A Saga de Hyan Fayfher Brasileira

Autor(a): A. F. Willians


Volume 1

Capítulo 12: Habilidades Imprescindíveis

 

 

 

— Hyan! O que você está fazendo aí parado? Não íamos voltar para a pousada?! — questionou Elise, despertando-me abruptamente.

— Oh! Desculpe, acabei me distraindo — expressei abruptamente, tirando lentamente os meus olhos da Grande Ferraria Bahaduul. Quando, inconscientemente, meus olhos voltaram a pousar no ombro ferido de Elise.

“Talvez, se tivesse sido um equipamento que tivesse forjado pessoalmente, aquela espada nunca teria atravessado facilmente sua defesa”.

“Além disso, estando ciente, um equipamento faz parte da força e da vida de um cultivador. Talvez não seja tarde demais, essa é uma segunda chance, e ninguém pode garantir que terei o mesmo destino”. Conclui, dando alguns passos em direção a ferraria.

Desta forma, confusa, enquanto observava as minhas costas, assim como sentia a atmosfera estranha que me envolvia. Elise, ficou curiosa pela minha repentina mudança, quando escolheu não dizer nada, assistindo eu adentrar a Grande Ferraria Bahaduul.

— Bom dia, Jovens. O meu nome é Colak. Como posso ajuda-los? Talvez queiram algumas ferramentas? — falou um homem ao perceber nossa chegada.

Um pouco surpreso com a rápida recepção, ao me acalmar. Um homem alto, extremamente forte, parecendo um touro de tão robusto, amigavelmente nos cumprimentou.

O homem vestia uma calça simples, com um cinto reforçado de couro, acompanhado de várias ferramentas de seu ofício, assim como duas bolsas presas firmemente a sua cintura.

E trajando um par de botas reforçadas com pequenas placas de metal, ele estava sem camisa, somente com um avental sobre o peito, tendo uma barba bem feita, um cabelo curto e arrepiado na cor vermelha, enquanto usava um óculo de proteção sobre a testa.

Era um homem realmente forte, com uma aparência aparentemente amigável, exceto que assustaria grandemente caso acabasse perdendo completamente sua compostura.

— Senhor. Eu gostaria de me tornar um ferreiro — declarei animadamente, surpreendendo-o.

— Hã!? Você quer ser um ferreiro? Eu não acho que isso seria adequado — respondeu Colak, olhando-me com estranheza, enquanto balançava a cabeça ao vislumbrar meu corpo fraco e esguio; compartilhando assim uma boa parte de sua surpresa com Elise.

— Hehe! Não se preocupe, apesar de não aparentar, sou bastante forte — comentei, lhe mostrando meus músculos, deixando escapar uma leve gargalhada, sabendo de suas preocupações, vendo o seu sorriso ficar rígido.

— Se o jovem quer ser um ferreiro, então deixe-o, Colak! Não temos quaisquer regras que o proíba, basta o levar para fazer o teste de entrada. — Bufou repentinamente outro ferreiro, contendo uma idade avançada, quando se aproximou.

Esse homem, possuindo uma estatura um tanto baixa, apesar de sua idade, ainda tinha um corpo forte como um urso. Tendo longos cabelos esbranquiçados, deixados totalmente ao acaso, era acompanhado de uma extensa barba. Uma aparência um tanto quanto exótica, trajando assim roupas semelhante a Colak, enquanto segurava um grande martelo de ferro.

— Mestre Qian! Perdoei-me. Eu não tinha quaisquer intenções de quebrar as regras da ferraria ou envergonha-lo — explicou Colak, curvando-se.

— Não se preocupe, Colak. Eu só estava de passagem, e acabei ficando curioso ao saber que um jovem ainda não desperto está tão interessado em participar da nossa Grande Ferraria Bahaduul — comentou casualmente Qian, alisando sua barba, enquanto observava-me.

— Então?! Vamos para o teste? Eu gostaria de ter uma sala de refinamento própria — comentei animadamente, não suportando suas expressões, vendo novamente a surpresa estampada em suas feições.

— Jovem, você está sendo arrogante. As salas privadas de refinamento em nossa ferraria só são oferecidas aos nossos melhores ferreiros, não é algo que um novato pode obter facilmente, ainda tem um longo caminho a percorrer. — Avisou Colak, olhando-me com um pouco de desagrado.

— Haha! Faz algum tempo que alguém chamou tanto assim a minha atenção, tudo bem. É bom ter coragem e ambição, irei supervisionar pessoalmente o seu teste. — Gargalhou Qian, indicando o caminho.

Assim, seguindo-o calmamente, Colak indicou para irmos em frente, acompanhando-nos logo atrás, enquanto Elise observava tudo perdidamente.

E chegando em uma sala privada, avistando uma imensa fornalha, alimentada a partir de um grande fole, feita de pedras especiais, possuía duas mesas em cada lado, cheias de ferramentas e moldes.

No oposto, ao lado da entrada, estava uma estante cheia de algumas placas de metais refinadas, assim como um montante de carvão e outros minérios.

