Um Tiro de Amor Brasileira

Autor(a): Inokori


Volume 2 – Arco 1: O Teatro das Mil Faces

Capítulo 2: Aqueles Que Desafiam Os Deuses


【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】

— Escute, nós não viemos…

Em meio a sua frase, Amon é interrompido por Koi que levanta sua mão direita, crescendo um sorriso confiante em seu rosto enquanto encara Yume com sua guarda totalmente fechada.

— Mortal, sabes que foi muito fácil localizá-los, correto? — Ela caminha poucos passos a frente, se aproximando — parece que tu és a líder entre todos aqui… mas onde será que estão os outros?

Virando seu olhar, Koi pode ver um grupo de pessoas deitadas tremendo em medo, entre eles homens, mulheres e até crianças.

— Líder? Não temos isso aqui, todos nós somos sobreviventes e ajudamos uns aos outros, e seja o que for que queiram aqui, não irei deixar que machuquem ninguém! — exclama Yume, esticando seu braço para apontar novamente o dedo indicador na direção de Koi.

— Não preciso me esforçar para dizer que tu és mais próximo a um ser divino do que os demais… me pergunto o que podes fazer… — diz com um tom irônico, voltando seu olhar para a garota a sua frente.

— Se não saírem daqui agora, vão acabar descobrindo!!! — exclama ainda mais alto Yume, rangendo os dedos

Em meio a essa tensão, a aura de ambas se espalha pela casa tornando-a quase palpável pela tremenda presença que ambas carregam, porém logo tudo se esvai, com Amon entrando no meio de ambas fazendo um sinal de “X” com os braços.

— Por favor, parem! Senhorita Koi não viemos aqui para isso — Amon rapidamente se vira para Yume em seguida — não queremos ferir níguem, apenas queremos ajudar.

— Ajudar?

— Veja, eu me chamo Amon e essa garota do meu lado se chama Koi, mesmo ela parecendo intimidadora o que ela disse está certo, foi muito fácil encontrar vocês — Amon suspirou, cruzando os braços — por isso vocês precisam sair daqui antes que sejam descobertos

— E por que vocês resolveram ajudar? — questiona Yume, apontando o dedo indicador para Amon.

— Eu sou o que chamam de benfeitor, é como um trabalho para mim, ajudo todos da minha raça enquanto eu puder, pois assim como você, eu também sou um Numen.

— Então vocês dois são Numens mesmo?

— Por favor, menina mortal, não me compare com seres de sua laia — exclama Koi, fazendo um bico com a boca.

— Ouça, vocês precisam confiar na gente — diz Amon, levantando a mão direita, a oferecendo.

— E por que deveríamos confiar em você?

— Bom, vocês não tem escolha… — Amon muda a direção de seu olhar.

Com o ataque anterior de Yume, a parede da casa foi completamente destruída, atingindo até mesmo algumas casas vizinhas com destroços, cedo ou tarde se tornaria óbvio o que ocorreu para todos os moradores locais.

Yume morde levemente seus lábios, percebendo a situação encurralada em que está, ela viu o que aconteceu da última vez que confiou em um homem que prometeu ajudar.

— E se for para te tranquilizar mais… sei um lugar seguro onde todos podem ir.

Ela se vê sem saída, olhando para todos os outros Numens sobreviventes que estão com ela, — Me deixe falar com eles primeiro, como eu disse… eu não sou uma líder nem nada do tipo.

— Fique à vontade, mas por favor não perca muito tempo.

Yume se aproxima até o corredor onde os outros Numens estão, se ajoelhando para falar com eles calmamente com um sorriso dócil.

Em meio a isso, Koi sente alguém a encarando, e ao olhar na direção percebe uma pequena criança de cabelos castanhos do lado de uma porta se escondendo, ela não entende o porquê, mas os olhos do garotinho estão levemente brilhantes.

— Escute-me servo, por que aquele filhote mortal está me encarando? — questiona Koi, tombando a cabeça.

Amon olha para o mesmo lado, forçando um sorriso tranquilo, — Acho que ele deve ter gostado de você.

Koi dá de ombros, se virando até a porta de entrada da casa, esperando a decisão dos Numens, assim sem muita demora, Yume retorna com a cabeça baixa abraçando seus ombros.

— Eles aceitaram… mas veja eu ainda não confio em vocês.

— É compreensível, duas pessoas estranhas aparecem e oferecem ajuda, deve ser no mínimo suspeito — Amon massageia sua nuca — mas dou minha palavra, eu só quero ajudar.

Ele novamente oferece sua mão para ela apertar, tentando mostrar uma expressão gentil.

— Não posso negar, que justamente foram duas pessoas desconhecidas e estranhas assim como você que me salvaram uma vez…— diz Yume, apertando a mão dele.

— Eu sou estranho? — Amon gargalha brevemente.

Oh, desculpe, não foi isso que eu quis dizer realmente.

