Volume 1
Capítulo 1.3: Maldições e a Torre Azul
"Sim, isso mesmo. Eu quero que minha Maldição seja quebrada."
Para responder à sua pergunta, Oscar explicou casualmente o que aconteceu naquela noite há quinze anos.
Tinassha o ouviu com os braços dobrados e um rosto franzido, e quando ele fez uma leve pausa, ela suspirou profundamente.
"Por que vocês receberam tal Maldição?"
"Meu Pai não fala sobre isso; eu não sei a verdadeira razão. Mas parece estar relacionado com minha Mãe, que faleceu antes disso."
"... Sério?"
Por um momento, Tinassha estreitou os olhos como se tivesse percebido algo, mas antes que Oscar pudesse desconfiar, sua expressão havia voltado ao normal. Ela desdobrou os braços e gentilmente cutucou sua própria têmpora com um dedo indicador.
"Em primeiro lugar, tenho que recusar. "Maldições" nem sempre são quebráveis."
"Você quer dizer…"
"A "Magia" é estruturada e invocada com base em regras comuns, mas não há regras para "Maldições". Sua formulação… dar às palavras aleatórias um significado decidido por si mesmo, apenas colocando seu poder nessas palavras, isso é uma "Maldição". Isto se aplica não só às palavras, mas também a outros métodos de transmissão, como a gesticulação. E claro, será diferente dependendo de seu instigador... Em casos extremos, se a Contra-medida não foi definida quando a Maldição for lançada, nem mesmo um Praticante será capaz de desfazê-la."
"… Ela então se tornaria inquebrável?"
"Isso, inquebrável. No entanto, as Maldições não têm muito poder. Os Instigadores interrompem e dobram o fluxo do poder da natureza por sua própria vontade para fazer Maldições, então eles não têm o poder de matar pessoas diretamente. Eles trabalharão indiretamente, no máximo... Mesmo assim, não é impossível evitar seus efeitos."
Ouvindo isso, Oscar inclinou a cabeça em suspeita.
"Essa minha Maldição é muito poderosa?"
"Sua Maldição ultrapassa o limite de uma Maldição. O que foi lançado sobre você não parece ser uma… tá mais para uma "Bênção" ou uma "Proteção"."
"Hã!?"
Vendo a expressão de espanto de Oscar, Tinassha abriu as mãos brancas e deu de ombros.
"É uma "Bênção". Basicamente, ela foi invocada como uma "Maldição", mas o curso de seu poder é diferente. Por natureza, é para aumentar a potência. Aqui, dependendo do talento do Lançador, pode trazer algo bastante poderoso. Mas com o seu efeito distorcido, você, o Receptor da Maldição, ou talvez o Feto, será carregado e protegido por um poder extremamente forte. Assim o corpo de uma mulher comum não será capaz de suportar isso."
Pego de surpresa por algo tão incomum, Oscar ficou pasmo.
A Bruxa do lado oposto olhou para ele com pena.
"Err, em resumo, ela não pode ser quebrada…?"
"Se eu puder analisar o que foi lançado, posso reduzir seu efeito Mágico, mas há cerca de vinte coisas diferentes interligadas ai... como esperado da Bruxa Silenciosa."
Tinassha respondeu enquanto olhava para o peito dele com os olhos semicerrados como se examinasse algo difícil de ver.
"Eu sinto muito mesmo…"
"A-Ah…"
E o lugar foi preenchido com um silêncio constrangedor
Quebrando tal atmosfera, Tinassha se levantou e bateu palmas levemente.
"Você passou por muitos problemas para vir até aqui, então também vou dar o meu melhor."
Ela disse, e pegou uma bacia de água no fundo da Câmara e colocou sobre a mesa. A bacia tinha Runas Mágicas gravadas nela; a fina camada de água no interior captava a luz do sol e brilhava.
"Há algum jeito?"
"Existe uma contramedida simples."
Tinassha sentou-se e colocou a mão direita acima da bacia. A água ondulou, embora não houvesse vento.
"O problema é o corpo da "Mãe" ser incapaz de suportar o poder de proteção que será lançado ao Feto. Então, só temos que escolher uma mulher que seja capaz de suportar isso."
