Ultima Iter Brasileira

Autor(a): Boomer BR


Trauma Longínquo

Capítulo 97: Desafiando as Sombras

 

 

[Jack Hartseer]

 

Uma borboleta negra sendo tingida pelo ar da vida, saindo de seu casulo e abrindo suas assas aos céus.

Melize Hozarik não havia sido derrotada, não havia nada em sua face além de uma expressão cética, confiança e imponência se misturando não só em sua expressão quanto na pose que seu corpo se encontrou coberto de sangue.

O sangue respingando para todas as direções, os olhos de todos se arregalando, um arrepio sinistro subindo a minha espinha.

Com um suspiro tenso eu dei um passo para trás: — A luta... só começou agora, ela não tinha nem sequer se esforçado até esse momento.

— RENARD!

O grito de mais puro desespero que tomou conta da câmara do Boss, Incis foi quem conseguiu reagir assim diante da pressão pesada de morte que caiu sob nossos ombros, mas foi tarde demais.

Impacto! Ventania!

Impactos pesados bateram sob o chão consecutivamente, foi um verdadeiro vulto negro que cortou distância até Renard.

Skill On Manipu Laminae!

Nesse impasse como um último reflexo ativei minha habilidade soltando ambas as minhas adagas que se cruzaram no ar como dois mísseis teleguiados.

Parecia que o mundo ficou em câmera lenta por meros segundos.

Melize lançou seu punho direito contra Renard num piscar de olhos quando minhas adagas partiram a pequena distância entre os dois.

Uma faísca reluziu

As duas lâminas que comandei pararam uma manopla prateada com garras espeças prestes a se enterrar no peito de Renard.

“Ela fez aquelas manoplas com os fios?! E que velocidade sinistra é essa?”, meus pensamentos foram quebrados.

Cinco garras brancas rasgaram contra mim fazendo os ventos uivarem.

Ghn! — Rangi os dentes dando um passo alarmado para trás apenas para ver os olhos azuis da assassina de cabelos negros reluzindo e uma intenção assassina.

A manopla prateada se aproximou do meu abdômen vorazmente.

Nesse ritmo o meu estômago vai se transformar em um buraco.

Não tem como desviar de algo assim, essa velocidade está além do humano eu nunca...

Um brilho esverdeado passou pelos meus olhos e no mesmo instante um clarão me fez fechá-los.

Os meus arredores estremeceram no que algo passou na minha frente se afundando sob o chão como um muro.

A entonação de Zakio veio junto de sua silhueta empunhando a lâmina gigante que se enterrou na minha frente. — Seu monstro de merda!

Cambaleando para trás eu gritei: — SKILL ON MANIPU LAMINAE!

Um som vibrante percorrendo as partículas de ar quando minhas adagas retornaram para mim.

Minhas mãos se fechando ao redor dos punhos da Moon Blade e a Sanguis Blade.

“Merda, peguei as adagas de qualquer jeito, estão com as lâminas ao contrário.”

De forma abrupta e antes que eu pudesse até mesmo corrigir meu erro uma pressão percorreu os ares.

A espada gigante de Zakio foi rebatida para longe quando o mesmo foi jogado para trás.

— Zakio! — Minha voz foi abafada pela presença súbita surgindo diante de mim.

As duas pupilas azuladas como safiras, o cabelo longo e negro somado a pele pálida e o nariz arrebitado, uma assassina impecável.

Nossos olhares se cruzaram nesse assopro de momento enquanto todos ao redor provavelmente foram preenchidos pelo mesmo sentimento que eu nesse instante, o mais puro desespero.

— Deveras astuto da parte de vocês, me prenderam dentro daquela coisa que retirou todos os efeitos da prisão Fylak.

A voz calma de Melize não combinava com sua face frívola e sinistra, se ela fosse da minha altura estaria quase tocando seu nariz sob o meu, mas ao invés disso ela estava olhando para baixo como se eu fosse um verme inútil.

