Volume 1 – Arco 3
Capítulo 28: Izanagi
【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】
— Para onde estamos indo mesmo? — pergunta Daidairo no banco de trás do carro.
— Distrito Zero, nosso QG central — responde Kaori dirigindo.
Nohi está mais quieta do que o normal, algo que surpreende Daidairo, ela realmente não se lembra de nada que ocorreu noite passada.
— Hm... Nohi, você não está animada para voltar para...
Antes que pudesse continuar sua pergunta, ela o interrompe em alto e bom tom.
— Não, aquele lugar é apenas minha área de trabalho, por que ficaria animada?
— Entendo...
A viagem do Distrito Central para o Distrito Zero foi relativamente longa, em torno de quatro horas de carro e diferente do distrito em que estavam, tudo a volta era extremamente monitorado por câmeras, policiais e seguranças privados, um ciclo infinito de observação.
Durante a trajetória o carro do qual os três estão foi parado ao todo cinco vezes para averiguação.
— Como alguém consegue viver nesse lugar? — questiona Daidairo em voz alta.
— Não consegue — responde Nohi, retirando seu tablet de sua mochila.
— Como assim?
— Antes de ser nomeado, a região toda era populada por ricos e grandes empresas do quais subornavam policiais e seguranças regionais de outros distritos para proteger seus interesses — Nohi alonga seu pescoço, concluindo — no entanto tudo mudou com a chegada de duas pessoas, o Vice-Ministro também Comandante dos Abutres Xin Kudowara e...
Kaori comenta por cima de Nohi, — Kaguya Watanabe, meu parceiro de dupla.
Nohi olha para seu veterano concordando com a cabeça, voltando a falar, — Com um pouco de influência e força externa, os dois contribuíram para a expulsão de todas as empresas privadas e pessoas ricas da região sem muito esforço, tornando o Distrito Zero parte da segurança pública.
— Então... quem vive aqui? — questiona Daidairo, em tom de curiosidade.
— Funcionários da segurança pública, incluindo eu e você podemos viver aqui, além de todas vítimas e familiares que tiveram ligação com algum Numen são convidados a morarem aqui sem custo algum... ou seja, órfãos ou a família de alguma vítima de Numen.
— Cara... que bom que existe um lugar como este para as vítimas — diz Daidairo sorrindo, mas logo seu sorriso é desfeito ao perceber algo — espera... Senhorita Nohi, você disse que veio desse distrito...
Nohi fica em silencio por alguns instantes, antes de dizer em tom de autoridade, — Melhor parar de fazer perguntas desnecessárias Inspetor Daidairo, estou cheia de tuas idiotices.
A viagem continua silênciosa depois de tal conversa, criando um clima ruim de tensão dentro do carro, assim depois de alguns minutos após adentrarem a fronteira do Distrito Zero, Kaori estaciona o carro frente a uma grande construção.
Tendo o tamanho de um estádio de futebol, a central da segurança publica é uma construção metodicamente arquitetada para segurança de forma bela, por toda volta do prédio o sol se refletia por conta das incontáveis janelas de vidro temperado de alta resistência.
Havia seguranças e policiais por todos os lados, sem comentar as infinitas câmeras a cada seis metros de distância uma das outras.
Nohi foi a primeira a sair do carro em silêncio, caminhando a frente de seu veterano e parceiro que andam juntos lado a lado.
— A curiosidade matou o gato sabia Inspetor Daidairo? — diz Kaori em forma de deboche.
— Eu sinto muito por isso...
— Não se preocupe garoto — Kaori abraça o ombro de Daidairo — no seu lugar, eu também iria ficar preocupado.
— Quando a levei para casa, ela disse que me odiava... eu só quero entender mais, ver como ela enxerga tudo a sua volta.
— Olhe garoto vou te contar uma coisa, está vendo esses policiais e seguranças a sua volta? Muito deles não tem pais ou família, Nohi não é diferente deles — diz Kaori, de forma discreta se aproximando ainda mais de Daidairo.
— Mas o que aconteceu?
— Sua mãe morreu em seu parto, já seu pai ela nem teve chance de o conhecer, ele era um inspetor como a gente, morreu em uma missão antes mesmo dela nascer..., no entanto ela tinha um familiar, seu Avô.
— E o que houve com ele?