"… Parece simples. Mas essa mulher existe?"
"Sem dúvida. Deve haver uma ou duas no continente… provavelmente. Estou fazendo uma pesquisa com foco em Poder Mágico e Resistência Mágica, por favor, ignore o resto."
A cena de uma floresta, vista de longe, começou a se refletir na bacia.
Oscar levou sua mão a testa como se estivesse com dor de cabeça.
"E se ela for uma mulher casada? Uma anciã? Ou uma criança!?"
"Seria imoral com uma mulher casada então nada pode ser feito; Se ela for anciã, a magia pode a ajudar de alguma forma... Se for uma criança, você pode apenas criá-la como quiser! Você é da Realeza, então é normal ter um casamento com vinte anos de diferença e tal."
Tinassha sorriu e deliberadamente deu uma resposta alegre.
"De qualquer forma, por favor, aceite esta busca positivamente."
"..."
Oscar finalmente segurou sua cabeça com as duas mãos, sentindo uma dor de cabeça chegando pra valer.
Portanto, esta era a Bruxa considerada a mais forte.
Mas nem mesmo ela parecia ser capaz de quebrar sua Maldição ou encontrar qualquer outra solução.
E, no entanto, ele ainda tinha que levar tudo isso "Positivamente" ... Oscar pensava, e de repente teve uma ideia em particular.
"Tinassha."
"Uau, estou surpresa! O que foi!?"
"Por que você está surpresa?"
Como se em resposta à sua surpresa, a água da bacia subiu e molhou a mesa, embora sua mão não a tocasse.
"Ter meu nome chamado é raro…"
"Você disse algo assim quando se apresentou."
"Desculpe-me."
Tinassha pegou um pano de Litora e limpou as gotas perdidas de água na mesa. Ela perguntou ao dobrar o pano—
"Então, o que é foi?"
"Ah, bem, e você?"
Não ficou claro para que servia a pergunta, Tinassha apontou para seu próprio rosto com uma expressão confusa. Oscar fez outra pergunta em resposta—
"Você consegue resistir ao poder da Bruxa Silenciosa?"
"Sim, facilmente, mas… isso..."
Tinassha finalmente entendeu a pergunta, e seu rosto rapidamente ficou pálido.
"Bem, então está decidido."
Oscar recostou-se na cadeira e esvaziou sua xícara de chá até a última gota. Diante dele, Tinassha havia meio se levantado, seu rosto estava branco como um lençol.
"E-Espere!"
"É mais certo do que procurar uma mulher que nem sabemos se existe ou aonde se encontra. Meu desejo como Campeão é que você desça desta Torre e se torne minha Esposa."
"Não posso aceitar isso!"
Ela bateu na mesa com suas mãos pequenas. O chá que sobrou em sua xícara e a água da bacia pularam violentamente.
"Você não disse que tentaria o seu melhor?"
"Mas há um limite! Impossível é impossível."
Ela estava irritada; seu rosto estava pálido e seus olhos estavam largos. Oscar olhou para ela com interesse.
"Você é realmente casada ou algo assim?"
"Eu nunca fui casada."
"Você tem um amante?"
"Eu nunca tive um amante."
"Então ainda pode funcionar com uma Anciã de alguma forma."
"É verdade que sou velha, mas é perturbador ser chamada de Anciã! E esse não é o ponto!"
Tinassha se inclinou para a frente e sorriu rigidamente.
Suor frio começou a gotejar em sua testa.
"Não é lógico deixar o sangue de uma Bruxa entrar na Família Real. Todos os seus Ministros ficarão loucos."
"Eu prefiro ver isso…"
Enquanto Oscar continuava enfrentando sua resistência frenética com respostas preguiçosas, a Bruxa desabou em sua cadeira exausta; ela estava perdendo o juízo.
"Se você se parece com Reg ou não... Sua personalidade é simplesmente incrível."
"Eu sou uma pessoa má."
Ele respondeu indiferente. Ela olhou para ele, depois balançou a cabeça e regulou sua respiração.
"De qualquer forma, não vai funcionar. Se eu aceitasse tal desejo, eu já teria sido sua Bisavó."
