Volume 1 – Arco 1
Capítulo 4.1: Altruísta
【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】
Amon cruza seus braços, vendo a distância do segundo andar da estação abandonada Erisu se afastando a procura de Oinari. Com um breve suspiro anda em direção a sua pilha de livros a muito já lidos.
— Aqueles dois... sinto que algo especial está para acontecer, será se eu deveria me preocupar?
Pensa em voz alta, vendo todo o estrago da pequena batalha contra a Jorōgumo, com todos seus livros agora cobertos por poeira e casca de madeira.
— Talvez ele tenha razão sobre eu ter que me mudar novamente — Amon se curva, segurando alguns livros em seus braços — bem... não tenho tempo a perder.
Ele continua ajeitando o que pode da sua biblioteca pessoal, o ranger das paredes começa a ser mais evidente com o caminhar de Amon sobre o piso. No entanto meio a esses rangidos, constantes pequenas batidas semelhantes a um dedilhar de dedos sobre um vidro é perceptível por ele.
Pensativo, olha ao redor não enxergando nada nem mesmo pela escuridão. Acreditando ser apenas uma impressão sua, volta a arrumar seus livros, porém novamente o som de toques em vidro volta mais constante do que anteriormente.
— O que? Alguém está aí?
Sem respostas o som parou, ele se afasta da sala, levando consigo apenas quatro livros entre seus braços. Acreditando que o que estivesse fazendo esse som, está lá. Mal ele esperava que repentinamente o som aumenta para batidas mais fortes, o fazendo entender, esse som vinha dele mesmo, de dentro de si.
Ele apalpa seus bolsos deixando cair o que havia trazido ao chão, levando sua mão até o bolso de trás de sua calça, encontrando a origem desse barulho.
Um pequeno cubo brilhante ciano semitransparente, com uma pequena figura já conhecida, a aranha Jorōgumo era o que estava fazendo o som, batendo suas pequenas patas em sua prisão.
— Oh, então é você — diz Amon, que suspira aliviado — você me assustou um pouco sabia?
A pequena aranha, ergue suas patas para cima, como se estivesse tentando se comunicar com ele.
— O que foi pequena? Precisa de algo?
— A-a-A-ajuda — grunhe em meio ao que parece uma palavra vindo da aranha.
— Minha nossa! Você realmente fala! — diz Amon, com um olhar entusiasmado — Será que eu deveria me preocupar?
A pequena aranha continua a fazer barulhos e sons tentando reproduzir palavras com extrema dificuldade.
— O que você precisa pequena Jorōgumo?
Ela vira seu pequeno corpo, batendo com suas patas a direita do cubo em direção a janela aberta com a luz do sol entrando.
— Você quer sair para fora? — pergunta Amon, olhando onde ela aponta.
— M...m...M...me E...encontrar
Amon se abaixa, pegando seus quatro livros caídos no chão, com um ar motivado.
— Está decidido pequena! Me leve aonde você quer ir! Quem sabe assim encontro outro lugar para ficar.
A aranha vibra rapidamente, com Amon saindo daquela estação caída em pedaços, ao se aproximarem da luz do sol, Amon retira do bolso de sua camisa social um óculos escuros, colocando em seu rosto, tornando quase impossível para que pessoas enxergassem seus olhos.
— Escute pequena, iria ser muito estranho eu carregar você enquanto caminhamos pela rua, então fique no meu bolso, sempre que quiser ir a alguma direção, empurre para o lado que quer, okay?
A Jorōgumo assente com suas patas, sendo colocada no lugar onde estavam os óculos escuro de Amon, tendo uma visão do caminho do qual ele faria.
— Perfeito pequena! Para onde vamos?
Em seu peito, ele sente um leve empurrão para frente em seu bolso. Naquele exato momento Amon percebe que mesmo que o filho perdido não consiga falar, ele tem uma inteligência, conseguindo o compreender perfeitamente em suas instruções — Fascinante! — exclama Amon, surpreendido com toda a situação.
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Minutos se passam, com a pequena aranha guiando os passos de Amon, seguindo de um lado para o outro. O Distrito Independente nunca foi famoso por ter muitas pessoas caminhando pelas ruas, todavia estando com um céu limpo e ao meio-dia, está mais vazio do que o costume.
