A Saga de Hyan Fayfher Brasileira

Autor(a): A. F. Willians


Volume 1

Capítulo 11: Mudança de Plano

 

— Hyan. O que vamos fazer hoje? — indagou Elise, dando-me um sorriso curioso, desde que estávamos trajando roupas formais, sem nossas armas e armaduras.

— Vamos visitar minha mãe, já faz um tempo que não fui vê-la, visitando-a somente duas vezes nesse longo período. Tenho certeza que ela deve estar desesperada — disse, rindo ao imaginar sua expressão.

— Além disso, vou procurar um lugar que possamos encontrar uma carroça, mesmo que seja um meio de transporte bastante incômodo, precisamos aumentar nossa renda de alguma forma — expliquei, acabando por olhar seu ombro ferido, cerrando inconscientemente os meus punhos.

— Eu… eu entendo — murmurou Elise, percebendo o meu olhar, quando sua expressão ficou entristecida.

— Desculpe. Eu não queria te deixar desconfortável… eu só… eu só pensei que se tivesse avançado ao seu lado, talvez você não tivesse se machucado. — Suspirei amargamente, não conseguindo conter o arrependimento em meu coração.

Elise ainda não tinha despertado a sua energia interna, e mesmo que sua força tenha aumentado lentamente devido a técnica secreta, não era algo que pudesse lhe conceder uma grande regeneração como os cultivadores.

Assim, não tendo uma regeneração, como tão pouco a habilidade de recuperar um membro. Elise passou por um grande perigo, ao qual se não fosse a minha habilidade repentina… — Não! — eu não queria imaginar o que poderia ter acontecido.

— Hyan, não precisa se culpar… estou ciente das minhas ações — respondeu Elise, colocando sua mão direita levemente sobre o seu ferimento.

Desta forma, estragando por completo a atmosfera, suspirando internamente; me desculpei novamente, onde seguimos subindo a encosta, em direção ao imponente castelo da Família Fayfher.

E chegando em seus majestosos portões, os guardas de prontidão rapidamente me reconheceram, enviando assim um dos soldados para avisar minha mãe. No entanto, estranhamente, um outro visitante veio ao meu encontro.

Trajando uma armadura de ferro requintada; se eu não estivesse errado, era um Tenente sob a milícia da Família Fayfher, ao qual, após me cumprimentar cordialmente, ficou respectivamente ao meu lado, não ousando se distanciar um único passo.

“Oh! Isso é inesperado, será que é devido eu sempre escapar da vigilância de seus soldados? Haha! Vamos ver por quanto tempo você consegue nos seguir…”. Pensei, lhe dando um sorriso amigável.

Passos apressados! Avanço!!

Enquanto dava um sorriso gentil ao homem, que me olhou estranhamente, tendo um mau pressentimento. A minha mãe surgiu na distância, e com passos apressados, veio em minha direção, dando-me um abraço apertado.

— Filho! Você não me disse que visitaria a cada poucos dias? Faz mais de um mês, estava preocupada, e os soldados não sabiam me dizer ao certo onde você estava — comentou Adália, com uma expressão descontente, olhando ferozmente para o homem parado ao meu lado.

— Oh! Como você está, Elise? — declarou Adália de repente, olhando-a com um sorriso estranho, passando seu olhar entre mim e Elise, deixando-a desconfortável.

— Filho, posso te fazer uma pergunta? — indagou Adália.

— Claro. Pode perguntar, mãe. — Sorri, indicando que o fizesse.

— Seja honesto. Como você a vê? — perguntou Adália, indicando Elise com o queixo, tornando as orelhas de Elise se levantarem sutilmente.

— Como eu a vejo? Bem, Elise certamente é uma mulher corajosa, não são muitas em sua idade que tem sua coragem e determinação, tenho certeza que ela irá conquistar grandes coisas no futuro — falei, sendo inesperadamente interrompido por minha mãe.