“Mecha-se! Mecha-se! Mecha-se! Vamos se meche seu lixo!”, meus gritos internos não faziam meu corpo parar de tremer.

Congelado, fiquei completamente imóvel.

Foi como se cada fibra do meu corpo se negasse de resistir a essa sensação, a presença dessa mulher era amedrontadoramente trágica e ao mesmo tempo amedrontadoramente desesperadora.

Foi então que uma voz meio frágil longinquamente ecoou.

— Senhor! Pule para trás rápido!

Instantâneo, eu fui puxado desse mar de medo absoluto.

Vush!

Minha capa ondulou com seu tecido sussurrando sob meu torço quando me esquivei para trás no mais puro instinto.

Uma pós imagem rápida foi deixada pelo movimento que iria ceifar minha vida nesse mero instante, um agarrão tão feroz feito pelas garras prateadas na mão de Melize que se assemelhou a uma mandíbula de um tubarão se selando.

— Graças a deus! Você tá bem senhor?

Com uma respiração pesada e o suor descendo pela pele olhei por cima do ombro para a voz detentora dessa pergunta, assim visualizando uma garota de cabelos castanhos enrolados por duas tranças longas, ela parecia prestes a sair correndo enquanto o jaleco branco sob seus ombros balançou.

— E-Então foi a garota que estava presa pelos fios que deu aquele grito? Acho que estaria morto se não fosse por você.

— Não vacile! Ai vem ela!

Varrendo meu olhar para frente fui banhado pela sombra de Melize com seus longos cabelos negros dançando aos ares.

Impacto!

Gaargh! — Fiz um som nojento.

A última coisa que pude ver antes da minha visão ficar borrada foi a bota negra de minha oponente vindo de encontro com meu queixo.

A dor ardente que fez meu crânio pulsar e os dentes ficarem doloridos.

“Mas que porra? Eu tava conseguindo... eu tava conseguindo ver todos os movimentos dela antes, então por que?!”, enquanto meu corpo girou nas alturas por causa desse chute o desespero me consumiu.

Quando pensei que finalmente iria voltar ao solo afundei num mar de escuridão.

Uma cortina negra engoliu tudo ao redor até que minhas costas pousaram suavemente no que parecia ser o chão.

Confusão, foi tão repentino que eu sequer consegui esboçar uma reação certa.

Parece que você tá de novo na beira do precipício, Jack.

Uma entonação destorcida veio até mim ressoando sem parar até penetrar meus tímpanos de forma dolorosa.

Não, eu não queria, eu certamente não queria escutar essa voz de novo.

“Isso de novo não, agora não.”, consegui escutar meus próprios pensamentos pulsando numa dor de cabeça aguda.

Nhgh. Droga, não.

Uma silhueta se materializou diante de mim, cada detalhe não só de sua pele como vestes foi surgindo envolto por falhas visuais e uma fumaça negra, tipo um polígono 3D renderizando.

Subindo meu olhar pela figura familiar ficamos mais uma vez frente a frente, ou talvez nem tão frente a frente já que eu estava deitado sendo vítima do seu olhar de zombaria e suas pupilas reluzentes em dourado.

Alter Ego.

— Poxa, já se esqueceu do meu nome? É Abyssus, lembre-se bem disso, seu merdinha.

— O-O que você quer de mim?

Minha face ficando tensa.

— Vejo que suas emoções andaram dando uma maturada boa, interessante. — Abyssus se agachou, seu sorriso indo de bochecha a bochecha. — É uma pena que um pequeno deslize o tenha jogado pro fundo de novo, seus valores atuais também tiveram de passar por um bocado pra chegarem no ponto que estão agora, é incrível como um pouco de dor resolve tudo.

O rosto dele totalmente idêntico ao meu fez uma ânsia subitamente aflorar em minha garganta.

Apesar do tempo ainda seriamos os dois lados da mesma moeda.

Meus lábios se pressionando um contra o outro antes da minha expressão ficar mais séria: — Eu fiz uma pergunta, me responda.

