Ultima Iter Brasileira

Autor(a): Boomer BR


Alma Imaculada

Capítulo 68: Negligência Fatal

 

[Melize Hozarik]

 

No mesmo instante em que a voz abrupta caiu sob o espaçoso salão de pilares eu me virei em sua direção.

Impacto!

Não consegui capturar o movimento que foi feito logo de cara, assim um impacto súbito caiu sob meus dois antebraços que se cruzaram defendendo meu rosto por reflexo.

Além disso a fibra fina do meu traje preto teve leves lacerações em conjunto a minha pele, ele tentou infringir sangramento com uma arma cortante.

"Velocidade, efeitos negativos e acima de tudo força.”, tirei minha primeira conclusão com apenas esse golpe.

Meu corpo deslizou para trás no que eu e o terceiro intruso nessa sala trocamos olhares.

Hm, uma assassina de uma organização chamada Noct fundada em Zykron, nada mal.

Ele sorriu pra mim, seus olhos de cor prateada quase que reluzindo em meio a má iluminação entre os pilares destruídos.

— Presumo que seja o lanceiro daquela vez.

— Na mosca. — Ele deu um passo adiante enquanto estralou seus dedos, suas mãos envoltas de luvas escuras com espinhos. — Parece que tem uma refém com você também.

Uma refém?

— S-Senhor, você é da Guilda também?! A senhorita Incis está em apuros, eu não sei onde ela foi parar, mas... meu nome é Layaka.

O tom de voz irritante da pesquisadora de pés no pilar não muito distante de mim.

— Temo que esteja terrivelmente enganando, Renard Shadoky.

— Olha só! Então sabe até meu nome, Zykron realmente tá de olho na guilda.

— Também fico pasma com as informações que você conseguiu sobre mim, sua morte é a única solução.

Dei um passo, dois passos e por fim impulsionei o último com uma explosão de Vitalis abaixo do meu sapato.

Por um breve segundo todo o sangue nas veias do meu corpo se reuniu no meu pé direito fazendo essa força eclodir em energia.

Meu corpo voou na direção de Renard no que eu ergui meu punho envolto de fios metálicos.

Trink! Zink!

Faíscas estouraram.

O movimento dos punhos dele rasgando contra a broca de fios em minha mão fez sua postura ficar desleixada logo de cara.

Ah! Merda, que diabos!

A voz preocupada de Layaka ecoou entre o tilintar dos golpes no que em um piscar de olhos...

— Me devolve eles! — O grito feroz de Renard irrompeu junto da força de sua luva de espinhos.

Toda a massa do meu corpo foi empurrada para trás enquanto parte do meu abdômen foi esmagado pela pancada veloz desse soco espinhento.

“Essa pesquisadora... ela me tirou a atenção.”, sangue respingou da minha boca enquanto pensei profundamente.

Os ventos balançaram meu longo cabelo quando fui jogada para longe pra no fim bater na parede levantando poeira e um som quebradiço de concreto se rachando.

A visão se embaçando, o corpo vibrando com a força do baque e minha mente se esvaindo por um mero segundo.

Mesmo que eu tenha dito que Layaka tirou meu foco, isso tudo era culpa minha, me desfocando no meio de um combate, nem parecia ser eu.

— Você me disse sobre devolver alguma coisa. — Me ergui do chão empoeirado antes de cuspir sangue no chão.

Passos. Passos. Passos.

O som abafado do meu oponente se aproximando.

— Eu disse pra devolver os meus companheiros antes que eu esmague essa sua cara sínica de uma vez. Aliás, — Renard parou de se aproximar. — O título de Boss foi transferido pra você? Puta merda, que a deusa Afradia te tire dessa, porque eu não vou ter um pingo de misericórdia.

Os olhos prateados quase que ocultos pela franja espetada de cor preta, Renard estava sorrindo em escárnio diante de mim.