— Garoto, essa é a minha sala de forjamento privada. O seu teste é simples, quero que refine uma placa de ferro, se conter uma porcentagem de purificação acima de trinta porcento, você passa — comentou casualmente Qian, observando minha atitude.

— Tudo bem, alguma restrição para meus métodos? — perguntei repentinamente, tornando-o a levantar as sobrancelhas.

— Oh! Não. Você está livre para usar quaisquer métodos… — declarou Qian com grande apreciação e interesse.

— Tudo bem, vou começar… — respondi.

Desta forma, avançando, sob a observação de todos, primeiro coletei o carvão do montante, enquanto o colocava sob a fornalha, acendendo-a.

E conforme aquecia, controlando a temperatura a partir de um grande fole mecanizado, despejei o minério de ferro dentro do cadinho.

Assim, trabalhando sempre com o fole para manter a temperatura do fogo estável, usei meu sentido espiritual para manter com precisão o calor, onde observava o minério de ferro vagarosamente derretendo.

Claro, apesar de ver sua forma lentamente se liquidificar, esperei pacientemente, sabendo que a qualidade de todo o processo dependia altamente da intensidade do calor. Finalmente pronto, preparei o molde, despejando com cuidado o ferro derretido.

E esperando esfriar um pouco, agora em uma forma retangular, o desmoldei, colocando-o sobre a mesa de forja, quando preparei um bom e velho martelo, pegando-o firmemente com ambas as mãos, ao qual me preparei para começar a etapa final do refinamento.

Assim, sob o olhar intenso dos presentes, me posicionando diante o metal, flexionando levemente meus joelhos, fechei por um instante os olhos, onde comecei erguer o martelo, golpeando-o com toda a minha força.

Bang!!

Exercendo totalmente a minha destreza, sentindo o rebote do meu próprio golpe, deixei que a força repulsora levasse meus braços, quando conduzi essa força invasora por meu corpo, girando assim o martelo, quando aproveitei da força centrífuga para golpear ainda mais fortemente.

Clang!!!

Em um estrondo avassalador, repetindo continuamente as batidas metálicas pela sala de forjamento, aproveitei que o metal ainda estava quente para causar diversas faíscas a partir de cada impacto.

A visão era quase como um show de luzes, onde sempre aproveitaria do contra-golpe para alcançar uma força ainda maior, algo inalcançável com minha própria energia interna.

Assim, concentrado, enquanto todos assistiam atordoados, continuei utilizando a minha técnica de refinamento, golpeando cada vez mais forte, chegando consequentemente ao final do refinamento.

Desta forma, após um longo período de tempo, estando um pouco cansado após tantas marteladas, comecei a girar o martelo em frente ao meu corpo, quando dispersei a força repulsora que envolvia meus movimentos, pousando poderosamente o martelo sobre a mesa de forjamento, ressoando um poderoso e alto som, concluindo assim o trabalho.

— Ufa! Está pronto, você gostaria de averiguar, Mestre Qian? — declarei, olhando-o com um sorriso profundo, forçando-o a se recompor.

Aturdido, levantando-se com uma aparência séria, Qian se aproximou da placa refinada, quando começou a convergir sua energia interna, transferindo-a para o metal.

Ohm! Ohm!!

E assim que sua energia vital percorreu sua estrutura, a placa de metal tremeu sutilmente, emanando uma leve luz avermelhada. Qian, percebendo esses sutis sinais, não conseguiu evitar de ter suas mãos trêmulas, quando sussurrou incredulamente:

— Essa… essa placa de metal está completamente purificada… — proclamou Qian com descrença, não sabendo como agir diante esse resultado inesperado.

— Hã? Completamente purificada? Por favor, Mestre Qian, por mais que você goste do jovem garoto não se pode brincar com essas coisas… — comentou Colak com um sorriso estranho, mas perdeu rapidamente sua compostura, vendo a expressão duradoura de seu mestre.

— Isso… é sério?! Nem mesmo o senhor pode refinar completamente um metal… ele… ele nem se quer reaqueceu o metal, e por mais que suas marteladas chamassem atenção, não se passou tanto tempo assim destruindo as impurezas. — Gaguejou Colak, não conseguindo acreditar em seus olhos.

— Hm… Hyan! O que é essa purificação? — perguntou Elise, interrompendo de repente o choque dos dois ferreiros presentes, olhando-me curiosamente.

E diante sua pergunta, Colak e Qian ficaram de repente em silêncio, quando ambos olharam inconscientemente em minha direção, ao qual acabei sorrindo, explicando:

— Ao refinar um metal, tem que se prestar atenção a muitos detalhes, e o mais importante é a purificação. Essa parte do processo se trata da fluidez que a energia interna de um cultivador pode convergir por seu corpo metálico — expliquei, apontando para a placa metálica sobre a mesa.

— Uma espada completamente purificada pode ter sua nitidez, resistência e durabilidade realçadas pela energia interna; tudo pelo simples fato de ter energia percorrendo por sua estrutura — esclareci, vendo as expressões um tanto quanto complexas de Qian e Colak.

