Tsunagari Brasileira

Autor(a): Lich


Volume 1

Capítulo 7: Perdas

HIKIKOTSUNAGARI

Perdas

— Akihiro, quem é essa?

Morgan sai da janela de Misaki e se aproxima dos dois, respondendo antes de qualquer um.

— Sou a ex-namorada do Akihiro. E você deve ser a atual, certo?

Misaki fica visivelmente desconfortável.

— Nós não temos nada, Morgan, somos apenas amigos.

A vampira olha para ela, desaprovando, e aperta os punhos com força.

— Se não tivesse nada, vocês não estariam tão grudados! Nem parece que até a noite passada vocês estavam tão juntos!

— Morgan, nós não temos mais nada. Você age como se a gente ainda tivesse algo.

Misaki se afasta um pouco de Akihiro, se cobrindo com o cobertor, como se quisesse se esconder.

— Eu ouvi tudo. Você quer me esquecer, né? Vai fingir que nada aconteceu?

O garoto se levanta da cama, encarando Morgan com firmeza.

— Sim, eu quero esquecer. Porque você ignorou tudo o que eu disse sobre não ir para Aokigahara! Além de me trouxer vários problemas!

— E eu iria saber que os vampiros de lá estavam mortos?

— Talvez se você tivesse me escutado durante o nosso namoro, você saberia!

— Ah, então agora a culpa é minha, né? Ok, seu babaca, fica com ela então! Talvez ela consiga te fazer superar essa covardia ridícula!

A vampira se vira e sai pela janela novamente, deixando ele confuso com a saída repentina. Ele coloca a cabeça para fora da janela, mas não vê mais a vampira.

— Morgan? Morgan!

Misaki finalmente se levanta da cama e coloca a mão no ombro dele.

— Você deveria ir atrás dela.

— Eu não quero reviver meu passado.

— Akihiro, a questão é que ela claramente ainda sente algo por você. Se você não a quer mais, deveria falar com ela de forma mais clara.

Ele fica relutante.

— Eu não estou bem para conversar com ela agora. Talvez em outra hora.

Ela abaixa o olhar, mas compreende. O silêncio dos dois é interrompido pelo toque do telefone de Akihiro. Era seu irmão.

— Akihiro, onde você está? Até agora não chegou.

— Ah, eu vou dormir na casa de uma amiga. Tranca a porta aí, ok?

— Não sabia que você já estava namorando, maninho! — diz Rem acompanhado com uma risada.

— Ela não é minha namorada, vou passar só uma noite aqui.

Ele desliga a chamada e se vira para Misaki.

— Vamos dormir. Estou muito cansado.

Ela acena, e os dois se deitam. Misaki logo adormece, mas o garoto fica acordado, com a cabeça cheia, revivendo a situação com Morgan. Assim permanece até as cinco da manhã, quando ela sente a cama mais leve e vê Akihiro observando a janela.

— Você tem o costume de acordar tão cedo?

Ele vira o olhar para ela, sem saber o que responder, como se estivesse com a mente em branco.

— Eu não consegui dormir.

— Você está bem?

— Não.

A garota se levanta da cama e o abraça com carinho.

— Eu sei como é essa

sensação. Tente encontrá-la e conversar com ela depois da aula, ok?

Ele apenas solta um suspiro profundo e abaixa a cabeça, olhando para o chão.

— Eu vou tentar.

Ela o abraça mais forte, rodeando seus braços em seu pescoço. Fica nas pontas dos pés para alcançá-lo.

— Vai ficar tudo bem, ok? Eu confio em você.

 

Ele se deita novamente, usando o antebraço para cobrir os olhos.

— Vou tentar dormir mais um pouco.

Ela acena, deitando-se ao seu lado para também descansar.

À tarde, ambos vão para a escola. Akihiro, ainda perdido em seus pensamentos, não consegue se concentrar nas aulas, mal consegue prestar atenção no que as pessoas falam com ele.

— Nishida? — Sua professora pergunta, sem obter resposta. O olhar dele está distante, a cabeça baixa, enquanto ele aperta o couro cabeludo.

— Akihiro Nishida, você fez a questão sete da lição de casa?

Fios de cabelo caem de sua cabeça devido à força que está fazendo para se concentrar.

— Não!

O grito agressivo faz a turma olhar para ele. Alguns cochicham, outros riem da forma como ele respondeu à professora. Akihiro percebe a situação e se inclina, olhando para a classe, depois para a professora.

— Me desculpa, professora, eu...

