Um Tiro de Amor Brasileira

Autor(a): Inokori


Volume 2 – Arco 1: O Teatro das Mil Faces

Capítulo 4: Verdades e Possessões


【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】

No dia seguinte ao primeiro encontro de Yume com um verdadeiro “Deus”, Amon mostra algumas fotografias em sequência do mesmo símbolo com inscrições estranhas.

— Seria esse o mesmo símbolo que viu no hotel? — questiona Amon, esparramando as fotos sobre uma mesa.

— Sem dúvidas, são a mesma, desde a caligrafia a figuras, é tudo idêntico — Yume analisa cada uma delas com cuidado — a senhorita Koi disse que são portais, para onde?

— Não tenho certeza, mas seja onde for, a pessoa que está fazendo isso quer que seres divinos invadam nosso mundo — Amon alonga o ombro após um suspiro em meio a sua fala — a cada dia que passa mais e mais encontramos essas figuras pela cidade, algumas foram ativas de algum modo que desconheço.

— Então… se elas se ativam, saem criaturas iguais a aquela que enfrentei? 

— Não digo que seja correto chamá-los de criatura, afinal são delas que veem nossos poderes — diz Amon, voltando sua atenção para as fotos — ou seja, são deuses como a senhorita Koi.

— A Koi é um deles? Ela me parece bem humana — exclama Yume, olhando perplexa para trás onde Koi novamente está em seu cantinho apreciando um belo crepe doce.

— É porque você não a viu antes, ela era uma pequena aranha que cabia na palma da minha mão — Amon sorri em meio a suas lembranças — de toda forma, a minha missão é recuperar as partes perdidas dela.

Filhos perdidos?

— Exatamente, você é bem esperta jovem Yume, deveria me preocupar? 

Yume suspira, dando de ombros, — Eu fazia parte de uma seita chamada SEIDAI  antes de cair na real e lá só se falava sobre isso…

No mesmo instante do qual ela conclui sua frase, um silêncio incômodo invade o ambiente, confusa Yume tenta perguntar o que aconteceu, mas é interrompida por uma imensa presença avassaladora vindo do seu lado.

Pois em instantes, Koi agora está a encarando próximo a ela, com um terrível olhar de ódio do qual Yume jamais viu em seu rosto até então.

— Tu eras então de tal grupo, mortal?

Poderia ser sua impressão, mas para Yume a voz de Koi aparentava estar amedrontadora e grave, quase como um grito constante em seu ouvido.

— Sim, e…eu era, afinal eu acreditava fielmente que estava fazendo o bem, e punindo os demônios que na época acreditava que eram os Numens…

— Jovem Yume, três dos Filhos Perdidos da senhorita Koi estavam em posse da SEIDAI, se você sabe sobre algo, por favor nos diga — diz Amon, calmamente colocando a mão sobre o ombro dela.

— Eu não tinha ideia que isso era possível, a SEIDAI vendia alegando ajudar os puros, a maioria da fortuna dela era isso ou falsos milagres do antigo líder — Exclama Yume, sentindo a pressão de ser colocada contra a parede.

— Se tu eras da SEIDAI, por que não és mais? E como sobreviveu? — questiona Koi, cruzando os braços.

— Depois que eu descobri algo sujo sobre meus líderes, tentaram me silenciar, mas meu irmão impediu, em meio a isso, vi ele morrer em minha frente me fazendo perceber que tudo que eu acreditava desde o início era uma lavagem cerebral de outro Numen.

— Não pareces que estás a mentir, no entanto não responde como ainda está de pé em minha frente.

— Eu fui salva, não somente pelo meu irmão, mas também pela pessoa que desafiou toda a SEIDAI me fazendo descobrir a verdade — diz Yume, fechando lentamente os olhos.

— Desafiou? Está falando do Erisu e Oinari? — questiona Amon, suspirando em alívio.

— Você conhece eles? — exclama Yume com uma expressão de surpresa. 

— Mas é claro que conheço, afinal, assim como ajudei você e os outros, também ajudei o Erisu, só que no caso dele era para controlar seu Bakemono — responde Amon com uma expressão calma.

— Por que estás tão calmo servo? — diz Koi, encarando Amon em sequência.

— Não é óbvio? Conheço muito bem aqueles dois e se o Erisu salvou ela mesmo estando em jogo algo tão importante para Oinari, deve ter um motivo muito bom.

— Por que diz isso? — questiona Yume, sentindo o clima tenso se esvaindo.

— Desde sempre, apenas uma pessoa apenas faz com que Erisu se mova para alguma coisa, sendo ela a Oinari, digo até mesmo que é estranho pensar que ele te ajudou mesmo com a Oinari por perto, talvez ela que pediu… 

— Bem, eu não tenho certeza… mas o Erisu de fato se tornou meu amigo depois disso tudo, lutamos do mesmo lado contra a segurança pública, mas ainda não tenho certeza se ele saiu vivo daquele dia — Yume morde seus lábios de forma frustrada.

