Tsunagari Brasileira

Autor(a): Lich


Volume 1

Capítulo 6: Morgan

HIKIKOTSUNAGARI

Morgan

Uma semana se passa após sua luta com Reiji. Akihiro está indo para a escola completamente desmotivado e cansado, com um olhar abatido, como se não tivesse dormido direito. No corredor, Misaki o intercepta.

— Akihiro, está bem? Você parece exausto.

— Ah? Eu não consegui dormir direito... Minha mãe ficou me ligando a noite toda.

— Tem algum motivo?

— Ela está desesperada para reconquistar minha confiança.

Misaki sente um aperto no peito ao lembrar da situação, mas se mantém calada.

— Mas está tudo bem, já estou acostumado com isso. Vamos para a sala, não podemos nos atrasar.

Ele a puxa levemente pelo braço, conduzindo-a até a sala, onde o burburinho dos alunos preenche o ambiente. Os dois se sentam perto da janela. Akihiro sente que o tempo não passa. Seus olhos pesam, e, vencido pelo cansaço, ele abaixa a cabeça e adormece até o intervalo.

— Akihiro?... Acorda, Akihiro!

Ele levanta a cabeça levemente e vê Hana à sua frente.

— A Misaki me disse que você dormiu a aula toda. Ela saiu agora para ir ao banheiro.

O garoto se endireita rapidamente.

— Ela foi sozinha?

— Acho que sim.

Ele engole seco e sai correndo da sala.

— Ei! O que foi isso, Akihiro?!

— Depois eu te falo!

Sem hesitar, ele corre em direção ao banheiro feminino e, ignorando qualquer etiqueta, empurra a porta com urgência. Lá dentro, encontra Misaki sentada no chão gelado, as lágrimas abafadas pelo joelho.

— Misaki!

Ele se ajoelha à sua frente e a envolve em um abraço apertado. Ela chora e fungando contra seu uniforme.

— Akihiro... as mesmas garotas... me bateram de novo...

— Onde elas estão?

— Não sei.

— Como elas são?

Misaki enxuga as lágrimas antes de responder.

— A líder tem cabelo prateado e olhos claros.

Nesse momento, Hana entra lentamente no banheiro.

— Akihiro, o que houve com a Misaki?

— Algumas garotas que fazem bullying com ela. Cuida dela por enquanto, ok?

Hana acena com a cabeça, e Akihiro se levanta, saindo do banheiro apressado. Ele percorre os corredores sem se importar com quem ou o que está à sua frente, até chegar atrás do colégio, onde um grupo de garotas fuma tranquilamente. Entre elas, ele reconhece a que Misaki descreveu.

— Ei, você!

Ele caminha até a líder, derruba seu cigarro com um tapa e a segura pelo uniforme, assustando as outras.

— O que é isso, garoto?! Me solta!

— Escuta aqui, sua merdinha, é melhor parar de machucar a Takahashi, ou quem vai se ferrar é você.

— Ah, então você é o namoradinho dela?

— O que eu sou ou deixo de ser não te interessa. Eu sei o que vocês fazem com ela. Se não pararem, vocês vão se ver comigo.

— O que você vai fazer? Bater na gente? Se liga...

As meninas hesitam ao ver a seriedade no olhar de Akihiro. A expressão dele permanece neutra, mas a tensão que emana é suficiente para intimidá-las. Ele aperta os ombros da garota com mais força, quase cravando as unhas ali.

— Tudo bem, cara... A gente vai parar, só não me machuca.

— Pede desculpa.

— D-Desculpa...

Ela começa a chorar de leve, mas ele a solta.

— Se eu descobrir que fizeram qualquer coisa com a Misaki de novo, eu acabo com vocês.

Dizendo isso, Akihiro se vira e sai do local, encontrando Misaki no pátio.

— Akihiro! Onde você estava?

Ele sorri e a abraça forte.

— Akihiro?

— Promete que não vai chorar?

Ela ergue os olhos para ele.

— Prometo... eu acho.