Hmph! Não existe isso de pergunta aqui. Só por que conseguiu fazer umas poses legais e dar uma e fodão agora está se achando no direito de me exigir algo? Corta essa, tu ainda é o mesmo merda de sempre. — Abyssus levantou sua perna pressionando seu sapato contra meu estômago.

Nhgh. — Não consegui me mover apenas rangi meus dentes como resposta pra no fim Abyssus continuar sorrindo com seus olhos dourados brilhando para mim ofuscantemente.

— Jack, devo admitir que chegou até que bem longe.

“Não escute ele, não escute ele, não escute ele.”, tentei repetir a mesma coisa no fundo de minha própria alma.

A voz destorcida do meu Alter Ego se filtrou em um tom sério e frívolo de forma repentina. — Não tem como fugir de si mesmo, Jack.

“Não escute ele, não escute ele, não escute ele”

— Não há como esconder o que tem dentro de você, Jack.

Não. Escute. Ele.

— Nesse momento, nesse instante o pequeno Hartseer Jack alcançou um novo patamar, porém de uma hora pra outra Booom! Tudo foi por água a baixo de novo ou seria aos ares? Bem, tanto faz, deu ruim pra ti no final de novo, mas sabe... se você morrer pode até ser melhor, pense nisso.

Morrer, morrer... morrer?

Nesse instante a voz de Abyssus me deu a impressão de estar alcançando cada vez mais fundo em minha mente, rasgando meu cérebro em busca de algo cravado lá no fundo, uma memória.

Meus dois olhos reluziram por um instante quando me toquei.

— Morrer, eu queria morrer antes de vir pra cá. Tentei me suicidar dentro daquele galpão.

— Exato, a dor é um grande impulso, mas talvez alguém como você não seja capaz de suportar toda essa dor. Seria melhor morrer logo, pequeno Jack.

Lancei minha mão agarrando o calcanhar de Abyssus.

— Cala a porra da boca! — Apertei seu calcanhar ainda mais firmemente, porém já havia se transformado em uma fumaça negra que me rodeou tipo um redemoinho.

Hahahah! Está me afrontando muito mais do que antes, parece que realmente amadureceu um pouco ou só está ficando mais e mais louco? A síndrome está te consumindo cada vez mais, não importa o quanto você a atrase sua hora vai chegar Jack, é melhor morrer de uma vez, desista dessa sua vida sem sentido algum e me deixe tomar o controle das coisas.

A fumaça negra começou a criar várias distorções ao meu redor e aos poucos formou pequeninos cacos transparentes que se juntando formaram imagens.

Minhas pupilas diminuindo, o choque de informações repentino.

Vi o homem e a mulher que me adotaram na época do orfanato, ambos bem vestidos eram de uma família grande e assim eu e minha irmã mais velha fomos adotados, só que com o tempo algo ocorreu, alguma coisa aconteceu e essa família se revelou ser algo... que nem eu mesmo conseguiria suportar sem vomitar.

— Você deixou sua irmã ser usada como material para estudos e investigações do governo, Jack. Tu sabia que ela tinha algo diferente de todo mundo, mas no fim fugiu com medo do que poderiam fazer com você também. É por isso que você tentou se matar, perdeu a sua irmã, a única pessoa que realmente nunca te negligenciou.

Sim, eu fui negligenciado desde o início, por tudo e todos. O que eu tinha de errado afinal?

Você é uma falha Jack, a sua irmã era a detentora de toda a atenção, a escolhida.

“Escolhida. Parece até algum clichê de filme ou anime.”, meus olhos se fecharam em conjunto aos meus punhos.

Morrer, se eu era uma falha morrer não faria diferença alguma, não alteraria em nada na vida de ninguém desde o início, mas...

Abrindo meus olhos de novo, minhas pupilas negras emanaram uma coragem repentina. — Preciso de mais, não importa.

— Acha mesmo que consegue aguentar mais dor?

