Um Alquimista Preguiçoso Brasileira

Autor(a): Guilherme F. C.


Volume 1

Capítulo 130: Desastre

Alguns instantes atrás...

Diante de dois inimigos cujas forças se igualavam e até mesmo superavam a sua própria, o 9º Ancião não pôde evitar de assumir uma postura cautelosa. Embora já tivesse derrotado um dos invasores, os que restaram representavam uma grande ameaça para ele e sua família.

― Chan! ― chamou, olhando de soslaio, mirando o filho que empunhava duas espadas com uma ferocidade impressionante. ― Ajude sua irmã e os outros a fugirem. Eu irei segurá-los aqui.

O confronto entre o afilhado e o estranho sujeito que apareceu de repente já havia começado e do seu ponto de vista, não existia a menor chance daqueles três saírem vitoriosos. Embora tivesse se impressionado com a habilidade do Alquimista de se sobressair em disputas desvantajosas, sua ampla experiência em batalhas lhe permitia afirmar que alguns obstáculos são impossíveis de superar.

― O vovô Ning dá conta! ― No entanto, seu filho teimoso se recusou a obedecer. ― Ele falou que ia cuidar disso e eu confio na sua palavra. Vou ficar para ajudar.

Insatisfeito, o tio Chang lançou um olhar de reprovação em direção ao filho. Não é que desgostasse da dedicação de seu primogênito, mas a diferença extraordinária entre as forças presentes não era algo que podia ignorar.

Sabendo que não poderia deixar nenhum daqueles jovens se envolver em sua luta, o proeminente aliado do Patriarca decidiu expressar suas preocupações. Mas quando abriu a boca, uma robusta corda feita de cipós emaranhados voou em sua direção, interrompendo-o.

Nesse momento, o tio Chang deu um salto para frente, assumindo a liderança do confronto.  E quando a ponta do cipó chegou perto o bastante para alcançá-lo, ele esticou a palma da mão e liberou uma aura que defletiu a tentativa sorrateira.

Hunf! ― bufou o 4º Ancião Kun ao ver sua investida falhar, de novo. ― Existem certas mudanças que não se pode impedir de acontecer.

― Eu concordo ― argumentou o tio Chang. ― Mas as mudanças que eu e você esperamos são diferentes.

― Resistir é inútil! ― ameaçou. ― Mesmo tendo vencido um de nós, ainda temos a vantagem. Além do mais, nosso cultivo é maior. ― Nesse ponto, ele fez uma pausa dramática, estufou o peito, assumiu um semblante sério e continuou: ― Ainda não é tarde. Junte-se a nós, nono irmão. Apesar das diferenças do passado, o “Patriarca” deseja ter você ao nosso lado nesse novo caminho que estamos para construir.

Sua voz tentava o máximo possível esconder suas reais intenções e o quanto estava disposto a ceder para ter o que deseja. Embora discreto, seu tom era o de um legítimo negociador, buscando a todo o custo cumprir sua meta, mas sem perder a vantagem.

O prestigiado 9º Ancião percebeu a atitude traiçoeira do antigo colega e ficou bastante intrigado para saber o motivo, afinal já era tarde demais para qualquer tipo de negociação. Porém nada disso tinha uma real significância na atual situação. Independentemente do que motivava o inimigo, seu objetivo era apenas um.

― Eu posso estar em menor número ― começou ele, franzindo a testa enquanto mudava o semblante. ― Mas você parece ter se esquecido de uma coisa...

Sem ao menos terminar sua frase, num impulso súbito, o tio Chang chutou o chão e disparou contra o adversário gorducho e oleoso. E enquanto avançava, sobre a palma de sua mão surgiu uma aura de cor anil que assumiu uma forma infame e perigosa.

O 4º Ancião, que apesar do tamanho não era um sujeito lento, imediatamente respondeu a provocação lançando uma víbora verde composta pelos restos de uma planta trepadeira. Seu contra-ataque foi realizado com tamanha disposição que foi possível enxergar a expectativa em seus olhos.

Mas quando as duas habilidades se encontraram, o resultado foi muito diferente do esperado pelo barrigudo.

Demonstrando um vigor imparável, o tio Chang estraçalhou o chicote de cipó sem ao menos perder a velocidade e avançou contra o adversário corpulento. Seu ataque atingiu o peito de Xiao Kun e atravessou o seu corpo, como uma flecha indo muito além de seu alvo.