— Bom... Eu conversei com as garotas. Elas disseram que vão parar de te machucar. Mas, só para garantir, quero que não fique longe de mim, ok?

O olhar dela muda, e ela não consegue conter as lágrimas, enterrando o rosto no peito dele.

— Akihiro... Por que está fazendo tudo isso por mim?

— Porque você merece o apoio de pessoas boas. Eu quero te ajudar. Mas não precisa mais chorar, certo?

O momento doce é interrompido pelo sinal da escola, indicando o fim do intervalo.

— Vamos para a aula?

— Sim, vamos.

Ela limpa o rosto com o braço, borrando um pouco o delineado. Eles voltam para a sala e prestam atenção nas últimas aulas.

Na saída, se despedem com um abraço rápido antes de seguirem por caminhos diferentes. Akihiro caminha pelas ruas escurecidas até ouvir uma risada grave e feminina, familiar demais.

— Eu conheço essa voz...?

Ele segue o som até uma casa abandonada. Lá dentro, conversa abafadas ecoam.

— Por favor, Morgan, me dá uma chance... Eu te amo!

— Já falei que não vou voltar com você, Akira. Você fica com outras só para me provocar.

— Morgan...?

Akihiro sussurra, mas, antes que possa reagir, uma mão atravessa a parede e agarra brutalmente seu pescoço, lançando-o para outro cômodo.

— Precisa me atravessar tão forte assim?

Ele se levanta e encara Morgan.

— Morgan?!

— Akihiro? O que está fazendo aqui?

— Eu que te pergunto! Não ia voltar para seu lar de vampiros?

— Estava todo mundo morto, como você disse. Não te ouvi, e deu nisso.

Ele a observa atentamente. Ela não mudou nada desde a última vez que se viram: pele pálida, cabelo negro e desgrenhado, roupas masculinas. Mas algo chama sua atenção.

— Espera... Essa não era a camiseta que te dei quando foi embora?

— Sim. Algum problema?

— Vocês se conhecem?!

Akira interrompe.

— Sim, ela é minha ex-namorada.

— E ele é meu ex-namorado.

— O quê?!

Akihiro encara Akira. Pele clara, olhos castanhos, cabelo liso escuro, vestindo o uniforme de uma escola diferente: terno roxo, camisa branca, gravata preta. Um visual esquecível.

— Ele era seu novo namorado, Morgan?

— Era. Até ele começar a flertar com outras para me provocar.

— Morgan, eu me arrependo!

Ela suspira e afia as unhas, pronta para atacar, mas Akihiro segura seu pulso.

— Não precisa matá-lo, ele é só um moleque.

— Ele age como um garoto de treze anos.

— Não importa. Você não vai matá-lo.

Morgan suspira, irritada, e sai do cômodo.

— Você acha que ela vai me perdoar?

— Não. Mas vou falar com ela.

Ele a alcança do lado de fora.

— Morgan, espera!

— O que foi, Nishida?

— Só quero conversar.

Ela hesita, depois cede.

— Ok... Mas vamos para sua casa. Quero ver seu irmão e dormir lá esta noite.

— Está sem lugar para ficar?

— Sim. Algum problema?

— Nenhum. Vamos.

Eles caminhavam lado a lado até a casa de Akihiro. O caminho era silencioso, e a única coisa que podiam escutar era o som ritmado de seus passos e suas respirações.

O céu escuro estava limpo, sem nuvens, e algumas estrelas tímidas apareciam entre as luzes da cidade. Morgan olhou de relance para Akihiro e notou que ele parecia perdido em pensamentos.

— Você sempre anda tão calado assim? — ela perguntou, quebrando o silêncio.

Akihiro piscou, parecendo sair de um transe.

— Nem percebi que estava tão quieto...

— E nem percebeu que tava fazendo uma cara de quem tá pensando demais — Morgan riu de leve.

— Só estava... distraído — ele respondeu, desviando o olhar.

Morgan estreitou os olhos.

— Tá escondendo algo?

— Que? Não! — Akihiro respondeu rápido demais, o que fez Morgan rir.

— Hm... suspeito.

