A Saga de Hyan Fayfher Brasileira

Autor(a): A. F. Willians


Volume 1

Capítulo 10: A Crueldade da Vida

 

 

 

— Estou dizendo, mulher! Pague o que nos deve, não somos uma companhia de caridade, lhes protegemos contra quaisquer pessoas mal intencionadas…

— Entretanto, vocês devem pelo menos nós fornecer uma quantia simbólica, caso contrário, como poderíamos nos manter firmes diante tantos inimigos nas redondezas? — argumentou o homem, olhando desdenhosamente para o casal.

— Senhores, por favor, não temos mais nenhum dunar sobrando, só temos o suficiente para sobreviver… — Implorou a mulher com um olhar suplicante.

— Bobagem! O seu marido estava bebendo incansavelmente agora a pouco na taberna… como isso pode representar somente o suficiente para sobreviver?! Você está nos levando como tolos?! — Bufou o outro homem descontentemente, tornando a mulher olhar odiosamente para o seu marido.

— Calma, não vamos nos exaltar companheiro… sou um homem compreensivo, que tal assim, pague-me de outra forma, e irei liquidar sua dívida. — Interrompeu repentinamente o primeiro homem.

— Você sabe que nosso chefe não é alguém compassivo, certo? — esclareceu o homem, quando seu companheiro ficou mais calmo, tendo ambos olhando para a senhora com clara apreciação.

A mulher, entendendo suas intenções sorriu desajeitadamente, quando olhou desdenhosamente para o seu próprio marido, que parecia imóvel, não se importando muito com a situação.

Desta forma, se levantando, a mulher fez uma expressão submissa, indicando disfarçadamente que a seguissem adentro.

Contudo, no momento que o primeiro homem expressou sua satisfação, Elise apareceu, impedindo os dois homens.

— Vocês dois, malditos desgraçados! Não se atrevam a cometer tais atrocidades! — Vociferou Elise, olhando-os com indescritível ódio, desembainhando assim imediatamente sua longa espada, como preparando seu escudo preso em suas costas.

— Hã?! Quem diabos é você, garota?! Não se intrometa no assunto de outras pessoas, ou vai ter que pagar miseravelmente por suas escolhas. — Ameaçou um dos homens, desembainhando também sua espada, percebendo assim que apesar de jovem, Elise provavelmente era uma aventureira.

— Tsk! Nunca esperei que pessoas tolas como essa ainda existiam por essas bandas… — comentou o segundo homem, vendo o olhar perigoso de Elise sobre a máscara.

Enfurecida, não observando adequadamente o seu entorno, Elise avançou contra os dois homens que debochavam de sua atitude; quando se separaram rapidamente, tendo Elise seguindo aquele que demonstrara nitidamente sua luxúria em direção a mulher.

E golpeando com sua longa espada, o homem sorriu estranhamente, quando se apressou a bloquear, estando plenamente confiante em lidar com a situação.

Porém, quando suas espadas colidiram, sentindo a força anormal de Elise, o homem perdeu momentaneamente a compostura, quando Elise “forçou” a espada de seu inimigo para um canto, girando o seu corpo, golpeando com seu escudo, derrubando-o inesperadamente.

Contudo, apesar de ter a abertura perfeita, como alguém treinando constantemente em um confronto individual. Elise, em sua raiva, se esqueceu do outro homem, que se prontificou para golpeá-la fatalmente por trás.

Felizmente, quando o homem estava prestes a atacar, sentiu repentinamente uma sensação de perigo, quando vislumbrou alguém investindo das sombras, sentindo assim uma inesperada vertigem, que desviou inconscientemente seu golpe, acabando por acertar Elise em seu ombro, rompendo sua proteção, causando uma ferida bastante grave.

— Ahhh!!! — gritando ao sentir seu ombro esquerdo sendo dilacerado, percebendo finalmente que a situação que se encontrava era fatal, Elise brandiu com grande dificuldade sua espada para atrás de seu corpo, afastando o homem, enquanto sua máscara caia no processo, revelando completamente sua feição dolorosa.

— Oh! Não esperei que fosse uma jovem tão bonita. Companheiro! Não a mate, vamos a levar para o nosso esconderijo, tenho certeza que vamos fazê-la trabalhar arduamente para agradar todos os nossos… — Comentou o homem derrubado anteriormente.

Entretanto, em meio a sua fala, sentiu um estranho desconforto, quando presenciou a feição assustada de seu companheiro, que recuava temerosamente. E sentindo assim uma sensação fria lhe envolvendo-o, tudo confusamente em seu entorno começou a girar, assistindo inesperadamente seu próprio corpo caindo ao chão.