— Fascinante, a Oinari também estava em seu grupo? — questiona Amon, levando a mão até seu queixo.

Yume mexe sua cabeça negativamente, — Para falar a verdade, Erisu estava fazendo tudo isso sem a Oinari saber, e ele se culpava todo dia por isso.

— De qualquer modo, se meu adorável servo confias em ti, confiarei também — Koi salta para cima da mesa, se sentando enquanto cruza suas pernas.

— Desculpe não ter informado antes, nunca passou pela minha cabeça que a SEIDAI e você tinha alguma ligação — Yume se curva, pedindo perdão.

— Não se preocupe com isso, nós também nunca imaginamos algo do tipo… — Ao concluir sua frase, uma lâmpada se acende na mente de Amon — pensando bem, de fato possa existir uma conexão que não percebemos!

— O que estás insinuando querido servo? 

Amon começa a embaralhar a sequência de fotos com os símbolos de forma frenética enquanto Yume e Koi observam com curiosidade.

— Pense bem Senhorita Koi, qual a probabilidade de alguém estar envolvido com você ao mesmo tempo com a queda da SEIDAI e também com o conflito misterioso entre humanos e numens?

— Estás insinuando que o pirralho está envolvido com isto? — questiona Koi, tombando a cabeça.

— Não, mas por algum motivo tudo está ligado a ele de alguma forma, mesmo que pequena — Amon para abruptamente de mexer nas imagens da mesa — droga… se ao menos eu soubesse que língua é essa…

Oh, está escrito Yoku no Akuma, querido servo — diz Koi inflando seus peitos de forma orgulhosa por ter ajudado.

Ahñ?! Senhorita Koi, você consegue ler o que está escrito?! — questiona Amon com um olhar perplexo.

— Claramente saberia ler e falar a própria língua dos Deuses querido servo bobinho.

— E porque você nunca disse isso antes? 

— Oras, tu nunca perguntaste.

O queixo de Amon se abre por alguns instantes, incrédulo com a descoberta, mas logo volta para a realidade com a informação dada.

— Espere, Yoku no Akuma? Está dizendo que está escrito Asas do Diabo? — exclama Amon, balançando a perna de ansiedade.

— Asas do Diabo?... Tomaru falou sobre algo do tipo… — sussurra Yume para ela mesma, pensativa.

— O que disse jovem Yume?

— Ah, desculpe, eu estava apenas pensando…

— Não, não, você disse um nome, qual foi? — Amon vira seu olhar cansado para Yume.

— Eu disse Tomaru.

— Como você conhece o Tomaru?

— Ele meio que era o líder da revolta contra a segurança pública e ao mesmo tempo demonstrava ajudar Numens em perigo — Yume responde, tentando ajudar.

— Isso não pode ser apenas coincidência! O que ele disse sobre as Asas do Diabo? 

Yume pensa por alguns instantes tentando lembrar, — Se bem me lembro, ele disse que o Erisu era o Asas do Diabo.

— Oh, isso sim é uma descoberta, parece que de fato estamos no caminho certo — diz Koi, virando sua atenção para Amon, percebendo que diferente do que esperava, Amon continua com uma expressão confusa — o que houve com meu servo? Não pareces contente com o que descobriu.

— É porque não faz sentido… o verdadeiro Asas do Diabo não é o Erisu, pois eu conheço quem de fato ela é!

A cada resposta estranha que surgia, uma pergunta ainda mais absurda surge e o silêncio volta a atingir o ambiente em conflito de pensamentos.

Tudo parece sem lógica para Amon, mesmo vendo e reconhecendo as conexões nada levava para algum lugar, até que todos são interrompidos por um dos Numens sobreviventes que timidamente entra no andar os chamando.

— Err… Senhor Amon, tem uma pessoa lá fora, chamando seu nome — diz o Numen, envergonhado.

— Oh, obrigado por avisar — Amon balança a cabeça voltando à realidade — consegue me dizer como é essa pessoa?

— É uma mulher jovem, ela não tem nada de muito especial… só que…

— Só que?

— Ela parece ser uma humana, senhor…

【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】

Poucos minutos após tal conversa, Amon, Koi e Yume estão no primeiro andar, frente a eles uma moça com lágrimas nos olhos parecendo estar assustada e desesperada.

Sem medo algum, Amon caminha em sua direção com um olhar sereno, — Por favor, me esperem aqui.

Sem avançar muito, a mulher corre se ajoelhando em sua frente enquanto gagueja em lágrimas, se segurando nas roupas de Amon.

— Por favor, me disseram que você poderia me ajudar, eu lhe imploro, me ajude! — diz a mulher humana, abaixando a cabeça.

Amon sem pestanejar se ajoelha junto a ela, a abraçando tentando acalmá-la, — Não precisa pedir duas vezes… me diga o que quer que eu faça?

— Meu filho… ele foi possuído!!!

【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】


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