Um Tiro de Amor Brasileira

Autor(a): Inokori


Volume 2 – Arco 1: O Teatro das Mil Faces

Capítulo 5: Sobre a Forca - Parte 1


【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】

— Meu filho… ele está possuído! — diz a mulher em grande desespero.

— Possuído? Por favor me conte mais — responde Amon, tentando tranquilizá-la.

— A cerca de dois meses atrás, meu filho saiu para o colégio, mas naquele mesmo dia ele não retornou mais — A mulher enxugou suas lágrimas com os braços — fiquei preocupada, liguei para a polícia e tudo, mas depois de uma semana ele retornou como se nada tivesse acontecido.

— E como ele aparentava? Ferido? Com raiva?

— Não, nada disso, ele estava perfeitamente bem, fora a imensa orelhas cansadas ele não tinha antes, os policiais, psicólogos e familiares tentaram conversar com ele para tentar descobrir o que aconteceu, mas… — A mulher encara Amon nos olhos de forma profunda — ele sempre respondia que tirou um cochilo na escola e acordou normalmente, mas eu sei que ele está escondendo algo.

— Compreendo a situação estranha, mas o que te faz pensar que ele está possuído?  

— Algum tempo depois… nossas rotinas retornaram, porém coisas estranhas cada vez mais aconteciam dentro de casa — A mãe arranha levemente seu próprio braço.

— Que tipo de coisas estranhas, me diga com detalhes — Amon segura a mão da mulher a impedindo de continuar a se arranhar.

— Conforme a noite se aproxima, eu podia ouvir cochichos e ruídos vindos do quarto dele dizendo, “Eu não quero fazer isso com ela”, além de cada vez mais ele se tornava mais agressivo e zombava de mim e de seus colegas do colégio.

— Algo mais? — Amon se afasta um pouco, pegando seu celular do bolso para anotar.

— A gota da água foi quando entrei em seu quarto, ele nunca me deixava entrar depois de ter sumido, mas a uma semana, aproveitei que ele estava fora de casa e entrei e acabei de me deparando… — Os olhos da mulher se enchem de medo — com inúmeras cordas em formato de forca no teto e nas paredes.

Amon vira seu olhar levemente para Koi ao ouvir tal relato, voltando a atenção para mulher em seguida que continua:

— Eu achei que ele queria fazer algo contra si mesmo, mas foi quando vi seu pequeno diário sobre sua cama que cai na real, havia uma lista de nomes, no total cinquenta e sete nomes, para exatas cinquenta e sete forcas espalhadas por seu quarto e meu nome estava na lista!

— Além do seu nome, conhece de mais algum que estava na lista?

— Eu não sei! Como poderia? Eu estava desesperada, talvez tivesse alguns nomes de colegas dele, mas do que isso importa? — exclama a mulher, voltando a chorar de forma trêmula.

— Entendo… somente uma última pergunta, como chegou até mim?

— Eu busquei vários médicos especializados, depois inúmeros médiuns, monges e xamãs, mas nada funcionava, muitos fugiam somente de entrar pela porta, até vários disseram na saída que somente um exorcista poderia cuidar desse caso e me deram esse endereço.

— Fascinante… — Amon guarda seu celular, se levantando em seguida.

— Por favor senhor, eu lhe imploro, te dou todo meu dinheiro, te entrego o que quiser, eu te peço… 

— Está bem, vamos falar sobre os termos do serviço — Amon força um leve sorriso — primeiro, após o serviço você jamais poderá mostrar essa localização, exceto para pessoas que precisam de ajuda como você, segundo não quero nenhum dinheiro ou pagamento, meus serviços são gratuitos e por último, você deverá ficar fora de casa até o amanhecer do outro dia, no lugar mais movimentado possível, metros, shoppings ou qualquer coisa do tipo, estamos de acordo?

— Você realmente vai tentar me ajudar?! 