— Então você é desses, hein… vou perguntar novamente, vocês dois já estão juntos há bastante tempo… será que… você sabe… — proclamou Adália com alguma curiosidade, colocando a mão sobre a boca ao ver o constrangimento do seu filho, rindo.

— Mamãe! Por favor, somos jovens, tais assuntos é algo ainda delicado, vamos falar sobre isso no futuro — respondi, tossindo suavemente; enquanto Elise ficando corada.

— Jovens?! Um assunto delicado? Bobagem! Antes mesmo de ter quinze anos já estava comprometida, me casando exatamente em meu aniversário de quinze anos! — respondeu Adália, descontente.

— Se você não está nessa idade, então que idade seria a correta? Não tente enganar sua mãe. — Bufou Adália, olhando-me desdenhosamente, quando andou em direção a Elise, que se assustou, olhando-a com confusão, quando Adália se abaixou sutilmente, surrando algumas palavras em seu ouvido, deixando-a encabulada.

— Então… aceita? — perguntou Adália seriamente, olhando com curiosidade para Elise, que de repente me observava com peculiaridade.

— Eu… eu tenho que pensar a respeito — respondeu Elise suavemente, desviando o seu olhar.

— Hm… você também é das difíceis, hein…. Tudo bem, não precisa se apressar. — Riu Adália com elegância, abrindo um leque em sua cintura, quando acariciou os cabelos avermelhados de Elise, que permaneceu parada em vergonha, enquanto me dava um olhar misterioso.

E por mais que ficasse curioso sobre o assunto, minha mãe sempre desviava o rumo da conversa, dizendo que se tratava de um assunto entre mulheres.

Impotente, acabando por conversar sobre outras coisas, minha mãe de repente ganhou coragem, adentrando finalmente o assunto em questão.

— Hyan. Não é a primeira vez que conversamos…. se você estiver disposto a pedir desculpas ao seu pai, ele estará disposto a fazer vista grossa, lhe permitindo voltar ao castelo, você também pode trazer Elise, e ela não precisara ser uma empregada em nossa família — expressou Adália, sabendo que essa questão era um assunto delicado.

— Mãe. No momento não pretendo voltar ao castelo, preciso concluir algumas coisas primeiro.

— No entanto, fique à vontade, estou perfeitamente bem; como prometo que voltarei para casa antes do ritual do despertar — expliquei, vendo sua expressão descontente. Mas no final, Adália não insistiu no assunto.

— Tudo bem. Suspiro. Você com certeza puxou a teimosia e o orgulho de seu pai, por favor, se cuide — expressou com impotência Adália, dando um sutil olhar de lado ao homem de armadura.

— Ah! Antes que esqueça. Elise, querida! Por favor, tome conta do meu precioso filho, ele pode parecer forte e maduro, mas isso é só uma fachada, tenho certeza que ele esconde suas magoas profundamente — declarou Adália, se aproximando novamente de Elise, quando sussurrava mais algumas palavras em seu ouvido, tornando-a olhar distraidamente para o chão, perplexa.

“A minha mãe realmente está começando a ter uma certa apreciação por Elise, isso me preocupa. Eu não gostaria que nossa relação se tornasse complicada por causa da interferência de meus pais…”. Pensei, sorrindo com impotência ao ver o prazer da minha mãe em provoca-la.

— Tudo bem, Mãe! Iremos retornar, tenho algumas questões para resolver, você também deve se cuidar — falei, lhe dando um abraço apertado, se despedindo brevemente.

Assim, retornando em direção a pousada, deixando o castelo a uma boa distância, enquanto percorria a praça real, onde alguns nobres nos observavam com discrição. Olhei estranhamente para o nosso inesperado convidado, quando tentei uma ligeira interação.

— *Tosse*…. É!? qual é o seu nome mesmo? — indaguei.

— Jovem Mestre Hyan. O meu nome é Xim, sou o Tenente do Terceiro Pelotão — expressou o homem com orgulho.

