Velho Mestre Brasileira

Autor(a): Lion

Revisão: Bczeulli e Koto Tenske


Volume 2

Capítulo 19: A casa dos Sábios.

Depois de ter falado com o rei, ele foi enviado para uma residência de hóspedes nos jardins reais.

Era um local afastado e bem sossegado. Após sua conversa com o rei ele ficou pensando em um meio de se aproximar mais dele, seria uma boa solução para os seus problemas se ele fosse seu herdeiro.

Tyler tinha dois dias até o banquete de nomeação. Era sua primeira vez na capital e ele queria conhecer.

Na manhã bem cedo ele colocou uma muda de roupa comum, ele tinha comprado essa roupa antes de sair para a caçada.

Hoje ele ia passar o dia de turista, ele colocou a pistola em um coldre no peito fazendo com que ninguém perceba. Olhou seu estado em um espelho de bronze polido.

— É pelo menos não estou me destacando na multidão. — Talvez apenas suas botas se destacassem um pouco, contudo não era grande coisa.

Ele queria ir primeiro na casa dos mestres. Ele tinha pego uma informação que em todo reino só existia um centro educacional. A casa dos mestres era uma estrutura bem grande que abrigava todas as mentes pensantes do reino.

Esses locais eram todos iguais não importa onde fosse, Tyler sempre ia encontrar pessoas que se acham os senhores da verdade.

Ele entrou nas dependências e ficou andando de sala em sala.

Em uma sala haviam vários homens velhos discutindo entre si.

— Estou lhe dizendo o fogo tem vida!

— Claro que não, nós podemos fazer ele esfregando dois pedaços de madeira, quer dizer que nós podemos dar vida ao fogo?

— Eu também penso que o fogo não tem vida?

— É claro que tem, como você explica os fogos de cores diferentes? São espíritos de fogos diferentes.

Parece que essa suposição tinha feito alguns concordarem.

Tyler tinha um sorriso no rosto, ele estava vendo uma discussão tão tola para os padrões de uma pessoa da terra que nem uma criança perderia seu tempo falando a respeito.

— Quem é você? — disse um senhor de idade que acabara de notar Tyler.

— Não se preocupe, eu sou apenas um viajante que está de passagem, achei interessante o debate entre os senhores e não pude resistir em ver.

Outro irritado disse. — Acha engraçado ver sábios discutindo? Tem a resposta?

Tyler queria conhecer um pouco o local e não podia ofender esses ditos “sábios”, se tem um tipo de gente com o ego frágil são os acadêmicos, eles detestam ser contrariados.

— Eu tenho alguns pensamentos a respeito do fogo, se me derem a oportunidade eu gostaria de falar.

— Besteira! — disse um mais nervoso.

— Aposto que ele não tem nada que se aproveite — disse outro.

— Senhores, esse é o templo da sabedoria, até os mais humildes podem ter alguma sabedoria — disse outro velho tentando apaziguar.

— Posso mostrar o que eu sei? — Tyler falou tomando a frente.

Ele pegou uma pena e um papel e desenhou um triângulo na frente de todos.

— O fogo não é um ser vivo, ele é apenas uma reação natural. Do mesmo jeito que para se fazer um vinho ou um pão, você vai precisar de uma receita, para fogo será o mesmo.

Tyler viu que prendeu a atenção de todos então continuou.

— A receita do fogo é simples e pode ser apresentada como um triângulo básico. Ar, combustível e calor.

— O quê? Isso não faz sentido! — Alguém mais atrás gritou.

— Eu ainda vou explicar melhor. — Tyler tentou acalmá-lo.

— Vejam a receita só dá certo se os três elementos estiverem juntos! Por exemplo essa mesa de madeira, todos sabemos que ela pega fogo, mas porque ela não está pegando fogo agora?

— Talvez porque falte calor? — Um respondeu incerto, depois de pensar um pouco.

— Sim você está certo. Alguém aqui já viu uma lenha pegar fogo só de estar perto de uma fogueira? Quando fazemos fogo esfregando dois gravetos, como eles ficam antes de se incendiar?

As cabeças começavam a balançar concordando.

— E como pode dizer que o ar faz fogo?

— O ar é parte do triângulo, querem ver um exemplo?

Tyler foi até o canto da sala e pegou duas velas acesas, depois pegou um copo de barro que estava junto a uma jarra de água.

— Vejam as duas velas, eu vou cobrir uma delas com o copo, sem encostar na vela o fogo vai se apagar.

Tyler cobriu e como esperado depois que retirou o copo a vela estava apagada.

— Hoooo! — Vários velhos estavam com os olhos brilhantes como se tivessem aprendido algo sobrenatural.

— Senhor, e porque a água apaga o fogo?

— Bom, não é todo fogo que a água é capaz de apagar, mas é por causa que ela esfria o fogo e também tira o ar! Lembre-se do triângulo, sem uma das pernas não dá para fazer.

— Haa… — Com essa última resposta parecia que eles finalmente foram convencidos.

— Qual o nome do mestre? — um deles perguntou.

— Meu nome é Tyler Newman. — Tyler finalmente se apresentou.

— Eu já ouvi falar dele, ele é o homem que matou os trolls! — um dos senhores o reconheceu.

—… — um silêncio caiu na sala.

— É verdade mesmo? — Um senhor de túnica azul perguntou.

— Sim, mas creio que tenho de decepcioná-los um pouco. Eu os matei com uma armadilha.