A caminhada dos dois foi longa, mas finalmente chegam a um lugar, em uma das regiões menos movimentadas do distrito. Frente a Amon havia um prédio em construção abandonado, com por volta de sessenta andares, alguns ainda não completos e um imenso guindaste vermelho ao topo a muito não usado.
Em seus arredores não existe nenhuma casa ou outra construção, apenas terrenos com mato alto, assim aquele prédio era a única coisa tocada pelo homem a muito tempo.
— É impressionante como é comum encontrar construções abandonadas desde a guerra — diz Amon, retirando seus óculos — será se eu deveria me preocupar?
Ele entra aos arredores da construção, caminhando até a entrada do prédio, que por mais impressionante que fosse, tem moveis e equipamentos de estalagem por todo o lugar de uma maneira organizada, inclusive sendo possível ver um telefone de parede ao lado de onde seria a bancada do atendente.
— Veja só pequena, o proprietário desse lugar realmente estava com pressa em ter pessoas aqui, interessante... — diz ele, retirando o telefone, vendo que o cabo estava cortado — Mas e agora por que me trouxe aqui?
Amon tira de seu bolso a pequena caixa, mostrando todo o lugar para ela, que rapidamente indica mais uma direção, em caminho com as escadas. Sem questionar Amon prossegue rumo as escadarias.
No entanto, ao colocar o pé direito sobre o primeiro degrau, sente seus pelos se arrepiarem, não pelo medo, mas sim por uma brisa fria constante que batia por seu corpo. Passo por passo ele subiu.
O som marcante de seus sapatos sociais ecoa por todo o prédio. O sentimento constante de familiaridade de uma construção executiva provoca uma sensação de nostalgia falsa em Amon, algo desconfortável, como se ele já estivesse entrado naquele lugar a muito tempo atrás.
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Levou uma quantidade de tempo considerável até que Amon chegasse até os últimos andares, que conforme se aproximam do último andar, a pequena aranha se treme ainda mais, como um sinal de que estão no lugar certo, seja ele qual for.
— Estamos quase lá pequenina.
Se afastando das escadas no último andar, Amon vê algo estranho, o sol que antes radiava no céu, foi completamente coberto por nuvens negras semelhantes à de uma tempestade. Além de uma grande quantidade de pássaros parados de maneira estática. A aranha ao se deparar com isso junto a ele, começa a se debater em sua prisão por todos os lados.
— Pequena? Está tentando sair?
Ao falar em voz alta, todos os pássaros que repousavam, agora levantam voo em conjunto, assim fazendo Amon perceber que não são pássaros comuns que estavam ali, mas sim na realidade, são corvos.
O clima fica ainda mais frio, fazendo vapor no respirar de Amon. O bater de asas dos corvos são ensurdecedores, enquanto voam circularmente em volta de ambos.
— Impressionante! Será se eu deveria me preocupar?
Ao dizer tais palavras, um assobio agudo vem de todos os lados, que em um piscar de olhos fez com que todos os corvos mudassem o rumo de seu voo com um bater de asas forte, em direção a Amon com agressividade.
Amon de maneira rápida defende seu rosto e as partes de seu corpo mais sensíveis daqueles pássaros, no entanto por descuido, quando um dos corvos o atacou, atinge o cubo com a pequena aranha, fazendo ela cair no chão, se estilhaçando por completo ao impacto, libertando novamente a Jorōgumo que cresce revelando as lâminas em suas patas mais uma vez.
— Espera! Jorōgumo!
— Q...que...bom...que me trouxe...aqui...obrigada — diz ela, aumentando ainda mais seu tamanho — M...mas... agora...já...cumpriu...seu...papel... morra...
Com um ataque rápido, enquanto distraído pelos corvos, a aranha ataca o estomago de Amon, que com a força é lançado contra o guindaste o amassando com o impacto.
Tonto pelo choque da batida, ele vê com dificuldades os corvos mudando de alvo, partindo em direção a aranha monstruosa, fazendo ele perceber algo, os corvos não atacaram o Amon, mas sim estavam tentando atacar a Jorōgumo.
— Droga... parece que esse dia não acaba, não é mesmo? — diz Amon, levantando-se sem aparentar estar ferido.
A aranha começa a contra-atacar os corvos, sem muita dificuldade, de alguma maneira parece que elas já se conheciam, é até mesmo estranho de se julgar, porém Amon com sua experiencia, continua, a observar toda aquela situação cuidadosamente.