— Entendo… Tenente Xim, acredito que você não precisa continuar nos acompanhando.

— Além disso, você deve ser um homem muito ocupado, seria inadequado perder seu tempo acompanhando duas crianças, certo? — declarei, vendo o seu olhar desconfiado, assim como a expressão peculiar de Elise.

— Jovem Mestre Hyan. Ouvi rumores que um o grupo de criminosos anda bastante ativo no distrito inferior, tendo muitos assassinatos ocorrendo recentemente.

— Além disso, como alguém ordenado a cuidar de sua segurança, pode ser um pouco excessivo da minha parte, mas peço que colabore comigo, prometo que não irei intervir em seus assuntos — declarou Xim, olhando-me severamente.

— Ehh…!! Então, Tenente Xim…. Desculpe — declarei de repente, tendo meus olhos brilhando intensamente, enquanto Xim me observava, tendo uma abrupta vertigem, agarrando assim sua cabeça em grande dor.

Quando Tenente Xim se recuperou, observando com pressa o seu entorno, percebeu estupidamente que seu Jovem Mestre e sua companheira, Elise, tinham desaparecido por completo.

Mesmo que recorresse a suas habilidades, ativando sua energia interna e percorrendo a área, não encontrou qualquer rastro, mesmo que tenha realçando os seus sentidos.

— Eu… eu o subestimei… nunca teria pensando que os recentes rumores realmente eram verdadeiros… preciso me desculpar corretamente com os meus homens — murmurou Xim, balançando a cabeça impotente, não sabendo como explicar tamanha vergonha.

Enquanto Tenente Xim retornava para o castelo. Em um canto recluso, usando minha energia interna para camuflar nossa presença. Suspirei aliviado, percebendo que obtivemos sucesso ao despista-lo.

— Hyan, precisamos realmente nos esconder? — perguntou de repente Elise, não conseguindo entender minhas ações.

— Quer que eu seja sincero? — respondi, olhando-a seriamente.

— Hmm… — Acenou Elise, percebendo minha mudança abrupta.

— Diferente do que os plebeus pensam, nascer em uma família nobre não é realmente a maior fortuna que alguém poderia pedir.

— Enfim, não posso explicar como, nem o porquê… mas preciso fazer isso, é algo essencial se quiser viver minha vida sem nenhum arrependimento — declarei.

— Entretanto, para ser capaz disso, preciso de uma força notável, não conseguindo essa “força” se tiver que seguir constantemente os desejos dos meus pais. Sei que tudo isso é muito vago, mas é o que posso dizer — expliquei, vendo sua expressão gentil.

— Entendo… obrigada — respondeu Elise com um sorriso. Mas sem saber o porquê, senti uma pontada de arrependimento, tendo um pouco de dificuldade em controlar a minha expressão.

Enfim, virando-me, lhe dando as costas brevemente, era difícil ouvir suas palavras, principalmente quando sabia interiormente que não estava lhe contando sequer uma pequena parcela de toda a verdade.

Assim, continuando nossa caminhada em direção à pousada, não querendo pensar muito a respeito de certas questões, percebi que devido à necessidade de despistar o Tenente Xim, acabamos por fazer um caminho diferente.

E nesse percurso, enquanto estava distraído, pensando em que tipo de ações poderíamos acabar tomando para acelerar a obtenção de minha força. Um som constante de colisão vagarosamente começou a ressoar em meus ouvidos, assim como um vento quente soprou contra o meu rosto.

E sem perceber, diante os meus olhos, estávamos em frente a Grande Ferraria Bahaduul, a maior ferraria da Cidade de Eydilian.

Parado, vislumbrando em silêncio essa grande ferraria. As lembranças perdidas há muito tempo vieram à tona em minha mente.

Em minha vida passada, acabei adquirindo uma grande força, algo necessário se alguém quisesse viajar entre diversos reinos, estando fora das expectativas das pessoas que atualmente me cercavam.

