Um Tiro de Amor Brasileira

Autor(a): Inokori


Volume 2 – Arco 1: O Teatro das Mil Faces

Capítulo 9: O Amor e o Nascimento do Herói


【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】

Um cheiro de ervas com enxofre invade o nariz de Amon, que tranca a porta de sua única saída, ele ajusta sua gravata caminhando até as escadas, subindo degrau por degrau lentamente mesmo com um pouco de dificuldades dado as incontáveis cordas com nó de forca por todos os lados.

“Aquilo que atormenta o garoto de fato é um deus menor, mas por que ele ainda não foi consumido? Como o Ao Bôzu controla aquele corpo? E por fim… por que só a mãe dele lembra que ele existe?”

Ele chega até o quarto onde o garoto e o deus estavam na última vez, porém agora a porta está entreaberta, sem medo algum Amon prossegue entrando no ambiente frio a ponto de congelar levemente a ponta de seu nariz.

Amon vira sua cabeça até a cama onde o garoto permanece sendo suspenso pelas várias cordas em volta de seus membros e pescoço.

— Escute, eu sei que você está por aqui e também sei que você é um Ao Bõzu.

Os olhos do garoto se abrem com uma luz esverdeada emanando de sua íris, — Muito esperto para um mortal, pena que só de olhar para você percebo que já passou do ponto, diferente da mãe dessa criança.

Amon fecha os punhos, tentando controlar sua raiva, para logo em seguida puxar uma cadeira de rodinhas de frente a uma mesa com computador, assim se sentando de frente para o garoto.

— Antes de tudo, eu gostaria que você me respondesse algumas perguntas.

Hahahaha! Porque achas que eu lhe responderia algo? Tu nem ao menos consegue me enxergar de fato — diz a voz sombria que sai da boca do garoto.

— É simples, você não tem escolha — Amon encara o corpo do garoto, mas diferente de todas as outras vezes, seu olhar parece ainda mais sombrio do que do próprio deus.

O corpo do garoto engole a seco, tentando manter a sua posição de superior na situação, mas sem sucesso.

— Mortal desgraçado, não fique se achando.

— Eu não estou me achando, de fato eu vou fazer questão de te exorcizar, mas se preferir assim eu prometo que não usarei meu Bakemono contra você em troca que me responda às minhas perguntas.

— Hahahaha! Sua arrogância te levará à morte! Mas gosto da sua confiança mortal, pois bem faça suas perguntas!

Amon pega seu telefone, começando a digitar algo, — Primeiro, eu consigo ver que você é diferente dos outros de sua espécie, mas por que não matou o garoto?

Hahaha, esse garoto idiota tava tão desesperado para voltar pros braços de sua mamãezinha que disse que faria de tudo para não ser devorado, então fizemos um pacto!

— Um pacto? Você deu um filho perdido seu para ele?

— Filho Perdido? Que besteira é essa? Eu possui o corpo dele em troca de sua vida! — O olhar do garoto brilha ainda mais no tom verde, com as cordas apertando forte seu corpo.

— Onde quer chegar? 

— Dois corpos em uma existência, isso é possuir! Eu sou ele e ele sou eu enquanto eu me mantiver dentro dele!

— Isso sequer é possível? 

— Você está me ouvindo não? Mortal tolo.

Amon continua a digitar em seu telefone, — Segundo… Por que apenas a mãe desse garoto lembra dele? 

— Hahaha! Saiba cretino, que nem mesmo eu tenho essa resposta, fiquei surpreso quando vi que ela lembrava — As cordas fazem com que a mão do garoto cubra seu rosto — talvez o nojento amor materno faz com que minhas habilidades não funcione… que vergonha a minha.

Amon fecha o telefone, se levantando da cadeira a empurrando para o lado, — Por fim… por que vocês vieram para cá?

— Não é óbvio? — A voz se torna mais grave, com as mãos do garoto sendo guiadas até seu pescoço pelas cordas, apertando ainda mais — tem muitos alimentos aqui, diferente de onde eu vim.

— Entendo… — Amon se aproxima da cama onde o garoto está suspenso — eu odiaria machucar o corpo do qual possui e acabar o matando, porque não use seu real poder Ao Bõzu?

— Essa confiança de vocês mortais é muito engraçada, somos deuses! haha! mas vou fazer o que diz!

O brilho verde some dos olhos do garoto, que começa a ficar ofegante sentindo as dores da pressão das cordas sobre seu corpo, em seguida caindo até ser segurado por Amon pelos braços.

O ambiente se torna ainda mais frio do que antes e as diversas cordas vibram por todos os lados, assim Amon vendo o último resquício de consciência da pobre criança diz.

— Takeda, por favor, se conseguir, me aponte onde ele está.

Com a mão trêmula e com dificuldade de respirar, o garoto ergueu seu dedo indicador para trás de Amon.

— Muito obrigado, pode descansar agora, sua mãe está preocupada contigo — diz Amon, colocando-o com cuidado sobre a cama.

Taikutsu…

Os olhos de Amon brilham em ciano, para enfim em uma micro fração de segundos, algo é preso dentro de uma grande caixa com o mesmo brilho de seus olhos.

— O que?!!! Mortal você disse que não ia usar seu Bakemono!!! — grunhem a criatura divina, se debatendo.

— Eu disse isso? — Amon respira fundo, se virando para onde estaria o deus — acho que eu menti.

— M-mentiu?

— Diferente de deuses, mortais mentem e são muito bons nisso —Amon faz um sinal com o dedo — volte para o lugar onde não deveria ter saído.

No mesmo instante, a caixa ciano se encolhe ao máximo com os gritos do deus parando de pouco a pouco até sumirem completamente junto com sua existência no mundo mortal.