— Ora, não há vergonha alguma nisso, na guerra vale qualquer coisa!

Embora eles tenham concordado ficaram bem mais aliviados quando Tyler contou-lhes.

Agora já aceito em seu meio, eles o encheram de perguntas sobre todo o tipo de questões. E Tyler respondia da forma mais fácil que podia. Albert Einstein certa vez disse o seguinte “Se você não conseguir explicar algo de uma coisa de forma simples é porque você não entendeu bem a coisa.”

Logo ficou claro para eles que Tyler não era um homem simples. Não importava sobre qual assunto eles falassem Tyler sabia até mais que eles.

Após quase uma tarde de conversas um senhor perguntou. — Mestre Tyler qual dos assuntos da casa dos sábios o mestre tem interesse em aprender?

— Sabe, eu gostaria de entender um pouco sobre plantas medicinais.

— Haaa… — Enquanto uns gemeram desapontados aquele senhor de túnica azul ficou extremamente feliz.

— É a minha área, venha até o meu canteiro, eu lhe falarei tudo o que quiser.

O homem estava radiante e guiou Tyler para fora. Nesse momento Tyler estava se sentindo como se fosse a garota disputada da festa, e quando um da turma de amigos consegue conquistá-la fica esfregando na cara dos outros.

Eles andaram pelos corredores, o homem parecia feliz em contar algo sobre cada local que passavam. Tyler soube que o nome dele era Macal.

— Aqui é onde estão todas as minhas preciosidades — disse o homem com orgulho.

Era um canteiro bem pequeno para falar a verdade, eram uns quatro canteiros que deviam ter uns 6 por 2 metros.

Embora o local fosse pequeno Tyler podia sentir a vivacidade em cada planta. Haviam muitas delas algumas muito diferentes. Umas eram totalmente azuis, outras amarelas... Uma tinha cada folha de uma cor diferente.

— É realmente fascinante! — Tyler elogiou. — Como faz para cultivá-las tão bem?

— Hahaha... Essa é uma questão de orgulho para mim. Alguns mestres já descobriram que por núcleos de feras ajuda a uma erva medicinal a crescer mais rápido. Porém o que eles não sabem é que cada tipo de planta precisa de um núcleo adequado para crescer.

— Como assim? — Tyler perguntou confuso.

— Olhe os núcleos comuns são de uma cor violeta, certo?

— Certo.

— Contudo existem feras que tem núcleos de cores diferentes! Seres venenos têm núcleos pretos, os que vivem na água têm núcleos azuis, os que vivem perto do fogo têm os vermelho, e os com ligações com a floresta possuem os verdes.

— Até aí eu entendo, mas e a planta como vou saber qual afinidade ela tem?

— Não tenho um método certo para definir com clareza, apenas as venenosas sei com certeza que se deve usar núcleos pretos. No geral testo cada planta com um cristal de cada vez.

— O que sabe sobre o yang sangrento?

— Tudo, o que quer saber?

— Para que serve e como posso transformar em remédio?

— Boa pergunta, o yang sangrento é muito bom para pessoas que perderam muito sangue. Se for uma erva com mais de 500 anos pode até fazer um membro ligar de volta! Alguns dizem se for um com mais de 1.000 anos pode até crescer de novo! O problema de fazer um remédio dele é igual ao problema de todas as ervas medicinais. Quando é retirado do solo o efeito diminui muito, quando termina de secar não resta nem 10% do seu poder original.

— Então como se usa normalmente?

— Quem tem alguma condição financeira boa sempre tem alguma erva medicinal plantada em casa para algum uso de emergência.

— Como posso saber se eu não estou perdendo a força medicinal?

— Use resina de anaboar. Quando a resina fica perto de uma planta medicinal ela brilha. Quanto mais forte ela brilhar mais força medicinal a planta tem.

— Uma planta deve ser guardada em uma caixa de jade ou de madeira de anaboar.

— Qual é melhor?

— Jade, mas devo dizer que se a de madeira for bem feita não há diferença, creio que o problema seja o ferro nos pegos. Essas plantas não podem ser cortadas com ferro, eu já tentei com ouro e prata, me pareceu que o ouro é o melhor.

Tyler ficou maravilhado, esse tipo de informação ele não podia ter em mais nenhum outro lugar. Tyler sabia que algumas plantas apodrecem mais rápidos se fossem cortadas com facas de ferro, o motivo era que o ferro acelerava a oxidação. Como essas plantas deviam apodrecer muito rápido não sobrava muita coisa quando elas estavam secas e prontas para fazer algum remédio.

Como burlar isso? Tyler se perdeu em seus pensamentos por algum tempo e descobriu uma possível resposta. Liofilização! Esse processo foi desenvolvido pela nasa para fazer a comida dos astronautas, o processo é bem simples você pega o alimento, e o congela e então põe em uma câmara de vácuo. Seu objetivo é causar uma sublimação! Sublimação é quando a água passa do estado sólido para o gasoso sem entrar para o líquido.

Quando não se tem o degelo o alimento não perde nenhuma de suas propriedades, e demora anos para se estragar.

Tyler achava que essa era a resposta para esse problema. Ele tinha que tentar da próxima vez.

Eles conversaram sobre muitos assuntos e ambos lucraram muito.

Tyler também descobriu que todos os sábios da casa dos sábios eram nobres.

Isso quer dizer que amanhã eles também iam para o banquete.



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