Um Tiro de Amor Brasileira

Autor(a): Inokori


Volume 2 – Arco 1: O Teatro das Mil Faces

Capítulo 11: O Novo Inspetor Chefe


【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】

— Cheguei! — diz Yume, entrando pela porta da frente do edifício abandonado.

Uma pequena criança corre até ela, abraçando suas pernas com força, — Yume!!!

— Está tudo bem, Deru? — exclama enquanto se agacha para retribuir o pequeno abraço.

A criança concorda com a cabeça segurando a mão direita de Yume começando a caminhar ainda mais dentro do prédio.

— Irmãzona e o senhor alto estavam te procurando.

— Estavam? Eu não fiquei tanto tempo assim fora.

Seguindo os passos do pequeno Deru, Yume o segue subindo os degraus da escada, andando por andar até o penúltimo, onde novamente os três se encontram.

— Boa noite jovem Yume — diz Amon, que acabará de entregar uma embalagem com crepe doce para sua mestra.

— Desculpe a demora para voltar, acabei trombando com uma pessoa que precisava de ajuda.

Em meio a esse diálogo, Deru vai até Koi que está em seu clássico ritual de deleite de seu doce favorito, no entanto com um sorriso meigo de Deru, ela oferece uma parte do crepe dividindo com a criança.

— Uma pessoa que precisava de ajuda que tomou seu tempo desde a manhã até agora ao anoitecer? Eu deveria me preocupar?

— Bem, para falar a verdade eu passei mais tempo conversando com ela do que ajudando —diz Yume, deixando a embalagem de papel de jornal no canto da sala.

— Espero que tenha se divertido jovem Yume — Amon sorri, alongando suas costas voltando seu olhar para o pacote do qual ela carregava — e o que seria isso que carrega?

— É um presente que ganhei por ajudar a garota, eu tentei recusar, mas ela fez questão de me entregar.

— E o que é?

— Uma espada, bom… não uma espada de verdade, mas uma daquelas que se usam para fazer peças de teatros.

— Que presente estranho para se dar a alguém, humanos dão espadas como agradecimento normalmente servo? —questiona Koi, limpando a boca suja de açúcar com o braço.

— Acredito que não, senhorita Koi, ao menos não nessa era.

— Ela era muito gentil, sorria pouco, mas… eu senti algo estranho sobre aquela garota…

— E o que seria?

— Ela tinha mais ou menos minha idade, mas aparentava estar debilitada, como se não dormisse por muitos dias, além do fato dela morar em um antigo teatro caindo aos pedaços… — Yume suspira, tentando lembrar o que mais fazia ela se sentir estranha em relação a tudo.

— Ela parecia estar se escondendo ou algo do tipo? — questiona Amon, levando a mão até o seu queixo, de forma pensativa.

— Acho que não, mas mesmo assim era muito estranho, eu me esforcei e até cheguei a perguntar para ela sobre… mas ela não aparenta ter resquícios divinos algum, ela é puramente humana.

— Entendo… mas se de fato ela não parecia ser um Numen, o que te faz achar que tem algo a mais estranho nela? — diz Amon, se sentando na mesma mesa onde Koi e Deru estão.

— Ela é muito culta e boa com as palavras, mas ao mesmo tempo parecia ter uma visão muito triste sobre todas as coisas  ao seu redor e novamente, quando questionei ela sobre ser uma Numen ela ironizou e disse que estava mais perto de ser uma Rushifā — Yume coça o ombro demonstrando um incômodo — ela realmente precisava de muito mais ajuda do que eu poderia oferecer na hora….

— Rushifā, ela disse?

— Sim, foi exatamente como ela se comparou.

— Na história do mundo houve infinitas religiões e crenças e a muito tempo atrás em um continente longe dos distritos que conhecemos, uma crença divina se formou — Amon gesticula com as mãos enquanto fala — Rushifā pode ser interpretado como Lúcifer, como também o primeiro demônio para aquele continente.

Em meio a conversa, Koi sai de seu assento, caminha até passar por Yume que aparenta estar levemente surpresa com tal significado.

— Por que alguém se compararia com isso?

— Eu não sei, mas assim como os seres divinos são criados pelos desejos e pedidos da humanidade segundo a senhorita Koi, não é de se surpreender que humanos criam algozes e títulos para si mesmos, buscando encontrar um significado para sua existência — Amon ajusta sua gravata enquanto conclui — se comparar com um demônio ou qualquer outro ser divino é apenas uma forma de encontrar seu significado em meio a todo o caos de ramificações que é o mundo, encontrar uma resposta do porque a pessoa é daquela forma, é triste, mas é uma fuga da constante insanidade que é não ter propósito.

Yume abaixa sua cabeça pensativa, questionando a si mesmo se poderia ter feito algo a mais para poder ajudar a garota que acabará de conhecer.

— Serva novata — exclama Koi, repentinamente.

Yume vira para trás, vendo ela rasgar as folhas de jornal segurando diretamente na bainha da espada.

— Tu disseste que a pessoa que lhe entregou isso não tens energia divina alguma, correto?

Err… sim, eu tenho certeza disso — responde Yume a encarando.

Koi então retira a espada pelo cabo, deixando a bainha cair sobre o chão, em seguida brandir levemente a lâmina até aproximar de seu pulso esquerdo, para assim em um piscar de olhos Koi fazer um corte em seu pulso com o fio da espada.