O impacto não foi nada extraordinário, mas isso não impediu o praticante da 2ª Camada do Reino Espirituoso de se jogar no chão e rolar de uma maneira bastante desengonçada enquanto emitia um uivo de lamentação.

De pé, intocável e com um ar de triunfo cercando sua pessoa, o tio Chang mirou o sujeito caído. Talvez fosse uma ilusão criada pela barba bem desenhada ou talvez uma impressão aumentada por seu corpo bem desenvolvido, mas naquele momento sua expressão apresentava uma rudeza pavorosa.

― Você pode ter se aproveitado de pílulas e ervas para evoluir rápido, mas sempre foi um lutador medíocre!

Suas palavras tiveram um efeito imediato em Xiao Kun. Seu rosto rechonchudo afundou e no lugar se formou uma carranca feia. Porém, ainda assim, ele sequer teve coragem de abrir a boca para se defender.

― Francamente! ― resmungou o sujeito manco que observou toda a ação sem interferir. Apesar da cabeça de seu companheiro continuar esmagada no chão, ele não exibia nenhum sinal de preocupação. ― Eu esperava um pouco mais de nossos aliados! ― criticou, olhando de soslaio para o Ancião caído. ― Mas tudo bem. Parece que terei de resolver tudo sozinho.

― Pensando bem, você ainda não me disse seu nome ― comentou o tio Chang, mantendo a postura severa, porém um pouco mais atento do que antes.

― Você pode me chamar de... ― parou e olhou para o alto por um instante. ― Qiu!

― E esse por um acaso é o nome que sua Família usa para chamá-lo? ― desconfiança sombreava seu rosto. Ele entendia muito bem a mentira que tinha acabado de escutar, mas se pudesse obter qualquer informação a respeito daquela pessoa ou da organização por trás dela seria uma descoberta importante.

No entanto, a despeito da tentativa de sondá-lo, Qiu ignorou a pergunta de maneira espetacular, agindo como se não tivesse escutado nada. Então avançou um passo curto, devido a sua perna manca, e em seu rosto se abriu um discreto sorriso envelhecido.

― Estou surpreso! ― admitiu. ― Eu achei que seria uma limpeza rápida, mas parece que os Xiaos possuem alguns lutadores competentes. ― Olhou na direção de uma fumaça a qual parecia denunciar a existência de uma grande confusão. ― Bem... Mesmo que isso acabasse agora, não poderíamos voltar para casa. Sendo assim...

Qiu estendeu a mão e da ponta de seus dedos uma luz misteriosa surgiu, repleta de vida, fascínio e perigo. Crepitava feito o aço quente sendo castigado na forja de um ferreiro que busca moldá-lo de acordo com a sua vontade e imaginação.

O brilho se expandiu, levando o tio Chang a recuar, alarmado. Mas o que se seguiu não foi um ataque, pelo menos não de imediato. A luz se alongou e assumiu uma forma peculiar que aos poucos foi se tornando mais perceptível conforme as faíscas diminuíram.

Quando as fagulhas desapareceram, um objeto bastante conhecido surgiu na mão de Qiu. Tratava-se de um machado construído em uma única peça, como se tivesse sido esculpido pelas mãos de um artesão habilidoso  em dobrar metal. O cabo possuía uma ponta semelhante a uma lança no local em que deveria ficar o olhal. O fio da lâmina era curvo, feito o esboço impreciso de uma meia lua, e na parte de trás existia uma saliência arredondada.

― Uma técnica de criar armas?! ― murmurou o tio Chang, surpreso pelo que tinha acabado de ver. ― Isso é bem raro!

Mas apesar do elogio, Qiu não se comoveu. Ele tirou um segundo para avaliar a arma que tinha criado, passando os olhos primeiro sobre o cabo e depois avaliando o metal que compunha o corte. Por fim murmurou satisfeito:

― Pois bem...

Assumindo uma postura hostil, o invasor ergueu o machado e ao mesmo tempo o tio Chang posicionou os braços na frente do corpo e flexionou a cintura.

Num instante, o clima incerto que pairava no ar foi substituído por uma vontade ominosa de se entregar a violência. O invasor balançou sua arma e partiu para o primeiro ataque. O machado emitiu um som agudo à medida que cortava o ar, buscando por algo mais consistente para cortar.

