Tsunagari Brasileira

Autor(a): Lich


Volume 1

Capítulo 4: Meu querido Akagawa

HIKIKOTSUNAGARI

Meu querido Akagawa

Misaki e Akihiro mantêm um olhar de choque, enquanto Hana, que já o conhecia, observa calmamente.

— Você é o Deus do destino? — O garoto se levanta do chão molhado, serrando os punhos

— Claro, Akihiro. Quem mais séria?

O garoto não demonstra surpresa ao ouvir seu nome.

— Me chamo Reiji Akagawa, Deus do destino e da justiça. O que você deseja, Akihiro?

— Quero que tire a maldição de Hana Suzuki.

— Que maldição? Está aqui?

Com um simples estalar de dedos, as chamas cobrem Hana novamente. Seus gritos ecoam pelo lugar enquanto Reiji observa com uma risada insana. Vendo a situação, Misaki empurra a garota para a água, ignorando as queimaduras em suas mãos.

— Akihiro! Me ajude! — Misaki grita enquanto Akihiro a empurra para águas rasas, tentando apagar o fogo. Ele não se importa com a dor; sabe que vai se recuperar logo. Mas o fogo persiste.

— Reiji! Para com isso! Era isso que você queria saber!

O ser, observando o desespero de Akihiro, ajeita-se em seu trono de ossos e estala os dedos novamente, apagando o fogo.

— Pobre Akihiro, tentando salvar alguém como ela...

— O que você quer dizer com isso?

Ele sorri brevemente, antes de estalar os dedos novamente, fazendo aparecer as memórias de Akihiro sobre as águas.

— Inicialmente, que tal ver um pouco do seu passado? Assim suas amigas também o conhecem melhor. — Hana, ainda fraca, se levanta com a ajuda de Misaki, que está ao lado de Akihiro.

O "telão" começa a exibir uma cena distante, mostrando Akihiro ainda criança, com apenas onze anos, ao lado de seu irmão, Rem. Era uma noite fria e tranquila. O garoto, sem sono, sai de sua cama, caminhando pela casa escura, sentindo o piso gelado sob os pés. Aproxima-se do quarto dos pais e escuta uma conversa peculiar. Seu instinto infantil o faz se aproximar da porta, observando pela fresta.

— Querido... Eu não aguento mais. Não aguento mais essa vida.

— O que aconteceu, minha querida?

A mulher levanta o rosto, revelando os olhos inchados de tanto chorar.

— Eu não queria essa vida, a vida de mãe, com alguém que eu não queria me casar.

O olhar do homem muda drasticamente

— Como... Como assim, querida?

Ela desvia o olhar, lutando contra seus sentimentos: raiva, tristeza, nojo de si mesma, vergonha. A dor a consumia.

— Namorar você quando éramos jovens parecia incrível, eu realmente amei você no começo. Mas, com o tempo, percebi que você não era a pessoa certa para mim. O medo de te decepcionar me fez continuar...

O silêncio paira entre eles, enquanto o homem se torna cada vez mais tenso. Ela continua, com a voz trêmula.

— Olha só... Eu já te traí, ok? Fiquei com outros homens tentando fugir dos meus problemas... Mas não dava certo. Eu me sentia nojenta fazendo isso, até nossas noites não tinham mais significado. E o pior, é que eu tinha dois filhos que eu não desejei...

Em um surto de raiva, a mulher puxa uma faca escondida debaixo do colchão, com um olhar psicótico.

— Eu... Eu vou matar as crianças. Vou destruir sua vida como você destruiu a minha... Elas vão sentir o que é perder tudo, como eu perdi a minha vida por sua culpa.

O homem, aterrorizado, se aproxima, tentando acalmar a situação.

— Querida, vamos nos acalmar. Não precisamos brigar...

— Fique longe de mim! — Ela o interrompe, cortando sua mão com a faca. Uma luta começa, com ele tentando desarmá-la enquanto ela o ataca.

— Querida, vamos acordar as crianças, por favor! Vamos nos acalmar!

Sua guarda baixa momentaneamente, mas a mulher crava a faca em seu estômago.

— Morra, seu nojento!

