Um Tiro de Amor Brasileira

Autor(a): Inokori


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 5: Amizade


【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】


A porta do apartamento abre lentamente, todas as luzes estão apagadas e o ranger da porta causa uma tensão superficial. Oinari empurra com a ponta de seus dedos, mostrando uma sala-de-estar, ligado diretamente a uma pequena cozinha.

— Está tudo escuro, será que ela não está em casa? — pergunta Erisu, curvando seu corpo para o lado, tentando enxergar o interior do apartamento.

— A Tv está desligada, a conhecendo com certeza ela não está em casa. — diz Oinari, entrando na sala.

— O que a Tv tem a ver com isso?

— Ela não se sente muito confortável com o silencio, por isso sempre está ouvindo algo, seja na Tv ou no radio que ela tem na cozinha.

— Me pergunto como caralhos você sabe disso.

— Muito tempo de convívio — responde Oinari, puxando Erisu para dentro do apartamento — bem se ela não está aqui, quer jogar videogame?

— Sério? A porta está aberta, não tem ninguém em casa, você entra e vai jogar no videogame dela?

— Ela não se importaria normalmente.

— Mas essa não é uma situação normal!! — grita Erisu, indignado.

Oinari se atira no sofá de linho, espreguiçando por completo até achar uma posição confortável, ligando a Tv em seguida. Erisu continua incrédulo encarando sua amiga, de costas para a porta.

— Agora sei o motivo de vocês duas sempre brigarem!

— Eu já te disse Risu, vai ficar tudo bem.

Erisu tomba sua cabeça, aceitando a situação, se aproximando do sofá para se sentar, no entanto algo o impediu. Um imenso arrepio que percorre sua espinha o paralisou de maneira rápida, todos os instintos humanos o alertam em uma pequena fração de segundos. Foi quando ao ouvir uma voz feminina, ele temeu por sua vida.

— O que vocês dois pensam que estão fazendo?!

Erisu olha para sua amiga, engolindo a seco, percebendo o terror em seu rosto. De qualquer forma, ambos aceitaram o fim de suas vidas nesse momento.

【キ】【ス】【シ】【ョ】【ッ】【ト】

Em poucos segundos, tanto Erisu quanto Oinari, agora estão de joelhos sobre o tapete da sala, com suas cabeças baixas, enquanto uma jovem de cabelos ruivos, amarrados em um rabo de cavalo, quase de maneira onipotente os encara.

— É inacreditável! Eu saí para ir ao mercado e vocês dois invadem a minha casa?!

— M-mas Himeno... — diz Oinari, com a voz tremula, erguendo sua mão para o alto.

— Você não ouse falar comigo! De todos aqui você é a única que não tem direito de reclamar nada! — responde Himeno, se jogando de costas para uma poltrona de canto na sala. — Erisu!

— Sim! Diga! — diz Erisu, como se estivesse respondendo a um professor.

— Quer me explicar por favor, o que vocês dois fazem aqui?

— A Oinari... ela veio até aqui buscando reconciliar as coisas contigo, vi em seu rosto o quanto ela estava triste, por isso eu vim junto, realmente ela está determinada em falar com você.

— Risu... muito obrigada — diz Oinari, mostrando levemente seu sorriso.

— Mas a ideia de entrar e mexer nas suas coisas foi tudo dela! ela é a culpada! — conclui Erisu, apontando seu dedo indicador para Oinari.

— Dedo duro! De qual lado você está ein!?

— Francamente... vocês dois me deixam louca — Himeno se levanta, aproximando de Oinari — É verdade o que ele disse?

— Bem... droga... é verdade...

— Está tudo bem então! Sabe que podia ter mandado uma mensagem né?

— Espera! Sério? Estamos bem de novo?

— Sim, como se nada tivesse acontecido! — Himeno mostra seus dentes em um breve sorriso — Ah! Erisu, você deve estar com fome, quer um sanduiche? Peguei bastante coisa na promoção hoje.

— Ah, eu aceito! — responde Erisu, concordando com a cabeça.

— Eu também quero! — diz Oinari, erguendo os dois braços.

— Você não! Ainda estou brava com você!

Hum?! Mas você disse que estávamos bem agora.

— Pela nossa última briga estamos bem, mas ainda estou irritada por invadir minha casa sem permissão.

Himeno vai até a cozinha, deixando as bolsas plásticas da compra que fez na pia, retirando diversos ingredientes e enlatados, retirando de uma gaveta uma tabua de corte, começando a preparar um sanduiche.