— Desgraçados! Eu não vou perdoa-los por machuca-la! — Vociferei, emanando a minha intenção assassina, cerrando assim violentamente meu punho sobre a espada, tendo minha aura manifestar com a atmosfera, tornando o ambiente mais frio.

— Espera!! Não foi nossa intenção! Ela que se intrometeu em nossos assuntos… que tal pararmos por aqui? Não temos motivos para continuarmos. — Gaguejou o homem, recuando apressadamente, sentindo um medo indescritível ao ficar diante a minha aura.

Contudo, não recebendo nenhuma resposta, presenciando a intensa hostilidade do jovem, no final o homem decidiu correr o mais longe possível, quando se atrapalhando em seus próprios passos, cometeu o pior erro de sua vida, que era virar as costas diante seu inimigo.

Assim, sendo decapitado, tendo o mesmo destino que o seu companheiro. Olhei enfurecidamente para Elise, que se mantinha imóvel, tremendo, enquanto cerrava seus dentes devido a dor, segurando assim seu próprio ombro ferido.

— Você…! O que diabos pretendia com tudo isso?! — gritei com indignação, tornando-a tremer violentamente, enquanto sentia aquela estranha aura a envolver.

— A mulher… ela precisava de ajuda… eu pensei que você… — explicou Elise, tentando justificar suas ações.

— Cale-se! A mulher não precisava da sua ajuda! Isso foi algo que pensou erroneamente devido ao seu próprio ressentimento, não tem nada a ver com a situação!! — Vociferei, sentindo uma indescritível fúria.

— Olhe ao seu redor! A mulher correu no momento que você levantou sua espada. Nesse momento, ela está indo em direção ao esconderijo desses malditos desprezíveis em busca de reforços, tudo no intuito de captura-la! — Gritei, não conseguindo conter a raiva em meu coração.

— Você sabe o que iria acontecer?! Seria exatamente como aquele bastardo estava dizendo, você seria obrigada a se prostituir em seu esconderijo, tendo uma vida pior que um animal!!! — Urrei violentamente, tornando-a se encolher diante minhas palavras.

— Maldição! Eu não estou te treinando para fazer tais coisas estúpidas… tão pouco para achar que somos heróis!

— Se não sabe controlar seus sentimentos, dominar sua própria raiva, então iremos encerrar nossa relação nesse mesmo instante! — declarei, rosnando severamente, vendo o seu olhar avermelhando-se.

— Você está mentindo… aquela mulher… ela… ela provavelmente fugiu em segurança… — resmungou Elise, com lágrimas nos olhos.

— Mentindo?! Você ainda dúvida de mim?! Tudo bem! Irei te mostrar… — Bufei, olhando-a desdenhosamente, enquanto lhe arrastava para um local seguro, escondendo-nos.

E sem esperar muito tempo, um grupo de quatro pessoas apareceram, sendo um dos indivíduos a mulher presente.

Em sua chegada, vendo a cena sangrenta por todos os lados, o líder desse grupo procurou assertivamente pela presença de Elise, mas não encontrou nada, virando-se para a mulher.

— Líder, estou dizendo a verdade, era uma mulher bastante jovem pelo seu tom de voz, provavelmente uma aventureira novata, só nunca esperei que ela fosse tão formidável. Por favor, cumpra com sua promessa. — Pediu humildemente a mulher, lançando-o um olhar submisso.

— Tsk! Homens! Procurem nos arredores, quero saber quem é essa aventureira, lhe farei pagar amargamente por suas ações, tendo a certeza de pessoalmente treina-la — comentou maliciosamente o homem, lambendo repugnantemente seus lábios, batendo levemente no rosto da mulher, que ficou obedientemente ajoelhada em sua frente, lançando-o um olhar sedutor.

— Além disso, perguntem para aquele bastardo surrado logo ali por indicações! — Ressaltou o líder, indicando o homem bêbado, que não tinha um único vestígio de querer continuar vivendo.

Assim, sob o incessante interrogatório, o homem bêbado não demonstrou se quer uma única reação, acabando por ser morto nas mãos desses criminosos, tendo a mulher, sua esposa, não demonstrando se quer uma única emoção ao ver seu marido sendo cruelmente morto bem diante os seus próprios olhos.