Assim como eu previa, ele pode estar em posse de uma arma poderosa em suas mãos, a linha tênue entre velocidade e força também é boa, mas mesmo assim ainda é um membro da guilda R.O.U.N.D.S, a mesma que tem o fútil lema de altruísmo acima de tudo mesmo cometendo vários atos de terrorismo contra o império de Zykron.

“Tanta tolice chega a me dar desgosto, até por que fui obrigada a investigar tudo sobre os membros e a guilda antes de me infiltrar nessa mansão.”

De repente, passos histéricos vieram à minha direita.

E pensar que Layaka podia se movimentar com tanta agilidade, essa garota era comum a alguns dias atrás. Certeza absoluta que adquiriu uma Magatama já que seus movimentos não deixavam rastro algum de energia Vitalis ou Aether pelo ar.

O jaleco branco da pesquisadora ondulou assim como suas duas mechas castanhas quando ela parou ao lado de Renard.

— M-Moço! Senhorita Hordrik, precisamos sair daqui! E-eu não sei o que está havendo, mas a senhorita Incis e senhorita Akira, t-todo mundo sumiu!

— Você é uma pesquisadora da mansão, certo? O meu nome é Renard Shadoky, é um prazer.

Eu ergui minha face na direção de Layaka que estava tremendo ao lado do homem com ombreiras de metal e olhos prateados, minhas pupilas azuladas se fixaram no material de suas luvas, espinhos negros rodeavam todo o formato tanto de sua mão quanto de seu pulso, semelhante a algum tipo de escama draconiana.

De acordo com todos os dados que coletei da guilda, Renard estava no Ranking C assim como eu.

Porém ele ainda estava em estágio inicial de refinamento no Ranking C ao contrário de mim que era uma Ranking C+, significando que só me faltava em média 50 mil Ranking Point’s pro Ranking B.

— Não negligencie suas próprias obrigações.

Levantei minha voz lançando-me na direção dos dois que logo se alarmaram.

Reservando o resto do meu HP me impulsionei com uma arrancada simples sem utilizar da energia Vital proveniente do Vitalis.

— Layaka, pra trás rápido!

— Mas senhor Renard!

Impacto! Ventania!

Nossos punhos se colidiram um com o outro.

O impacto que levantou ventos quebradiços e poeira fez não só meus cabelos dançarem como a capa negra de Renard e sua franja também.

— Sua vadia! — Praguejou ele percebendo que meu punho estava intacto.

Um escudo de fios metálicos flutuando na frente do meu punho firmemente fechado. O impacto não foi literalmente dos nossos punhos, mas sim apenas do seu soco contra meu escudo de fios impenetrável.

— Eu nunca deixaria suas manoplas espinhentas afligirem minha pele, o uso de Status negativos como o sangramento só mostra que você não tem total confiança em suas habilidades.

Deixando minha voz permear pelo ar dei uma investida rápida para frente.

Em resposta meu oponente tentou recuar ao puxar seu punho junto.

“Então esse é o seu Maai.”, afiei meu olhar no que inclinei meu tronco para frente.

Zuuush!

Movi meu braço esquerdo tão rápido que minha mão mesmo aberta não era nada mais que um borrão negro.

Nesse instante que eu havia alcançado a sua área de combate, o Maai, nada poderia ser feito a não ser recuar ou tentar se defender, isso se o meu golpe não fizesse parte de uma das artes marciais mais poderosas e ágeis desse mundo.

Lunge-Hei Forza. — Meus lábios se moveram em conjunto ao movimento brusco que colidiu com o peito de Renard.

Uhk!

Minha palma quase que se enterrou sob os tecidos e metais que ele trajava quando todo o seu corpo foi lançado para trás pelo impacto vibrante.

Sim, o Lunge-Hei era o meu triunfo uma vez que meu HP estava baixo e por ventura eu não poderia usar tanto meu Vitalis.

— Isso só pode ser um pesadelo.