— Não precisa dizer mais nada. Pode descansar um pouco, você precisa de um tempo.

Ele suspira e coloca a cabeça na mesa, logo adormecendo. As horas passam, e quando acorda, vê a professora ao lado dele.

— Professora?

— Akihiro, você está bem?

Ele coça os olhos enquanto se levanta e se apoia na cadeira.

— Estou, só... onde está a Misaki?

— Acho que ela foi direto para casa.

— Entendo. Eu vou indo então.

Ele se levanta e pega a mochila, mas a professora o impede, colocando a mão em seu ombro.

— O que está acontecendo com você, Nishida? Você tem andado exausto, parou de fazer os deveres... Está tudo bem?

Ele olha para ela, com o rosto cansado.

— Sim, agora me deixe ir.

Ele passa pela professora e sai da sala, indo até o portão da escola. De longe, vê alguém familiar. Ele cobre os olhos com a mão para não ser ofuscado pelo sol e nota Akira, encostado no portão, com uma expressão ansiosa.

— Você não é o ex-namorado da Morgan?

Akira se vira para ele, sorrindo desesperado. Ele se aproxima de Akihiro e o agarra pelos ombros.

— Você! Você é o Akihiro Nishida! A gente já se encontrou antes!

— Sim? Por que todo esse desespero?

Akira solta o garoto e dá alguns passos para trás, tentando organizar as palavras.

— Olha, antes de mais nada, você tem algo com a Morgan?

— Não temos. Por quê?

O garoto  abre outro sorriso desesperado, gaguejando enquanto se ajoelha diante de Akihiro, agarrando o tecido da calça dele.

— Nishida, por favor, converse com ela. Eu sei onde ela pode estar. Eu não quero perdê-la!

— Ei, ei, calma! Levanta e conversa direito. Se você reconhece seus erros, isso é o que importa. Agora, me mostre onde ela está.

Akira se levanta, limpando a calça com as mãos, e começa a andar rápido.

— Ei, espera!

Akihiro o segue, passando por ruas cada vez mais isoladas, sem ver outras pessoas ou alunos. Ele já sabia que a vampira não gostava de lugares movimentados. Eles chegam a um antigo galpão, um local escuro com um forte cheiro de ferrugem e pedaços de metal espalhados.

— Morgan? — Akihiro chama em voz alta.

Sem resposta, ele se vira para Akira, que já cobria todas as saídas de luz atrás deles. Então, Akira chama por Morgan também.

— Será que ela saiu?

Akihiro avança mais um pouco no galpão.

— Não sei.

Ele começa a chamar novamente.

— Morg... — sua voz é interrompida por uma dor aguda em seu estômago. Ele olha para baixo e vê uma faca cravada nele.

— Por quê... Eu não estou me regenerando como antes? — Ele tenta se virar para enfrentar Akira, mas é empurrado para o chão e esfaqueado várias vezes.

— Obrigado, Ebisu, por amaldiçoar essa faca. — Akira sorri, lambendo a lâmina.

— Com sua morte, a Morgan finalmente vai voltar para mim. Eu sabia que ela não voltaria, mas agora... Agora ela vai!

Quando está prestes a finalizar, o pulso de Akira é quebrado, e ele é arremessado para o outro lado do galpão.

— Você conseguiu destruir até as mínimas chances que eu tinha com você.

Morgan aparece, tirando as roupas pesadas contra o sol.

— Morgan? O que você está fazendo aqui?! Era para você estar chegando na nossa casa agora!

— Eu já suspeitava de você, Akira. Você é um garoto egoísta, só pensa em si mesmo. Eu não te mato só porque Akihiro não gostaria disso.

Ele se levanta, segurando o pulso quebrado.

— Sua imunda, eu fiz tudo por você, e no final nada valeu? Você acha que sou uma piada?

Ela se move rapidamente, com uma velocidade que o garoto não consegue acompanhar, e o empurra contra a parede do galpão. Ele bate a cabeça e desmaia.

— Cale a boca, pelo menos uma vez.

Ela veste sua capa novamente, pega Akihiro nos braços e sai do galpão. Ele está desacordado e com a regeneração muito baixa, quase como um humano normal.

— Aguenta firme, Aki.

Ela corre até um local seguro.

Alguns minutos depois, Misaki está em casa quando começa a ouvir batidas incessantes na porta.

— Já vou!

Ela calça e vai até a porta, destrancando as fechaduras. Ao abri-la, vê Morgan com Akihiro ferido nos braços, com um olhar cansado e desesperado.

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