No fundo, Oscar ficou bastante surpreso com essas palavras.
Mas, ao mesmo tempo, ele também estava estranhamente convencido.
Setenta anos atrás, seu Bisavô muito ingênuo provavelmente tinha sido hipnotizado por esta Bruxa.
Mas ela não havia aceitado a proposta dele.
Era muito diferente da história sobre o Rei e a Bruxa passada em Farsas; ele estava um pouco interessado no que havia acontecido no passado.
Quando Litoria trouxe um bule de chá fresco, os dois ainda estavam discutindo.
Oscar estava calmo, mas não tinha recuado, e a Bruxa estava mentalmente exausta; era claramente visível isso.
"Ah, bem, já que você tem sido mau e pouco obediente, eu vou adulterar sua memória e mandá-lo de volta para o Palácio Real."
Tendo finalmente chegado ao seu limite, Tinassha suspirou e disse casualmente.
"Essa é uma declaração muito demoníaca."
"Você que é o demônio aqui."
Tinassha levantou-se e levou sua mão direita na direção de Oscar enquanto sorria alegremente. Algo estava se reunindo naquela mão, e o fluxo da atmosfera de repente mudou; até mesmo Oscar podia sentir isso.
"Ei, ei, eu vou revidar."
Oscar também meio se levantou e desembainhou sua Espada apesar de ter mantido uma postura calma. Ao ver o cabo de sua espada, Tinassha fez uma expressão de repugnância aberta.
"O quê? você simplesmente a carrega assim? Ela deve ser tratada como um Tesouro Nacional."
"Tal coisa não deve ser usada assim."
Sob o olhar de Tinassha, a Lâmina de dois gumes bem polida brilhava como um espelho. A alça era decorada de maneira esparsa com Ornamentos antigos.
Akasshia, que foi passada para a Família Real Farsas, era a única Espada no mundo com Resistência Mágica Absoluta. Dizia se a lenda que foi dada por algum ser não humano, mas os detalhes eram inconclusivos.
Tradicionalmente, esta Espada era carregada pelo Rei Farsas apenas em combates oficiais, e não havia registros de que ela fosse usada em batalhas reais nas últimas décadas. E, no entanto, Oscar apenas casualmente a tratou como sua própria Espada pessoal.
É claro, ela poderia ser chamada de "Inimiga Natural" daqueles que usavam Magia. Tinassha, uma Bruxa, não era exceção.
Ela hesitou por um longo tempo com uma expressão amarga em seu rosto, depois acenou levemente com a mão direita para descartar a Magia que tinha começado a se configurar.
"Ugh— Vamos discutir um pouco mais."
"Certamente. Vamos nos acalmar."
Os dois se sentaram novamente, e Litoria despejou o chá em suas xícaras.
"Você é muito teimoso, muito teimoso. Por favor, ceda um pouco."
"Eu acho que isso se aplica a nós dois..."
Oscar estava bebendo seu chá pensivamente quando uma idéia lhe apareceu de repente.
"Isso me lembrou, você não costumava viver no Palácio Real? por um tempo, há setenta anos atrás?"
"Por meio ano. Eu fazia coisas como estar a frente em campos de batalha, ensinar Magia e Cultivar flores. Era muito interessante."
Oscar enfiou a cabeça em um quebra-cabeças; era uma vida que de alguma forma ele podia imaginar, mas depois não conseguia.
"Era esse o Desejo de meu Bisavô?"
"Não, não era."
Tinassha fechou os olhos e sorriu.
Pelo seu tom, ficou claro que ela não queria dizer o que o Desejo realmente tinha sido.
Oscar levantou levemente uma sobrancelha, mas respeitou a vontade dela e não perguntou novamente. Em vez disso, ele expressou a ideia que lhe havia sido surgido—
"Bem, vamos fazer assim: Você deixa este lugar por um ano e vive ao meu lado em Farsas. Esse é o meu pedido como Campeão. Você pode aceitar esse aqui?"
Tinassha olhou com perplexidade para seu pedido inesperado.
Mas se alguém pensasse nisso, era uma concessão considerável.
