Um Tiro de Amor Brasileira

Autor(a): Inokori


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 8: Acromático


【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】

 

— Eu continuo sem ouvir nada, tem certeza de que não está ficando maluca?

— Não, o choro ainda está aumentando, logo irá conseguir ouvir.

Eles caminham por dentro dos tubos de esgoto, já se fez dez minutos desde que viram a luz do sol pela última vez. O cheiro é forte, no entanto, com tempo Erisu conseguiu se acostumar um pouco, ou ao menos parou de reclamar.

Havia uma substância gosmenta e estranha no chão, fazendo com que os sapatos de ambos colassem levemente ao caminhar. As paredes são imundas, mas algo é perceptível para Oinari.

— Ei Risu, não percebeu algo incomum?

— Fora você dizendo que está ouvindo vozes e choro? Não.

— Aqui era para ser um sistema de despejo de restos ao mar.

— Sim! E dá para perceber isso muito bem com esse cheiro de carniça!

— Então onde está a água?

Erisu olha ao redor com dificuldades, se aproximando das paredes cerrando seus olhos, vendo que não há nada molhado, nem mesmo uma marca úmida, apenas o cheiro e a escuridão.

— Tem razão... como conseguiu perceber?

Ah, eu consigo enxergar no escuro, não sabia?

— Espera... o que?! — grita Erisu, impressionado — Eu te conheço a três anos! E você nunca nem ao menos tinha me falado que conseguia!

Ue, eu achei que tinha deixado na cara.

— Deixado na cara?! Como?

— Hum, achei que tivesse percebido quando eu tive dificuldade em te emprestar o lápis de cor na aula de artes.

— Espera, o que? — Erisu cruza seus braços pensativo, tendo em sua memória o exato momento em que isso ocorreu.

Era um dia de aula como qualquer outro, Erisu sempre compartilhava a carteira com Oinari em todos os momentos, até que um dia, em uma aula de artes, o professor sugeriu que colorissem um quadro com lápis de cor de gel.

Erisu não tinha muitos materiais, por conta disso sempre usou os de Oinari. Ele então pediu emprestado o lápis com a cor roxo, naquele exato momento ele viu sua amiga olhar todos os lápis de cor com dificuldades, tentando encontrar o lápis certo, que já estava em sua mão.

Ah, está falando sobre não enxergar as cores muito bem?

— Isso, para falar a verdade, recentemente descobri que somente enxergo duas cores; vermelho e verde.

— Que merda ein? Mas o que isso tem a ver com você enxergar no escuro?

— Por alguma razão, quando estamos no escuro ou em algum lugar com pouca luz, eu consigo enxergar tudo com mais precisão — Oinari gargalha — não que eu seja cega! Minha visão é boa em todos os casos haha! Apenas nunca fico no escuro se preferir entender assim.

— Faz sentido agora... espera! De que cor você me enxergar?

Hum... vermelho.

— O que? Eu pareço um camarão para você então?

Haha! Não tão vermelho assim!

Eles continuam caminhando em alguns segundos de silencio, até que Oinari tocasse no ombro de Erisu de surpresa.

— Risu, uma vez me falaram que cores passam sentimentos e tem seus próprios significados... qual cor você me enxerga?

— Nunca parei para pensar nisso... cor de pele branca?

— Estou falando sério Risu, quando pensa em mim, vê qual cor?

— Vejamos... — Erisu fica pensativo por alguns instantes — Violeta.

Oinari sorri para a resposta de seu amigo, parando de caminhar repentinamente, com um suspirar profundo.

Humpf? Parou por quê?

— Acho que era isso que o Aoi falou.

— Isso o que?

— Um labirinto — Oinari aponta para frente.

Erisu retorna seu olhar para onde ela apontou, vendo algo impressionante, na frente de ambos está uma imensa construção feito a muito tempo, em um lugar amplo há dezenas de tuneis um do lado dos outros, caminhos diferentes sem detalhes que os diferenciam, agora faz sentido o que Aoi diz sobre ser possível se perder facilmente nesse lugar.

— Caralho! Isso deve ter dado um trampo da porra.

— Eu diria que é até mesmo impressionante.

— Por que raios criaram isso aqui mesmo?

— Nessa época os humanos acharam que era o fim do mundo, criaram isso para se locomover e não serem pegos.

— Pegos pelo que?

— Acho que é fácil saber do que... — Oinari caminha a frente, analisando todos os caminhos.

— Para qual caminho vamos?

— Não temos nenhuma pista de onde pode estar a Himeno, mas...

— Mas?

