Volume 2
Capítulo 8: Amor perfeito
BOKUTSUNAGARI
Amor perfeito
O garoto acorda com a provocação dos raios do sol em sua face. Ele abre os olhos e olha para o lado, vendo Morgan cobrindo o rosto com o cobertor e apoiando-se em seu corpo. Ele sorri, senta-se na cama, bloqueia os raios de sol que caíam nela e afasta a coberta de seu rosto, acariciando seus cabelos até que ela solta uma risada fraca, mas sincera.
— Para, eu estava tentando dormir novamente.
— Poderia ter me acordado antes, na real eu nem sei que horas são.
— Na última vez em que vi, eram cinco e meia.
— Você acordou cedo?
— Na real, eu mal dormi essa noite...
Ele faz uma expressão de surpresa, mas logo compreende. Senta-se do outro lado da cama apenas para fechar as cortinas.
— Obrigada. Pelo visto você sabe que os vampiros queimam sob a luz do sol.
— Deu para notar pela forma como você age quando vai para a luz. Além de eu não sentir vampiros sob o sol. Na real... vocês morrem mesmo na luz do sol?
Ela abre um pequeno sorriso pela pergunta.
— Digamos que sim. Quando entramos em contato com o sol, nossa pele começa a descascar. É uma coceira insuportável, que nos faz nos arranhar até a carne, ossos ou órgãos ficarem visíveis. Se a regeneração não curar a tempo, perdemos força... e morremos.
— E é verdade que vampiros morrem com alho? Adaga no coração? Ou bala de prata?
Morgan se impressiona com a pergunta e ri de forma descontraída.
— Claro que não. Vampiros não morrem com essas coisas... Apenas com uma única fraqueza.
— E qual seria?
Ela não responde de imediato. Senta-se na cama, cobrindo o corpo nu com o cobertor.
— Travando sua regeneração.
— E como isso funciona?
— Acho que você já presenciou. Os vampiros não são imortais, apenas possuem um sistema de cicatrização muito mais avançado que o dos humanos. Tão bom que chamamos de regeneração vampiresca.
— E como travo isso?
— Simples: é preciso causar muitos danos físicos em um vampiro. Aos poucos, a regeneração não acompanha os estragos e trava.
— Isso, de certa forma, mesmo sendo maluco, faz sentido.
— Exatamente. Os vampiros não são imortais. Nenhum deles, independente de ser um deus ou não, é invencível. Isso inclui você.
Akihiro franze o cenho, estranhando a citação.
— Por que quis me especificar?
Morgan se inclina, abrindo um sorriso quase sedutor.
— Você não é imortal. Apenas tem uma regeneração melhorada por ser subordinado de Kimiko, e por compartilharem o mesmo sangue.
— Por que a Kimiko teria uma regeneração melhor que a dos outros vampiros?
Morgan corta o contato visual, pensando em uma justificativa plausível.
— Na verdade, eu não sei. Nenhum vampiro sabe quase nada dela. Muitos dizem que ela foi abençoada pelos deuses antigos.
— Deuses antigos? Existem outros deuses?
A vampira volta o contato, cortando a dúvida de forma brusca, mas certa:
— Sim. Existem provas de que eles existem. Suas bênçãos são claras, e eles têm contato presente com os vampiros.
Akihiro não demonstra nenhuma expressão grandiosa, mas presta atenção.
— Os humanos são engraçados... Oram e se emocionam com supostos contatos com supostos deuses.
— ...
— Acho que quebrei sua crença, caso fosse religioso. Me desculpa, mas é a verdade. — Ela sorri de forma doce.
— Nunca fui religioso, mas... é bem impressionante, acho que essa é a palavra.
O assunto é cortado quando a porta se abre de forma brusca.
— Cheguei, irmão, eu...
A expressão do garoto se desmancha ao ver Akihiro e Morgan nus na cama. Fica alguns segundos processando, surpreso como se tivesse visto um fantasma.
— Irmão... tua amiga está nua na sua cama! — Ele grita e sai correndo.
Akihiro suspira, sai da cama, pega roupas novas e começa a se vestir.
— Ele é fofoqueiro? Vai contar para os pais?
— Não, na real nem pais eu tenho. Se vista de novo, vou te apresentar para ele.
— Que fofo da sua parte, apresentar a namorada para o irmão mais novo. — Ela diz, vestindo-se.
— Bom... digamos que sim.
Os dois saem do quarto, e Akihiro caminha até o quarto de Rem. Bate na porta sem dizer nada, e o irmão atende rápido, ainda incrédulo.
— Rem, preciso conversar com você sobre... ela. — Ele aponta para Morgan.
— Ela é sua namorada?
— Sim, eu sou. — Morgan responde antes.
— Me chamo Morgan, prazer em te conhecer, Rem. — Ela estende a mão, sorrindo, mostrando os dentes brilhantes e as presas.
Rem olha para a mão estendida, para a garota, e depois para o irmão, hesitante. Acaba aceitando o cumprimento.
— Me chamo Rem Nishida, irmão mais novo do seu namorado... Prazer em conhecer você também.