Ele cai, gritando enquanto ela o esfaqueia repetidamente. O chão fica coberto de sangue enquanto o homem morre. Akihiro observa em choque, sua mente atordoada, sem palavras, sem lágrimas. Seu momento de reflexão é interrompido por Rem.

— Akihiro, o que está acontecendo?

Ainda semiacordado, ele pergunta com voz sonolenta. Akihiro a empurra para o chão, cobrindo sua boca. Mas já é tarde, a mãe já havia ouvido e abriu a porta.

— Queridos? O que estão fazendo acordados?

A visão de Akihiro é distorcida pelo caos e, em desespero, ele diz:

— Você matou o papai!

Sua mãe fica estática, com os olhos arregalados. Ela aperta o cabo da faca, pronta para acabar com as crianças. Mas, em um impulso, ela larga a faca, se ajoelhando e abraçando os filhos.

— Meus filhos, eu preciso ser sincera com vocês... Seu pai e eu já não estávamos bem. Eu descobri que ele me traiu, e hoje... Ele disse que queria matar vocês. Segundo ele, vocês eram o peso que ele carregava.

O garoto percebe que ela mente. Tentando falar, ele sente uma dor nas costas, como se algo estivesse pressionando. Sua mãe o ameaça com um olhar gelado.

— Mamãe, como vai resolver isso?

— Rem, vou chamar a polícia. Quero que sejam sinceros, ok? Contém tudo aos policiais.

As memórias se dissipam na água. Todos estão em silêncio, observando com desconforto o passado de Akihiro. Reiji ri ao notar as lágrimas escorrendo pelo rosto do garoto.

— Que situação, não é, Akihiro?

— Cala a boca...

Reiji aumenta a risada, claramente se divertindo com o sofrimento de Akihiro.

— Sua mãe é igual a você. E seu pai? Ele é a cara do seu irmão.

Akihiro morde os lábios até sangrarem, o nariz escorrendo enquanto ele tenta controlar sua raiva.

— Você poderia ter feito sua mãe ser presa, mas a culpa é toda sua por ela estar solta por aí, em outro país...

— Eu mandei você calar a boca! — Akihiro avança em direção a Reiji, mas é interrompido por Misaki, que o segura pelo uniforme.

— Akihiro! Se controla! Ele só quer te manipular...

O garoto, ainda em fúria, se vira para Misaki, pronto para golpeá-la, mas para ao vê-la chorando. Ela coloca os braços em frente a ele, e Akihiro recua.

— Desculpa, Misaki. Eu não vou te machucar.

Hana se aproxima, olhando para os dois.

— Por favor, parem de chorar e brigar. Isso não vai ajudar ninguém.

Akihiro, com os olhos marejados, abraça sua amiga fortemente. Ele a acaricia, tentando acalmá-la.

— Está tudo bem, Misaki. Eu não vou te machucar. — Ela soluça em seu peito, mas aos poucos se acalma.

— Bom, já que a garota está mais tranquila, que tal ver o passado dela também?

Reiji começa a mostrar as memórias de Misaki, seu passado de dor e perda. Era mais uma noite de brigas entre seus pais, enquanto Misaki e sua irmã tentavam dormir, acordadas com os gritos dos adultos.

— Misaki, até quando nossos pais vão brigar?

Misaki olha para sua irmã, sem respostas, com o coração pesado.

— Eu não sei, mas espero que parem logo...

A porta se abre com força. O pai delas entra no quarto, com um olhar furioso. Ele agarra sua irmã, a levantando no colo.

— Pai, o que está fazendo? Solta ela!

Enquanto sua irmã chora desesperada, Misaki sente uma dor de cabeça, mas tenta chamar pelo pai, sem sucesso. Ela passa pelo quarto dos pais e vê a mãe caída no chão, inconsciente, com o rosto inchado.

Reiji, com um sorriso sarcástico, observa.

— Que passado terrível, não é, Misaki?

A água que reflete as memórias avança no tempo, mostrando a garota em seu quarto escuro, sozinha, com seu uniforme escolar. Ela se encolhe na cama, com os joelhos dobrados. O som da porta sendo destrancada interrompe seu isolamento. Sua mãe entra, com um olhar perturbador.

— Ah, você ainda está aqui, querida? Que bom que não tentou fugir.

