Um Tiro de Amor Brasileira

Autor(a): Inokori


Volume 2 – Arco 1: O Teatro das Mil Faces

Capítulo 7: Desafio de Coragem


【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】

— O que é um desafio de coragem? — questiona Yume, sentindo o capim passando por sua pele, trazendo à tona uma coceira incômoda.

— Os jovens se desafiam a entrarem em lugares assustadores para pessoas comuns e contam histórias de terror enquanto passam a noite — Amon tenta empurrar o mato para abrir um caminho — eu diria que isso é extremamente perigoso, mesmo se de fato não existir nenhuma divindade no local.

— És apenas a tolice humana de mexerem com coisas do qual não possuem conhecimento — diz Koi, parecendo ser a única que não se importa com o capim.

Após entrarem no campo, mal conseguiam de fato ver o que tinha à sua frente, não apenas o capim bloqueia a visão, mas o som de insetos constantes é ensurdecedor.

— Amon, você tinha dito que o garoto realmente existe, como chegou a essa conclusão? — diz Yume, ficando ao lado de Amon.

— No sistema há quatorze alunos e somente treze nas chamada, não tenho duvidosos que isso não é uma coincidência — Amon para sua caminhada por alguns instantes, recuperando o fôlego — e é isso que me preocupada, seja o que for, essa divindade consegue apagar não somente as memórias de alguém mas sua existência também.

— Se esse ser consegue fazer isso, como a mãe dele é a única que se lembra do filho? 

— Estou me perguntando a mesma coisa…

— Isto é bem típico de uma divindade predadora de segunda classe.— exclama Koi, parecendo desapontada.

— Divindade predadora? 

— Foi o que tu ouviste, são um tipo de divindade dos quais caçam de táticas ardilosas e sujas, seres malignos sem dúvida — exclama Koi, falando com desprezo em sua voz.

— Então você seria uma divindade boa senhorita Koi?

— Não sejas tola serva, divindades desconhecem essas coisas simplórias, não podemos ser denominados como bem ou mal, mas realmente há uma diferença entre nós — Koi ergue ambas mãos para cima — Divindades maiores ou mais poderosas geralmente recebem oferendas do que os dá forças, ou fabricam seu próprio alimento enquanto as Divindades Predadoras são seres de menores que precisam caçar seus alimentos, o tipo de escória dos seres divinos.

— Não foi você que disse que o deus que estamos enfrentando é forte? — questiona Amon, virando seu olhar.

— De fato, mas pensando melhor agora, somente foi uma divindade menor que acabou se alimentando mais do que normalmente conseguiria.

Amon abaixa a cabeça pensativo, empurrando o mato a sua frente com mais força, mas diferente do começo, no ponto em que estão não parece mais haver o capim alto dali em diante.

— Acho que encontramos algo — diz Amon, dando um pequeno pulo para passar pro outro lado.

Logo de cara ele percebe um clima estranhamente calmo, muito mais calmo do que normalmente seria na mesma situação. A sua frente há uma velha cabana de madeira escura caindo aos pedaços, com uma floresta escura atrás da mesma, à sua volta várias pequenas estátuas estranhas que parecem formar uma linha que divide o campo de capim do local onde estão.

— É naquela cabana onde acontecem os desafios que a Koi disse… mas está cercado de estátuas — questiona Yume, saltando para o lado de Amon.

— São estátuas da Mãe- Buda — diz Koi, posando com cuidado após um grande salto.

— O que elas significam? 

— Muitas coisas… mas nenhuma delas é algo bom — diz Amon, se aproximando da cabana com cuidado, tentando ver seu interior.

Amon consegue ver que o interior da cabana está completamente vazio, com musgo e mofo se formando nas madeiras, que seria comum se não fosse pelo fato que tal musgo cobriu tudo exceto as diversas estátuas de mãe-buda, que aparentam estarem bem cuidadas ou intecovais pelo tempo.

— Fascinante…

— Amon… não estamos sozinhos — diz Yume repentinamente, enquanto encara o mato alto.

Koi rapidamente se vira para a mesa direção atenta enquanto Amon a acompanha em seguida, mas diferente do que esperavam, não há nada, apenas o capim balançando com o vento constante.

— Jovem Yume, sei que você é nova ainda, mas não é hora de brincadeira — diz Amon, com voz calma e baixa, voltando sua atenção para a cabana.

— Mas… não estou brincando, realmente tem alguém muito grande olhando para nós — diz Yume sem desviar o olhar.

Amon percebe a seriedade na voz de Yume, que é a única que enxerga a estranha figura que os observa.

Com cerca de dois metros de altura, uma silhueta com vestes de monges budistas, sem feições em seu rosto, muito menos nariz ou boca, apenas um único grande olho arregalado, que treme sua íris de um lado para o outro, encara somente Yume que ergue sua guarda atenta a qualquer movimento.