— Preciso usar a dor como impulso, eu não ligo para a dor mais.

Aaah, olha só, então está me desafiando, que mesquinho.

“Não importa se eu vou me machucar, eu sempre fui a falha, um zero à esquerda. Então ninguém vai se importar se eu sentir dor. No fim o único que precisa ser machucado sou eu, contanto que isso sirva pra alguma coisa não importa.”, foi o que disse a mim mesmo mentalmente antes de me erguer diante das sombras.

— Se é assim eu aceito o seu desafio, vai ser divertido te ver sofrer ainda mais até ficar louco e me deixar tomar o controle do corpo. Sabe, você só tava tão confiante assim porque estava conseguindo ver os movimentos daquela assassina, agora que o medo lhe dominou pode não dar certo, o título que você ganhou por matar aqueles Goblins é ótimo pra essa situação, entretanto ele não vai funcionar direito se continuar sendo esse garoto chorão.

— O... título? — Franzi as sobrancelhas em dúvida quando uma janela flutuante surgiu diante de mim.

[Título atual: Caçador de Goblins]

[+20% De velocidade de movimento e reflexos!]

“Então foi por isso!”.

Fiquei tão entorpecido pela adrenalina e vontade de proteger os outros que não percebi os efeitos do meu próprio título novo.

Matar aqueles Goblins durante a provação realmente valeu a pena.

— Espera, eu subi de Ranking também e ganhei acho que duas novas habilidades. — A luz da lista de Skills se refletindo nos meus olhos que se arregalaram em surpresa.

Foi então que percebi, não era um momento para cair no completo desespero, ainda havia uma chance!

 

[Renard Shadoky]

 

Todos foram em um piscar de olhos derrubados. Como pude ser tão fraco assim?!

O corpo de Jack caiu no chão desacordado enquanto sua capa balançou cobrindo seu rosto provavelmente desfigurado pelo golpe anterior.

— Não, não, não! — Tentei corrigir minha postura enquanto o que havia sobrado do meu braço direito pingava sangue.

Isso só podia ser algum tipo de mal entendido, a deusa Afradia nunca permitiria que nós acabássemos assim.

Uma voz friamente cruel veio da maldita assassina que desacordou Jack. — Quem será o próximo?

Com os joelhos tremendo eu segurei meu próprio ombro como se isso fosse reduzir a dor excruciante do meu braço obstruído e assim dei um passo adiante.

— S-Sou o único que ainda pode lutar. Deixe as garotas em paz, sua desgraçada.

Mhmph! — Melize virou seu olhar ameaçadoramente para mim, a única coisa que vi foram dois círculos reluzindo em azul sob sua face coberta por sombras. — Cadáveres não deveriam falar, nem mesmo ficarem de pé. — Ela levantou sua mão e apontou suavemente para mim com a garra prateada de sua manopla.

CORTA!

Ughn!

De repente eu não consegui mais ficar em pé, meu corpo deslizou para trás sem nem mesmo cambalear.

Incis urrou: — R-Renard! Nããão!

Com minhas costas no chão e minha visão se esvaindo eu compreendi melhor o que aconteceu.

“Essa ardência nos calcanhares... ela partiu minhas pernas com os fios?”

De forma repentina tudo escureceu, não havia mais som, forma ou cor... apenas o vazio absoluto. Eu não pude fazer mais nada, não consegui lutar, nem construir um futuro brilhante que sempre quis para minha irmãzinha. Fui apenas mais um.

A deusa Afradia agora poderia finalmente tomar conta por completo do meu ser.

 

[Incis Katulis]

 

Melize selou seu punho em direção de Renard, assim um pequeno fio prateado brilhou caindo sob o centro de sua testa.

O sangue respingando, seu crânio foi perfurado.

Não consegui, não consegui de jeito nenhum acreditar no que meus olhos viram.

Jack foi derrubado com apenas um golpe enquanto Renard teve seu braço destruído e suas pernas decapitadas pra no fim acabar assim, com um simples selar de mão que fez sua cabeça ser perfurada.