— Mãe, por favor, me deixe sair...

Sua mãe coloca o dedo sobre sua boca, pedindo silêncio enquanto brinca

— Você não precisa sair de casa, não precisa ir para a escola, e se você morrer? E se alguém te assaltar? E se você não voltar mais para casa? Eu não quero perder a minha única filha... Você vai ficar aqui até eu decidir que você pode sair para ir para a escola apenas.

As memórias se desfazem no mar. Akihiro se mantém em choque após ver a situação de Misaki. Ele vira o olhar, notando Misaki parada, com o rosto completamente encharcado de lágrimas.

— Misaki?

Nenhuma resposta. Akihiro se vira para o ser, já se preparando para falar, mas é interrompido por Hana, que finalmente toma coragem para falar algo.

— Já chega, Reiji! Isso está longe demais! Por favor, me perdoe pelos meus pecados... E tire a minha maldição!

Reiji a encara, e seu olhar sarcástico se torna maníaco.

— Ah é? Por que você está dizendo algo só agora? Ou você tem medo de que eu revele seu pecado? Você não tem permissão de falar nada para mim! Você é a pessoa que mais errou na sua vida!

A garota sente a gravidade da situação e se curva diante dele.

— Eu estou te implorando, por favor, não revele nada sobre mim para...

— Acha que eu me importo com sua humilhação? Vocês mulheres conseguem ser piores que os homens...

Quando Hana começa a refletir sobre a situação, o ser começa a projetar o passado dela sobre as águas.

— Não! Para! Por favor, pare!

Akihiro permanece em silêncio, sentindo o olhar pesado de Hana sobre si, enquanto Misaki continua imóvel, olhando para baixo, completamente alheia ao que está acontecendo. O passado da garota é mostrado, com apenas alguns momentos de sua infância e sua época de escola. Ela aparece em um grupo de outras garotas, todas ao redor de uma garota diferente.

— Olha que garota estranha, Hana, por que não acabamos com ela?

— Acho que ela ainda não merece morrer. Podemos apenas nos satisfazer com ela.

A garota entra em desespero ao ouvir as palavras de Hana, levantando-se do chão gelado e tentando fugir da atenção das outras garotas.

— Por favor, me deixa ir embora, meu namorado está me esperando na saída...

Hana a puxa pelo pulso.

— Meninas, gravem esse momento e mandem para o namorado dela.

As meninas pegam seus celulares e começam a gravar a situação. Hana então puxa a garota para um beijo, segurando seu rosto para impedir que ela escape. No meio de risadas e xingamentos, a expressão da garota é de desconforto, as lágrimas visíveis em seu rosto. As luzes dos flashes são fortes demais para seus olhos, fazendo com que tudo fique embaçado.

— Olha como ela está gostando! Você é demais, Hana!

Hana interrompe o beijo.

— Pode parar de gravar, mande para o namorado dela.

Hana se vira para a garota, enquanto suas amigas enviam o vídeo.

— Pode ir embora agora, já fizemos o que queríamos com você.

A garota pega sua mochila, entre lágrimas, e corre para fora do banheiro. Desesperada com a situação de seu namoro, ela vai até a saída da escola, onde encontra seu namorado, segurando o celular e assistindo ao vídeo que as amigas de Hana gravaram.

— Amor, olha... Me escute, elas me forçaram a fazer isso.

Entre tristeza e raiva, o namorado a olha com um misto de sentimentos, visíveis em seu olhar.

— Acha que eu acredito em você, Sakura? Eu não vou dizer que já esperava algo assim, porque você sabe como sou! Sou paranoico, nunca confiei plenamente nas suas palavras, e parece que minha desconfiança estava certa.

— Querido, confia em mim! Eu não queria fazer aquilo, elas me forçaram...

— Chega de desculpas, estou cansado de me sentir traído por você!

Ele tira a aliança de namoro e a joga com toda sua força no chão. Em seguida, dá as costas para ela, caminhando furiosamente para casa, enquanto ela se mantém em choque. Sem poder mais ficar na escola, a garota caminha até sua casa, desmotivada.

Na manhã seguinte, ela acorda com seu telefone tocando, seguida de várias ligações perdidas e mensagens de suas amigas.