Hehe, não se preocupe, mas que tal me dizer seu nome jovenzinha?

— Meu nome é Yume, deixe tudo em suas mãos — Ela solta a mão dele, olhando ao redor em seguida — mas como vamos levar todos sem que ninguém perceba?

— Quanto a isso, deixe tudo comigo! — exclama Amon confiante, dobrando as mangas de seu terno preto.

【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】

Uma hora se passa, Amon, Koi e Yume estão de frente para o imenso prédio abandonado do qual usam como esconderijo.

— Chegamos! Acredito que temos quartos e mantimentos suficientes para todos até que consigam encaixar em suas vidas novamente na sociedade humana. 

Amon retira do seu bolso um pequeno cubo transparente com um pouco de brilho ciano, em seu interior um grupo de pessoas em miniaturas, então sem perder tempo, ele lança o cubo para o alto gesticulando com as mãos em seguida.

TAIKUTSU!!!

O cubo se expande aumentando de tamanho drasticamente em seguida se abrindo libertando todo o grupo de Numens ao chão.

— Devo admitir querido servo, foi uma ótima ideia utilizar seu Bakemono como transporte — diz Koi, esticando seu braço para o alto o máximo possível, tentando fazer um pequeno cafuné em Amon.

Percebendo isso, Amon se curva um pouco permitindo que ela toque em seus cabelos enquanto vê ela com uma expressão de orgulho.

— Que tipo de relação vocês dois tem? — questiona Yume, com um sorriso em seu rosto.

— Não és óbvio? Ele é meu servo.

— Bem, praticamente isso está correto, meu principal objetivo de vida atual é servir a senhorita Koi — responde Amon, se erguendo novamente.

— Confuso, mas prometo não questionar — Yume gargalha, caminhando para frente se aproximando do grupo de sobreviventes — onde podemos ficar?

— Em qualquer lugar, considere o prédio de vocês, apenas o penúltimo e último andares utilizamos, irei trazer mantimentos assim que anoitecer.

— Sou grata, em nome de todos.

— Escute, Numen — exclama Koi, antes que Yume se afaste ainda mais — assim que possível, tenho algumas perguntas a lhe fazer.

Yume acena positivamente com a cabeça, até enfim guiar o grupo para dentro do prédio como uma líder.

No entanto, em meio a eles uma pequena criança de cabelos castanhos bagunçados, com em média seus sete anos, se vira para os benfeitores, se aproximando timidamente de Koi.

— Ora, tal filhote não me é estranho — Koi cerra os olhos, vendo o pequeno para bem a sua frente — oh, lembrei, tu és aquele que estava a me encarar.

— O que foi pequenino? Não vai junto com sua mãe? — questiona Amon se agachando.

— M…mu…muito obrigado por me ajudar irmãzona! — exclama o pequeno garoto, abraçando a perna de Koi bem apertado.

Koi observa surpresa, virando seu olhar para Amon, — Irmãzona? Este mortal filhote acabou de me xingar ou algo do tipo servo?

Hehe, ele apenas parece realmente ter gostado de você, senhorita Koi.

— Ele está me apertando… — diz Koi, com uma expressão desconfortável.

— Isso se chama abraço, quando queremos mostrar que nos importamos fazemos isso — diz Amon, fechando os olhos com um tom de aprovação.

Uma lembrança invade a mente de Koi, no dia em que ela retornou Amon a abraçou para protegê-la e prometeu que iria ajudá-la.

— Então é isso que significava quando tu fez o mesmo naquele dia…— Koi sussurra, voltando seu olhar para a criança.

— Disse alguma coisa?

— Nada não! — Koi se curva pegando o garoto pelos braços o levantando — escute filhote humano, agradeço tal devoção, mas não vejo como tu seria útil, então por gentileza, poderias brincar em outro lugar?

O pequeno garoto tímido a encara, mostrando um sorriso gentil concordando com a cabeça positivamente, — Certo irmãzona!

Ele desce, correndo até seu grupo novamente, com gargalhadas de alegria.

— Parece que ele não entendeu nenhuma palavra que disse senhorita Koi — Amon suspira aliviado, se levantando — e ao que parece, ele gostou de ser levantado.

— Não me canso de surpreender como os mortais são estranhos.

Amon coloca a mão nos ombros de Koi gentilmente, — Tem muita coisa que você ainda vai descobrir sobre nós! Mas por hora, eu tinha comprado o seu crepe favorito antes de sair, quer ir comer lá em cima?

— Vamos logo servo! Não podemos perder tempo!

【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】

Tempo se passa e no penúltimo andar do prédio, Yume sobe as escadas procurando a dupla que a ajudou, assim sem muita dificuldade vê a distância Koi com as pernas balançando sentada em uma janela quebrada enquanto mastiga algo.

— O que gostaria de perguntar? — diz Yume, se aproximando calmamente.