Meu coração palpitando, um aperto no peito e a angústia fazendo-me estremecer.

“Zakio! Onde está o Zakio?”, minhas pupilas douradas indo de um lado pro outro desesperadamente quando...

— Eu me cansei de brincadeiras. — Melize surgiu diante de mim com uma expressão emanando a mais pura morte.

Engoli minha saliva.

 Meus punhos se fecharam enquanto meu corpo fez um movimento inconsciente. — Tch! Sua piranha desgraçada!

Akira gritou. — Capitã Incis, não!

Um soco fraco que bateu no centro da face da assassina.

Com meu braço dolorido o meu punho já ficou frágil por causa do cansaço... droga! Mas que droga!

Melize mal se moveu diante do meu soco.

Foi como socar uma pedra.

Um silêncio pairou sob o momento, nenhum de nós fez um movimento sequer quando minha respiração ficou ríspida.

Essa sensação de estar frente a frente com a própria morte me esmagando por completo, indefesa, isso só encheu meu coração com uma fúria ainda maior.

Preocupação e ódio se misturando, um caos de emoções se formando dentro de mim.

“Merda, não conseguimos fazer nada, apenas assistimos.”

— Ei, afaste-se dela.

E então de forma repentina uma voz familiar caiu sob nós fazendo todos se virarem em direção a entonação.

Meus olhos se arregalaram levemente. — La-Layaka?

A pesquisadora que se tornou um Codesh por meio do fragmento de Magatama passado pelo senhor Nidrik.

Apesar de tudo eu não sabia de fato como seu poder funcionara, mas uma coisa era certa Layaka nunca conseguiria bater de frente com Melize.

Passo.

— Pelo jeito o respeito para com minha pessoa está obsoleto.

Essa declaração num tom relaxado saiu de Melize em conjunto ao seu movimento extremamente brusco que se assemelhou com um teletransporte quando ela ressurgiu na frente de Layaka lançando suas garras sob ela.

Layaka se esquivou para o lado de forma quase que instantânea se transformando num mero vulto branco, suas duas tranças castanhas balançaram som seus ombros.

“Droga, preciso fazer algo ou essa assassina do império vai matar todos!”, puxei minha mão para frente.

Skill On! Ignis Sclopis.

[Você utilizou uma habilidade (ativa)]

[Ignis Sclopis]

[Perderá 40 de HP por segundo.]

Nossa última chance.

Duas pistolas surgiram flutuando atrás de mim antes de dispararem consecutivamente em direção das costas de Melize.

Bang! Bang! Bang!

Os três disparos em conjunto ao calor e luz emergindo de dentro das pistolas carmesins sob meu controle fizeram um som destrutivo.

— Capitã Incis!

— Fique quieta Akira! Eu consigo... — A tontura repentina consumiu minha voz no mesmo instante.

Uma humidade estranha tomando conta de minha laringe pra no fim algo escorrer do meu nariz, sangue. Assim antes que eu pudesse sequer ver do que meu ataque foi capaz caí para trás com a visão turva.

A voz abafada de Akira gritando por mim foi a única coisa que sobrou.

[Estado crítico!]

[Todas as suas Skills foram desativadas devido a motivos de segurança.]

[Hp atual: 55]

 

 

Uma grande massa de atenção foi reunida em direção do cubo gigante que a mansão Blazeworth se tornou nessa noite e em poucas horas vários veículos negros já estavam estacionados nos portões do local.

— Então o nosso suspeito está aqui?

— O chamado de emergência do capitão Cryfder realmente estava certo, mas e quanto a esse cubo afinal?

Vários homens revestidos por armaduras e trajes pretos com algumas listras brancas estavam debatendo em frente o perímetro, a rua banhada pela luz dourada das luas não combinou nada com o alvoroço no lugar.

