Ultima Iter Brasileira

Autor(a): Boomer BR


Alma Imaculada

Capítulo 58: Codesh;Zihao

 

 

[Incis Katulis] 

 

— Vamos, levante sua voz, capitã! — Exigiu o capitão Cryfder.  

Eu só consegui apertar meus punhos afundando as unhas firmemente sob as palmas sujas, tentando de alguma forma esconder essa angústia, essa frustração por ser alguém tão patético mesmo sendo a filha do homem mais poderoso já conhecido.  

“Não adianta, meu pai pode até mesmo estar morto agora, portanto eu não sou nada, não significo mais nada.”, um pensamento como esse escorreu entre as lacunas da minha mente como sangue. 

Meu lábio inferior se comprimiu com meus dentes se enterrando sob eles. 

— C-Capitã Incis...  

Meu coração acelerou no que a súbita e fraca voz chamou meu nome. 

Akira foi quem disse isso, como eu pude me esquecer dela afinal? Ela esteve dando o seu máximo até agora e depois de tudo conseguiu se reerguer. 

A pele pálida do espadachim estava com vários arranhões e seu cabelo curto de cor negra continha poeira acumulada, porém mesmo assim... mesmo nesse estado... 

— Eu não posso tolerar que fale assim com a capitã Incis. — Ela se ergueu, ergueu-se tremendo de dor, mas mesmo assim levantou juntamente de sua voz. 

Atrás de Akira que se apoiou com as mãos na sua Katana estavam os outros 6 membros da 4° divisão, alguns se demonstraram pasmos pela cena enquanto outros apenas permaneceram calados. 

Os ventos gélidos da noite não eram a única coisa capaz de me consolar dessa vez, Akira me lembrou que ainda há motivos pra lutar e proteger, assim como ela fez e esteve fazendo até esse momento. 

— I-Isso mesmo, — Eu respirei erroneamente antes de continuar. — não tem como comprovar suas suspeitas ainda, n-não com tanta certeza, capitão Cryfder.  

Cryfder sorriu de forma fria afiando seu olhar em minha direção. 

Ha! Como assim?! Eu não creio que ainda consiga dizer isso mesmo depois de tudo o que discutimos aqui, nada do que acabou de dizer comprova alguma coisa também.  

Foi então que, após suas palavras o capitão loiro com uma tatuagem em seu pescoço ergueu sua mão em nossa direção, suas unhas pútridas reluziram ainda mais forte e logo flocos de energia Vitalis da cor púrpura se reuniram ao redor da mão dele. 

A saliva descendo minha garganta. 

O coração eufórico, a mente bagunçada, o balançar das folhas das arvores e arbustos ao nosso redor, a verdadeira maré agressiva de tensão.  

No fim não havia mais o que fazer e qualquer coisa poderia sair de tal situação. 

— Pode dizer o que quiser, mas eu conheço Jack! Eu o tirei daquelas ruínas de merda, daquela cidadezinha traidora chamada Thera! E mesmo assim não importa, nada do que dissermos importa, isso por que nesse instante todos estão dentro dessa coisa quadrada e gigante que está vendo, podem estar todos mortos nesse exato momento, mas mesmo assim o senhor continua agindo de forma teimosa perante tudo isso. — Lancei uma torrente de argumentos irritados. 

Cryfder sua mão levantada em nossa direção respondeu: — Mesmo depois de tudo ainda não me respondeu nada, que perda de tempo, parece que vou ter que forçar você a dizer tudo. Skill On: Negativo. 

— C-Cryfder eu ordeno que pare! 

A voz do capitão se distorceu no que ele entoou uma de suas habilidades. 

Zuuush! 

Vibrações eclodiram da sua mão no que o ar se distorceu juntamente das partículas reluzentes de Vitalis. 

Vi o ar ser perfurado em direção não de mim, mas da garota indefesa ao meu lado. 

— Layaka!  

Sem pensar duas vezes eu tentei pular na direção do projétil que reluziu antes de passar de raspão pelo meu cabelo.  

Bam! 

Aaaah! — O corpo de Layaka se curvou para trás como se ela tivesse levado um soco em seu estômago. 

O brilho purpuro se quebrou como vidro flutuando ao redor da pesquisadora quando seu jaleco branco começou a rasgar.  

A-AAAAAAAGH!  

Um grito abominável de dor saiu de sua garganta.  

— Seu filho da puta! 

Praguejando Cryfder lancei um olhar agressivo em sua direção e assim perdi o total controle usando meus últimos resquícios de energia Vitalis pra conjurar uma das minhas armas. 

— Não há como escapar, o Negativo deixa todos os seus Status negativos pouco a pouco, tecnicamente eu apodreço suas condições. Se continuar ela ficará em péssimo estado. 

