Volume 2 – Arco 1: O Teatro das Mil Faces
Capítulo 6: O Garoto que Deveria Existir
【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】
— Então esse é o colégio onde ele supostamente estuda — diz Amon, levando ambas mãos até sua cintura.
Não demorou muito para chegarem até o local, para ser exato foi apenas questão de alguns minutos de caminhada em linha reta até chegarem ao colégio humilde com vista para um grande campo de mato alto que a muito não foi limpo.
— Oh, é assim que um colégio se parece… — sussurra Yume, observando todo local como uma criança que acabará de descobrir algo novo.
— Jovem Yume, você nunca foi a um colégio? — questiona Amon virando seu olhar para ela.
— Eu nem mesmo tinha visto um colégio antes, na época que fiquei na SEIDAI aprendi tudo que eu podia com alguns livros e jornais velhos — Yume tombou sua cabeça para o lado, pensativa — mas talvez eu já tenha frequentado um lugar desses antes de me tornar uma numen, mas não tenho certeza disso.
Há uma grande movimentação no portão da frente do colégio, várias crianças uniformizadas gargalham e correm entrando e saindo do local, fazendo com que Amon abra seu celular de flip para conferir as horas.
— Não podíamos chegar em um horário melhor — diz Amon soltando todo o ar de seus pulmões — é o intervalo dos alunos, o momento perfeito para procurar respostas sem chamar atenção.
Amon é o primeiro a caminhar em direção a entrada, tomando todo cuidado possível para não esbarrar nas pequenas crianças ao redor enquanto que logo atrás Yume e Koi o seguiam em silêncio.
Por mais que do lado de fora o colégio aparenta ser humilde e pequeno, por dentro a uma limpeza e organização de um colégio de elite, o cheiro de produto químico pode ser sentido no chão e nas janelas que brilham mesmo com os alunos passando por eles.
Após alguns segundos, antes mesmo de encontrarem alguém para conversarem, Koi exclama com um leve tom de irritação em sua voz, — Servo… o que raios eles estão fazendo?!
Amon vira seu olhar para trás, vendo um grupo de alunos cercando Koi com os olhos brilhando em curiosidade ao mesmo tempo que cochicham coisas entre si.
Yume tenta esconder seu sorriso com suas mãos, disfarçando ao máximo ao se deparar com a visão de Koi parecendo uma irmã mais velha em meio aos pequenos.
— Parece que você é popular com as crianças Senhorita Koi — responde Amon calmamente, com um sorriso inocente.
— O que eu deveria fazer com tais criaturas me cercando? — questiona Koi, rangendo os dentes.
— Que tal tentar conversar com eles? Assim como o Deru, acho que gostaram de você — diz Yume, olhando para as crianças como um sentimento de nostalgia do qual nunca teve.
— E por qual motivo tais crias gostaram de mim?
— Eles não precisam ter um motivo, até humanos adultos gostam um dos outros sem nenhuma razão aparente às vezes — Amon coça o rosto em meio a sua frase — talvez eu me encaixe nisso também.
— Odeio filhotes…
O momento bem humorado logo se quebra com uma voz feminina vindo de frente para Amon, fazendo os três mudarem sua atenção rapidamente.
— Perdão, posso ajudá-los? — diz uma senhora com roupas longas extremamente limpas, em seu rosto a um óculos e ao seu peito um crachá de identificação.
Em seu crachá está estampado “Professora Inaba Kachi”, fazendo Amon rapidamente se apresentar formalmente.
— Oh desculpe, pode me chamar de Sanemi, estávamos à procura justamente de alguém para fazermos algumas perguntas.
— Perguntas? Ah claro, você é o responsável por alguns de nossos alunos? — responde a moça rapidamente, ajeitando seu óculos.
— Sinto lhe informar, mas estamos a mando dos pais de um de seus alunos… — Amon se aproxima discretamente da mulher cochichando calmamente para ela — é sobre um desaparecimento.
A expressão da professora logo se inunda de preocupação, acenando afirmativamente com a cabeça, — Claro, por favor me sigam, vamos conversar em um lugar mais reservado.
Amon e Yume são guiados pela professora nos corredores, no entanto Koi exclama antes de ambos partirem.
— Ei! Não irão me tirar daqui?
— Não seria bom uma criança ouvir o que vamos conversar, pequena Koi — diz Amon, piscando sugestivamente para Koi.
Rapidamente uma bufada de raiva sai pelo nariz de Koi, entendo onde ele quer chegar, — Droga… essas crias humanas fedem a giz de cera.
— Me surpreendo que você saiba o que é um giz de cera senhorita Koi — diz Yume, levemente mais próxima dela.
— Amon comprou para me distrair alguns dias atrás — Koi cruza os braços emburrada.
Yume rapidamente se vira, disfarçando um gargalhar seguindo Amon, “Ela realmente parece uma criança”, pensa voltando aos poucos a seu foco.
A professora guia os dois até a sala dos professores no primeiro andar, onde algumas outras pessoas estão trabalhando inundados de papéis e pastas intermináveis.
— Ser professor parece cansativo — diz Yume, observando chocada.
— Com certeza é, mas também é bem recompensante quando percebe seus alunos crescerem — Ela puxa das cadeiras de frente para sua mesa, se sentando do outro lado — bem… voltando ao que vieram, mesmo sendo um assunto sério não posso passar a informação de nenhum aluno sem antes ver suas credenciais.