O casal sorri de forma confortável, enquanto Rem permanece desconfortável.
— Eu preciso de um tempo. É muita coisa que vi ontem e hoje. — Ele passa pelos dois, encostando os dedos na parede como se buscasse se reconectar com a realidade.
— Não fique tão surpreso, irmão. Eu sei o que você fez com a sua amiga.
Bruscamente, o garoto se vira, desesperado.
— O que você disse?
— Eu sei o que você fez com a sua amiga. — Akihiro provoca.
Rem avança e começa a socar o braço do irmão.
— Está com vergonha, né? Para ter essa atitude! — Diz entre risos.
— Para de dizer besteira, foi eu que vi vocês juntos sem roupa!
— Já somos quase adultos. Nós podemos fazer isso.
Rem bufa, sem argumentos, e desce as escadas. Os dois riem de forma descontraída.
— Quer sair um pouco? Quero te mostrar um templo que sempre visito.
— Tem certeza, Morgan? Ainda é de manhã.
— Relaxa, eu aguento o calor com a capa. — Diz, cobrindo-se e puxando a mão dele para dentro da capa.
Akihiro não comenta, apenas aceita e saem juntos. A caminhada é silenciosa. O sol queima, mas eles seguem em direção às partes afastadas da cidade.
— Notei que estamos em subidas constantes, cada vez mais longe da cidade... esses templos são os de Kamigami no Mine?
— Exatamente. Não sei se você já visitou, mas eles têm uma história superinteressante.
Ele observa a entrada: uma longa escadaria cercada por uma floresta de bambus.
— Fui quando era pequeno, com meus pais.
— O que houve com eles? Se separaram? Morreram?
Akihiro olha para os próprios passos e para os degraus, buscando uma resposta.
— Foi algo trágico?
— Prefiro dizer mais tarde, ok?
Morgan demonstra preocupação, mas entende.
Os dois sobem degraus após degraus. Akihiro já sentia que nunca chegaria.
— Estamos indo para o templo principal? — Ele pergunta, suado e cansado.
— Exatamente. Pelo menos a paisagem é bela, se anime.
O garoto olha em volta: uma floresta densa de bambus, com interligações que levavam a outros templos menores.
— Espero que estejamos quase chegando...
— Estamos, só mais um pouco.
Depois de mais algumas escadarias, chegam ao templo principal, grandioso e sagrado. Madeira avermelhada, detalhes em ouro, telhado com formato sagrado. O dobro do tamanho dos outros. Quando chegam, uma nuvem enorme cobre o sol, criando sombra em todo o templo.
— Que coincidência... uma nuvem enorme bem em cima da gente.
— Dizem que este templo é sagrado, e que os amores verdadeiros recebem sorte dos deuses antigos. — Morgan tira o capuz e a capa.
— Esses deuses antigos são os mesmos vampiros que você citou?
— Exatamente.
Ela sorri e salta até o telhado, observando a longa escadaria. Akihiro sobe junto, sentando ao lado dela.
— A vista vale a pena. — Morgan se apoia em seu ombro.
— Morgan, uma pergunta.
— Sim, Akihiro?
— Como nós somos tão próximos, mesmo tendo nos conhecido há tão pouco tempo?
Ela abre um pequeno sorriso significativo.
— Talvez você não acredite, mas isso está ligado aos deuses que seguimos.
— Sério? Pode explicar?
— Existe uma figura vampiresca lendária que reúne casais e é considerada a deusa dos casamentos e da carne. Yuki-onna. Segundo nossas bíblias, ela morreu de forma trágica por amor e destina almas solitárias às suas almas gêmeas...
— Isso explica muita coisa...
— Existe um versículo, mesmo que eu não me lembre, que diz que quando encontramos nossa alma gêmea, simplesmente sentimos.
— Sim, eu entendo.
— Talvez você não acredite, mas espero que entenda e sinta tudo que sinto por você. — Ela segura sua mão, sorrindo com orgulho e amor.
— Eu sinto o mesmo. Pela minha vida inteira, nunca me apaixonei por ninguém. Sinceramente, nunca fui de ter amigos.
— Tem algum motivo?
— Tem, mas prefiro não comentar.
Morgan faz biquinho e o puxa pelos ombros.
— Para de ser tão fechado, até parece que não confia em mim.
— É costume, me desculpa.
— Por favor, Akihiro, eu quero te ajudar.
Ele suspira.
— Não sei se devo...
— Akihiro... — Ela aproxima o rosto, com olhar de súplica.
— Está bem. Mas sei que não vai mudar nada...
Ele bufa, lembrando de toda a infância, dos traumas e memórias pesadas. Ainda assim, se esforça para contar à namorada.
— Akihiro!
O garoto abre os olhos de forma brusca. Vê apenas o céu azul coberto pelas folhas da árvore.
— Akihiro, venha! Vamos voltar para casa!
Ele se levanta, olha para as pequenas mãos sujas de terra e depois para sua família reunida ao lado do templo sagrado, esperando por ele.
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