Quanto mais se aproxima, ela sente a brisa gelada da janela, no entanto sem resposta de Koi, sem entender ela novamente tenta.

Ei, estou aqui, você disse que gostaria de fazer algumas perguntas.

Outra vez o silêncio foi sua resposta, seja o que for, Koi parece muito focada em comer seu doce favorito.

— O que deu nela?

— Aí está você! Perdoe a senhorita Koi, quando ela está comendo é um momento em que ela mal me responde também — diz Amon quebrando o silêncio, forçando o sorriso.

— Nossa, de toda forma… obrigado de verdade por nos ajudarem, os mantimentos que você nos deu é suficiente talvez por um mês, como conseguiu isso tudo sendo um Numen?

— Bem, como eu disse antes, vocês não são os primeiros que eu ajudei, eu odeio cobrar algo em troca então para aqueles que conseguiram ficar bem novamente eu peço ajuda para ajudar ainda mais pessoas — diz Amon, massageando os próprios ombros — eu deveria me preocupar? hehe.

— Eu acho muito nobre da sua parte, sendo sincera…— Yume suspirou, abaixando sua cabeça.

— E você, como foi parar nessa situação?

— É uma longa história, para falar ser mais exata nem mesmo eu entendo tudo o que aconteceu — Yume aperta seu braço — eu meio que era refém de mim mesma durante muitos anos, até o dia em que uma pessoa desconhecida me abriu meu olhos e me salvou, no processo… eu perdi meu irmão mas pude estar livre finalmente

— E depois?

— Em meio a todo o caos da liberdade, outra pessoa me ajudou, me dando um local para ficar, ambos os dois são pessoas muitos estranhas se for parar para pensar — Yume solta uma pequena risada — mas infelizmente acabei entrando em um outro grupo que desafiou a segurança pública e acabamos entrando em guerra…

— Está me dizendo que você lutou contra os abutres?

— Eu não diria lutar… nós fomos massacrados e no final a pessoa por trás do grupo na realidade era um lunático por poder — Yume erguer seu queixo, encarando Amon — então eu fiz o que pude para juntar o máximo de sobreviventes de todos os cantos para salvá-los… mas… acho que isso custou a vida daquele que foi o primeiro a me salvar.

— Sinto muito por isso, mas você não parece ser tão diferente de mim nesse quesito, com isso dá para considerar que nós dois somos estranhos? — Amon se senta na mesa de escritório no centro da sala, cruzando as pernas.

— Se for olhar para esse lado, acredito que sim… mas lá embaixo você disse que seu objetivo era ajudar sua “mestre” — Yume solta todo o ar de seus pulmões, jogando seus cabelos para trás — então diferente de você, não tenho objetivo algum ainda.

— Objetivos, sonhos e desejos são adquiridos com o tempo jovem, antes de conhecer a pequena Koi eu apenas fazia meu trabalho, dia após dia, por isso entendo como se sente.

— É engraçado, antes eu estava vendada não conseguindo enxergar minha frente… e agora que eu vejo, não sei para onde seguir — Yume suspira, olhando para a direção do qual a Koi está sentada.

— Isso é apenas questão de tempo minha jovem, não precisa ter pressa — Amon cruza os braços — assim como eu, talvez você encontre uma Koi para se tornar seu objetivo, ou um sonho que ainda não descobriu, apenas entenda… se estiver em dúvida, experimente!!!

Em suas lembranças, Yume vê a promessa que fez de mindinho para Erisu a fazendo sorrir de forma sincera depois de muito tempo.

— Talvez você esteja certo, além disso você disse que não cobra pela ajuda certo? Mas se eu quiser recompensá-lo? 

Hehe, qual parte do não cobro pela ajuda você não entendeu?

— Nenhuma, mas também não posso ficar de braços cruzados enquanto você e ela fazem tudo.

— Olha, para ser sincero, eu recuso novamente… entretanto acho que alguém quer sua ajuda — Amon gargalha, olhando para Koi — afinal, ela mesma admitiu que você é forte jovem Yume.

— Eu jamais, nunca, em hipótese alguma disse tal coisa! — exclama Koi, se levantando após comer seu doce, fazendo um bico com a boca não sabendo mentir.

— Hehe, não precisa ficar assim, não tem nada de errado em admitir a força de alguém — Amon volta seu olhar para Yume — sendo direto, se você puder ajudar no objetivo dela, eu ficaria grato.

— Não precisa dizer duas vezes, eu aceito, se meu Bakemono for ajudar vocês eu farei! — exclama Yume, confiante.

— Gosto de mortais que falam com tanta confiança — diz Koi, erguendo seu queixo em tom de superioridade.

— Mas então… o que precisamos fazer? — questiona Yume, a encarando.

— Oras, jovem mortal… é uma tarefa simples — Koi aponta o dedo indicador para Yume — vamos exterminar Deuses!

【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】


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