Do lado oposto, os braços do tio Chang foram envolvidos por escamas coloridas que cobriram desde o cotovelo até as costas das mãos, mas deixando ambas as palmas livres.

Quando o primeiro ataque o alcançou, o 9º Ancião não tentou se defender. Ele retrocedeu, buscando abrir um espaço seguro entre os dois. Mas o inimigo era impetuoso e assim que percebeu a mudança, desistiu da tentativa de cortar e perfurou com a extremidade dianteira do cabo.

Demonstrando um reflexo impressionante, o tio Chang usou o braço esquerdo como escudo e defletiu a tentativa maliciosa, desviando o curso do objeto. Em sequência, girou o tronco e lançou seu punho com toda a força contra o rosto do inimigo.

Mas Qiu era igualmente veloz e se abaixou a tempo de evitar uma concussão. Então, aproveitando sua impetuosidade, puxou o machado em um movimento astuto e sorriu ao ver que a lâmina tinha voltado manchada de vermelho.

Um pequeno corte foi aberto no braço direito do 9º Ancião, na parte desprotegida. Não era um ferimento grave, pois ele conseguiu se afastar antes de algo pior acontecer, mas foi o bastante para fazê-lo ficar ainda mais cauteloso.

Ao mesmo tempo, Xiao Kun, que ainda estava caído, quando viu aqueles dois praticantes se enfrentarem em uma disputa quase completamente corporal sentiu uma mistura de inveja e algo próximo de orgulho ferido. Apesar de estar um nível acima do adversário e se igualar ao aliado, ele não conseguia acompanhar os movimentos muito bem. E isso era algo humilhante de se admitir.

Com o ímpeto revigorado, ele se ergueu bufando pelo nariz e rugiu, buscando manter o pouco de dignidade que lhe restava:

― Não se esqueça que isso não é um duelo! ― Seu pulso direito foi envolvido por um emaranhado de galhos finos que se entrelaçaram uns nos outros, formando uma extensa corda decorada por espinhos curvados iguais a anzóis. Da ponta dos ferrões um líquido escuro escorria e cada gota que atingia o chão fazia o gramado adquirir uma coloração sepulcral e ressecar logo em seguida.

O 4º Ancião ergueu o braço, preparando-se para dar suporte a seu cúmplice. Porém, enquanto ainda estava com a mão suspensa, duas auras moldadas na forma de lâminas azuis foram disparadas em sua direção.

A investida repentina o forçou a saltar para o lado e interromper o ataque. Os espinhos venenosos sumiram e a corda composta por galhos entrelaçados murchou, impotente, incapaz de dar sequência a qualquer ato hostil.

― Você não vai atrapalhar, sua bola imprestável! ― Com suas espadas em mãos, prontas para serem usadas, Xiao Chan rodeava os poderosos Espirituosos, mas sempre mantendo uma distância que julgava segura, que lhe permitiria fugir sem problemas.

Já era humilhante o bastante ter seu companheiro demonstrando superioridade mesmo sendo inferior em Energia Espiritual, mas ser parado por um intrometido dois Reinos abaixo era ainda pior.

O rosto de Xiao Kun se contorceu, demonstrando uma fúria odiosa. Estava tão confiante um momento atrás, porém agora ficava claro que suas palavras não tinham peso, muito menos sua presença. Essa era a impressão que martelava seu coração, mas era também a verdade que se recusava a escutar.

Determinado a demonstrar sua força incomparável, o Ancião usou um novo chicote para lançar um ataque contra o filho do inimigo na esperança de provar que a distância entre eles não era o bastante para parar um Espirituoso de seu calibre. Entretanto, antes que fosse atingido ou precisasse da intervenção de seu pai, Chan rolou para longe da habilidade ofensiva e quando se levantou, começou a correr em círculos enquanto atirava lâminas azuis.

De volta ao confronto entre Qiu e o tio Chang.

O embate entre os dois estava se tornando cada vez mais feroz e a cada segundo que passava, vestígios do verdadeiro poder carregado por eles eram revelados. Entretanto, o equilíbrio que existia aos poucos caminhava para o esquecimento.

À medida que o embate se tornava mais intenso, a diferença entre as Energias Espirituais ficava mais evidente e por consequência o abismo entre as habilidades crescia.