Amon se senta na cadeira de frente para ela, ajeitando sua gravata, — Não somos detetives a serviço do estado, como havia dito estou investigado a pedido da mãe do aluno que desapareceu.
— Entendo… mas sinto em lhe dizer que não poderei ajudar se for esse o caso — Ela entrelaça os dedos com pesar na voz.
— Por favor, senhorita Kachi, tenho motivos para acreditar que outros de seus alunos possam estar em perigo — Amon olha para Yume — mostre o diário.
Yume concorda com a cabeça, entregando o caderno para a professora que abre as folhas com um olhar de espanto repentino.
— O que é isso?
— Encontramos este diário no quarto do garoto que desapareceu, acho que os nomes presentes são de outros alunos desse colégio — Amon encara a professora de uma forma persuasiva.
Yume não tinha notado antes, mas ele é extremamente convincente e cuidadoso com as palavras, fazendo ela entender que esse seria o motivo dela se sentir tão segura perto dele.
— Tudo bem… eu não posso revelar informações pessoais mas vou fazer o máximo para ajudar — diz a professora, virando seu olhar para o computador, começando a digitar freneticamente — qual seria o nome do aluno?
— Takeda Misahi, do sétimo ano.
O som do teclado mecânico do qual a professora está digitando se torna inquietante, mas poucos segundos depois a sua expressão se torna de surpresa.
— Senhor Sanime, desculpe a pergunta mas tem certeza que está no colégio certo?
Amon foi pego de surpresa com a pergunta repentina, mas continua com sua expressão serena, — Acredito que sim, tem algo de errado?
— Bem… não temos nenhum aluno com esse nome no ano do qual informou, para ser mais exata, não temos nenhum Takeda em nossa instituição.
Yume com as mãos levemente trêmulas cobre sua boca em urgência, — Essa não, será que ele realmente nunca…
— É o que parece — diz Amon cortando Yume, abaixando a cabeça — talvez eu tenha cometido um equívoco… desculpe tomar seu tempo Senhorita Kachi.
Amon se levanta da cadeira, virando seu olhar para Yume, começando a sair da sala.
— Espere um momento! — A professora ergue o diário — de fato, não temos nenhum Takeda aqui, mas muitos desses nomes são de fato nossos alunos!
Amon segura seu queixo com dois de seus dedos pensativos, até que um estalo percorre sua mente, parecendo entender algo.
— Senhorita Kachi, se não for pedir muito quantos alunos consta no sistema do sétimo ano?
— Deixe-me ver… — Ela volta a digitar em seu computador — ao todo quatorze alunos.
— Agora por favor, conte um por um na lista de chamada do mesmo ano.
— Ahn? Mas por que?
— Eu quero ter certeza de algo.
A professora acena com a cabeça, estranhando toda aquela situação, mas logo após alguns segundos contando, seu olhar se torna de dúvida.
— Que estranho… só tem treze nomes na chamada da turma, será que é algum problema no sistema?
— Acho que recebi toda informação que eu precisava, de verdade senhorita Kachi, você talvez tenha ajudado a salvar uma vida — diz Amon, com um sorriso doce no rosto.
— Ah, obrigada eu acho… mas enquanto a os nomes do diário?
— Se até amanhã não constar nenhum Takeda no sistema, chame a polícia e faça de tudo para paralisar as aulas.
— O que? Mas isso é loucura, eu posso perder meu emprego.
— Eu sei disso, mas é uma decisão que terá que tomar caso não conste, boa sorte.
Amon se vira para a porta, a abrindo para sair da sala dos professores, Yume em seguida sem se despedir pega o diário e segue rapidamente Amon para o lado de fora.
— Descobriu algo Amon? — questiona Yume, percebendo o silêncio dele.
— Talvez, mas essa conversa me fez ter certeza de uma coisa — Amon ajusta sua postura enquanto fala — o garoto não é uma memória falsa ou algo do tipo, ele realmente existe, por isso precisamos ser rápidos.
Yume concorda com a cabeça com um suspiro aliviado, até rapidamente perceber Koi voltando sozinha sem as crianças à sua volta.
— Finalmente livre! — exclama Koi, alongando os braços.
— Senhorita Koi… o que você fez com as crianças? — questiona Yume preocupada.
— Ahn? Nada demais.
— Você está me deixando ainda mais preocupada Senhorita Koi — diz Yume, suspirando.
— Que petulância cara serva! O intervalo deles somente se encerrou — Koi cruza os braços emburrada — mas então, descobriram o nome do deus?
— Não… só tenho ainda mais perguntas, nem sei por onde seguir agora — diz Amon, batendo com a sola de seus sapatos no chão.
Koi coça o nariz mostrando um sorriso astuto, estufando seu peito, — Hehe, não te preocupes amado servo, sua deusa vai lhe guiar por onde ir! Ficar com aquelas crias não foi tão inútil assim.
— Onde quer chegar senhorita Koi? — questiona Yume, se agachando perto dela.
— Elas falaram sobre um tal de teste de coragem, onde eles tinham que atravessar aquele campo sozinhos com olhos fechados, até encontrarem algo — diz Koi, orgulhosa com o que acabará de descobrir.
Amon sorri, estendendo sua mão até a cabeça de Koi, fazendo um cafuné nela, — Muito bem Senhorita, agora já sabemos nosso próximo destino.
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