Akihiro suspirou, preferindo não prolongar a conversa. Logo, chegaram à porta da casa. Ele girou a chave e abriu a porta, dando espaço para Morgan entrar.

— Pode entrar.

— Sempre tão educado você, né? — ela brincou, entrando e se espreguiçando, alongando-se dos joelhos até os braços. Foi então que percebeu uma presença descendo as escadas.

— Maninho, já disse para você não trazer ninguém aqui...

O garoto parou no meio da escada assim que viu Morgan. Seu rosto, que antes estava emburrado, rapidamente se iluminou.

— Morgan! Quanto tempo!

Antes que ela pudesse reagir, Rem já havia avançado, envolvendo-a em um abraço apertado.

— Olá, Rem! Pois é, quanto tempo, né? — Ela retribuiu o abraço.

— Eu estava com saudade! Por que você sumiu?

Morgan hesitou por um segundo, mas logo abriu um sorriso.

— Bom... tive que resolver alguns problemas, e acabei demorando mais do que esperava.

Rem assentiu, mas ainda parecia um pouco chateado. Akihiro pigarreou.

— Rem, ela só vai passar a noite aqui. Amanhã já vai embora.

O mais novo fez uma careta, mas acabou assentindo.

— Tá bom... Ah, já que você tava fora, eu fiz o jantar!

Akihiro ergueu uma sobrancelha.

— Você não deixou queimar nada, né?

— Tá duvidando de mim? Logo de mim?! Eu sou melhor na cozinha do que você!

— Quem te ensinou a fazer arroz fui eu.

— Mas eu faço um arroz melhor que o seu!

— Se você diz... — Akihiro riu, balançando a cabeça.

Morgan assistia a cena com um sorriso de canto. Era um lado mais leve dele que ela não via há muito tempo.

— Bom, eu e a Morgan vamos para o quarto. Se quiser madrugar vendo TV, aproveita, hoje é seu dia mesmo.

— Sério?! Então demorou!

Rem saiu correndo para a sala, empolgado. Akihiro suspirou e subiu as escadas, seguido por Morgan.

Assim que entraram no quarto, Morgan olhou ao redor.

— Nossa, me chamando pro quarto assim? Está pensando em fazer coisas perversas e ousadas comigo?

Akihiro fechou a porta com um estrondo e se virou rapidamente, vermelho.

— O quê?! Claro que não!

Morgan riu da reação exagerada.

— Sabia que você ia reagir assim. Você nunca foi desse tipo. Às vezes eu até achava que você não sentia desejo por ninguém.

Akihiro suspirou e cruzou os braços.

— Nunca fui desses caras que ficam pensando nisso o tempo todo.

— Então quer dizer que você nunca vai ter contato íntimo com ninguém?

— Não foi isso que eu disse — ele revirou os olhos. — Só não sinto luxúria com tanta frequência como os outros garotos da minha idade.

Morgan sorriu, se jogando na cama dele.

— Você continua tão doce e inocente... Sempre foi assim, né? Depois que seu pai morreu, você meio que perdeu um pouco do seu rumo.

Akihiro franziu a testa.

— Lá vem você de novo...

— Não tô mentindo, tô? Você sempre tenta ajudar todo mundo ao seu redor, mas no fundo, é só porque precisa se sentir útil. Porque quer um propósito depois do que aconteceu.

Akihiro ficou em silêncio por um momento, olhando para o chão.

— Você tem razão... às vezes me arrependo de ter contado tanta coisa sobre mim pra você.

Morgan soltou uma risada baixa.

— Não seja tão cruel, Aki. Você sabe que nunca esqueci de você de verdade.

Ele piscou ao ouvir aquele apelido.

— Aki...? Você me chamava assim quando a gente namorava.

— Algum problema? Não posso ser mais carinhosa?

— Não, só... estranhei.

Morgan sorriu, fechando os olhos.

— Acho bom. Agora vamos dormir.

Akihiro apagou a luz e se deitou na cama, ficando bem na beirada, evitando ao máximo qualquer contato com Morgan.

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