O tio Chang tentou de todas as maneiras se distanciar do inimigo, mas Qiu era teimoso e sempre que o Ancião recuava um passo, ele avançava outro. A dupla continuava grudada, trocando golpes tão violentos que aos poucos o cenário começou a sofrer com as ações.

A grama forrando o campo de batalha foi dilacerada e diversas fissuras foram criadas no solo. Uma árvore antiga, que estava lá antes da casa sequer ser construída, foi derrubada por algo imperceptível.

Os ataques feitos pelo machado eram dotados de uma hostilidade aterradora. Sempre que o pesado objeto contundente era usado, um fio invisível e extremamente afiado era liberado. Suas travessuras se mostraram perigosas quando mesmo o confiável aliado do Patriarca passou a sofrer cortes por todo o corpo.

Usando de toda a sua habilidade e da armadura de escamas de peixe protegendo seu braço, o tio Chang se esforçou ao máximo para resistir, mas conforme o tempo passava os danos começaram a acumular. Seus braços, suas pernas e o dorso estavam sangrando devido aos diversos cortes superficiais que foram sendo acumulados.

Até o momento ele havia conseguido evitar um ferimento grave, mas a diferença entre os dois estava crescendo.

Segurando o machado com as duas mãos, Qiu lançou um corte na vertical, traçando uma linha descendente da esquerda para a direita. E assim que seu golpe foi frustrado pelo rival, ele usou sua força sobre-humana para mudar a trajetória no sentido horizontal. Mas então...

“Clank!”

O fio de corte atingiu as duras escamas protegendo os antebraços do vigoroso homem de cabelo azul-escuro e ricocheteou.

Nesse momento, o tio Chang sentiu que essa era a sua chance de contra-atacar, pois o seu antagonista teve o equilíbrio afetado. Assim sendo, demonstrando uma malícia que não condizia com o seu caráter, mirou a perna manca do estranho e chutou.

Porém, apesar da deficiência, Qiu era ágil e usou de sua capacidade de flutuar para conseguir desviar, mas sem se afastar. O próximo assalto veio logo em seguida, com um poderoso corte na vertical que quando atingiu o solo abriu uma fenda de dois metros de profundidade.

Aliviado por ter conseguido se esquivar, o 9º Ancião mirou a arma criada por seu inimigo. Se ele conseguisse quebrá-la, na fração de segundo que levaria para construir outra, uma brecha seria criada e poderia ser usada a seu favor. Ao menos era nisso que acreditava.

― Você deveria aceitar a oferta de rendição. ― Em meio a uma sequência de ataques impiedosos, Qiu resolveu abrir a boca. A expressão em seu rosto era calma e seus movimentos precisos. Nada em sua postura e fisionomia indicava cansaço ou medo de um perigo crescente. Mas ainda assim, ele estava disposto a fazer outra oferta. ― Ninguém na sua família se machucou ainda. Você pode salvá-los.

O machado zuniu e o fio de corte rasgou o ar a poucos milímetros do nariz do resistente homem de cabelo azul-escuro.

Hunf! ― bufou o tio Chang após evitar de ter um pedaço do rosto fatiado. ― Diferente desse seu companheiro patético, eu não sou um traidor.

Apesar de ter sido rejeitado outra vez, o peculiar cultivador vestindo cinza não se abalou. Seu rosto áspero se mantinha tão rígido quanto antes e seus movimentos preservaram a violência.

― Se é assim, tudo bem. Eu posso fazê-lo mudar de ideia depois de capturá-lo... ha! ― Qiu deixou escapar um sorriso severo, duro. Afinal, não tinha o hábito de fazer aquilo. Era uma expressão peculiar e algo em sua execução carregava um sentimento sombrio. ― Parece que sua sorte acabou!

Ao fazer tal declaração, ele girou o tronco e ergueu o machado. Sua postura indicava que aquele seria seu ataque mais feroz.

Em contrapartida, quando percebeu que o inimigo estava prestes a fazer algo, o tio Chang cruzou os braços na frente do corpo, indicando que usaria os membros protegidos para barrar a ofensiva. Mas então, uma mudança aconteceu. As escamas se descolaram dos antebraços do praticante Espirituoso e sem que qualquer ordem fosse dada, elas dispararam em uníssono contra o homem manco e de baixa estatura.