Batendo os olhos em Akira ao meu lado eu só pude vê-la caída sob o chão novamente, mas ela estava assim não por causa do ataque de Cryfder, mas por causa do que aconteceu logo em seguida. 

Ventania! Quebra! 

Um estouro quebradiço ressoou de Layaka quando abaixo de seus sapatos uma chama irradiou e envolveu a pesquisadora como uma serpente. 

Os olhos de todos se arregalaram no que o jardim foi iluminado pelas chamas de cor dourada. 

“Espera, isso só pode ser uma coisa.”, uma última e abrupta memória me fez deduzir o que isso seria.  

— Mas que merda é essa?! — Cryfder deu um passo pra trás, seu terno ondulando com a força dos ventos e das chamas oscilando. 

As outras 6 pessoas engravatadas que estiveram até o momento estáticas se manifestaram. 

Uma foice envolta por eletricidade, cartas flamejantes, luvas metálicas e até vinhas espinhentas foram as armas invocadas por cada um dos 6 membros da 4° divisão. 

Todos se prontificaram para algo desconhecido. 

Booom! 

As chamas eclodiram para todas as direções e assim se esvaíram por completo pra no fim vermos uma pequena pedra se rachar em pedaços diante de Layaka. 

— Aquela runa, eu tava certa!  

Na mosca, o fragmento de Magatama que o senhor Nidrik entregou a ela. 

— Runa?! Todos vocês, matem a garota de jaleco branco a todo custo! 

 O capitão Cryfder lançou sua ordem no que os seus 6 soldados já prontos pularam sob nós. 

A única coisa visível foram os rastros brilhantes de seus poderes rasgando os ares em nossa direção, antes disso eu joguei toda minha atenção sob Layaka novamente. 

“Não, nós não vamos acabar aqui, não assim... até por que agora estou presenciando o nascimento de uma nova vida, uma nova esperança.” 

Os pedaços da runa giraram ao redor de Layaka antes de se juntarem formando uma afiada e pontiaguda agulha de pedra. 

Por bem ou por mal essa pesquisadora insegura se tornou a portadora de um fragmento de Magatama, algo que em Mythland passamos a chamar de Codesh. 

— Layaka, aceite isso como um plano reserva de Nidrik, vamos acabar com isso! 

Esse meu grito de pura tensão e ansiedade junto de um disparo certeiro foi a minha última sina. 

Ainda havia motivos pra lutar e proteger. 

 

[Zakio Sperr] 

 

Meu corpo estava gelado, depois de muito tempo preso na completa escuridão e silêncio os meus olhos reagiram e então se abriram. 

Deitado sob um amontoado de águas azuladas eu só queria tentar entender como eu fui vacilar desse jeito. 

— Droga. — Rangi os dentes observando os arredores. 

A tal provação me mandou aparentemente pra dentro de um tipo de arvore gigante, tendo em mente que as paredes e o chão eram todos de uma madeira rústica e deformada bem típica dos troncos das arvores que existem em alguns continentes. 

“Que merda, preciso sair logo daqui.”, ponderei uma última vez antes de dar um passo afrente, assim retirando minhas botas da poça de água onde estive adormecido. 

[Objetivo atualizado com sucesso!] 

[Sacrilégio: Estágio 1] 

[Lute pela sua vida e tente não enlouquecer com os espectros de Eget.] 

Meus olhos arregalaram. 

— E-Espectros de Eget?!  

Meu coração acelerou.  

Eu sabia bem que tipo de espectros eram esses, alguns usuários de Vitalis e soldados do império Zykron faziam relatos sobre visões demoníacas de suas próprias lembranças traumáticas ao enfrentar os Eget. 

Sem nem pensar duas vezes eu invoquei a minha companheira de batalha às minhas mãos, Vi’Zihao a grande espada da força e do orgulho. 

A lâmina prateada e gigante surgiu envolta por um brilho irradiante que iluminou os arredores vazios da arvore gigante com um estalo. 

“Seja lá o que esses espectros irão me mostrar, eu não vou cair nessa conversinha afiada nem a pau!” 

Um pé pra frente, outro pra trás, mãos firmes e ombros erguidos, minha postura era cautelosa e defensiva quando sussurros ecoaram entre as raízes escuras nas paredes.  

Ventania! 

Logo de cara uma ardência abrupta invadiu meu corpo e em um piscar de olhos se instalou por cima do meu nariz ou melhor dizendo, em cima da minha cicatriz.  

Ugh! Mas que merda, Aaagh! — Cambaleei pra trás com as correntes de calor rasgando meus sentidos. 

Foi como um parasita e antes que eu pudesse sequer pensar em algo, o chão e as paredes foram envolvidos por linhas reluzentes em padrões de circuitos, a provação só havia começado. 

Você sempre foi um orgulho pra mim, Zakio.



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