Volume 2
Capítulo 5: Vampiros
BOKUTSUNAGARI
Vampiros
O garoto desperta novamente em sua sala de aula. Não havia mais ninguém ali, apenas o silêncio desconfortável que parecia ecoar pelas paredes. Juntando suas coisas, ele sai da escola ainda imerso na conversa profunda que tivera com Kimiko.
「Vampiros... Eu ainda tenho o desejo de cumprir minha vingança.」
Os pensamentos o acompanham enquanto seus passos leves ressoam pela calçada.
「Mas aquela garota... Ela era estranha. Não queria me matar como os outros, mas também não parecia se importar comigo como a Kimiko. Talvez seja uma vampira que não mata pessoas? Mas... come carne de animais?」
As dúvidas se acumulam, se entrelaçando com seu próprio rancor, até que ele finalmente chega em casa.
— Hm? Ah, você já chegou, irmão. Eu fiz o jantar.
— Valeu, Rem. Vou tentar comer um pouco.
O irmão mais velho segue até o banheiro, onde toma um banho raro de se ver. Depois, veste roupas leves — um short de pijama e uma camisa larga — e se serve com o jantar preparado por Rem: um pouco de arroz, molho de soja tradicional e pedaços de frango frito. Senta-se ao lado do irmão, comendo devagar enquanto lança olhares para o que ele assiste na TV.
— Ficou gostoso, maninho.
Rem o encara de lado.
— Vem cá... você nunca senta comigo pra conversar. Quer alguma coisa, é?
— Não quero nada. — O silêncio volta, preenchido apenas pelo som da televisão.
— Você bloqueou o número da mãe?
— Bloqueei... Ela estava me enchendo de mensagens.
— Eu não quero mais ficar discutindo sobre isso.
— Entendo... Eu também tô cansado de discutir com você, Rem.
O mais novo o encara surpreso.
— Você parece diferente, Akihiro.
— É que... eu tô com saudades do nosso pai.
Cheio de emoções confusas, ele desaba ali mesmo, ao lado do irmão mais novo.
— Esses dias estão sendo tão difíceis... Eu não consigo ser um bom responsável, nem um bom irmão... mas... ainda quero sair dessa pior.
Rem o observa, sem saber bem como reagir, mas acaba se inclinando e o abraçando de forma protetora.
— Eu lhe devo desculpas, irmão.
Akihiro congela por um instante, processando aquele gesto inesperado.
— Mesmo eu não acreditando no nosso pai, eu sei o quanto isso te doeu. Eu queria ser mais próximo de você de novo, te tratar como meu irmão, mas... não consigo parar de pensar no meu próprio ego.
— Rem...
— Pelo menos uma vez, eu quero ignorar toda essa bagunça familiar e agir como seu irmão. Então, por favor... me abrace.
O abraço de Akihiro é desesperado e intenso. As unhas pontudas marcam as costas de Rem, quase perfurando, mas ele ignora.
— Rem, Rem, Rem...
— Tá tudo bem, não precisa se desesperar tanto.
— Me desculpa por ser um péssimo irmão... por não ser um bom responsável pra você.
Os pedidos de desculpa saem cada vez mais aflitos, como se temesse ser abandonado. Ele chora até adormecer, esgotado.
Quando desperta, está deitado no sofá. A madrugada envolve a sala, e seu irmão está ali, na penumbra.
— Ah, você acordou? Já é uma da manhã.
— Obrigado... Você sempre fica acordado até tarde?
— Quase todos os dias.
Suspirando, Akihiro veste um moletom por cima do pijama e uma calça qualquer.
— Vai aonde?
— Só vou caminhar um pouco. Não demoro.
Rem acena e o observa sair.
Pelas ruas silenciosas, Akihiro caminha imerso em seus próprios pensamentos.
「Desde que perdi meu pai... tudo desmoronou. Talvez... sejam apenas meus pecados sendo cobrados.」
A lembrança da sala de aula e de Kimiko surge em sua mente.
「Preciso agir melhor. Kimiko me ensinou muito hoje. É hora de dar um passo à frente... e matar os vampiros.」
Um grito distante corta seus devaneios. Ele avança rapidamente até perceber que está diante da sua escola.
— Será que me confundi...? — olha ao redor, mas o vidro quebrado na porta de entrada confirma algo errado.
「Um invasor... talvez já tenha matado o vigia.」
Ele entra silencioso. Um som úmido e conhecido o guia pelos corredores — o de carne sendo dilacerada. Ao espiar, vê um segurança morto sendo devorado por um vampiro. O sangue escorre pelo queixo da criatura, que ergue o rosto e o encara.
— Você...? Eu já vi você antes!
Os cabelos longos e negros, a pele pálida... Akihiro se lembra perfeitamente: era um dos vampiros que o devoraram vivo. O ódio ferve.
— Levanta-se.
O vampiro obedece, mas... Ao invés de atacar, se vira e foge pelos corredores.
— Volta aqui! — Akihiro rosna, correndo atrás.
「Droga... A Kimiko salvou ele!」 pensa o vampiro enquanto sobe as escadas.
No topo, ele gira o corpo e crava as unhas no braço de Akihiro, que grita mais de susto do que de dor — a ferida se regenera instantaneamente.
— Me deixa em paz... — murmura o vampiro, curvando-se diante dele.
— Não use esse gesto como se fosse um humano comum. Onde estão seus companheiros?
— ...
— Responde, ou...
O vampiro ataca, mas Akihiro desvia e contra-ataca.
— Você não entende... nós vampiros precisamos nos alimentar pra sobreviver!
Um soco certeiro atinge o estômago de Akihiro, empurrando-o para trás.
— Me deixe em paz e não o mato.
— Eu só vou parar quando você estiver morto.
O combate se intensifica. Socos, defesas, puxões de cabelo, até que Akihiro acerta uma sequência brutal no rosto do inimigo. O vampiro, cambaleante, tenta arranhar seu pescoço e consegue, fazendo-o tossir sangue.
— Me chamo Kenichi, vampiro próximo dos primordiais. Sei que eles nunca me deixariam morrer nas suas mãos...
— Me chamo Akihiro Nishida. E quero matar você... e os seus dois amiguinhos.
O olhar vazio de Akihiro faz Kenichi sentir medo, algo raro vindo dele. Ele tenta fugir, mas é puxado pelos cabelos.
— Onde estão os outros?
— Por que está fazendo isso?! Você também é um vampiro!
— Não. Eu sou o humano que voltou do estômago dos monstros.
Com um golpe brutal, Akihiro o derruba e, sem hesitar, crava suas presas no pescoço dele, arrancando carne. Kenichi tenta gritar, mas Akihiro é rápido o suficiente para morder e o fazer perde parte da mandíbula. O garoto usa suas presas para rasgar e cortar sua vítima, enquanto o vampiro apenas aceita seu destino de morrer de forma humilhante mesmo enquanto o sangue encharca o chão enquanto Akihiro mastiga lentamente, saboreando o gosto do seu próprio ódio.
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