— Ele era um homem de bom coração, justo e nunca sequer se envolveu com Abutres ou Numens, cuidando com mais puro amor e carinho sua neta... — Kaori abaixa a cabeça ao tocar no assunto — só que em uma noite, dois Numens misteriosamente invadiram a casa deles sem motivo algum aparente, determinado em salvar sua neta, ele sacrificou sua vida para esconder a pequena Nohi enquanto distraia os invasores.
Os olhos de Daidairo se fundem em uma constante onda de emoções, raiva, tristeza e dúvida, o fazendo parar de caminhar por alguns instantes.
— Sem motivo? — diz com raiva em sua voz.
— Na época a investigação levou a nada, um dos Numens foi capturado e exterminado sem revelar a motivação e pode ter certeza disso, ele estava sorrindo quando morreu. — Kaori para, virando-se para o garoto — depois disso mesmo sendo tão jovem ela veio morar aqui.
Os punhos de Daidairo se fecham em raiva extrema, como pode alguém matar outra pessoa inocente sem remorso ou culpa.
— A Inspetora Nohi pode ser dura e fria, mas pessoas como ela não existem para motivar outras — diz Kaori encarando Daidairo nos olhos — mas sim para evitar que mais pessoas como ela existam nesse mundo, por isso estamos aqui.
— Vão ficar aí parados cochichando até quando? — exclama Nohi cruzando os braços impaciente.
Kaori acena para ela enquanto Daidairo concorda em confirmação tentando assimilar tudo o que ouviu, crescendo uma raiva ainda maior em seu peito pelos Numens.
Ao voltarem a caminhar, os três entram nas instalações do QG, sendo recebidos por sensores de metais ultra tecnológicos entre outros sensores para prevenir invasões ou que Numens possam entrar.
Kaori caminha na frente dos dois, guiando-os para o elevador após mostrar seu distintivo para o supervisor da entrada, para assim subirem até o décimo quarto andar do prédio.
O ambiente todo à volta deles é extremamente limpo e organizado, com a cor branca para todos os lados, mas o que se chama mais atenção é a presença constante de altares religiosos.
Quando por fim saem do elevador, uma pessoa alta e forte de cabelos pretos com mechas brancas, usando uma máscara de hospital os espera na entrada.
Daidairo o encara pensando ser uma espécie de médico ou algum cientista da central, porém ao olhar para Nohi percebe ela tremer levemente as mãos, prestando continência ao tal homem em tom de urgência.
Kaori não diferentemente faz o mesmo, obrigando Daidairo a prestar por impulso se questionando quem é aquele homem.
— Muito bem... vocês chegaram, me acompanhem. — diz a voz grossa e calma do homem, caminhando em direção a uma das portas do andar.
Os três seguem tal homem misterioso até uma sala completamente cinza com várias prateleiras com caixas pequenas por todos os lados.
— Não temos tempo a perder — O homem pega uma prancheta de cima de uma das prateleiras, retirando um óculos de leitura de seu bolso para ler — Daidairo Morikuno, fez seu treinamento na Zona Cordilheira, Distrito Rural... notas na média, nada mais nada menos, expectativa Inspetor nível B.
— Err, sou eu mesmo senhor
— Entendo... em seguida sua parceira Nohi Hatano..., a quanto tempo não a vejo Inspetora — O homem vira seu olhar para ela com seriedade.
— É um imenso prazer vê-lo novamente, muito obrigado por nos receber Inspetor Kaguya.
Ao ouvir tal nome, o corpo de Daidairo paralisa com medo ao seu redor, ele havia sentido uma aura estranha vinda do homem, mas nunca iria imaginar que o Exorcista mais forte da segurança publica estaria bem a sua frente, o fazendo ajeitar sua postura.
— Inspetora Nohi, você é uma das quatro pessoas com expectativas em se tornar nível S, espero que não decepcione o comandante — diz Kaguya, deixando a prancheta na prateleira novamente.
— Eu não irei.
— Vejo que continua sério como sempre meu caro amigo — diz Kaori, suspirando.
— Desculpe não poder acompanhá-lo ontem, tive que discutir assuntos importantes do estado com o Comandante. — Kaguya mostra um leve sorriso tímido.
— Já estou acostumado.