— De...devolva! parte...de...mim!!! — grita a Jorōgumo, com raiva em sua voz.
Amon arregala seus olhos, parecendo ter entendido a situação, mudando seu foco para somente os corvos procurando algo em específico. Ele estende suas mãos novamente fazendo um símbolo de câmera com elas, fechando seu olho direito, mirando de corvo a corvo.
— Onde está... onde está... — Amon em meio a aquele turbilhão de corvos, percebe um único corvo mais lento do que todos, como se estivesse pesado — Achei!!! TAIKUTSU!!!
Ao dizer o nome de seu Bakemono em voz alta, a luz ciano em seus dedos se torna forte, invocando outra vez a caixa que é atirada em direção ao corvo lento. Ao atingi-lo, diferente da Jorōgumo ele não prende o corvo, mas tira algo de dentro dele, uma sombra preta e gosmenta que se mexe constantemente dentro da caixa. Não havia dúvida, é um filho perdido.
Amon sobe em cima do guindaste, correndo em cima dela mesmo com a altura, em direção a sua pequena caixinha que caia em meio ao nada.
Enquanto a Jorōgumo continua sua batalha com os infinitos corvos, com dor nos sons que saem de sua boca, porém no exato momento em que Amon alcança a caixa a segurando, todos os corvos param seus ataques em sincronia, voando para o alto em um movimento estranho, para depois das nuvens negras.
— Jorōgumo! Isso é seu! Pega! — Grita Amon, jogando como um arremessador profissional de beisebol a caixa até ela.
Ao ver aquele cubo voando, rapidamente salta para cima, encurtando a distância, abrindo sua boca engolindo por completo aquele outro filho perdido.
Ao engolir, um silencio sonda todo o local, surgindo devagar de suas patas partículas com sombras pretas cobrindo o corpo da Jorōgumo, em algum processo antes nunca visto por Amon.
Familiar a uma metamorfose, Amon vê aquela aranha se transformando em algo diferente, sendo iluminada misteriosamente por um feixe de luz do sol.
Entretanto, o que ele não espera é que junto ao feixe de luz, uma outra criatura tão monstruosa quanto a Jorōgumo surge; o que antes eram vários corvos voando em conjunto, agora em sua frente é apenas um colossal, com olhos dourados como ouro, penas semelhantes a aço, e o principal, ao invés de duas patas, havia três para compor a sinfonia monstruosa daquela criatura de asas.
— Não é possível! — diz Amon, vendo tudo a distância — Deuses menores são tão problemáticos..., é um Yatagarasu!!!
O corvo monstruoso da mitologia do oriente, aquele que esconde o sol, o Yatagarasu está entre nós em pessoa.
A Jorōgumo é atingida com um golpe poderoso em meio a sua transformação, fazendo com que o chão se quebrasse, com ela caindo para o andar de baixo, tremendo toda a construção por completo.
Amon respira fundo ao ver a cena, saltando em direção a cabine do guindaste, abrindo sua porta de maneira desesperada, enquanto o corvo do sol Yatagarasu voa preparando um próximo ataque.
De maneira veloz, Amon, gira a chave do guindaste, empurrando sua alavanca com força para apenas uma direção, fazendo-o girar em seu próprio eixo, para finalmente com o gancho caído, atingir certeiramente aquele monstro com asas, o distanciando do predito por um curto período.
Ele desce da cabine, pulando até o buraco para o andar de baixo, tossindo pela poeira, enquanto procura em todas as direções a Jorōgumo, se surpreendendo com o que há afrente das vidraças da janela do prédio.
Uma espécie círculo escuro como um buraco negro está a sua frente, se mexendo como uma gosma. Amon ofegante encara aquela cena, chocado com tamanha descoberta.
— Então... você nunca foi um filho perdido que entrou em uma aranha comum — diz ele, forçando um sorriso tentando ser simpático mesmo que não conseguindo — mas sim, você é um próprio Deus menor também, não é?
Da sombra circular, ao terminar da frase de Amon, começa a surgir uma silhueta: o que antes era uma aranha, agora surge uma pequena garotinha de cabelos verde lima, longos e brilhosos. Ao abrir seus olhos vermelhos encarnados, uma intensa sensação de superioridade surge ao balançar de seu vestido branco como a nuvem.
— Vejo que subestimei sua inteligência ser inferior! — diz a fina voz.