Oinari aponta para um dos caminhos a esquerda — O choro continua por ali, é a única coisa diferente no meio de todos.

— De novo esse negócio do choro? Não acha que pode ser uma armadilha?

— Tem uma ideia melhor?

— Droga, tá vamos logo nessa merda!

【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】

Caminhando pelo caminho apontado por Oinari, é possível perceber algumas lâmpadas de parede desligadas por aquele túnel, como se estivesse sem energia. Foi um caminho reto, sem desvios, sem mais problemas, exceto que agora, Erisu também consegue ouvir os lamentares de um choro.

— Puta merda, isso é assustador.

— É só alguém chorando Erisu.

— Alguém chorando numa merda de labirinto escuro! isso não é algo normal!

— Erisu, espere — diz Oinari, colocando sua mão no peito dele, o parando.

— O que foi?

— A pessoa que está chorando... está bem na nossa frente.

Erisu se espanta, virando seu olhar para frente, vendo uma silhueta feminina de joelhos meio ao nada, é possível ouvir o gotejar das lagrimas vindo dela.

— Puta merda... — Erisu olha para Oinari — Será que é uma armadilha?

— Provavelmente.

Ele continua a ouvir o choro dela, se incomodando com tudo a sua volta, por estar parado.

Ah! Que se dane! Ei, garota! Tá tudo bem ? Precisa de ajuda?

— Quem... são vocês? — diz uma voz feminina, calma mergulhada em lamentos — O que fazem aqui?

— Estamos apenas de passagem, atrás de uma conhecida próxima, eles te sequestraram também garota?

— Oh... que tristeza... que dor... isso dói...

— Ei! Está ferida? — Erisu caminha em direção a garota, para ajudá-la.

Quando ele está a um passo de tocá-la, a garota se levanta lentamente, com os cabelos cobrindo seu rosto. O fazendo parar em sua frente.

— Então são vocês que estão causando problemas... que tristeza... vocês são os demônios.... — Ela ergue seu pescoço revelando somente uma luz azul vivida e cintilante em seus olhos acobertados de baixo de seus cabelos.

— Hum?! Demônios? Que merda ce tá falando guria?

— Que dor... acho que agora nós devemos matá-los.

Erisu olha por de trás de seus ombros para Oinari, sem entender a situação, ele cerra seus punhos e diz — Como ela sabe quem somos nós?

— Para mim não é surpresa, afinal acho que toda a SEIDAI deve saber quem é a gente. — Responde Oinari, dando um passo para trás.

Ele volta sua atenção a garota que chora, percebendo em sua visão periférica todas as lâmpadas apagadas, começarem a piscar freneticamente, revelando a cor azul escuro dos cabelos dela.

— Por favor... eu lhes imploro... morram rápido!

Em um piscar de olhos, no exato momento em que as luzes se apagam, a garota se vira, começando a correr em linha reta, distanciando de Erisu.

— Desgraçada! Espera ai! — Erisu rapidamente corre atrás dela.

— Erisu! Não vai! — grita Oinari.

Sem dar ouvidos momentaneamente, ele continua correndo atrás da garota, sendo mais rápido, ele a alcança, esticando sua mão direita para segurá-la, no momento do toque pela adrenalina, ele não percebe que as paredes tremiam.

De seu lado a parede do túnel se quebra, com uma mão surgindo meio a poeira, sem nem ao menos ter chance de se defender, ele é acertado em cheio em seu rosto com uma tremenda força, ao ponto de impulsioná-lo contra a outra parede ao lado, a quebrando um pouco fazendo cair tijolos em cima de si.

Ofegando de maneira pesada pelo impacto, ele abre seus olhos procurando em volta o que o atingiu, mas o que vê em sua visão do olho da direita, foi sangue encharcando seu olho por conta de um corte em seu supercilio, o fazendo fechar o olho sem visão.

— Caralho, foi um trem que me atingiu?

Firmando seus braços contra o chão ainda tonto, tenta se erguer, porém novamente é surpreendido com o mesmo tremor vinda do chão, vendo em sua frente uma figura extremamente alta e grande, utilizando uma máscara de tecido preto cobrindo o rosto todo da figura.

De surpresa mais uma vez o acerta um soco em seu estomago, o fazendo perder todo o ar. A figura segura os cabelos de Erisu, puxando para o alto, com força empurra com tudo a cabeça dele contra a parede quebrada, abrindo um buraco para o túnel ao lado, que está completamente iluminado pelas lâmpadas de emergência.

