalmente nos membros que eram atingidos frequentemente pelos espinhos.

Assim, concentrando-se principalmente na região de suas articulações, aos quais não eram protegidas adequadamente devido as falhas em sua armadura. Elise deve ter sido atormentada grandemente.

“Urgh! Estou sentindo um pequeno calafrio ao ver suas ações… talvez eu estivesse exagerado um pouco no desafio…”. Pensei, sentindo-me um pouco culpado.

Enfim, era melhor descontar sua raiva no pobre animal. Desta forma, não querendo atrair sua atenção, em silêncio, comecei a pegar os despojos, colocando todos dentro do anel interespacial, enquanto ia em direção a grande árvore.

E em sua frente, abrindo um caminho pela grama alta e alguns arbustos em seu entorno, encontrei uma fenda entre a base da árvore, onde estava inesperadamente a Flor do Luar, tendo uma pequena fissura em direção a copa, onde se originava a luz da lua durante a noite.

— Então era aqui que essa Flor do Luar estava escondida, não é à toa que nunca a vislumbrei anteriormente — murmurou Elise, estando muito mais tranquila, quase como se tivesse se livrado de um grande peso em seus ombros.

— Sim. É por estar adequadamente escondida que ninguém a encontrou, essa Flor do Luar provavelmente vai atingir duas décadas, tornando-se uma erva espiritual — comentei agradavelmente satisfeito.

— Hyan. Escutei anteriormente você mencionar muitas vezes ervas espirituais… Mas ainda não sei dizer ao certo do que se trata. Afinal, poderia me explicar qual é a diferença dessas ervas? — perguntou Elise com curiosidade, querendo aprender um pouco mais sobre o assunto.

— Hmm… como posso explicar… Uma erva comum pode assim como os seres humanos absorver a energia presente na natureza; entretanto, os efeitos nessa forma de vida mais simplória se distinguem…

— Essa situação acaba ocorrendo porque a energia acumulada em seu corpo altera suas propriedades, tendo como vista não só o tempo acumulado, mais também o seu ambiente. Nesse caso, mesmo as ervas da mesma categoria podem apresentar efeitos distintos.

— E como não sou um curandeiro, tentarei explicar da forma como os aventureiros normalmente a classificam, como também é uma tendência dos comerciantes durante suas negociações.

— Assim, começando pelas Ervas Medicinais, que normalmente podem ser facilmente encontradas em mercado; são utilizadas em sua maior parte na elaboração geral de medicamentos e alimentos…

— Enfim, sua preciosidade é determinada devido ao tempo de vida entre cinco a vinte anos, aos quais ainda não possuem mutações, tudo devido ao seu tempo de vida prematuro, pois são incapazes de conseguir formar seu centro de energia.

— Uma erva entre vinte a cem anos é considerada uma Erva Espiritual. Onde começam a formar uma aura levemente discernível no entorno do seu corpo.

— Essa aura evidentemente demonstra a formação do seu “Centro de Energia”, como são consideradas por muitos cultivadores um tesouro precioso para a cultivação, contendo efeitos únicos na elaboração de equipamentos, elixires, instrumentos mágicos, entre outros…

— Uma erva entre cem a quinhentos anos é uma Erva Real. Nesse estágio, as ervas já formaram sua consciência espiritual, tendo a capacidade de se defender de predadores, assim como de cultivadores, contendo ataques sinceramente perigosos, matando um cultivador desavisado com um simples movimento.

— E uma erva entre quinhentos a mil anos é uma Erva Imperial. A existência dessa erva pode ser dita como um milagre. E encontrar tal entidade não é facilmente discernido como algo fortuito.

— Honestamente, não gostaria de me deparar com tal entidade — expliquei, resumindo as ervas, enquanto observava com diversão sua expressão estupefata.

— E acima disso, existe uma existência ainda maior?! — perguntou Elise com curiosidade, demonstrando grande interesse no assunto.

— Sim. Mas sua existência na minha opinião é bastante improvável. No passado, encontrei em um antigo manuscrito o relato que indicava uma erva com uma inteligência inimaginável, como também não era mais limitada ao seu local de nascimento, era quase como uma entidade única e especial.

— Mas o que realmente acabou atraindo o meu interesse, era que o relato descrevia sobre um império que foi completamente dizimado ao tentar colher e subjugar tal existência, tendo a intenção de refinar um medicamento divino. — Relatei, sorrindo diante sua expressão inocente.

— Hã!!? Isso… impressionante?! — Exclamou Elise, um pouco aturdida, demonstrando grande surpresa e incredulidade no assunto.

— Sim. O mundo é tão vasto, coisas inimagináveis existem pelas terras. Sinceramente, é uma pena que não podemos viver o suficiente para desbrava-lo — murmurei, imerso em lembranças, sacudindo assim minha cabeça, tentando focar no presente.

— Enfim. Não vamos nos distrair com assuntos triviais. Acabei por pegar os nossos despojos, vamos retornar para a Cidade de Eydilian — comentei, vendo o seu aceno.

E andando entre os campos de plantações, indo em direção a cidade, estávamos animados.

Nesses últimos dias, além de focar no treinamento de Elise; com meu sentido espiritual conseguimos com facilidade rastrear as bestas monstruosas necessárias para completar as missões da Associação de Aventureiros.

Em quinze dias, passamos do Rank F para o Rank E, e após entregar as missões atuais, tinha quase a certeza que iriamos subir de rank novamente. Ainda mais quando tínhamos a possibilidade de pegar missões um rank acima do nosso, desde que estivéssemos disposto a pagar as taxas pelo serviço.

Na verdade, após o nosso retorno, poderíamos até pegar missões de Rank C, tendo a possibilidade de sair da Cidade de Eydilian, obtendo informações preciosas, que rank inferiores não tinham acesso.

 

 

                      



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