Uma figura detentora de uma presença imponente abriu a porta de um dos veículos ao sair dele, o seu cabelo longo e escuro acompanhado de um tapa olho negro o fez se parecer muito a um mestre de artes marciais, porém com uma face ainda bem jovem.

— As coisas estão cada vez mais estranhas pessoal, sei disso, mas essa situação não lhes deixa com um pé atrás? O chamado de emergência de um dos capitães pra um lugar com uma reencarnação de Dungeon com certeza tem envolvimento com o Lost.

Alguns dos homens que estavam debatendo olharam para a figura de cabelo longo e acenaram em concordância.

Um deles indagou com uma face nervosa: — Capitão Eykrill, detectamos uma forte onda de energia Aether vindo desse cubo, não sei dizer se isso é algo comum em relação as reencarnações de Dungeon.

Os ventos da noite calmos enquanto o cabelo longo de Eykrill balançou suavemente sob suas vestes longas e soltas de cor escura.

— Sim, isso é anormal para o padrão das reencarnações de Dungeon, porém é isso que faz a minha dedução ser ainda mais forte, a presença do Lost. — Eykrill se virou para os soldados ao curvar seus lábios em um sorriso confiante. — Como todos sabem a presença dos Lost em Mythland foi muito repentina e junto deles os pontos de Ignição surgiram também, essa anomalia nas ondas Aether que captamos também estava presente em alguns locais onde pontos de ignição estavam próximos.

Os soldados fizeram faces pasmas.

— Impossível.

— Então... só pode ser isso!

Os olhos de Eykrill travessos só que ao mesmo tempo afiados no que o silêncio da madrugada foi preenchido pela balburdia.

“Obrigado Myze, com uma única pista fomos capazes de chegar até aqui. Vou descobrir quem matou as 300 pessoas em Leycrid e mais importante, quem matou Ophaya.”, foi o que ele sussurrou internamente ao apoiar seu chapéu negro na cabeça pela aba curvada.

Nas proximidades luzes começaram a se ascender nas janelas das casas e arranha-céus.

A calmaria e silêncio da noite foi tomado aos poucos pelo cubo gigante que originalmente era a mansão da família Blazeworth.

Os ventos frívolos da madrugada sendo assolados por toda a atenção do continente de Gilly em poucas horas.

No final da mesma rua onde os soldados estavam um homem com um manto negro ocultando sua presença estava acompanhado de outra figura oculta por um capuz.

Ele sussurrou esgueirando-se em uma arvore na calçada.

— Parece que as coisas realmente ficaram interessantes aqui, Kyra. — Ele virou seu olhar para a figura que lhe acompanhara. — A deixarei aqui para observar o movimento por um tempo, estarei voltando para a pousada pra preparar nossos equipamentos sinto que algo interessante está por vir.

— Planeja espionar um movimento grande como esses? O que tem em mente?

— Não é nada que seja da sua conta, apenas me obedeça, escrava maldita. — Ele puxou a escrava pelo braço fazendo o manto que ocultando sua face revelar um pouco do chifre na testa dela.

Com o corpo dolorido e as cicatrizes cobertas pelo pano velho em conjunto ao capuz essa tal Kyra não teve escolha alguma se não obedecer a seu mestre por mais que ela tivesse muito nojo de seguir as ordens desse homem não havia escolha uma vez que o selo e comando estava marcado em sua mão direita.

 

[Melize Hozarik]

 

As habilidades de combate dela são praticamente nulas, porém sua velocidade é simplesmente extraordinária.

Vush! Ventania! Passos! Ventania! Vupt!

Pulando de um pilar para o outro, esquivando-se com leves pulos e correndo para longe.

Todos esses movimentos foram repetidos não só por mim como também pela pesquisadora de jaleco branco que estava a alguns minutos atrás presa pela prisão de Fylak.

Semelhante a um gato atrás de um rato meus passos ferozes fizeram-me aproximar cada vez mais de dela pra de forma abrupta ela se esquivar de qualquer golpe que eu executar, realmente um grande infortúnio ainda mais nessa altura do campeonato.