— Porém, o fator mais importante, é que armas sem uma boa purificação pode influenciar negativamente na fluidez da energia, ocorrendo na degradação de certas habilidades. Claro, isso quando mencionamos o ferro, como o bronze, metais sem muito mistérios ou segredos em suas constituições…

— Se fossemos mencionar metais mais avançados, ou ligas metálicas para ser preciso, uma espada purificada poderia aumentar consideravelmente a força de um cultivador.

— Por isso, ferreiros habilidosos são muito requisitados por famílias, clãs e facções — expliquei em resumo, esclarecendo Elise, que perguntou algo bastante intrigante, tornando os ouvidos dos dois ferreiros a se levantarem.

— Hyan. Nesse caso, com que facilidade você consegue purificar esse metal? — indagou Elise com curiosidade, não sabendo se era realmente curiosidade, ou se tinha algo a mais, principalmente ao ver a expressão dos dois ferreiros; onde acabei rindo internamente em meu coração, não conseguindo evitar de elogiar Elise.

— O ferro?! Isso aí é brincadeira de criança, consigo purifica-lo completamente, independentemente de minhas condições. — Bufei, tendo Colak cerrando firmemente seus punhos, olhando-me inconformadamente.

— Tudo bem, pirralhos! Chega com o show! Entendi por completo suas intenções, não precisam mais envergonhar esse velho, ou o seu aprendiz. Sejamos diretos, o que vocês querem… — Bufou Qian, olhando-me com descontentamento.

— Oh! Meu mal, não queria envergonha-lo. Porém, se não demonstrasse minhas habilidades, creio que você nunca teria me levado a sério, certo? — perguntei, vendo-o bufar descaradamente.

— Garoto! Não vamos perder tempo com futilidades. Eu não o reconheci a princípio, mas agora, esse jeito arrogante, esse seu semblante, posso dizer aparentemente… você é o Jovem Mestre da Família Fayfher, certo? — Bufou Qian.

— Nunca esperei que o seu herdeiro seria tão proficiente em forjaria, agora consigo entender porque seu pai desistiu de me recrutar… — Suspirou Qian, sentindo uma mistura de sentimentos complexos.

— Então, o que você quer? — Finalizou Qian; nunca esperando que um pequeno pirralho tivesse mais proficiência que ele em forjaria, ao qual dedicou décadas de sua vida.

— Pois bem, desejo ter o seu apoio, preciso de alguém com certa influência para me ajudar… — declarei, querendo explicar minhas intenções, mas fui imediatamente interrompido.

— Me recuso!! Por anos seu pai tentou me recrutar. Mas sabe porque nunca aceitei? Não quero ninguém me restringindo! Quero escolher pessoalmente as pessoas aos quais desejo forjar um armamento.

— Além disso, mesmo que isso me restrinja e impeça o meu progresso de certa forma, ainda prefiro assim, sabendo que cada armamento que forjei está sendo empunhado por um indivíduo digno… — Bufou Qian, indicando que se era esse o meu objetivo, poderia sair.

— Ah! Suspiro. Você realmente é um velho bastante impulsivo e temperamental, hein… interpretando erroneamente minhas intenções — proclamei, vendo sua expressão estranha.

— Primeiramente, não estou aqui para lhe recrutar em nome do meu pai, muito menos para a Família Fayfher. Honestamente, o que acabei de lhe apresentar é algo completamente desconhecido pelas pessoas, incluindo meus pais, sendo os presentes os únicos cientes desse fato…

— Segundo. Se desejar colaborar comigo, não irei restringi-lo de forma alguma, pelo contrário, lhe darei total liberdade para escolher quem recebera seus trabalhos, como a quem ensinara os métodos e técnicas que estarei disposto a lhe ensinar… — esclareci com orgulho, quando fui novamente interrompido.

— Espera! Você está querendo que o meu mentor seja seu aprendiz?! É verdade que o Mestre Qian não pode purificar por completo um metal, mas saiba que muitos de seus trabalhos chegam a oitenta porcento, até mesmo noventa, sendo considerados por muitos um Mestre! —Interrompeu Colak, elevando sua voz, enquanto me olhava furiosamente.

— Por mais que você seja habilidoso, dizer dessa forma arrogante e com tanta indiferença, ao ponto de sugerir tal coisa, você deseja humilhar o meu mentor?! — Finalizou Colak, tendo um tom avermelhado em seu rosto.

— Humilha-lo?! Oh! Realmente…. “Mestre Qian”. Me responda honestamente, você realmente se considera um Mestre Ferreiro? — Perguntei, ignorando a feição desagradada de Colak.

— Não — respondeu Qian diretamente, sem nenhum rodeio.

— Oh! Pois bem… agradeço sua honestidade. No entanto, eu faço! Como isso poderia ser algo humilhante? — Bufei, olhando para Colak e Qian que ficaram surpresos com a minha inesperada declaração.

— Desde que vocês não conseguem discernir um Mestre Ferreiro bem diante os seus olhos, deixe-me ilumina-los — Falei indiferentemente.

 



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