Oinari volta a se estirar no sofá em que estava anteriormente, com uma cara emburrada, olhando para o que passava na Tv.

“Isso me parece tão calmo e comum... tão diferente do que passamos todo dia por sermos Numens... eu gosto disso.”, pensa Erisu, se sentando ao lado de sua amiga, se sentindo estranho por todo esse momento cotidiano.

— Ei, raposa, me diga, porque você age diferente com a Himeno?

— Agir diferente como?

— Somente com ela vejo um lado seu que não é o habitual.

Ora, sobre isso, ela me acolheu em um momento que mais precisei, desde então somos amigas, acho que é normal se for pensar dessa forma — Oinari lentamente encosta sua cabeça no ombro de Erisu — mas não diria que é somente com ela que sou diferente, com você também eu posso ser eu mesma.

 Erisu continua com uma expressão amena após ouvir tais palavras, mesmo que por dentro um aperto em seu peito podia sentir. Um gatilho em sua mente fez que ele tivesse um devaneio de uma lembrança, algo que fica claro é que alguém já havia dito isso para ele a muito tempo. Fazendo assim ele não conseguir reagir a tal comentário mesmo agradecido.

Himeno se curva na frente de ambos, deixando sobre cima da mesa um prato com dois sanduiches caseiros, feitos na hora com produtos frescos, as fatias de pão eram integrais com alguns cereais espalhados uniformemente.

Ei! Você fez dois para ele? Sério? — reclama Oinari.

— Um deles é seu. — Responde Himeno, caminhando até a sacada de seu apartamento, onde havia um varal com roupas.

Ah! Então você voltou atrás no que disse?

­— Melhor você comer, antes que eu me arrependa.

Oinari sorri fechando os olhos, pegando o seu sanduiche, o abocanhando de maneira rápida.

Erisu estica seu braço em direção a aquele prato, no entanto ao momento em que Himeno abria a porta de vidro para recolher suas roupas na sacada, um cheiro estranho é percebido por ele, que para automaticamente, olhando ao redor.

Hum? O que houve Risu? Perdeu a fome? — pergunta Oinari, virando seu olhar para seu amigo.

— Não, não é isso... está sentindo esse cheiro também?

— Cheiro? — Oinari tomba a cabeça para o lado sem entender, em seguida mostrando um sorriso — Haha! Você está parecendo um cãozinho tentando farejar algo!

— Droga Oinari, estou falando sério!

— Ta bom, ta bom, mas eu realmente não estou sentindo nada.

— Parece ser o cheiro do vizinho, é quase impossível não reconhecer esse cheiro.

— Vizinho? Qual?

— Um velho com bengala que mora nesse andar que passou por mim quando subi as escadas.

— Risu... — Oinari encara os olhos de Erisu, com uma expressão séria — não tem nenhum velho morando nesse andar.

Erisu arregala seus olhos, virando sua cabeça em direção a sacada, que no exato momento em que o cheiro estranho aumentou, a sacada toda junto a parede com a porta de vidro é completamente destruída por uma intensa batida por uma figura corcunda, coberta por um sobretudo preto. Os destroços do impacto fazem uma cortina de poeira em todo o apartamento.

— Porra! — grita Erisu, se levantando, jogando para longe o casaco de Amon.

— Himeno!?

Uma risada rouca é ouvida, com a poeira diminuído mostrando o que realmente está frente aos dois, o mesmo senhor que passou pelas escadas por Erisu, está segurando Himeno em um mata-leão por trás de si, enquanto ela se debatia tentando sair da situação.

— Desgraçado! — diz Erisu, correndo em direção a aquele homem — Diabu...

— Espero que obedeçam se ainda querem ver sua amiga viva. — diz aquele homem, passando todo o sobretudo preto em volta de Himeno, impedindo que Erisu continuasse.        

Em um piscar de olhos, duas asas brancas nos braços do velho surgem, em seguida ele salta para fora começando a voar, levando Himeno consigo, deixando diversas penas brancas caindo como um rastro.

— Caralho! Ele voa? Parece um pombo esse merda! O que ele quer?

— Risu... — diz Oinari, caminhando em direção a pilha de penas, pegando algo do chão. — Acho que sei o que ele quer.

Ela estende uma folha que estava junto as penas caídas, no papel está escrito; “Traga o filho perdido”, junto a um emblema de duas mãos em sinal de oração.

— São esses merdas da SEIDAI então?

— Provavelmente... — Oinari leva sua mão até sua testa, puxando seus cabelos com um olhar de raiva — Fui descuidada, abaixei a guarda e deixei me seguirem.