“A realidade é que deuses não conseguem mentir, apenas contam meias verdades, humanos e deuses não são tão diferentes, mas mortais sabem usar muito mais suas armas do que eles mesmos”, pensou Amon, sentando na cama do lado do garoto.

As cordas que antes existiam, agora se tornam cinzas de pouco a pouco, voltando a normalidade da casa, o frio se extinguiu e o cheiro estranho é substituído pela brisa fresca do fim da tarde.

— Parece que eu consegui bem a tempo… será que eu deveria me preocupar?

【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】

A noite passa, dando aos primeiros resquícios do sol da manhã, Koi e Yume agora descansam na sala da casa enquanto Amon passou a noite toda confortando o pequeno Takeda.

Porém, não demorou muito até alguém bater na porta, acordando todos na sala ao mesmo tempo que Amon caminha segurando a mão da criança.

Lentamente ele abre a porta, dando de cara com a mulher que o pediu ajuda, seu semblante abatido demonstra o quanto ela chorou preocupada com seu filho.

Mas ao ver seu pequeno em pé, seus olhos marejaram novamente, só que dessa vez não é de tristeza ou dor, mas sim da mais genuína felicidade.

Ela se ajoelha frente a seu filho, que sorri com a intensa saudade que sentia sendo apagada de seus pensamentos, o abraço de ambos foi longo e belo, emanando um calor e conforto palpável para todos presentes.

Nenhum dos três queria atrapalhar esse momento de amor verdadeiro e com o sentimento de missão cumprida, saem sem dizer adeus, voltando a caminho de seu esconderijo que chamam de lar.

Mesmo com as dúvidas sobre possessão, Amon decidiu deixar essa conversa para outro dia e apenas tirar a manhã de folga junto com Koi.

— Senhorita Koi, eu prometi te comprar um crepe certo? Que tal passarmos no caminho?

— Não precisas dizer duas vezes meu amado servo, siga em frente! — exclama Koi animada.

— Podem ir, eu vou direto para o esconderijo, quero ver se todos estão bem — diz Yume, alongando o ombro após acordar.

— Nos encontramos depois então, até mais jovem Yume!

— Então era Yume o nome… — cochicha Koi, andando na frente de Amon, apenas acenando de costas.

Yume segue sozinha, mesmo com todos contratempos, ela está feliz por tudo ter dado certo no final, então aproveitou a paisagem e a vista dos locais que passou no caminho, com um sentimento de solitude dentro de si.

O caminho estava quieto e normal, até ver a distância uma jovem garota vindo na direção oposta, seus cabelos são brancos amarrados em um rabo de cavalo, ela veste um sobretudo e luvas pretas em suas mãos.

O que chama a atenção de Yume não é sua aparência, mas sim o estado do qual ela está, se apoiando em tudo para não cair, suas olheiras profundas, ainda maiores do que as de Amon, junto a sua pele pálida.

Preocupada, Yume se aproxima dela, — Ei, você precisa de ajuda? 

— Eu estou bem… — diz a jovem, se forçando a caminhar para frente.

No entanto, suas pernas fraquejaram, fazendo ela lentamente cair como se estivesse perdendo a consciência, mas rapidamente Yume a segura pelo braço o colocando em torno de seus ombros.

— Você não está bem, por favor me deixe te ajudar! — exclama Yume, extremamente preocupada com tal garota.

A jovem então ergue sua cabeça, fazendo com que os olhos azuis cintilantes de Yume se encontrem com os olhos violeta dela em uma profunda conexão.

— Tudo bem então… — diz ela sem entender o motivo pelo qual uma desconhecida quer tanto a ajudar, com uma expressão clara de surpresa.

Yume mostra um sorriso reconfortante, a ajudando a caminhar, — Para onde você precisa ir?

— Me deixe na praça por favor…

— Tem certeza? Posso te levar até um médico.

— Não!!! — exclama a jovem, tossindo um pouco em seguida — desculpe, é que eu odeio hospitais… eu só preciso descansar um pouco.

— Não se preocupe, eu também não gosto muito.

Yume a leva até um banco em meio a praça do distrito urbano, deixando com que ela se sente.

— Eu vou comprar algo para você beber — diz Yume, procurando alguma máquina em volta do parque.

— Não, não precisa, eu já disse que só preciso descansar.

Yume suspira levemente, se sentando ao lado dela, — Muito bem, então vou esperar até que esteja melhor.

— O que? Não… por que vai fazer isso? 

— Como assim? 

— Me ajudar? Esperar que eu melhore? Deve ter algum motivo pelo qual você quer fazer isso não?

Ah, bem… sempre que eu precisei de ajuda, tinha alguém para me socorrer, querendo ou não eu quero fazer igual o que eles fizeram para mim, e você parecia precisar de ajuda — Yume sorri de forma sincera — além disso, conheço uma pessoa que ficaria extremamente brava se eu não ajudasse! 

A Jovem a encara por alguns segundos, até que pela primeira vez nessa conversa, ela mostra um pequeno sorriso, — Que motivo estranho, é extremamente simples!

— Poisé! — Yume encosta suas costas na parte de trás do banco — bom ver que você consegue sorrir… como você se chama?

Ao perceber que sorriu, a jovem coça a cabeça um pouco envergonhada, — Cordélia… eu me chamo Cordélia!

— Que nome bonit…

Antes de conseguir completar seu elogio, a jovem Cordélia fecha os olhos, caindo deitada nas pernas de Yume, pegando em um sono profundo rapidamente.

— Então era realmente isso… pode dormir a vontade Cordélia!

Um encontro repentino, mostra o caminho da verdadeira rota dessa história.

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