Desta forma, sem obter quaisquer informações sobre a pessoa que ousadamente tentou interferir em sua autoridade no distrito inferior. O grupo acabou por sair, enquanto a mulher continuou em sua companhia, abraçando-o intimamente, demonstrando toda a sua “amabilidade”.

— Então? Percebeu com os seus próprios olhos a situação?! Provavelmente aquele homem descobriu que estava sendo traído por sua mulher, ficando provavelmente arrasado, desejando morrer essa noite.

— Quanto à mulher… se ela puder subir na escalada da sociedade, estaria disposta a fazer qualquer coisa… — esclareci, com um tom óbvio de nojo em minha voz.

— Como tais pessoas necessitavam de nossa ajuda?! Sem falar que não temos a força suficiente para enfrentar atualmente tal grupo — declarei mais calmo, suspirando, tentando assim recuperar minha força, gastando totalmente a minha energia ao manter-nos escondidos.

— Elise, posso entender seus sentimentos… contudo, espero que não deixe essa “imprudência” nos arrastar para baixo, pois o mundo dos cultivadores é um lugar sangrento, onde erros não são permitidos.

— A partir de hoje, provavelmente estarão de olho em quaisquer aventureiros que utilizem máscaras, dificultando grandemente nossas próximas ações — expliquei, vendo o seu completo silêncio, não ousando assim olhar em meus olhos.

Enfim, levando prontamente Elise de volta a pousada, acabei tratando cuidadosamente do seu ferimento, quando a deixei repensar suas próprias ações, voltando assim para buscar nossas coisas, como vendendo as partes restantes do Lobo Assassino, conseguindo fazer alguns dunares para continuarmos vivendo.

À noite, sob o luar da lua, retornando finalmente a pousada, encontrei inesperadamente Elise ainda acordada, quando ordenei que fosse utilizar uma parte do sangue para aprimorar sua técnica secreta.

E sem a necessidade de expor o seu corpo como em nosso primeiro encontro. Elise normalmente espalharia o sangue bestial por conta própria, enquanto me daria sua mão por trás de uma cortina, ativando assim as runas.

No entanto, com o seu ferimento, isso não era possível.

E sabendo desse fator, Elise surgiu inesperadamente com suas roupas íntimas, oferecendo assim o sangue em suas mãos, quando manteve seu rosto levemente abaixado, demonstrando assim seu arrependimento, quando não ousou dizer uma única palavra.

Suspirando, derramando lentamente o sangue sobre sua pele, mantínhamos aquele silêncio desconfortável, quando Elise finalmente interrompeu essa atmosfera.

— Hyan… posso te perguntar algo…? — indagou hesitantemente Elise.

— Pergunte — expressei calmamente, continuando o meu trabalho.

— Porquê me trata dessa forma? Não nos conhecíamos, mas mesmo assim insiste em me tratar tão bem…

— Sempre me perguntei sobre essas questões… mesmo quando não consigo corresponder totalmente as suas expectativas — falou suavemente Elise, voltando a aquele silêncio mórbido, tendo minhas mãos inconscientemente parando em meio ao meu trabalho.

Inquieto, sem ter uma resposta imediata, ficamos em silêncio por um tempo, quando voltei lentamente a mover minhas mãos.

— Elise… você acredita em destino — comentei lentamente, surpreendendo-a.

Demorando um pouco para responder, Elise, disse:

— Meu pai falava que destino era uma forma dos fracos justificarem sua condição de vida.

— Quanto a minha mãe… ela dizia que o destino se tratava de encontrar uma pessoa que mudaria completamente sua vida — murmurou Elise estranhamente, expressando uma sensação singular em seu tom, falando tão suave que não escutei adequadamente o final de sua frase.

— Elise, independentemente sobre como você considera o seu significado… pra mim, foi o destino que nos uniu… talvez tudo não seja perfeito, posso te decepcionar, como também pode ocorrer o oposto.

— Mas quero que saiba, enquanto você precisar, estarei disposto a lhe estender a mão… — expliquei, não sabendo ao certo como me expressar, terminando por ativar suas runas.

Assim, tendo nenhum de nós dois dizendo mais nada, não suportando mais permanecer nessa atmosfera silenciosa, calmamente me retirei em silêncio, indo para o pequeno cômodo ao lado, algo preparado com uma cortina, iniciando a minha própria cultivação da técnica secreta.

Quanto a Elise, ela se manteve em silêncio, acabando por se deitar. Contudo, por trás da cortina que separava nossas camas, Elise se deitou com um pequeno sorriso em seu rosto, quando uma pequena lágrima desceu, desaparecendo completamente em meio à noite.

 



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