— Não vou tentar, eu vou te ajudar moça — Amon estende a mão direita para ela — só preciso que aceite os termos e iniciaremos o processo no mesmo instante.

A mulher pela primeira vez da conversa dá um sorriso sincero, emocionada com o único fio de esperança criado ali, apertando sem pestanejar a mão de Amon.

— Muito bem, vamos começar agora, teria alguma foto do seu filho?

A mulher tira de seu bolso uma fotografia gasta pelo tempo, ela abraça a foto e em seguida mostra para Amon, — Essa é a foto mais preciosa para mim, no dia de aniversário de sete anos dele!

Amon se curva para olhar bem a foto, mostrando uma expressão calma e serena, concordando com a cabeça, — Seu filho é muito parecido com você moça.

A mulher sorri ainda mais, voltando a abraçar a fotografia enquanto Amon chama com a mão Koi e Yume, que caminham até ele.

— Vamos partir agora, consegue me dizer onde mora? 

— A uma hora daqui, na divisa com Distrito Urbano, casa número seiscentos e quatro — A mulher retira do mesmo bolso onde estava a foto uma chave — leve isso, eu tive que trancar toda a casa com medo dele fazer algo ruim, por favor cuide bem dele.

— Irei fazer isso moça, mas você deve agora ir para o lugar mais movimentado que lembrar, por favor, nos encontraremos amanhã de manhã frente a sua casa, tudo bem?

A mulher acena positivamente, se levantando começando a andar em direção ao norte do distrito, Yume suspira em tensão, se aproximando de Amon.

— Realmente precisamos ajudá-la… mas eu não sabia que você fazia isso com humanos também — diz Yume, olhando para o céu.

— Normalmente não ajudo, mas são casos em casos acabei me envolvendo em coisas parecidas, logo não é a primeira vez — Amon começa a caminhar em frente rumo a casa da mulher — além disso, se eu tenho forças para ajudar, é meu dever aceitar, afinal somos iguais em muitas coisas.

— Esse é meu adorável servo — Koi estica sua mão, dando pequenos pulinhos para acariciar os cabelos de Amon enquanto caminha.

— E então, o que acha que pode ser? — questiona Yume seguindo eles.

— Dada as informações, tenho três hipóteses, a primeira é que o garoto se tornou um Numen e não está conseguindo controlar seu Filho Perdido — diz Amon esticando o dedo indicador para cima, em seguida erguendo o outro dedo junto — a segunda é que o garoto que retornou não é o filho dela, mas sim um deus disfarçado.

— E a terceira? — questiona Koi, cruzando os braços.

— Bem… a terceira é que o filho daquela mulher nunca existiu, ao menos não como pensamos.

Uma expressão de incerteza invade Yume, que gagueja em meio a situação, — Como assim nunca existiu?

— Na foto em que ela me mostrou, não havia nenhum garoto, apenas ela sorrindo para a câmera, uma solitária fotografia. 

— Tu então estás a prever que talvez um deus está se alimentando da solidão de tal mortal? Muito esperto servo, muito esperto — exclama Koi, alongando os braços com um sorriso orgulhoso.

— Também haveria uma pequena chance dela ser apenas uma mulher perturbada com suas lembranças e memórias, mas se me indicaram a ela, isso está fora de questão, seja o que for, se o filho existir ou não, vamos ajudá-la.

— Se caso for alguma dessas opções… por que disse para ela ir a um lugar movimentado e voltar amanhã? — diz Yume, com uma onda de tristeza, afinal ela viu a preocupação da mulher, se caso tudo for uma mentira, essa dor se torna ainda mais cruel.

— Caso seja a segunda ou terceira hipótese, a divindade vai querer se proteger ou atacar a única pessoa que a “ama”, logo a mulher, isso é para evitar que ela seja atacada ou que o deus fuja, para assim exorcizarmos ele.