Foi uma alteração nos eventos quase instantânea e que de certa forma surpreendeu Qiu. Naquele instante, sua insistência em manter a batalha a curta distância se transformou em um problema.

Sem muitas opções à sua disposição, ele se viu obrigado a desistir do ataque e assumir uma posição defensiva, com o machado de lado, protegendo as principais áreas vitais.

As escamas atingiram o alvo quase ao mesmo tempo e de alguma forma, nenhuma delas conseguiu ultrapassar o limite criado pela arma que durante aquela fração de segundo se deslocou com uma precisão assustadora. Qiu foi impecável ao se defender.

Mas então...

― Pecado Marinho! ― Percebendo que uma oportunidade tinha surgido, o 9º Ancião atacou, mas desta vez usando todo o seu poder.

De repente o ambiente cercando os dois duelistas foi tomado por um cheiro marcante e intragável, que lembrava o odor nauseabundo da maresia sendo soprada para fora da boca do oceano. Em seguida, o ar ficou mais pesado e uma umidade capaz de molhar o solo e as pessoas perto se manifestou.

A mudança trouxe um impacto imediato ao local do duelo, mas a maior alteração veio logo depois, quando duas criaturas feitas inteiramente de água surgiram em frente ao confiável seguidor do Patriarca. Elas eram belas por causa de seu corpo líquido que ondulava e espumava, porém temíveis devido a sua estrutura de um metro de uma extremidade a outra, e cinco pontas.

Quando viu que o próximo ataque do inimigo já estava pronto, Qiu percebeu que era tarde demais para tentar um contra-ataque. Pensou em desviar ou se defender, como da última vez, mas com toda certeza não esperou por aquilo.

Ansioso pela vitória, o tio Chang disparou as duas Estrelas-do-mar gigante uma após a outra. A primeira atravessou o espaço que existia entre os combatentes com tal ferocidade que o invasor quase não conseguiu posicionar o machado a tempo de se defender. O espanto ficou marcado em seu rosto quando se viu confrontado pelo poder destrutivo.

A colisão entre as duas forças gerou um poderoso estrondo que repercutiu feito uma onda de choque. A criatura marinha avançou com uma ferocidade implacável, igual uma pedra sendo jogada do alto de um penhasco. Ela empurrou o alvo enquanto liberava jatos de água e deixava para trás um longo vestígio de destruição marcado por camadas grossas de sal.

Qiu tentou resistir, mas a impetuosidade da Estrela-do-mar acabou se provando algo que estava além de sua imaginação. Ele resistiu ao ataque direto, mas o chão sob seus pés não teve a mesma determinação e cedeu. Foi quando o praticante da 2º Camada se viu sendo arrastado enquanto lutava para não ser devorado.

A habilidade usada pelo tio Chang empurrou o inimigo por mais de vinte metros, afundando seus pés no chão e obrigando-o a usar as duas pernas para suportar a pressão. Mas o homem baixo e manco ainda era um Espirituoso e no instante em que se sentiu encurralado, soltou um rugido e balançou o machado. Junto a um estrondo torrencial responsável por fazer a área ao redor tremer, água foi borrifada em todas as direções e uma camada de sal foi deixada no ponto da ruptura, feito uma enorme mancha branca pronta para envenenar o terreno.

Enquanto os resquícios do confronto choviam sobre sua cabeça, Qiu se preparou para a segunda Estrela-do-mar, pois sabia que não podia relaxar. Entretanto, o ataque chegou mais rápido do que previu.

Ele tentou usar o machado para contra-atacar, mas o poder destrutivo era ainda maior do que na tentativa anterior e a arma foi arrancada de sua mão. Seu corpo foi engolido pela habilidade e antes que percebesse estava sendo arremessado para longe do confronto.

― Agora! ― O tio Chang sabia que aquilo não bastaria para derrotar seu oponente. Assim sendo, aproveitando a oportunidade que conseguiu criar, ele flutuou e se preparou para finalizar a batalha.

Mas foi nesse momento que tudo deu errado.

 


Niveis do Cultivo: Mundano; Despertar; Virtuoso; Espirituoso; Soberano do Despertar; Monarca Místico; Santo Místico; Sábio Místico; Erudito Místico.

 


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