“De qualquer modo tudo o que preciso fazer é ataca-la por um ponto cego, sua habilidade em se esquivar é impressionante, entretanto não perdurara.”, parando bruscamente meus passos eu derrapei sob o chão ríspido e foquei meu olhar no borrão branco que a pesquisadora se tornou cruzando os pilares obstruídos pelo centro da câmara.

Levantei meus braços balançando-os sob o ar suavemente para entoar minha habilidade. — Skill On Sosa.

Uma explosão de Vitalis ao meu redor emanou em um azul marinho no que diversos fios prateados se materializaram atrás de mim sendo lançados na direção de meu alvo como uma chuva de flechas.

Os fios tão afiados quanto qualquer lâmina começara a persegui-la perfurando o vazio antes de passarem pelo material resistente dos pilares de sustentação da câmara mal iluminada.

Corta! Corta! Corta! Corta! Quebra!

Fumaça veio as alturas, resultado da obstrução do perímetro enquanto a pesquisadora adentrou a nuvem de poeira tentando escapar dos milhares de fios prateados ondulando e se curvando pelo ar atrás dela.

Com o simples estalar de um dos fios pude sentir que ela havia sido encurralada. — Te peguei.

O tremor que se expandiu não só pelo chão como pelas paredes cinzentas e teto escuro foi o resultado desse movimento ambicioso vindo de mim, o teto começou a desabar em conjunto ao último pilar que foi destruído.

“Não há mais tempo.”, cruzei meus braços fechando meus punhos como um comando para eliminar meu alvo.

A luz dourada que começou a passar pelas rachaduras sendo feitas lá em cima fez uma sensação gloriosa de vitória aflorar em meu coração.

Com certeza essa foi a missão mais complicada, porém mais gratificante de se cumprir até o momento, eu nunca mais havia sentido algo assim.

E então repentinamente os meus fios estalaram.

Meus nervos detectaram algo incomum, isso não deveria acontecer quando eu elimino alguém sem contar que a mensagem do contador de mortes feitas por mim iria surgir no mesmo instante.

— Que lástima! O que diabos está havendo logo agora?! — Meus olhos sedentos por sangue tentaram procurar em meio a nuvem de sujeira a resposta para tal impasse.

Foi então que...

— Acho que o desespero chega pra todos no fim, até mesmo pra você senhorita Hordrik, ou melhor dizendo Melize Hozarik.

A voz familiar somada a passos calmos.

Uma silhueta de um garoto empunhando duas adagas enquanto seu sobretudo dançou quando a poeira se dissipou dos arredores.

“Hartseer Jack!”, meus olhos se arregalaram.

Ele já deveria estar morto, como?! Como esse garotinho inútil estava de pé diante de mim?

Em apenas meio o rastro de dois olhos sedentos por uma intenção assassina eminente foi deixado no vazio em veio em minha direção.

Antes que eu pudesse reagir um pedaço gigante do que ainda havia sobrado do teto caiu no local e uma abertura gigantesca nas alturas foi feita, assim fazendo a luz das 3 luas douradas tingir esse momento tão incerto.

Ambos fomos forçados a se afastar um do outro ou seriamos esmagados juntos.

— Então acho que chegou a hora. — Acalmei meus nervos e recolhi minha postura agressiva de antes ao dar alguns passos em direção de Hartseer Jack. — Mostre-me do que realmente é capaz.

Como resposta o garoto de cabelo escuro se manteu em silêncio e caminhou em minha direção.

— Jack, se afaste dela você quase morreu!

A voz irritante de uma das companheiras dele ecoou.

Passos. Passos. Passos.

Paramos um diante do outro, frente a frente, olhares se cruzando e posturas calmas.

A brisa fria da noite em conjunto a luz das luas banhou-nos fazendo esse pequeno momento se parecer com algo de exímia importância, porém era apenas um garotinho idiota afrontando uma assassina com anos de experiência.

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