— Entendo… — Em sua mente, Yume quer evitar ao máximo os pensamentos de ser tudo uma mentira, afinal ela mesma já viveu algo parecido — a propósito senhorita Koi, você é uma deusa também, certo?

— De acordo, serva novata.

— Posso saber por que você e aquela criatura me chamam de mortal, sendo que eu mesma consegui matar ele?

— Compreendo tua alegação serva novata — Koi vira seu olhar profundo para Yume — no entanto, quem lhe disse que tu mataste aquele deus?

Yume se surpreende com tal frase, — Espera… se eu não o matei, o que aconteceu com ele?

— Tu apenas fizeste ele retornar para o local do qual nunca deveria ter saído, de todo modo fez um ótimo trabalho ontem — Koi se aproxima de Yume, se erguendo na ponta dos pés para acariciar a cabeça dela.

【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】

Uma hora se passa e enfim eles se aproximam do endereço dado a eles, foi uma caminhada longa mas nada do qual já não estivessem acostumados, o local é um complexo de casas igualmente parecidas denominadas somente por números para as diferenciar.

— Sente alguma coisa, senhorita Koi? — questiona Amon, conferindo o número da casa.

— Sinto-lhe informar, mas se houver alguma presença em tal casa é deveras fraca — exclama Koi, chutando o ar levemente frustrada.

— Ela disse que muitos desistiram somente de entrar pela porta, vamos descobrir então — Amon vai até a porta, colocando a chave e a girando.

Ao abrir a porta, uma intensa onda de ar congelante invade os pulmões de Amon e Yume, um frio anormal e assustador, mas foi então que Koi adentra o local, fazendo sua expressão frustrada mudar rapidamente para um sorriso de desafio.

— Retiro o que eu disse, a um Deus Menor poderoso presente aqui — diz Koi calmamente, ficando animada com a situação.

Os três olham ao redor do corredor de entrada, percebendo que diferente dos relatos da mulher, não somente o quarto do jovem estava cheio de cordas com nó de forca, mas sim todo o teto da casa, causando um clima de filme de terror aterrorizante.

Amon tranca a porta, fazendo com que eles caminhem pela casa percebendo que de fato, os porta-retratos com várias fotos da mulher que pediu ajuda sozinha ou com algum familiar, mas sem a presença de algum garoto que poderia ser seu filho.

Vendo as escadas Amon decide começar a subir procurando onde seria o quarto do jovem enquanto tenta desviar das várias cordas que conforme subia mais aumentavam seu número.

— Acho que o quarto dele é esse aqui — diz Yume apontando para uma porta.

— Por que acha isso? 

— Veja por si mesmo.

Amon olha para onde ela apontou, vendo que as cordas se tornavam quase como teias de aranha emaranhadas na porta quase como um aviso para qualquer um que quisesse se aproximar.

Sem medo algum, Amon abre a porta com as duas ao seu lado, vendo um quarto com cores azul cheio de brinquedos que um adolecente teria, mas o que lhe chamava realmente a atenção é que em cima da cama há um pequeno garoto curvado de uma maneira inumana, emanando uma aura sinistra.

— Tu não deverias estar em meu território — diz a voz corrompida do garoto em meio a vários cochichos e sussurros.

E em um piscar de olhos ao final da frase do garoto, Amon e Yume ouvem o som de uma corda sendo puxada e ao olharem para trás veem Koi sendo erguida com tremenda força por uma das cordas a enforcando com terrível pressão.

No mesmo momento, as pernas e os braços de Koi param de se mover e uma gargalhada constante pode se ouvir do garoto

— Eu não sei se tu és muito corajoso… 

O gargalhada se interrompe no mesmo momento em que a voz de Koi volta a ecoar pelo quarto.

Mesmo sendo estrangulada, Koi continua com uma expressão de raiva e serenidade, com seus olhos brilhando em dourado mais do que nunca

— Ou se tu es um grande idiota, por tentares me atacar pequeno deus.

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