Ainda sendo segurado pelo monstro a sua frente, ele segura os braços dele, tentando de alguma forma reagir, até ser solto de surpresa. No ar ele vê a figura se impulsionando em sua direção, o atingindo em seus ombros, sendo impulsionado para o túnel do outro lado, enquanto rola pelo chão.

“Filho da puta... esse cara é forte demais... pense Erisu, pense...”

Ele firma seus braços no chão, cuspindo sangue enquanto tosse, mesmo tendo sido atingido poucas vezes, ele percebe o tremendo estrago que os golpes daquele monstro fizeram a ele.

— Ei... seu gorducho de merda... você é grande, mas jamais vai conseguir me atingir com essa velocidade!!! DIABU...

Antes de conseguir concluir sua frase para ativar seu Bakemono, um grito grave e alto que ecoa por todo o túnel é ouvido.

SHIBO YAMARASH!

Erisu vê em sua frente, uma casca negra saindo da barriga daquele monstro, cobrindo cada parte do seu corpo por aquela armadura estranha, deixando somente a cabeça desprotegida, o homem corre em direção a Erisu com uma velocidade impossível para alguém de seu tamanho, erguendo seu gigantesco braço para o alto, tentando esmagar ele.

“O que?! Além de forte esse gordo é rápido?”, pensa Erisu, se jogando para frente com tudo girando no chão, desviando do ataque mortal de seu adversário, que cria uma cratera no chão.

“Além disso tudo, ele também é esperto, ativou seu Bakemono antes de mim e está aproveitando o meu ponto cego para me atacar... se eu bobear aqui eu posso morrer”, Erisu respira fundo se levantando com raiva e um sorriso sádico em seu rosto.

— Você me paga seu rolha de poço!

Ele corre em direção a seu adversário de maneira descuidada, estendendo seu braço para trás com grito, socando a barriga dele em cheio.

— Shibo... era para doer? — diz o monstro, tombando sua cabeça, não aparentando ter sentido nada do soco de Erisu — Shibo! Esmaga!

Em um movimento único, Shibo o agarra com seus braços, em um abraço fatal, enquanto aperta com toda a força que tem o corpo de Erisu, que grita, demonstrando uma expressão de dor.

— Shibo! Acabar com isso!

A... ah... Hahahahahaha! — A expressão de Erisu que antes era de dor, muda para uma gargalhada irônica — Você fez exatamente o que eu queria seu gorducho! DIABURU!!!

A asa de Erisu começa a se formar, fazendo que o sangue em seu olho evaporasse de uma hora para outra, com ele se tornando vermelho carmesim. Seu Bakemono passa pelo meio entre os braços de Shibo, formando uma ponta que gira de maneira rápida indo em direção ao rosto dele, cortando onde seria a sua bochecha com sua máscara.

Shibo larga Erisu com dor, que toma distância com um sorriso, fazendo sua asa cobrir seu braço mais uma vez, em seguida partindo para cima de seu inimigo.

Erisu o golpeia rapidamente de vários ângulos e maneiras possíveis, o toque de seu Bakemono na armadura provoca várias faíscas de impacto, deixando o ambiente quente com a energia formada pelo calor dos golpes.

Shibo está na defensiva, até que com um grito, pisa no chão com força, fazendo Erisu se distanciar por alguns instantes, dando tempo para que ele entrasse em uma posição de combate, pulando de pouco a pouco, até mostrando que sozinho consegue pular em alturas absurdas, se lançando como um míssil em direção ao seu alvo.

Erisu como reação, faz sua asa voltar ao formato original, pulando para o alto se segurando no teto, vendo aquela bola de canhão destruir mais uma parede com seu corpo por completo.

A poeira por todo local se expande, vendo o vulto de Shibo estando caído, assim finalmente salta em direção a ele, para dar seu golpe final.

— Acabou para você seu merda! — grita Erisu, com raiva, com seu ataque pronto.

Ele corta a poeira com seu corpo, preparado para finalizar, no entanto no momento exato onde iria acertá-lo. Não foi Shibo que ele encontrou dentro daquela cortina, mas sim a garota de cabelos azuis que continua a chorar.

Guusuu Kyoudai....

Do dedo indicador da garota, ao concluir sua frase, uma pequena bolha de sabão se forma, voando em direção a Erisu que veem com tudo na direção contrária.

— Sinto muito demônio do mal..., mas acabou para você.

A pequena bolha se expande ao contato com ele, cobrindo por completo dentro dela de maneira surpreendente. Erisu assustado, golpeia a bolha, sem sucesso, percebendo ao fim, que não consegue respirar.       

 

【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】


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