— O que aconteceu? Por que estão me ligando tão cedo?

— Hana, pegamos pesado na nossa brincadeira, acabei de receber a notícia de que a Sakura se matou.

A face da garota muda drasticamente ao ouvir a notícia. Ela fica em silêncio por alguns segundos.

— Uma amiga dela me disse que ela tinha uma depressão grave... E o que a mantinha estável era o namorado dela.

— Você... você está brincando, não está?

— Não, se descobrir que a culpa é nossa, vamos nos dar muito mal.

A garota engole seco e desliga a ligação, se arrumando para ir à escola. Suas paranoias começam a tomar conta dela, criando várias possibilidades do que poderia acontecer. Mas, em um breve momento de reflexão, ela abre os olhos novamente e se encontra em um lugar completamente diferente de sua casa, o mesmo lugar onde encontrou Reiji pela primeira vez.

— Seja bem-vinda, pecadora.

Ela mantém um olhar de choque, achando que está sonhando.

— Onde eu estou? Quem é você?

— Me chamo Reiji Akagawa, e você está no meu domínio de julgamento.

— Domínio de julgamento?

— Sim, seu julgamento por ser uma pecadora.

Ele se levanta de seu trono e começa a passar por momentos da vida de Hana, desde quando ela começou a ter consciência. Ela vê as vezes em que foi cruel com outras pessoas, até os episódios mais recentes.

— Desde o dia em que você nasceu até agora, você cometeu vários pecados. Humilhou e rebaixou diversas pessoas, a troco de nada. Agora, você vai sofrer as consequências das dores que causou.

Ela encara o ser com uma expressão desconfortável, mas logo começa a rir.

— Consequências? Que consequências? Acha que eu acredito em tudo isso? Isso tudo deve ser um sonho lúcido.

Hana reúne saliva e cospe no rosto de Reiji, que permanece impassível.

— Acho que você não deveria fazer isso...

Reiji sorri de forma cruel, se aproximando de Hana e dizendo:

— Você vai sentir todas as dores que os inocentes sentiram... Agora, fique em chamas.

Ele estala os dedos e, em questão de segundos, Hana entra em chamas, voltando para sua casa. Seus gritos de agonia ecoam pela casa. Ela sai correndo em desespero, seus gritos roucos e agoniantes de ajuda, mas ninguém responde, como se todos tivessem esquecido dela.

As águas sob os pés do trio se desfazem. Misaki cobre a boca, sentindo nojo e agonia pela situação que Hana causou. Hana se desaba em lágrimas, enquanto Akihiro permanece em estado de choque. Ele olha para Hana, com um misto de nojo e vergonha, mas então se vira para Reiji, vendo seu sorriso sincero.

— Não percebeu, Akihiro? Quer mesmo ajudar essa garota abusadora e repugnante?

Akihiro sente Hana segurar a manga do seu uniforme.

— Por favor, Akihiro, eu sei que cometi erros a vida inteira, mas por favor, me ajude. Eu quero sair dessa situação.

— Akihiro, não escute os conselhos dessa garota. Vai mesmo ajudá-la, mesmo depois de tudo o que você viu?

— Sim, estou disposto.

Todos no local se surpreendem com a fala de do garoto. Misaki permanece em silêncio, confiando que Akihiro vai controlar a situação. 

— Ela sempre foi assim em sua vida inteira. As pessoas como ela só pedem ajuda quando enfrentam as consequências. E ela não é diferente. Minha mãe é assim, tentando se aproximar de mim, como se nada tivesse acontecido, mas eu sei que ela só quer fazer isso por medo.

Reiji faz uma expressão de desgosto ao ouvir Akihiro e se incomoda em seu trono de maneira desajeitada.

— Você tem um coração muito bom, Akihiro.

— Eu acredito que as pessoas podem mudar no final das contas. Então, vou ajudá-la, não importa o que aconteça, nem se eu tiver que lutar e quebrar sua cara no processo.

Reiji, ouvindo o insulto de Akihiro, se levanta de seu trono com brutalidade, enquanto Akihiro mantém um olhar sério e calmo.

— Está me provocando? Me insultando? Acha que sou uma piada?

Akihiro e Reiji caminham na direção um do outro.

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