Erisu ergue seus olhos para ela, junto a um suspiro se aproximando de Oinari, em sua mente ele sabia o quão é incomum da parte dela ser descuidada com algo desse tipo, afinal tudo o que ele aprendeu sobre sobreviver e a tomar cuidado com todos a sua volta foi Oinari que ensinou.

— Não é hora de pensar nisso — diz Erisu, dando um tapa nas costas dela.

— Risu, lembra do nosso pacto, não é?

— O nosso pacto? Por que ele é importante agora?

— Não vou te obrigar a segui-lo, porque estou próxima de fazer uma loucura.

Erisu cerra seus olhos, buscando lembrar desse pacto novamente, ele havia esquecido de muita coisa importante, mas essa é a hora para lembrar um desses momentos.

Em sua lembrança, ele se viu caído em um lugar escuro, estava frio o suficiente para ele não sentir os dedos de sua mão e a chuva forte não ajudava nesse fato, ele viu mais uma vez a silhueta de Oinari se aproximando de si, enquanto estendia a mão, tudo estava sem som algum, mas com esforço ele pode ver seus lábios dizendo tais palavras; “Não sabe como seguir em frente, não é? Pois bem... vamos fazer um pacto, você será meu guardião e eu lhe darei um motivo para seguir”.

Agora tudo se encaixou, ele sempre soube do porquê sempre esteve com Oinari ao longe desses anos, somente havia esquecido do motivo. Erisu abre um grande sorriso largo em seu rosto.

— Me obrigar? Achei que eu era como se fosse um guarda-costas pessoal seu.

— Sabe que se me seguir, podemos acabar morrendo. Está pronto para arriscar sua vida?

— Eu já não acabei de dizer porra?! — Erisu abre ainda mais seu sorriso — Eu vou até o inferno se assim desejar!

— Que assim seja então Risu — Oinari fecha seus olhos, com um tímido sorriso em seus lábios — Vamos trazer ela de volta.

— Não vejo a hora! Vamos seguir as penas?

— Não, provavelmente ele as deixou com intenção de nos atrair logo de cara, uma armadilha. — Oinari caminha em direção a porta.

— Então... devemos pegar o filho perdido com Amon?

— Não, eles querem aquele filho perdido, por alguma razão ele é especial, por conta disso, não á ninguém melhor que o Amon para cuidar dele.

— Para onde vamos então? — diz Erisu, acompanhando-a logo atrás.

— Encontrar um amigo, ele deve nos dar uma ideia melhor sobre o que estamos lidando.

— Ele é o que? Um vendedor ambulante de informações? — pergunta ele com tom sarcástico.

— Quase isso, foi ele que havia me dito que aquele velho da SEIDAI estava com um filho perdido.

— Ei! Isso realmente existe? Eu estava brincando quando perguntei.

— Nós enfrentamos não somente um Numen que trabalha para SEIDAI, mas sim dois, o que garante que não há mais deles? — Oinari abre a porta — Se é sobre Numens, com toda certeza ele sabe o que está acontecendo.

Com a porta aberta, há uma movimentação grande frente ao prédio do apartamento da Himeno, por conta do rombo na parede que agora havia ali. O barulho deve ter acordado um quarteirão inteiro.

Ei... errr... Oinari, acho que vai ser estranho eu sair por aí sem camisa de novo com aquelas pessoas ali fora.

— Você gosta de ficar sem camisa, não é? Está tentando me seduzir?

 — Como caralhos ainda consegue dizer isso mesmo em uma situação desse tipo?!!

— Consigo porque você está comigo, não preciso me preocupar — Oinari pisca para Erisu — Pegue uma das camisas da Himeno, ela gosta de camisas sociais e de botão, deve ter algum que sirva em você.

Ele confuso, vira em seu olhar para a sacada destruída mais uma vez, vendo em meio aos escombros, uma camisa e botão azulada, após pegá-la e sacudi-la um pouco, vestiu em si, que por incrível que pareça, coube como uma luva no mesmo.

— Ficou bom em você Risu, mas não temos tempo a perder, quero pegar o próximo trem.

Ambos descem as escadas, caminhando de maneira rápida pelas ruas, passando pela multidão discretamente, enquanto viaturas de ambulância e bombeiros chegam ao local.

— Você disse que vamos pegar um trem? onde caralhos seu amigo está?

— Bem... — Oinari sorri, após alguns minutos caminhando, chegando por fim frente a uma placa com o mapa dos diversos distritos por todo o país. — Nós vamos para o Distrito Urbano!

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