— Senhorita Koi?! O que está fazendo?!!! — Exclama Yume se aproximando preocupada.

Mas diferente dela, Amon está com uma expressão de surpresa e choque, — C-como isso é possível?

Yume vira seu rosto para Amon em dúvida, que conclui;

— Armas humanas não podem ferir seres divinos…

Assim, com uma espada capaz de ferir um Deus, sangue escorre pelo braço de Koi, caindo em sequência no chão, fazendo um som de gotejar.

【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】

E com esse mesmo som de gotejar, uma pessoa abre os olhos, para ver um homem deitado sobre uma maca cercado por equipamentos médicos e soros diretamente colocados nas veias de seu braço.

Nohi está sentada no sofá de acompanhante ao lado de seu parceiro que a muito entrou em coma, todos os dias desde o último grande confronto entre Numens e os Abutres da Segurança Pública.

O barulho constante dos aparelhos médicos junto ao pingar de gotas do soro é incômodo, mas Nohi não aparenta se importar com esses sons, ela apenas se concentra em entrelaçar os dedos e esperar por alguma resposta de Daidairo.

Porém a porta do quarto se abre, com umas das enfermeiras dando um pequeno sorriso gentil, dizendo, — Senhorita Nohi, tem um homem que gostaria de falar com você.

Nohi com uma expressão amena, concorda com a cabeça, caminhando rumo a porta enquanto diz;

— Por favor, me avise a qualquer notícia.

— Pode deixar — responde a enfermeira, caminhando até o acamado.

Nohi segurava a maçaneta, saindo do quarto de maneira silenciosa e calma, percebendo que do outro lado um homem alto de cabelos pretos com mechas brancas estava a sua espera.

— Inspetor Senior Kaguya, não esperava que fosse você — diz Nohi, coçando um dos olhos tentando transparecer profissionalismo em seguida enquanto presta continência ao mesmo.

— Por favor, sem formalidades, a quanto tempo não é mesmo Senhorita Nohi — diz Kaguya, ajeitando sua máscara se aproximando dela.

— Já se fazem três meses… a última vez que nos vimos foi no enterro do Inspetor Kaori.

— Precisamente… eu poderia lhe pagar um café, senhorita?

Oh… claro.

Kaguya caminha pelos corredores do hospital da segurança pública do distrito zero, ao lado de Nohi que o acompanha ao seu lado.

— Algum avanço sobre o estado de seu parceiro? — questiona Kaguya de maneira ríspida.

— Nada… nem sequer um sinal básico que ele acordará.

— Uma fatalidade de fato… mas graças a isso eliminamos quase que por completo o principal grupo de Numens que estavam resistindo a nossos avanços, além de que conseguimos capturar o líder deles.

— Graças? — Nohi fecha os punhos por alguns instantes — Inspetor Kaguya, mesmo depois disso tudo que aconteceu, você acha que valeu a pena?

— Eu não devo achar nada senhorita Nohi, apenas realizo o trabalho do qual me pedem — diz Kaguya, de maneira fria.

— Entendo… me perdoe o equívoco de questionar nosso trabalho — diz Nohi com um olhar de raiva para baixo.

— Do que está falando Inspetora? — questiona Kaguya, enfim chegando a máquina de café mais próxima junto a Nohi — acredito que eu disse perfeitamente que eu não devo achar nada, não você.

Com certeza aquela não era a resposta que Nohi esperava ouvir, mas de alguma forma a deixou um pouco aliviada com tudo à sua volta.

— Faz sentido, obrigada, mas acredito que você não veio aqui apenas para conversar Inspetor Kaguya.

— Você está correta, desde o falecimento do meu antigo parceiro, inspetor Kaori, o comandante procurou um substituto para o cargo de Inspetor chefe local — Kaguya começa a digitar no painel da máquina de café — foi então que descobrimos que em um dos testamentos da segurança pública, o Kaori gostaria de dar o cargo para um de seus aprendizes, mas precisamente você Inspetora Nohi.

— Como assim?

— Estou aqui para dizer que a partir da semana que vem, você se tornará Inspetora Chefe.

— Isso não faz sentido, por que ele me escolheria? Além disso, eu ainda sou uma Inspetora grau A.

Kaguya entrega um copo de papel com café para Nohi que ainda continua incrédula com sua promoção, — Não mais, esse é o segundo motivo pelo qual estou aqui.

— Não mais?

— Tanto você quanto seu parceiro fizeram muitas coisas que os Inspetores veteranos geralmente não tem coragem de fazer, então a pedido do Comandante, vocês foram promovidos a Inspetores Seniors — de dentro de sua jaqueta, Kaguya retira dois distintivos de Inspetores, entregando para ela em seguida.

— Você tem certeza disso? — questiona Nohi, olhando o seu nome e de seu parceiro nos distintivos que acabará de pegar.

— Absoluta, enfim… infelizmente devo partir, quando seu parceiro acordar, entregue pessoal a ele — Kaguya retira mais um café da máquina, em seguida caminhando para longe de Nohi — até logo, Inspetora Chefe Sênior Nohi.

Tudo está confuso para ela ainda, com isso a única coisa que ela faz é abraçar os distintivos com força, deixando um pouco do café cair sobre o chão.

— O que eu faço agora… Daidairo…

【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】


Por favor! Favorite! e de seu feeback!
Se puder também acesse meu Discord:
Link - https://discord.gg/wUZYREg5



Comentários