— Yume, o que exatamente você está vendo? — questiona Amon, distanciando-se um pouco.

— Um monge, mas com apenas um olho… 

— Monge? Algo mais te chama atenção?

— Sua pele… é completamente azul! 

Ao Bõzu — sussurra Koi, fechando seus olhos para o momento do qual viria a ocorrer.

O vento do qual batia no campo de uma hora para outra se cessa, para um grunhido estridente invadir os ouvidos de Yume, com uma simples frase.

Yume… gostaria de ser… pendurada pelo pescoço?

— Como raios ele sabe meu nome?! — exclama Yume, cerrando os punhos em alerta.

— Parece que você é bem famosa entre as divindades — diz Amon, com um leve tom de ironia.

— Eu não dirias isso, desde o momento em que pisamos aqui, o único alvo do Aobozu sempre foi ela — diz Koi, erguendo a palma da mão direita — Serva, aponte onde ele está.

Yume ergue seu dedo indicador por reflexo, na direção exata, para assim em um piscar de olhos um clarão ser criado no local, cortando quase que instantaneamente todo o campo de capim ao meio.

Quando a chuva de grama começa a cair, Yume é a única que percebe o tamanho da ameaça à sua frente, não há apenas um monge, mas sim vários que se escondiam no campo, que agora estendem seus braços segurando uma corda com nó de forca.

Com o choque, não tendo como reagir vários desses seres correm em direção de Yume, enrolando o nó em todos os membros dela, a puxando com tremenda força para ainda mais dentro da floresta escura atrás da antiga cabana.

— Droga! Yume! — Amon exclama, se preparando para correr atrás de Yume.

Mas logo é parado, sentindo a mão de Koi sobre seu peito, — Servo, agora você sabe o nome do deus que estamos enfrentando, tu não tens muito tempo se quiseres cumprir sua promessa.

— Mas a Yume… — diz Amon mostrando uma expressão de dor e incerteza.

— Deixe que tua deusa a traga de volta, não precisa se preocupar com ela, pois eu estou aqui.

Amon fecha os olhos se concentrando, concordando com Koi, — Tudo bem, você sabe que eu confio em você, só não faça nenhuma besteira Senhorita.

— Não te preocupes, mas é melhor que não morras também — Koi gargalhou ironicamente.

— Nos encontramos na casa do garoto — Amon estende o punho para ela.

Ambos batem levemente os punhos, até partirem em alta velocidade em direções opostas, com Koi seguindo o rastro de Yume e Amon voltando até o garoto em perigo.

Enquanto isso, Yume sente a pressão das cordas bloqueando o oxigênio de seus pulmões e esmagando seus músculos sendo carregada cada vez mais fundo na floresta.

Ela sente seu rosto ficando vermelho, tendo como única alternativa fazer um sinal com os dedos, criando várias pequenas lâminas de água em volta de seu corpo, partindo todas as cordas que a prendiam, no entanto dada a velocidade do qual estava sendo carregada, ela gira no chão após se soltar até bater de costas contra uma árvore.

Yume tosse sentindo a dor em suas costas, porém mais aliviada por conseguir respirar novamente, voltando a levantar sua guarda procurando as divindades que a trouxeram para dentro da floresta.

“Onde eles estão?!”, pensou Yume, regulando sua respiração, até perceber que ao chão em meio as folhas secas, existe alguma coisa enterrada, assim após bater levemente com as costas da mão no chão encontra um crânio humano completamente limpo.

Poucos instantes Koi finalmente a alcança, — Oh, te achei — diz se aproximando em uma curta caminhada.

Yume então arregalou seus olhos, vendo que os seres que haviam sumido, agora estão encurralando ambas as duas em um pequeno círculo.

— Senhorita Koi, fuja! Eles estão nos encurralando.

Koi ergue uma de suas sobrancelhas, fechando somente um de seus olhos enquanto continua a se aproximar de Yume.

Aproveitando o momento, um dos seres dispara na direção de Koi, fazendo Yume ver toda a movimentação sem ter tempo de reagir.

— Cuidado! — Exclama Yume, que tenta se erguer.

Foi então que um alto grunhido de dor ecoa pela floresta, mas não de vindo de Koi, mas sim da criatura que está suspensa no ar, sendo segurado pelo seu único olho gigante na mão de Koi.

— Não me digas para fugir, serva tola, quem lhe disse que eu preciso enxergá-los para acabar com eles? — diz Koi calmamente, encarando Yume.

E como se estivesse amassando uma folha de papel, Koi esmaga os olhos da criatura com extrema facilidade, que se desfaz em pequenos pedaços de cinzas no chão.

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