Sem mais nem menos eu cortei o vazio em direção a voz amedrontada da pesquisadora de cabelos castanhos.

Uma cascata com fios escuros de cabelo se estendeu atrás de mim como uma bandeira.

Minhas pernas flexionando durante a corrida feroz que fui capaz de traçar entre os pilares, minha mão direita se erguendo como uma águia aos ventos pra no fim apenas a ponta dos meus dedos perfurar em direção a garganta de Layaka.

Lhe pouparei desse incômodo, pesquisadora.

Minhas últimas palavras calmas e gélidas diante da vítima.

Vupt!

Aconteceu tão rápido que eu mal compreendi.

Minha mão rígida e pontuda semelhante a uma lança passou pelo completo vazio.

Outra vez todo o corpo de Layaka se distorceu em um mero borrão de tecido branco ondulante, seu jaleco maldito sussurrou quando pisquei meus olhos avistando-a se esquivar de forma suave.

“Isso foi... como?!”, franzi as sobrancelhas, porém fui surpreendida por outro impasse.

Um soco curvando como um dragão em minha direção, logo em seguida uma agarrada feroz que tentou almejar meu pulso.

— Seu único inimigo aqui sou eu.

Renard caiu sob mim com uma chuva fervorosa de punhos afiados.

Meio passo para trás e por fim ergui uma fina parede de fios metálicos na minha frente.

Os fios balançaram como as águas do mar antes do meu simples comando de mão fazê-los se espalharem para todas as direções, assim abrindo caminho para Renard lançar mais poderosos socos contra mim.

Um pequeno corte se abriu em minha bochecha quando inclinei a cabeça levemente para o lado desviando por um mero segundo da manopla espinhenta.

Os ventos zumbindo no meu ouvido esquerdo.

Em meio a dança de esquivas e contra-ataques eu me vi em puro infortúnio.

“Falhei de novo, com essa vez já foram 3.”, comprimi os lábios em meio ao mar de pensamentos.

Layaka, uma pesquisadora comum que do dia pra noite claramente ganhou uma Magatama e a partir disso foi mandada aqui pelo portal, ela já poderia estar morta, mas eu falhei. Falhei em 3 movimentos por culpa dela.

Foi então que senti minhas veias esquentarem.

Skill On: Nimata Thanatou!

Minha voz se distorcendo no que entoei a ativação da minha habilidade novamente.

[Uma Skill foi usada!]

[Perdeu 1,500 de HP!]

[HP Atual: 2500/5500]

Os golpes de Renard rasgaram o vazio em minha direção apenas pra serem desviados de seus trajetos pelas minhas mãos um após o outro.

O vapor azul eclodiu ao meu redor mais uma vez.

Uma chuva de linhas prateadas se ergueu ao meu redor balançando como milhares de tentáculos em direção do meu oponente.

Gh! Mas que merda!

— Esses é o poder que usou cada um dos que eliminei na mansão como meras marionetes, marionetes essas que foram arrancadas de mim por causa de vocês! — Lancei minha voz de forma imponente em meio ao movimento ágil que fiz com ambas as mãos, comandando o enxame de fios.

— Parem! Por favor parem!

 O grito de Layaka bramiu até mesmo pelos ladrilhos de pedra nas paredes da sala colossal, nisso os poucos cristais de iluminação se ascenderam.

Os finos e lindos fios de metal se materializando ao consumir meus pontos de vida, ossos do ofício.

Como um exército de mil homens os fios seguiram os gestos suaves que fiz com minhas mãos girando-as uma ao redor da outra e por fim selando-as em conjunto.

Corta! Corta! Corta! Corta!

As linhas se lançaram sob meu oponente de olhos prateados que apenas bateu os pés firmemente no chão e fechou as mãos com um olhar de prontidão.

Skill On! Junctio! — Rugiu ele brandindo suas mãos pelo ar na direção dos meus fios.



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