Um ano não era longo para ela, de forma alguma. O cenário nostálgico de Farsas lhe veio à mente; ela já havia vivido lá com humanos por um período tão curto quanto um piscar de olhos.
Tinassha, inconscientemente, respirou fundo.
Quando ela exalou, seu coração havia tomado a decisão.
"Muito bem. Eu descerei da Torre como sua Guardiã. Por um ano, a partir deste dia, você será meu Ajudante."
Tinassha levantou de repente um braço e apontou um dedo indicador branco na direção da testa de Oscar. Um brilho branco fraco se acendeu na ponta de seu dedo; ele então se afastou e deslizou no ar, depois afundou na testa de Oscar. Ele sentiu curiosamente sua testa com os dedos, mas não conseguiu encontrar nenhuma mudança perceptível.
"É uma Marca. Por enquanto."
A Bruxa sorriu e se levantou. Ela levantou os dois braços acima da cabeça e se esticou para soltar o corpo, que havia ficado rígido depois de ficar sentada por um longo tempo.
"Se eu deixar a Torre, tenho que fechar a entrada... Litora."
"Certo!"
Quando Litora deixou a sala, Oscar também deixou seu assento.
O sol tinha se posto completamente, e seu brilho posterior podia ser visto nas montanhas distantes. Ele ficou ao lado de Tinassha e olhou para ela com um sorriso malicioso. Ela era consideravelmente mais baixa do que ele.
"Se você mudar de idéia no caminho, você pode se tornar residente permanente em Farsas."
"Eu não vou!"
E assim, após cerca de setenta anos, a Bruxa da Lua Azul apareceu novamente na história como a Guardiã do Príncipe de Farsas.
A história sobre seu destino começava aqui.
※ ※ ※
"Razar! Acorde!"
Com a voz de seu Mestre, Razar saltou por reflexo e percebeu que estava na frente da Torre, sob a mesma sombra onde havia amarrado seus cavalos.
"Bem, Alteza... eu parecia estar... subindo a Torre... já é noite?"
"Não se preocupe com isso. Vamos voltar. Levante-se."
Razar se levantou, quebrando a cabeça em busca de lembranças obscuras. Ele desamarrou as cordas que prendiam os cavalos.
"Você quer voltar agora?"
"Ah, o negócio está feito."
Achando tudo isso estranho, Razar puxou os cavalos atrás dele e voltou para o lado de Oscar. Ele então finalmente percebeu alguém parado na sombra de seu Mestre.
Notando seu olhar, a bela jovem sorriu como uma flor. Ela tinha o cabelo preto e a pele clara de um país desconhecido; seus olhos eram da cor da noite e cheios de poder. Razar foi completamente enfeitiçado.
"Vossa Alteza, esta pessoa é…"
"Eu sou uma Maga, a aprendiz da Bruxa. Vou deixar a Torre e morar em Farsas por um tempo. Por favor cuide de mim."
"Ela se chama Tinassha."
Razar se curvou apressadamente enquanto ela se curvava educadamente para cumprimentá-lo. Era estranho ela ter deixado a Torre sem nenhuma bagagem, pensou Razar. Ele então puxou o cavalo para se aproximar de seu Mestre e sussurrou em seus ouvidos—
"Ela é a aprendiz da Bruxa, então você conheceu a Bruxa?"
"Ah, sim, eu conheci."
"Então você não foi devorado?"
"Continue assim e será morto, você sabe..."
Oscar então subiu em sua sela e acenou para Tinassha. Ele começou a dizer algo a Razar, que parecia preocupado, mas de repente sorriu com um sorriso irônico.
"Bem, foi interessante."
Oscar pegou a mão da menina e a puxou para o cavalo com um sorriso amargo.
O sol tinha se posto completamente, e a noite se aproximava rapidamente.
Tinassha acenou sua mão levemente e um brilho branco de luz flutuou na frente do cavalo, iluminando o caminho.
Razar também montou seu cavalo e olhou nervosamente de volta para a Torre.
Na luz fraca, a porta da torre, que certamente tinha estado ali, tinha desaparecido. Em seu lugar, estava apenas um trecho de parede azul, como seus arredores.