— Oh... você não é o que eu esperava de um Deus também! — diz Amon, tentando ser simpático, enquanto coça seu rosto.
— Como ousas criatura sem valor?! — grita a jovem Jorōgumo
— Perdão, perdão hehe, mas me diga, o que aconteceu com você?
— Eu... não lembro dos detalhes — ela estica sua pequena mão enquanto a observa — no entanto, eu tenho certeza de que eu estava lutando com alguém e essa pessoa me dividiu em vários pedaços.
— Então realmente é possível um Deus menor ser derrotado, mesmo em seu auge?
— Á de coragem que existe em ti para dizer que fui derrotada — ela estica sua mão em seguida apontando para Amon — entretanto, devo admitir que sua presença me irrita! Desapareça!!!
Uma energia azulada surge da mão da mão da garota, enquanto Amon arregala seus olhos, com medo em seu olhar, no entanto não pela estranha energia se formando a sua frente, mas sim porque em sua frente, o maldito corvo volta de maneira feroz, preparando um ataque pelas costas da garota.
— Jorōgumo!
Grita Amon, correndo com toda sua velocidade até a garota, que acreditou ser um ataque direto contra ela, no entanto é surpreendida com um abraço dele, enquanto se joga com tudo em direção a janela, a quebrando fazendo com que os dois caíssem de uma altura de sessenta andares em queda livre.
A pequena Jorōgumo chocada, vê o corvo mudando sua trajetória seguindo a queda em que ambos estão.
— Por que me ajudou ser inferior e desprezível? — questiona a garota, em queda.
— Hehe, acho que eu sou bom em fazer isso! Ajudar a todos! Não me importando do que ele seja! — grita Amon, apertando-a em seu abraço.
— E o que ganhas com isso?!
— Nada! Eu não quero nada! — responde Amon, deixando suas costas contra o corvo gigante — Mas quando percebi que um Deus pediu ajuda... quando vi o medo em seus olhos... eu sabia que eu tinha que te ajudar!
Uma expressão desconhecida invade o rosto da garota com tais palavras. Em sua frente está o homem que a salvou e logo atrás o monstro que a atacou.
— Eu não entendo...
— Haha! Nem eu! — diz Amon abrindo um sorriso genuíno em seu rosto — Mas acho que gosto disso! Mesmo não sendo humano! Ajudando quem eu posso me sinto um!
— Eu realmente não consigo entender... — diz a garota, estendendo a palma de sua mão com a energia azul contra o corvo — você é estranho.
Com essas palavras, a energia azul se propaga ainda mais, crescendo em um tamanho suficiente para cobrir um andar inteiro. Com um suspirar aquela energia se lança com tudo no corvo Yatagarasu, o atingindo em uma gigantesca explosão que em um piscar de olhos desintegrou por completo aquele deus menor como se ele nunca tivesse existido.
A energia foi tão grande, que ao atingir as nuvens de tempestade, abriu um buraco ao centro, iluminando toda região novamente.
Amon viu bem pouco da situação, mas ao perceber que está quase a chegar ao chão, fecha os olhos se preparando para o impacto.
— Vos não parecia tão medroso assim, quando se atirou do prédio com minha pessoa. — diz a garota, sem demonstrar medo algum na voz.
Amon não sentia mais o vento em seus cabelos, ao abrir os olhos novamente, vê que agora está seguro no chão, mesmo não conseguindo entender como a pequena garota parou a queda sem muitos problemas.
— Hehe, você acabou com aquele corvo gigante facilmente pequena!!!
— Que audácia! Eu sou um Deus! Não me chame de pequena! — diz ela, cruzando seus braços.
— Ah desculpa... então como posso te chamar?
— Deus, Jorōgumo, ser mais poderosa do mundo!
— Acho que é meio estranho te chamar assim por aqui — diz Amon, levando a mão até seu queixo — Já sei! Seu nome agora é Koi!
— Koi?! — pergunta ela pensativa, concluindo — Não é um nome ruim... é simples e facilmente reconhecível, a Deusa Koi!
Ela sorri, deixando Amon alegre pelo nome a ela dado, levantando-se do chão caminha na direção de Koi, com um olhar de determinação.
— Koi! Vamos encontrar suas outras partes, certo?!
Koi se espanta com a frase do homem em sua frente, mostrando um sorriso de canto.
— Vamos! Conto com sua ajuda Numen!
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