Naquela época, apesar da minha força, do conhecimento que acabei adquirindo através das minhas aventuras, dos tesouros que acabei encontrando em antigas ruínas, e dos lugares maravilhosos que acabei por conhecer em outra vida.

Bem, nenhuma dessas coisas poderia retratar a verdadeira razão que me permitiu alcançar esse nível de força… Na verdade, tudo poderia ser explicado com uma única palavra, “artesão”.

Em uma época ao qual não tinha nada, uma notícia imprescindível se espalhou pela região, um grupo de aventureiros acabou por encontrar uma sala secreta em uma antiga ruína a muito descoberta.

Assim, devido a esse incidente, vários grupos tentaram sua sorte, e eu não fui diferente.

Em uma busca quase sem sentido, tudo na esperança de mudar o meu miserável destino, sabendo que lá no fundo do meu coração tudo não passava de um esforço infrutífero.

Desta forma, nunca podendo ter imaginado, em uma antiga esfera cristalina, presa a própria terra, brilhou intensamente no momento que eu a toquei, algo que nunca tinha acontecido em seus incontáveis anos desde sua descoberta.

Daquele dia em diante, minha vida mudou completamente. Recebendo um fragmento de alma de um antigo especialista, reconhecido naquela época como, Arcanista. Descobri que seu verdadeiro legado só poderia ser acionado ao deter inesperadamente a Energia Mental.

No entanto, depois de ter seu conhecimento gravado por completo em minha alma contra a minha própria vontade, sofrendo uma dor avassaladora, descobri que esse antigo “Arcanista” não era um cultivador inigualável, tão pouco teria uma força que poderia desafiar os céus.

Pelo contrário, era apenas um simples “artesão”. Usando da sua Energia Mental, o Arcanista conseguia influenciar as leis naturais, extraindo traços de energia da atmosfera e as imbuindo em instrumentos mágicos e armamentos espirituais.

Claro, seus métodos e técnicas era algo completamente transformador. Entretanto, chegar nesse patamar era algo extremamente difícil, sem falar no tempo necessário para aprender e se adequar ao processo, sem mencionar os recursos preciosos para o seu desenvolvimento era um grande impedimento.

Enfim, incapaz de encontrar um outro caminho ao qual poderia trilhar detendo essa afinidade; por anos, após ser expulso da minha própria família, me sujeitei as regras imundas e rigorosas dessas famílias, clãs e facções.

Assim, lentamente aperfeiçoando essa arte perdida, vagarosamente comecei a desenterrar seu verdadeiro valor, assim como o seu incrível potencial.

Entretanto, acostumado há tantos anos em controlar e restringir as minhas ações, esses poderes não estavam dispostos a me perder, ou melhor, não estavam dispostos a me olhar como alguém da mesma posição.

Assim, quando nenhum de seus “artesões” conseguiu utilizar ou chegar perto do meu potencial de criações, acabaram recorrendo assim a táticas sujas e inescrupulosas, dispostos a tomar quaisquer medidas.

E foi nessa época, quando compreendi verdadeiramente a natureza dos seres humanos… que exausto, chegando ao meu limite, não suportei mais suas ações, decidindo assim utilizar de uma técnica proibida, abordando ousadamente um assunto completamente tabu.

Desta forma, utilizando de uma técnica ao qual nunca me atreveria, tendo altas chances de acabar em minha própria fatalidade; passei por um sofrimento infernal, quase morrendo no processo, quando consegui repartir a minha alma em cincos fragmentos, protegendo assim com sucesso a essência do meu espírito.

A partir desse dia, obtendo os cincos fragmentos de alma, desenvolvi e refinei respectivamente cinco “Armas Arcanas”, possuindo cada uma seu próprio ego, centro de energia e afinidade.

E daquele momento em diante, abandonei por completo a vida de um “artesão”, quando comecei a seguir o caminho de um verdadeiro cultivador, manchando a terra com sangue e cadáveres, jamais olhando para trás novamente.



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