— Inspetores, irei designar seus equipamentos nesse exato momento — exclama Kaguya, caminhando enquanto observa as caixas com aura estranha — sabem me dizer para que serve os Necat-Deos?
— São nosso meio de combate e exorcismo contra os Numens senhor Inspetor Kaguya! — responde Nohi atentamente.
— Bem..., sabe me dizer do que são feitos Inspetora Nohi?
— De um mineiro altamente condutivo encontrado e guardado a sete chaves no interior do Distrito Zero senhor.
— Entendo, então é isso que ensinam no treinamento teórico — Kaguya então pega uma das caixas nas mãos, analisando cuidadosamente.
Nohi mostra dúvida em seu rosto, junto a Daidairo que tenta entender o rumo da conversa, vendo ele lentamente se aproximar de si com a caixa o entregando.
— Tudo o que aprenderam sobre os Necat-Deos, é uma mentira.
Os olhares de surpresa atingem ambos, exceto Kaori que se mantem de braços cruzados demonstrando já saber de tal informação.
— Como assim são mentiras? Por quê? — questiona Daidairo em choque.
— Acredito que ensinam tal informação para prevenir situações complicadas, mas não me importo com isso, afinal um seleto grupo sabe a verdade — Kaguya os encara nos olhos — Somente deuses podem ferir outros deuses... é o que dizem e não está errado ao todo.
Os olhos de Kaguya são profundos e sem vida, com grande olheiras de trás de seu óculos de leitura.
— Então... como conseguimos?
— É simples, os Necat-Deos são partes de divindades, assim como os Bakemonos. — Responde Kaori, com um suspiro intenso.
— Então nossas armas são Bakemonos de Numens? — questiona Nohi, prestando atenção em tudo.
— Não, após a morte de um Numen seu Bakemono se desfaz, no entanto existem outras formas de se obter poder divino — responde Kaguya, se virando em direção as outras caixas — essa caixa em sua mão inspetor Daidairo, é seu Necat-Deos principal, julgando suas estatísticas.
— Estatísticas? — Daidairo pressiona a caixa, que se abre no simples comando, soltando de dentro de si um imenso martelo de duas mãos que vibra em eletricidade.
— Correto, sua base em inteligência e outras questões é baixa para média, no entanto sua força física é acima da média.
— Wow, então por isso o martelo...
— Não é somente um martelo, tente colocar alguma fé, cresça ou desejo sobre a sua arma.
Daidairo segura sua arma com as duas mãos, mesmo sendo grande é extremamente leve por alguma razão, assim se concentrando da maneira em que Kaguya disse, focando em sua pequena promessa que fez a Nohi na noite passada, “Eu não irei morrer”.
Ao se concentra, algo em sua arma muda, o martelo do qual antes emanava eletricidade, se abre em um som estrondoso, disparando uma lâmina do centro em uma metamorfose tecnológica.
Transformando por fim o que antes era um martelo em uma imensa foice do qual a lâmina é maior do que o cabo.
— Caramba! Olha isso! — diz Daidairo animado com sua arma.
— Quanto maior sua crença ou desejo, mais forte ela se torna, pegue isso também — Kaguya lança uma espécie de revolver para Daidairo — e essa é sua arma a distância, terminando seu equipamento.
Daidairo segura, olhando para sua parceira com um sorriso no rosto enquanto ela aguarda.
Sem muito tempo, Kaguya se aproxima de Nohi a entregando uma caixa sobre suas mãos, assim sem muita demora ela pressiona a caixa liberando sua Necat-Deos, que diferente de seu parceiro é um espécie de bastão de choque.
— Seguindo o que sei sobre você Nohi, essa arma irá lhe ajudar muito, ataca a curta e longa distância, energizando seu cabo e podendo disparar sua eletricidade, fora isso você pode concentrar sua fé para liberar zona de proteção sobre você e seu aliado.
— Muito obrigado Inspetor Kaguya — ela se curva em agradecimento.
Ele acena com a cabeça, se virando até seu parceiro, no entanto ele para a o ouvir Daidairo.
— Senhor Kaguya... você disse que tem uma forma de conseguir os poderes divinos... qual é essa forma?
Kaguya fecha os olhos lentamente, respirando fundo para dizer tais palavras, calmamente se aproximando de Daidairo;
— Izanagi.
【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】
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